ENSEADA DE BOTAFOGO

ENSEADA DE BOTAFOGO
"Andar pelo Rio, seja com chuva ou sol abrasador, é sempre um prazer. Observar os recantos quase que escondidos é uma experiência indescritível, principalmente se tratando de uma grande cidade. Conheço várias do Brasil, mas nenhuma tem tanta beleza e tantos segredos a se revelarem a cada esquina com tanta história pra contar através da poesia das ruas!" (Charles Stone)

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA
São Paulo, até 1910 era uma província tocada a burros. Os barões do café tinham seus casarões e o resto era pouco mais que uma grande vila. Em pouco mais de 100 anos passou a ser a maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo. É pouco tempo. O século XX, para São Paulo, foi o mais veloz e o mais audaz.” (Jane Darckê Avelar)

29.4.19

SÃO PAULO (POEMA) de RIBEIRO COUTO

Publicado originalmente na edição especial da revista O Cruzeiro, de 2 de abril de 1938, dedicada a São Paulo



A neblina das manhãs de inverno
– ó São Paulo enorme, ó São Paulo de hoje, ó
São Paulo ameaçador! –
A neblina das manhãs de inverno
amortece um pouco o orgulho triunfante das
tuas chaminés.
A neblina esconde o contorno das grandes fábricas
ao longe,
perdidas na planície, entre o chato casario
proletário.
E tudo cor de barro novo, como se fosse manchado
de sangue!

Nas ruas do centro agita-se a pressa do comércio.

Nos bairros burgueses, no entanto, há o silêncio.
As alamedas adormecem sob o silêncio.
Os jardins adormecem sob o silêncio.

19.4.19

QUERO MORRER NO BRASIL de ANTÓNIO DE ALCÂNTARA MACHADO

TEXTO INÉDITO DURANTE A VIDA DO AUTOR, PUBLICADO NA EDIÇÃO ESPECIAL DA REVISTA O CRUZEIRO, DE 2 DE ABRIL DE 1938, DEDICADA A SÃO PAULO



António de Alcântara Machado é o escritor quintessencialmente paulistano. Mais de uma tese de mestrado foi apresentada associando-o à cidade da garoa. Por exemplo, Isabel dos Santos Silva, em sua dissertação “Brás, Bexiga e Barra Funda, de Alcântara Machado: uma narrativa-registro da cidade de São Paulo”, caracteriza-o como “um prosador da cidade com alto grau de paulistanidade. De fato, ele ambienta a maior parte de sua narrativa na cidade e expressa de maneira confessional o seu sentimento por São Paulo.” Assim sendo, ao iniciar minha nova vida paulistana, nada mais lógico que eu me debruçar sobre sua obra de ficção (reunida no livro Novelas Paulistanas), infelizmente curta, já que sua vida foi tolhida em plena ascensão.


António de Alcântara Machado, apesar da breve existência, deixou sua marca na literatura de viagem, na crítica teatral, no movimento modernista, na Revolução Constitucionalista (como pioneiro da propaganda política pelo rádio), na própria política. Em Brás, Bexiga e Barra Funda, traz para a literatura brasileira os imigrantes e filhos de imigrantes italianos que viviam nesses bairros, dando-lhes “voz e vez”, como observa Isabel dos Santos Silva.

Em Laranja da China apresenta uma série de figuras humanas com designativos alusivos a grandes personalidades da história (“O Filósofo Platão”, “O Revoltado Robespierre”), mas que não passam de gente comum, do cotidiano (Senhor Platão Soares, Senhor Natanael Robespierre dos Anjos). Nessa obra mostra-se um mestre da técnica do “tempo retardado”, que é uma espécie de “câmera lenta” da literatura, em que o autor detém a passagem do tempo e descreve os mínimos detalhes. 

O texto a seguir, escrito na Europa em 1929, permaneceu inédito durante a vida do autor. Uma reflexão altamente filosófica sobre a “indesejada das gentes”. Intitulado “Quero Morrer no Brasil” foi oferecido pelo pai do autor para ser publicado na edição especial da revista O Cruzeiro de 2 de abril de 1938 dedicada a São Paulo.



