ENSEADA DE BOTAFOGO

ENSEADA DE BOTAFOGO
"Andar pelo Rio, seja com chuva ou sol abrasador, é sempre um prazer. Observar os recantos quase que escondidos é uma experiência indescritível, principalmente se tratando de uma grande cidade. Conheço várias do Brasil, mas nenhuma tem tanta beleza e tantos segredos a se revelarem a cada esquina com tanta história pra contar através da poesia das ruas!" (Charles Stone)

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA
São Paulo, até 1910 era uma província tocada a burros. Os barões do café tinham seus casarões e o resto era pouco mais que uma grande vila. Em pouco mais de 100 anos passou a ser a maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo. É pouco tempo. O século XX, para São Paulo, foi o mais veloz e o mais audaz.” (Jane Darckê Avelar)

28.2.09

A VISITA DO POETA

Crônica de Antônio Maria


Estatueta de Zé Andrade exposta na Modern Sound


Bar Garota de Ipanema (esquina das ruas Vinicius de Moraes e Prudente de Morais), onde Tom Jobim e Vinícius de Moraes se inspiraram para compor a música Garota de Ipanema

Cá está o poeta Vinicius de Moraes. Bebe, silenciosamente, um copo de cerveja, enquanto desenha.
— Vai falando, Poesia — digo-lhe, de vista baixa...
— Eu não — responde ele, de vista mais baixa ainda.
Vou desenhando e pensando. O que haverá com Poesia? Alguém judiou dele. Para ele estar assim...

Terá sido mulher? Sempre que o vi, estava feliz. Opulento, até. Na face, o seu saudável “rosa-colonial”. Hoje, até pálido ele está. Poucos sabem a extensão da maldade, quando se faz sofrer aos poetas. Aos poetas, não se pode negar nada. Tirar, muito menos. Principalmente a este, que é um franciscano. Vocês não sabiam? Vinicius de Moraes é franciscano, apenas está dispensado de usar o hábito porque todos o dispensam de fazer sacrifícios. O Itamarati, por exemplo, o dispensou de ir lá. Quando o ministro Hermes Lima precisa de alguma orientação, manda Lolô Bernardes telefonar e Vinicius instrui, pelo telefone. Na Casa de Rio Branco não se faz nada sem ouvir Vinicius de Moraes. Daí a mágoa de Pomona Politis, que se considera uma continuação e, às vezes, o próprio Barão do Rio Branco.

Mas, o que há com Poesia para estar ali sentado, sem um som, sequer o da respiração? Esse poeta arfava muito. Antigamente, a dois metros dele, era possível ouvir-se-lhe a arfância. E nunca foi de sentar muito tempo, a não ser se tivesse alguém no colo. No mínimo, uma criança. Também, não se pode dizer que tenha sido um poeta vertical; isto é, em pé. Na horizontal, com simples acenos, abalou montanhas, causou muita febre terçã, afundou navios e derrubou aeronaves. O Zepelin, não o bar, mas o Graf Zepelin pegou fogo por quê?

E hoje, cá está o poeta, de vista baixa, bebendo sua cervejinha, calado, de repente, como ele mesmo vaticinou, “não mais que de repente”. Poesia, que é da moça, que dizia à lua: “Minha carne é cor-de-rosa; não é verde como a tua.” Que é da mulher, que passou, com sete esperanças na boca fresca. Que é da outra, cujos cabelos rescendiam à flor da murta. E tu disseste, Poesia, gloriando a todas elas: “Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres!”

Não queria ver o poeta assim, em minha casa. A cabeça pendida, o peito silencioso, a mão trêmula, erguendo o copo de cerveja... cerveja que sabe às amargas ingratidões. Quero-o, como antes, contando o abalo que causou em Ava Gardner, em Rosana Schiafino, na Soraya, na própria Edith Piaf, quando essas senhoras o viram pela primeira vez. Ava Gardner, coitada, ainda era virgem e ficou de tal maneira perturbada que se casou com Mickey Rooney.

Uma vez, no Louvre, diante da Gioconda, eu lhe disse, muito a sério:
— Vamos sair daqui, Poesia, que essa mulher vai se descontrair e cair na gargalhada.


Bar Vinicius, em frente ao Garota de Ipanema


Toca do Vinicius, na rua Vinicius de Moraes

Crônica extraída da antologia Seja feliz e faça os outros felizes organizada por Joaquim Ferreira dos Santos e publicada pela Civilização Brasileira. Clique no marcador "Vinicius de Moraes" abaixo para ver outras aparições de Vinicius no blog.

19.2.09

CARNAVAL DE RUA

Fotos do Carnaval de 2008


Neste Carnaval de 2009 mais de 700 mil turistas visitam o Rio. Se os americanos conseguiram enviar uma nave tripulada à Lua, nós conseguimos organizar o maior espetáculo da Terra (o desfile das Escolas de Samba). Ano retrasado, escrevi neste blog: “Ano que vem, se Deus quiser, estarei lá”. Estive nos ensaios técnicos, já é alguma coisa. Mas nem só de Sapucaí vive o Carnaval do Rio. Os blocos de rua a cada ano atraem mais gente. O Carnaval carioca é cem por cento democrático, sem "cordinhas" de isolamento, sem abadás — diversão garantida a baixo custo (o custo das cervas vendidas por ambulantes). "Ninguém precisa ficar de fora, tem bloco para todos os gostos. Dos antigos Cordão da Bola Preta, Banda de Ipanema e Simpatia é Quase Amor — que arrastam milhares de pessoas em seus desfiles — aos estreantes como o alegre Filhos de Bambi, que se concentra na Rua Bambina." (O Dia)

As dezesseis primeiras fotos da postagem foram tiradas durante o desfile dos blocos de embalo (Bafo da Onça, Turma do Serrote, Cacique de Ramos etc.), domingo à noite, na Avenida Rio Branco. A antepenúltima e penúltima fotos, no desfile do Clube do Samba, terça-feira, na Avenida Atlântica, e a última, na velha e boêmia Lapa. As fotos são do Carnaval de 2008, quando esta postagem foi originalmente ao ar.

















Fotos de Ivo & Mi. Para ver outras postagens sobre o Carnaval carioca, clique no marcador abaixo.