Portão do Recanto do Trovador, executado nas Fundições Val d'Osne na França, semelhante ao existente no Campo de Santana |
Criado em 1888, o primeiro Jardim Zoológico do Rio de Janeiro [onde hoje se situa o Parque Recanto do Trovador] fez parte dos planos modernizadores do Barão José Batista de Vianna Drummond para a região. Após a proclamação da República e sem os recursos do imperador, o empreendimento tornou-se um dispendioso encargo financeiro. Assim, com a intenção de custear a manutenção do Jardim Zoológico o Barão de Drummond criou o jogo do bicho. No local encontra-se a primeira parte do gradil original do Campo de Santana e um portão executado nas Fundições Val d'Osne na França. (Guia do Patrimônio Cultural Carioca)
Pista de skate |
Crianças |
Parte do antigo gradil do Campo de Santana (ver texto abaixo) |
Na época da abertura da Avenida Presidente Vargas, o Campo
de Santana perdeu 18 mil metros quadrados. Os imponentes portões, que estiveram
na Exposição Universal de 1862, realizada em Londres, continuam a embelezar as
entradas do parque, porém o gradil não está mais lá. Logo depois da Proclamação
da República, os brasões do Império, fundidos segundo os caprichosos desenhos
de Glaziou, foram substituídos pelas armas da República. Em 1938, o gradil foi
retirado e espalhado por quatro locais diferentes da cidade, tão grande era sua
extensão. Pode ser apreciado no prédio da UFRJ na Urca, na parte que confronta
com a Avenida Wenceslau Brás; na saída da Floresta da Tijuca, no Portão do
Açude; na Sociedade Hípica Brasileira, na Lagoa; e no Recanto do Trovador, em Vila
Isabel, onde também existe um portão semelhante ao do Campo de Santana. (Eulalia Junqueira e Pedro Oswaldo Cruz, Arte Francesa do Ferro no Rio de Janeiro, Memória Brasil, pp. 118-121)
TRECHO DO LIVRO GANHOU, LEVA! O JOGO DO BICHO NO RIO DE JANEIRO (1890-1960), DE FELIPE MAGALHÃES:
Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, 3 de julho de 1892. Nesse domingo de inverno carioca foram inaugurados vários divertimentos na empresa do Jardim Zoológico, de propriedade do sr. João Baptista de Viana Drummond, o barão de Drummond. O parque estava localizado no “pitoresco bairro de Vila Isabel”, na encosta da serra do Engenho Novo. Por ser um dia especial, a Companhia Ferro Carril Vila Isabel dispôs carros especiais para levar o público e os convidados até as dependências do zoo.
Esbanjando a cordialidade de um nobre, associando-a aos
interesses de um empresário, o barão recebeu seus ilustres convidados, entre os
quais o vice-presidente da República, cuja presença foi saudada por todos com
um brinde à mesa do jantar. No agradável passeio, tendo em vista o clima ameno
e a satisfação de todos, o barão e seu gerente Manoel Zevada lhes apresentaram
as dependências do Jardim. Além das jaulas, gaiolas e viveiros presentes em qualquer
empreendimento desse porte, a empresa de Drummond contava com um hotel “nas
melhores condições, um magnífico restaurante e tinha em construção um grande
salão especial para concertos”.
Os visitantes ainda poderiam passar seu tempo divertindo-se
em animados bailes públicos, no circo de cavalinhos, em variados espetáculos ou
fazendo apostas em alguns jogos liberados para aquelas dependências. Havia
bilhar, carteado, jogo da pelota, frontão e outros. No entanto, esse domingo
era especial, um novo divertimento estava para ser inaugurado.
Ao comprar o ingresso de entrada para o Jardim Zoológico, o
visitante passaria a receber um ticket. No bilhete estaria impressa a
figura de um animal. Pendurada num poste a cerca de três metros de altura,
próxima ao portão de entrada do parque, havia uma caixa de madeira. Dentro
desta ficava escondida a gravura de um animal, escolhida pelo barão em uma
lista de 25 bichos que ia de avestruz a vaca, passando por borboleta e jacaré.
Nesse domingo, às cinco horas da tarde, a caixa seria aberta pela primeira vez,
e o público presente poderia, afinal, descobrir o animal encaixotado e saber se
teria direito ao prometido prêmio de 20$000, 20 vezes o valor gasto com a
entrada para o zoo. Na hora marcada, o barão dirigiu-se até o poste, revelou a
avestruz e fez a alegria de 23 sortudos visitantes. (pp. 19-20)
4 comentários:
Muito bonito o blog e fiquei feliz com a sua visita ao Recanto do Trovador. O uso dos moradores está acontecendo mas só foi possível após a pacificação do Morro dos Macacos. As ações nas favelas do Rio, apesar de difíceis, têm conquistado os moradores e ajudado a recuperar a Cidade. (comentário enviado por e-mail e inserido aqui pelo editor do blog)
Não só tenho visitado seu blog quase diariamente, como tenho indicado para os meus amigos. SEU BLOG É IMPERDÍVEL.
Belíssima postagem sobre o Recanto do Trovador. (comentário enviado por e-mail)
Oi caro amigo escritor.
Realmente não tenho visitado sua página porque ando muito ocupada mas lembro sempre de você quando passo na praça do Largo do Machado e vejo o Abricó de Macaco que conheci através do seu blog. Engraçado que nunca tinha prestado atenção em algo tão belo, perfumado e ao alcance de todos.
Sucesso no seu blog.
Sou pernambucana já estive no Rio algumas vezes e a considero realmente "a cidade maravilhosa", é muito ver ver o que você posta, assim mesmo distante fico conhecendo um pouco mais essa cidade. Irei em julho para a Jornada Mundial da Juventude ver o Papa Francisco e sinceramente vou olhar tudo sobre o prisma das suas postagens""
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