Não quero morrer na Europa. Quero ir morrer no Brasil, na Cidade de São Paulo, numa manhã bem quente. Sobretudo quero morrer de chapéu na cabeça. Quem morre de chapéu na cabeça mostra que não tem respeito medroso pela morte. É camarada dela. O contínuo Serafim costuma dizer com muita admiração na porta do palácio presidencial: “este deve ser grosso, entra de chapéu na cabeça”. Os que, subindo as escadas, já vão tirando o chapéu, esses são pedintes, são subalternos, vão ser desiludidos ou humilhados.

Eu não. Eu, na manhã bem quente, me aprontarei, sairei de casa andando firme, desejarei bom dia aos conhecidos da rua Ana Cintra, entrarei no largo de Santa Cecília e, em frente da igreja, no meio do largo, subirei no refúgio [=pequeno passeio para pedestres, no meio de ruas ou praças movimentadas - Houaiss], encostando-me no lampião esgalhado. Nos braços do lampião verde eu serei amparado quando chegar o momento. Como já disse: subirei no refúgio. Trinta centímetros sobre o nível dos paralelepípedos. Porém, nesse instante, trinta centímetros serão uma altura vertiginosa. Eu me sentirei no alto, mas muito no alto. São Paulo então não abandonará seu filho. Com cheiro de gasolina, com fumaça de fábrica, com barulho de bondes, com barulhos de carros, carroças e automóveis, com barulho de vozes, com cheiro de gente, com latidos, cantos, pipilos e assobios, com barulho de fotógrafo [sic na publicação em O Cruzeiro, embora em reproduções posteriores conste "fonógrafo"], com barulho de rádio, campainhas, buzinadas, com cheiro de feiras, com cheiro de quitandas, todos os cheiros, e também barulhos da vida. São Paulo encherá o silêncio da morte. Porque não se deve esperar a morte deitado na cama, de cara amarela, de olhos fechados, entre remédios e lágrimas. Não é visita de médico. A morte não gosta da morte. A morte só gosta da vida. A morte chega no momento justo em que o homem vai perder a vida para não deixar o homem morrer: para dar vida eterna para ele. A morte é que imortaliza. Ela salva o homem que o mundo quer matar. Livra o homem do mundo. Isso é insincero. Eu quero bem ao mundo. Porém, quero mais à morte porque eu não conheço nada dela e por isso posso esperar tudo dela. Quero passar de um amor menor para um amor maior e sou humano enfeitando o que virá com bobagens, lugares-comuns. E não há maneira de caminhar sem dar as costas ao que se deixa. A lembrança do passado não existe porque passado lembrado é passado presente. Não é passado. Logo, e em rigor, este não existe. Lembrado, é presente e se liga ao futuro. Esquecido não é nada. Dos inumeráveis que eu fui sucessiva e simultaneamente, coisa nenhuma resta. No único que eu sou agora (formado por eles) eles desapareceram. E eu sou a fusão depurada de todos para durar na morte, entrar e permanecer uno na morte.

A gente cai na vida que nem semente na sementeira: para ganhar forma. Desenvolvida, é transportada. Vai florir em outro lugar. Por isso é que se põem flores nos caixões e nos túmulos. É uma precaução piedosa: poderão servir para o defunto se os botões dele não vingarem. Casaca emprestada para o amigo figurar no baile. Dizem para o defunto: – “Em todo caso, leve estas para garantia.”

Para o amigo figurar no baile. Baile mesmo. Há um momento em que o homem enxerga dentro da morte como o convidado costuma espiar o salão antes de entrar. Às vezes espia e não entra: – o traje é de rigor. Volta para casa. Vai se preparar melhor. São os arrependimentos de última hora. Umas palavras, nem isso, um pensamento desmentido, corrigindo uma vida inteira, porque o homem verificou que não estava bem preparado para entrar na morte. Preparara-se depressa para não perder o baile da morte, sem fazer feio nele. Eu entrarei de chapéu na cabeça. Direi: – Ó, não sabia que havia festa. E o meu desembaraço será tão grande que ninguém atentará na minha deselegância.

Centro paulistano (Viaduto Santa Ifigênia) na década de 1920. Fonte: Biblioteca Nacional Digital.

