ENSEADA DE BOTAFOGO

ENSEADA DE BOTAFOGO
"Andar pelo Rio, seja com chuva ou sol abrasador, é sempre um prazer. Observar os recantos quase que escondidos é uma experiência indescritível, principalmente se tratando de uma grande cidade. Conheço várias do Brasil, mas nenhuma tem tanta beleza e tantos segredos a se revelarem a cada esquina com tanta história pra contar através da poesia das ruas!" (Charles Stone)

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA
São Paulo, até 1910 era uma província tocada a burros. Os barões do café tinham seus casarões e o resto era pouco mais que uma grande vila. Em pouco mais de 100 anos passou a ser a maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo. É pouco tempo. O século XX, para São Paulo, foi o mais veloz e o mais audaz.” (Jane Darckê Avelar)

27.10.08

IGREJA DE N.S. DA PENA

NA BAIXADA DE JACAREPAGUÁ


Pena...
De mim mesmo.
Dá pena, sentir pena, eu sei.
Sentir que da minha "pena", pensei
("eufemismo" antigo, mas que ainda é entendido),
não saía nada para escrever no momento.
Uma metáfora uma descrição uma cena. Um intento
sobre a igreja de Nossa Senhora da Pena.
Minha memória que se apaga, que se apagará,
sobre uma relíquia, como muitas outras, também esquecida,
num morro da Freguesia, perdida,

num sub-bairro de Jacarepaguá.

(Poema de Manoel Rodrigues, que me acompanhou nas duas visitas à igreja.)


Primeira visita: num dia de primavera nublado de 2007




Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAM), em 1938, a Igreja Nossa Senhora da Pena foi inspirada na suntuosa igreja de mesmo nome existente em Leiria, Portugal.

Documentos antigos indicam a construção de um templo no local pelo padre Manuel de Araújo. Em 1770, José Rodrigues de Aragão, devoto da Virgem e abastado fazendeiro local, não só restaurou a Igreja, como também doou à Irmandade terras e propriedades.

Constituída de nave única, a Igreja Nossa Senhora da Pena possui uma torre campanária — do lado direito do altar onde são celebradas as missas — corredores laterais e sacristia aos fundos. O pátio é pavimentado com tijolões bem cozidos.

Nos tetos da nave e da capela principal foram pintadas passagens da vida de Cristo. Contudo, o maior destaque é conferido aos seis painéis em azulejos portugueses que retratam cenas da vida da Virgem. O altar-mor é em estilo rococó e na sacristia existem relíquias dignas de qualquer museu. Na parte superior, além dos retratos de Dom Pedro II, D. Tereza Cristina e Barão de Taquara, há também o quadro com a efígie de José Rodrigues de Aragão, uma prova de gratidão a quem foi considerado o benfeitor da Irmandade.

Imponente no alto do penhasco, a Igreja Nossa Senhora da Pena pode ser vista de vários pontos da região. Por isso, além de assistir às missas, os visitantes desfrutam da mais bela paisagem da Baixada de Jacarepaguá.

(Informações transcritas de placa existente no local. Missas são celebradas todos os domingos às 11:00. Mais informações pelo tel. (21) 2447.9570 ou no site da igreja. "Mala nostra pelle" - foto abaixo - significa "afasta de nós os males")









Segunda visita: num dia de primavera ensolarado de 2008









As mais antigas referências à região denominada Baixada de Jacarepaguá datam do princípio do século XVII, estando relacionadas à ocupação do Recôncavo da Guanabara pelos canaviais e fazendas de criação de gado. Entretanto, o estudo da origem da palavra Jacarepaguá demonstra que, anteriormente, esta região era ocupada pelos índios guaranis, que a chamaram de Yakareupaguá, que significa lagoa rasa dos jacarés.

O declínio da produção agrícola, no século XIX, marcou o início do parcelamento desta área. As grandes propriedades foram divididas em fazendas e, posteriormente, em pequenas chácaras. No século XX, com a abertura das principais vias de acesso, foi intensificada a ocupação da área. O Plano Piloto para a Baixada de Jacarepaguá, elaborado pelo arquiteto Lúcio Costa, em 1969, veio disciplinar este processo de ocupação.

