Textos do Guia Michelin, Vinicius de Moraes, José Carlos de Oliveira, Sérgio Sant'Anna e Antônio Torres
Fotos de Ivo & Mi (exceto a foto do obelisco comemorativo da inauguração da Avenida Atlântica acima, da década de 1920)
Tu, Copacabana,
Mais que nenhuma outra foste a arena
Onde o poeta lutou contra o invisível
E onde encontrou enfim sua poesia
Talvez pequena, mas suficiente
Para justificar uma existência
Que sem ela seria incompreensível.
(Vinicius de Moraes)
Nossa Senhora de Copacabana
(réplica da imagem boliviana, no museu do Forte de Copacabana)
Em meados do século XVII, a área, que englobava também Ipanema e a Lagoa, era conhecida pelos índios como Sacopenapan, formada por um extenso areal, cercado por verdes montanhas, alagadiços e brejos, coberto por palmeiras, cactos, bromélias, pitangueiras, araçazeiros e cajueiros. Apenas se registravam a presença de humildes pescadores, de postos militares estratégicos para a defesa da cidade, situados nas extremidades da praia, e a Igrejinha de Nossa Senhora de Copacabana, que deu origem ao nome do bairro.
A história da devoção a Nossa Senhora de Copacabana, cuja imagem representa Nossa Senhora da Candelária, começou nas antigas colônias espanholas, mais precisamente na região atual da Bolívia, numa aldeia chamada Copacabana, às margens do Lago Titicaca. Em vista da fama milagrosa da virgem, comerciantes peruanos, bolivianos e portugueses teriam trazido para cá, no século XVII, uma cópia da imagem primitiva. Não se sabe ao certo a data da construção da capela no promontório rochoso que separa a Praia de Copacabana da Praia de Ipanema; contudo, em 1746, foi construída, no mesmo local, uma igreja maior, fruto do agradecimento do Bispo D. Antonio do Desterro, por uma graça recebida durante uma terrível viagem. No início do século XX, a antiga Igrejinha de Nossa Senhora de Copacabana foi destruída para dar lugar ao Forte de Copacabana. (Extraído do Guia Michelin do Rio de Janeiro.)
Casarão em estilo alemão, no início da Rua Santa Clara, que pertenceu a Pedro Calmon (a escadaria à esquerda dá acesso à Favela do Morro dos Cabritos)
Durante todo o século XIX os acessos à região eram nada convidativos: um caminho que partia da Rua Real Grandeza, em Botafogo, cruzava o Morro da Saudade e descia pela atual Ladeira dos Tabajaras; uma trilha pela atual Ladeira do Leme; ou ainda a possibilidade de contornar a Lagoa e o litoral de Ipanema e do Arpoador. Somente nos últimos anos do século XIX a primeira linha de bondes, com tração animal, chegou à praia, depois de aberto o Túnel Velho (1892), ligando Botafogo a Copacabana, e viabilizando o início da ocupação do bairro. Pouco tempo depois, o prefeito Pereira Passos, responsável por uma política de modernização e higienização da capital da República, trouxe à área benefícios, como o Túnel Novo, a Avenida Atlântica e a eletrificação dos bondes.
As poucas e simples construções, do início do século XX, logo foram substituídas por suntuosos palacetes, que, de estilo eclético, representavam o que de mais moderno existia [pouquíssimos sobrevivem em meio aos prédios – ver fotos nesta postagem]. Com a inauguração do Hotel Copacabana Palace, em 1923, a fama do bairro espalhou-se rapidamente e o seu crescimento, em ritmo acelerado, passou a ficar marcado pela presença dos então chamados “arranha-céus”, que variavam de 4 a 12 andares. [...] Após os anos 50, o bairro perderia seu ar aristocrático pela multiplicação dos grandes prédios de pequenos apartamentos, os chamados "conjugados". (Extraído do Guia Michelin do Rio de Janeiro.)