4.4.19

UM CARIOCA EM SÃO PAULO: PRIMEIRAS IMPRESSÕES

Anhangabaú

Depois de uma obra que deveria ter demorado dois meses e acabou se arrastando por sete; depois de duas estadias preliminares breves na casa nova a fim de me acostumar, no Natal e Carnaval; depois de fazer a triagem do que levar agora para Sampa, dentre um mar de livros, discos e outros objetos (a gente vai acumulando coisas no decorrer da vida, embora da vida nada se leve); depois de selecionar uma empresa de mudança que fosse ao mesmo tempo confiável (pelas avaliações na Internet) e não excessivamente cara (escolhemos a Pena Verde, que prestou um excelente serviço e entregou tudo intacto); depois de enfrentar a bagunça da rodoviária, onde o ônibus da Kaiçara que deveria sair às 15 horas não deu as caras e tive que pedir o dinheiro de volta e comprar passagem de outra companhia (1001); depois de encarar um baita engarrafamento na saída do Rio e o medo de chegar em Sampa depois do encerramento do metrô; e após dois dias abrindo os caixotes da mudança e arrumando coisa por coisa; depois de tudo isto, eis que começamos a vida nova no nosso lar doce lar paulistano.

Céu paulistano ao entardecer

O leitor dessas minhas mal traçadas linhas talvez se pergunte como é que um carioca da gema, com seis décadas e meia (e mais uns quebrados) de carioquice, editor do melhor blog sobre a Cidade Maravilhosa, consegue trocar uma urbe famosa pela beleza natural, alegria de viver (e altos níveis de criminalidade) por outra tão diametralmente oposta, onde em certos pontos você vê prédios a 360 graus, na frente das casas em vez de jardins você tem garagens e a praia mais próxima está a 76 quilômetros de distância? Na medida em que acompanhar minhas postagens paulistanas no blog você vai compreender aquilo que parece incompreensível.

"Minhocão" na Estação Sé do metrô

Antes de mais nada, para entender Sampa é preciso conhecer sua história. Planejo comprar e ler os elogiados livros do Roberto Pompeu de Toledo a respeito. Por ora sou socorrido pela amiga Jane Darckê Avelar que me proporcionou esta síntese:

Leve em conta que São Paulo, até 1910 era uma província tocada a burros. Os barões do café tinham seus casarões e o resto era pouco mais que uma grande vila. A Vila de Piratiningá (os índios falavam assim, oxítona). E então começaram as grandes chegadas de imigrantes, de vários lugares, credos e etnias. Italianos, espanhóis, mais portugueses, Árabes, turcos, judeus, japoneses, gregos, e mais alguns. Nos anos 60, começaram a chegar em massa, nordestinos e novos africanos. E nos anos 70, chineses e coreanos. Se esqueci algum grupo, perdão!

Em pouco mais de 100 anos passou a ser a maior da América Latina e uma das maiores do mundo. É pouco tempo. O século XX, para São Paulo, foi o mais veloz e o mais audaz.

Zona Leste

Aos curiosos que querem saber onde estou, saibam que troquei o charmoso bairro carioca de Copacabana, internacionalmente famoso, por um bairro menos badalado, Jardim Artur Alvim, numa zona considerada menos nobre, Zona Leste, de uma das maiores megalópoles da face da Terra.

Um parêntese: conquanto eu vivesse uma vida inteira no Rio, São Paulo não é uma cidade estranha para mim. Minha vovó morava aqui, minha titia morava aqui, desde criança eu vinha para cá, passava férias aqui. Quando trabalhei na extinta Rede Ferroviária passei um mês implantando um sistema aqui. Alguns anos atrás fiz uma viagem turística para cá que está relatada no meu blog Sopa no Mel. Meu romance Passaporte para o Paraíso lancei também aqui. Tenho um irmão morando aqui. Tenho amigos aqui, um deles da pré-adolescência. São Paulo não é uma cidade totalmente estranha para mim.

Ademais, aqui moro numa casa sossegada com um quintal onde, como no final famoso da novela Cândido de Voltaire, vou cultivando o meu jardim (literalmente). Até coloquei uma “cadeira de praia” no quintal para pegar sol e vou aprender a preparar churrasquinhos naquelas churrasqueiras de “pobre” que você vê pelas ruas cariocas (aliás, domingo, vi uma delas numa rua aqui do bairro).