Constituída pelos bairros da Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes e Jacarepaguá, esta região apresenta um relevo predominantemente plano, com a presença de morros isolados. Engloba faixas significativas de restinga e mangue, as lagoas de Jacarepaguá, Camorim, Tijuca, Marapendi e Lagoinha, formando um conjunto que reflete uma paisagem natural de grande interesse ambiental e turístico.







Fotos do editor do blog, exceto a segunda foto da segunda visita, que é do meu amigo Manoel Rodrigues.

6.10.08

GRANDE TEMPLO ISRAELITA DO RIO DE JANEIRO



Construção de estilo eclético, em que coexistem elementos tanto da arquitetura de origem hebraica quanto das ordenações clássicas. O autor do projeto, elaborado em 1919, é o engenheiro arquiteto Mario Vodred, e o templo foi inaugurado em 1932. Os mosaicos foram executados em 1976 pelo artista Humberto Cozzo (Guia das igrejas históricas da cidade do Rio de Janeiro). O Templo foi tombado pela Prefeitura e os serviços religiosos atualmente se restringem ao Rosh Hashaná e Yom Kipur.



TEXTO EXTRAÍDO DO LIVRO DE SAMUEL MALAMUDRECORDANDO A PRAÇA ONZE, EDITADO EM 1988 PELA LIVRARIA KOSMOS EDITORA:

A sinagoga mais antiga da Praça Onze — Beit Yaakov, fundada em 1916 — marcou o início da organização comunitária. Nos anos vinte, essa sinagoga não tinha nenhuma dificuldade em promover as rezas tanto matutinas como as da tarde e da noite. Havia sempre um minyan (número mínimo de dez varões maiores de 13 anos de idade). A sinagoga denominada Beith Israel, com sede na rua Santana 12, foi fundada mais tarde por um grupo de dissidentes da primeira. [...] A sinagoga Beith Israel foi a primeira a ter sede própria. [...]


A Beit Yaakov contava na época com um grande número de sócios e era a mais importante da Praça Onze. Não era suficientemente espaçosa para acolher maior número de pessoas nas datas religiosas mais importantes. A diretoria cogitou de construir um templo que atendesse ao crescimento da comunidade. Mas, enquanto essa idéia não se concretizava, alugava-se para as datas religiosas mais concorridas o salão do Clube Ginástico Português, que ficava na rua Buenos Aires, entre a Praça da República e a Avenida Pasoss. [...]


A comissão formada para a compra do terreno em que se ergueria o templo julgava que o bairro da Praça Onze continuaria sendo por longos anos o centro da vida judaica do Rio. [...] Foi comprado, então, um enorme terreno na esquina das ruas Tenente Possolo e Henrique Valadares.


A campanha para angariar os recursos para a construção do templo começou com a venda de títulos de sócio fundador, com direito a um lugar permanente e marcado na sinagoga, como é de praxe. Mas logo surgiram as dificuldades. Já então, numerosos judeus, economicamente bem situados, começaram a mudar suas residências da Praça Onze para outros bairros surgindo núcleos judaicos na Tijuca, em Vila Isabel, nas localidades suburbanas da Central do Brasil e da Leopoldina, onde se iam formando centros religiosos e culturais. [...]


O orçamento para a construção do templo ia crescendo continuamente, devido ao encarecimento constante dos materiais e da mão-de-obra. Isso levou a comissão a desmembrar uma parte do terreno e pô-lo à venda, renunciando, assim à construção do centro social. O lote desmembrado foi adquirido por um cidadão português, que ergueu ali um edifício que até hoje existe e a que deu curiosamente o nome de “Graças a Deus”...


O templo serviu durante longos anos como centro de congregação da comunidade, ao qual comparecia grande número de fiéis com suas famílias, principalmente nos dias mais santificados. [...] Atualmente, toda a região onde o templo fica situado se esvaziou do elemento judeu. [...]


O templo da rua Tenente Possolo serve hoje como marco de uma época da história da comunidade judaica e representa um monumento que a mesma tem por obrigação conservar.