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Corcovado visto (por uma nesga) da casa de Rejane. |
REJANE SOBREIRA MINATO, museóloga, poetisa e pintora, reside há três décadas
em uma casa antiga na Rua São Januário, no Bairro Imperial de São Cristóvão. Seu poema
Casarão pode ser apreciado no meu outro blog, o Sopa
no Mel, clicando aqui. Rejane é autora de uma monografia sobre o bairro, ROTEIRO DE
FRAGMENTOS HISTÓRICOS DO BAIRRO DE SÃO CRISTÓVÃO, com a qual obteve o grau de
bacharel em Museologia, e que está disponível no Google Docs (para acessar
clique aqui).
Rejane gentilmente me conduziu (na companhia do arquiteto Helio Brasil, autor do livro São Cristóvão — clique em seu nome no menu da direita para conhecer suas contribuições a este blog) por um passeio nas imediações da casa dela, onde muitas surpresas
me aguardavam, que sozinho eu dificilmente descobriria. As fotos resultantes estão aqui expostas. Os textos entre aspas são trechos de sua monografia.
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Duas casas na Ladeira São Januário. |
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Igreja de São Januário e Santo Agostinho na Rua São Januário, 249, inaugurada em 1947.
Uma igreja singular no Rio pelo teto e paredes da nave recobertos de afrescos com efeito trompe-l'oei dando a impressão de alto-relevo. Também dignos de nota os vitrais e quadros dos passos da Paixão. |
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Interior da igreja (colagem). |
"Antes mesmo de ser
solucionado o problema da ocupação francesa, Estácio de Sá doou à Companhia de
Jesus uma imensa sesmaria no Recôncavo da Guanabara, que se estendia do Rio
Comprido até Inhaúma, legitimada, em 1568, pelo Governador Geral Mem de Sá, ao
Colégio dos Jesuítas que, naquela ocasião, situava-se no Morro do Castelo. Esta
sesmaria incluía a Fazenda do Engenho Velho, do Engenho Novo e de Santa Cruz
além da Fazenda de São Cristóvão, onde os jesuítas tinham suas plantações de
cana-de-açúcar e criações de gado. Considerada a ordem mais rica da cidade, a
influência dos jesuítas estava presente não só na educação, mas também na vida
política e econômica."
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Casarão na Rua São Januário, 201 onde funciona a Interclin Clínica Médica. |
"O acesso à Fazenda de
São Cristóvão era difícil em virtude de sua topografia 'semianfíbia',
caracterizada por grandes alagados, pântanos, morros, praias, rios, além de uma
grande floresta. Embora os jesuítas tenham sido os pioneiros na ocupação da
várzea e da penetração no sertão carioca, somente por volta de 1627 começaram a
ocupação efetiva da fazenda edificando, inicialmente, uma igrejinha à beira da
praia dedicada à São Cristóvão, padroeiro dos viajantes, nas proximidades do
caminho que servia de ligação entre a cidade e o interior fluminense."
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Art déco. Antiga fábrica de cosméticos, atual depósito da Polícia Federal, na Rua São Januário, esquina com Rua Carneiro de Campos. |
"Um dos principais
lotes ocupados seria de importância vital para todo o desenvolvimento do
bairro. Foi comprado pelo rico comerciante português, Antônio Elias Lopes e
transformado numa chácara que recebeu o nome de Quinta da Boa Vista, em virtude
da bela paisagem que a circundava. Na parte mais elevada do terreno foi
construída a sede da chácara, um imenso casarão de dois pavimentos que logo
passou a ser considerada a melhor residência da cidade."
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Contraste arquitetônico. |
"Por este motivo foi
presenteada, por Elias Lopes, ao Príncipe D. João, quando este chegou ao Rio de
Janeiro, no início do século XIX. Aceita a oferta D. João instalou-se na
residência logo que a recebeu, tornando-a o verdadeiro centro da monarquia
portuguesa. A família de Bragança instalou-se na Quinta da Boa Vista ainda em
1808, conferindo ao bairro de São Cristóvão o status de real, ou seja,
aristocrático da cidade."
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Casarão classicizante na Rua São Januário, quase na esquina com a Rua Teixeira Júnior. |
"Foram feitas
benfeitorias que a nova condição exigia datando, desta época, os primeiros
melhoramentos na infra-estrutura do novo bairro e de suas imediações. Os
pântanos, ainda existentes, foram aterrados e abertas novas ruas. Durante todo
o século XIX o bairro de São Cristóvão passou por grandes transformações
políticas, econômicas e sociais. A partir de 1850, com o progresso da
cafeicultura, os ricos “barões do café” enriqueceram a cidade com seus
palacetes neoclássicos e todas as benfeitorias implantadas na cidade foram
rapidamente levadas para o bairro onde habitava a elite."
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Casarão com elementos art-nouveau na Rua São Januário, perto do Vasco da Gama. |
"Com a Proclamação da
República, em 1889, o bairro, impactado pelos acontecimentos políticos
vinculados à consolidação do novo regime, sofreu rápida transformação. A
aristocracia, pouco a pouco, foi deixando seus palacetes em São Cristóvão e
mudando-se para outros mais elegantes na Tijuca e em Botafogo. O Palácio da
Quinta foi abandonado pelos republicanos que adotaram como sede do governo o
Palácio Itamarati e, posteriormente, o Palácio do Catete."
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Rua Dom Carlos, esquina com Rua São Januário (pertinho do Vasco da Gama). |
"A modernização do
porto, uma das etapas importantes da Reforma Pereira Passos, tinha como objetivo atender ao volume
de mercadorias, implicando na demolição de trapiches e aterro de enseadas. Como
consequência, o bairro de São Cristóvão perdeu a região praieira, ligando-se
diretamente com a Avenida Rodrigues Alves. Isto contribuiu para o surgimento de
favelas em virtude do altíssimo número de desabrigados."
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Chalés na Rua Cel. Cabrita. |
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Prédio de curva. À esquerda subida do Morro do Tuiuti. |
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A praça é do povo... (Praça Alfredo Machado, ex-Praça Elisa Cyleno) |
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Bar com águia no topo na esquina das ruas Tuiuti com Curuzu. |
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Pavilhão de São Cristóvão e Igreja de São Januário vistos da Rua da Liberdade ao cair da tarde. |
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Casario na Rua da Emancipação. |