Grafite

Na primeira semana paulistana fiz o reconhecimento da área no entorno da minha casinha. No Rio eu tinha o  costume (por recomendação médica) de realizar uma caminhada diária de uma hora, normalmente em Copacabana. Aqui, com apoio logístico do Google Maps, descobri uma “mancha verde” perto de minha casa num altinho de morro com um condomínio de prédios muito bem ajardinado, uma pracinha em aclive com escadaria e vista para a paisagem paulistana... e como paulistano só anda de carro, pouca gente na rua, trechos até ermos!

Um desafio da adaptação é descobrir onde comprar as coisas. Em Copacabana eu tinha todo o comércio do mundo relativamente perto de meu apê. Aqui, um bairro mais popular, já não conto com essa fartura de lojas, mas explorando, procurando, consultando minha esposa que é daqui, vou descobrindo onde fazer as compras. Tem a feira semanal nas quintas que já é uma mão na roda, e onde vendem um pastel e caldo de cana com limão que já faz valer a pena ir lá. Tem um Carrefour enorme em Guilhermina-Esperança. Tem o Negreiros a um quilômetro daqui. Tem o Assaí, atacadista, com preços ultracamaradas, a uns dois quilômetros daqui. E no alto do meu morrinho de estimação tem um Mini Extra pequeno mas jeitoso.

São Paulo histórico

Outro problema de adaptação é a reciclagem. Em Copacabana tínhamos a coleta seletiva do lixo reciclável. Aqui na Zona Leste não temos, mas não consigo conceber a ideia de que minhas latinhas e garrafas de cerveja e papelões e plásticos vão parar num reles lixão em meio à sujeirada orgânica. Descobri também naquele meu querido morrinho um ecoponto (Ecoponto São Nicolau, consta do Google Maps) que recolhe recicláveis. Regularmente no meu passeio diário levo lá minhas latinhas, garrafas etc.

Grade

Agora vou contar uma historinha. No Supermercado Negreiros, onde fui comprar uns hortifrutis, chego no caixa com o carrinho de compras repleto de berinjela, abobrinha, abóbora, aipim etc., e uma gentil freguesa avisa que é preciso pesar primeiro. Vou lá eu pesar a mercadoria. É preciso ensacar item por item, cada coisinha individual, informa o funcionário. Um desperdício de sacos plásticos que, se não forem devidamente reciclados, vão emporcalhar a natureza. Na hora de pesar o aipim, o funcionário, em dúvida, pergunta:
– É cará?
– Não, aipim.
Ele me olha com uma cara espantada. Repito:
– Aipim.
Ele examina melhor a tuberosa e enfim diagnostica:
– Mandioca!
Observo que no Rio a gente chama aquilo de aipim (no nordeste é macaxeira). Ao que ele me pergunta:
– O senhor é do Rio? Lá é muito violento!
Esta é a fama que temos. E ele me conta que, certa vez, ainda rapaz, foi em excursão para um encontro evangélico no Maracanã. Mas em vez de ir ao evento, “fugiu” para conhecer a cidade. Foi até a Praia do Flamengo. Perguntei:
– E Copacabana, não foi?
– O dinheiro não deu.
Sugeri que, “agora que você tem o dinheiro”, voltasse ao Rio.
– Agora é que não tenho dinheiro mesmo.

"uma pracinha em aclive com escadaria e vista para a paisagem paulistana"

Embora a imagem que se tem daqui via noticiários seja de um perpétuo engarrafamento (assim como a imagem que se tem do Rio é de assaltos seriais), observei que, o fato é que, fora do pico (rush), o transporte público funciona otimamente. Ao contrário do Rio, onde os ônibus param numa infinidade de pontos e sinais de trânsito ou mesmo fora do ponto e no BRT você viaja como sardinhas em lata (parece que os empresários fazem de propósito para maximizar o lucro minimizando o conforto), aqui em Sampa ônibus articulados, amplos, com ar-condicionado, percorrem distâncias enormes em corredores especiais com incrível eficiência. E afora a hora do rush eles não lotam, você viaja sentado. Enquanto no Rio as linhas de ônibus se sobrepõem às de metrô (você pode ir de Copa à Tijuca ou à Barra de metrô ou de ônibus), em Sampa existe uma racionalidade: as linhas de ônibus complementam as do metrô, atendendo as áreas não cobertas pela malha metroviária ou ferroviária.