A bandeira brasileira
Hotel Copacabana Palace
Árvore e prédio
Grafites
Mais grafites
O trânsito
Os prédios e o verde
O Cristo visto da praia
Nisto, entramos numa rua de Copacabana e ele mandou parar. Pagou e descemos. Abriu a porta de um prédio e entramos. Subimos ao sétimo andar. Abriu uma porta e entramos. Acendeu a luz e fechou a porta com a chave e um trinco. Enfiou a chave no bolso da calça. Dei logo uma geral no ambiente. Que diferença do barraco lá do morro! Era um verdadeiro apê, todo mobiliado. Sentamos numa poltrona, e aí ele tirou os óculos, guardou no bolsinho do paletó, olhou bem para mim e disse: “Agora olha a minha boca”. Quando arreganhou os beiços, vi dois dentes de outro brilhando na frente, do lado de cima. “Que tal?” Eu disse que tava legal...
(José Carlos de Oliveira, Terror e Êxtase)
E la nave va...
Carlos Drummond de Andrade
Quiosque
"As Garotas de Copacabana"
Estátua viva
Escultura de areia
Copacabana é um bairro surpreendente. Você está no meio daquela zona toda e, de repente, vira uma quebrada à direita, sobe uma ladeira, e logo a paisagem mudou.
Do lado esquerdo da rua, havia os prédios de sempre, mas do lado direito era puro mato, uma pequena floresta num morro. Era ali em frente que Miss Simpson morava.
Não foi preciso nem representar: eu era mesmo um tímido em pânico, apertando a campainha do 501 com meu livrinho de inglês debaixo do braço. E se tudo não passasse de um trote do pessoal?
Fui recebido por um sorriso luminoso e puxado pelo braço até uma varanda com vista para aquela floresta tropical. Estaria num sonho outra vez? Ouvia-se o trinar dos mais variados espécimes de pássaros, o cantar das cigarras, o zumbir de outros insetos, o guinchar dos...
—Monkeys, little monkeys — esclareceu Miss Simpson...
(Sérgio Sant'Anna, A Senhorita Simpson)
Vendedor de castanhas de caju
Pessoas passeando no calçadão e na pista da Avenida Atlântica junto à praia, interditada aos carros nos domingos e feriados
Contraste: Favela Pavão Pavãozinho vista da Rua Raul Pompeia
Crianças brincam no Forte de Copacabana (observe a favela Pavão-Pavãozinho atrás dos prédios)
Copacabana, eu te amo mesmo assim. Você me adormece com os embalos do baile no morro e me desperta ao som das suas rajadas de balas.
De vez em quando soltam foguetes no morro ao pé da minha cama, no meio da noite, para avisar que a cocaína já chegou. Digo: a mercadoria, a encomenda. Por favor, não tive nenhuma intenção de te delatar. Não sou nenhum alcagüete, sabia? Francamente, detesto o barulho dos helicópteros nos meus ouvidos. Sei que é a polícia tentando participar da tua festa, para pegar um brilho.
Mas você é muito espalhafatosa, querida. Exibida demais.
Estilhaços sobre Copacabana. Copacabana me engana. Mas eu sou um superbacana. Moro em Copacabana.
De minha janela não vejo o Corcovado e o Redentor, que lindo.
(Antônio Torres, Um Táxi para Viena d'Áustria)
Copacabana pós-moderna
Tonelero com Figueiredo de Magalhães
Idem
Av. Nossa Senhora de Copacabana
Praia de Copacabana (foto tirada, em dia de mar calminho, no Posto 6)
Praia cheia num dia de sol
Entardecer na praia
A praia (com o Pão de Açúcar no fundo) vista da Colônia de Pescadores no Posto 6
A praça, os ipês floridos, os prédios (Bairro Peixoto)
Casarão na Rua Sousa Lima (por quanto tempo ainda ficará de pé?)
Outro casarão, na esquina da Rua Cinco de Julho com Dias da Rocha (quem é observador ainda encontra vários casarões em meio aos prédios de Copacabana)
A Help, grande templo do turismo sexual, está com os dias contados
Surfo, logo existo
Homenagem ao frescobol: "Esporte inventado no Brasil nos anos 50, entre os postos 4 e 6, único esporte com espírito esportivo, sem disputa formal, vencidos ou vencedores" (Millôr Fernandes)
Minha rua
Postagem originalmente publicada em março de 2007 agora acrescida de fotos novas e de trecho do poema Copacabana de Vinicius. Saiba tudo que rola por Copacabana visitando o blog Avenida Copacabana, do meu amigo Jôka, e o site Copacabana.com