No metrô (Linha Vermelha que vai para meu bairro)

Contribui para a mobilidade (e isso a mídia não mostra, pois só foca os engarrafamentos do rush) o fato de Sampa ter crescido realmente a partir do século XX e com isso terem sido planejados e rasgados amplos corredores de avenidas interligando praticamente a cidade inteira.

Também você consegue carregar seu cartão de transporte facilmente, existe fartura de maquininhas nas estações de metrô, não é como no Rio que as máquinas são parcas e sempre com grandes filas.

A topografia aqui é ondulada, você sobe, desce, sobe desce, por isso o projeto de ciclovias do Haddad gorou. E nas subidas, as calçadas não acompanham o aclive da rua. São escalonadas (em escadinha), por causa das saídas das garagens. Não acostumado com essa irregularidade, no primeiro dia dei uma topada num desses degraus e quase me espatifei. O Rio, por outro lado, é plano, mas pontilhado de montanhas.

O aprazível bairro Chácara Santo Antônio, verdadeiro jardim botânico

Existem bairros nobres que são verdadeiros jardins botânicos, tamanha a profusão de árvores, arbustos, flores, trepadeiras, não só aquelas plantadas pela Prefeitura, mas também pelos proprietários nas calçadas em frente aos seus casarões. Apaixonamo-nos pela Chácara São João, onde fomos resolver um problema na NET. Com bairros aprazíveis assim quem é que precisa de praia? (Mas o paulistano parece que precisa, porque nos feriadões enfrenta engarrafamentos colossais para chegar ao litoral.)

Algumas ruas paulistanas têm nomes poéticos como Rua Borboletas Psicodélicas (não é delírio, pode procurar no Google Maps), Rua Caçada Real, Rua Sonho Gaúcho (por onde passo para fazer compras no Assaí), Rua Verbo Divino, Rua Esperantina etc. Pelo que li, certa vez a Prefeitura, ante o desafio de nomear um sem-número de ruas, formou uma comissão para criar um banco de nomes, missão essa cumprida com real criatividade. Achei até uma rua com o nome do matemático francês que morreu jovem num duelo, cuja história meu falecido amigo matematófilo Márcio Steinbruch adorava contar: Evariste Galois.

Neocolonial em Sampa: Escola Pueri Domus

O atendimento nas lojas aqui dá de dez a zero no carioca: numa lanchonete, numa loja, você é atendido com cortesia. No Rio depara com frequência com atendentes de cara amarrada ou em pleno papo, e você tem que esperar que terminem a importante conversa para ser atendido. Não sei se é treinamento, se é cultura, mas aqui a gente se sente um pouco mais perto do Primeiro Mundo. Basta dizer que ninguém entra no ônibus pela porta de saída sem pagar, nem tem assalto a mão armada em ônibus.

No pico o metrô superlota, mas em certas estações do Centro (Sé, República) chegam regularmente metrôs vazios, evitando aquela empurração generalizada da linha 2 do metrô carioca.

Uma diferença a favor de Sampa é que aqui, embora alguns dias possam ser quente, à noite a temperatura cai. No verão carioca são trinta graus dentro de casa dia e noite.

Um ponto a favor dos cariocas é que aqui os logradouros públicos são mais emporcalhados: não sei se o carioca é mais limpo ou a Comlurb é mais eficiente do que sua congênere paulistana. Na Zona Leste vejo muito cocô de cachorro nas calçadas. No Rio, pelo menos em Copacabana, os donos recolhem os dejetos de seus cãezinhos.

Assim vão transcorrendo minhas plácidas primeiras semanas paulistanas, cidade com bairros étnicos, boa gastronomia, profusas atrações culturais, a melhor orquestra sinfônica do país e o segundo melhor museu de arte do hemisfério sul do planeta (o primeiro está em Buenos Aires).


Painel de azulejos do Vale do Anhangabaú em 1892 do Atelier Artístico Moral que encontrei num bar na Rua Juazeiro do Norte, perto de minha casa

Shopping, programa quintessencialmente paulistano