ENSEADA DE BOTAFOGO

ENSEADA DE BOTAFOGO
"Andar pelo Rio, seja com chuva ou sol abrasador, é sempre um prazer. Observar os recantos quase que escondidos é uma experiência indescritível, principalmente se tratando de uma grande cidade. Conheço várias do Brasil, mas nenhuma tem tanta beleza e tantos segredos a se revelarem a cada esquina com tanta história pra contar através da poesia das ruas!" (Charles Stone)

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA
São Paulo, até 1910 era uma província tocada a burros. Os barões do café tinham seus casarões e o resto era pouco mais que uma grande vila. Em pouco mais de 100 anos passou a ser a maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo. É pouco tempo. O século XX, para São Paulo, foi o mais veloz e o mais audaz.” (Jane Darckê Avelar)

11.3.19

SÃO PAULO: MINHA MUDANÇA & PRIMEIRAS FOTOS


Tendo morado desde minha vinda ao mundo, em 1951, ininterruptamente no Rio de Janeiro (com eventuais viagens a serviço ou lazer para outras paragens), questões familiares me levam agora a mudar, no dia 15 de março de 2019, para São Paulo. Vou morar numa casinha num bairro modesto, Jardim Artur Alvim, da Zona Leste (se você não sabe onde é a Zona Leste, o bairro mais famoso de lá, que você decerto conhece, é Tatuapé), que corresponderia a um subúrbio carioca, mas com transporte público bom e um pouco mais de segurança (quanto mais vou descobrir). Mas uma vez por mês virei ao Rio. O blog, portanto, passa a alternar postagens sobre a Cidade Maravilhosa e a Cidade da Garoa, o maior polo industrial "alemão" do mundo – com maior concentração de indústrias alemãs do que qualquer cidade da Alemanha (ver aqui). Após ter captado por década e meia (desde a criação do blog) a alma carioca, agora encaro o desafio de procurar, em meio ao mar de prédios & casas (porque em Sampa pra qualquer lado que você olhe – norte, sul, leste, oeste – vê prédios e mais prédios ou casas e mais casas), a poesia, a beleza, o colorido, o pitoresco, a cultura, os tipos humanos etc. (porque mazelas, sejam cariocas, sejam paulistanas, deixo para os outros abordarem, e o fazem muito bem) desta que é uma das maiores metrópoles do planeta. Para ver exclusivamente as postagens sobre Sampa, clique em São Paulo no menu superior ou no menu da barra vertical direita. E deixe suas impressões na seção de comentários.

As fotos foram tiradas: 1) Em 2017 quando lancei meu Passaporte para o Paraíso também em Sampa; 2) Em 2018 quando viajei várias vezes a Sampa a fim de acompanhar as obras de minha nova casa. Estão aqui numa ordem aleatória, não cronológica.


Madrugada na Liberdade

Liberdade cedinho (seis e meia)

O editor do blog num Starbucks de shopping

Moto e carro

Grafite

Morumbi

Vista da Estação Artur Alvim

Cores

Catedral Metropolitana Ortodoxa

Catedral Metropolitana Ortodoxa

Hospital Santa Catarina

Carros

Vista

Reflexos

Antiga mansão de 1905 do barão do café Joaquim Franco de Mello, uma das poucas remanescentes na Avenida Paulista

MASP

Parque Trianon: oásis paulistano

O legítimo Bauru do Ponto Chic

1.3.19

PARABÉNS PRA VOCÊ, MEU RIO DE JANEIRO, de HELIO BRASIL

TEXTO PUBLICADO ORIGINALMENTE UM ANO ATRÁS (1/3/18) NO ENTÃO RECÉM-RESSUSCITADO JORNAL DO BRASIL


Nossos antepassados lusitanos chegaram ao Brasil – todos nós sabemos – em 1500, em Porto Seguro, na Bahia. Em virtude da grande extensão da costa e da pilhagem realizada pelos europeus de olho nas novas terras, adivinhadas ricas e generosas, somente em 1531 Martim Afonso de Sá por aqui passou deixando o porto, na suposta foz do Rio de Janeiro, bem abrigado pelo generoso desenho da Guanabara.

Ansiosos pela conquista de novos territórios, os franceses invadiram o Rio em 1555 e aqui se instalaram militarmente, entrincheirados na hoje conhecida Ilha do Governador – então Paranapecu.

A vinda de Mem de Sá, trazendo o braço guerreiro de seu sobrinho Estácio e à frente de exércitos organizados e armados, apoiados pelos guerreiros de Arariboia, foi decisiva para a reconquista. A fundação propriamente (data que hoje se comemora) foi no dia 1º de março de 1565, ao pé do morro Cara de Cão, juntinho ao nosso querido Pão de Açúcar. Perito na arte militar, Estácio decidiu deixar o local e instalar estrategicamente suas tropas no alto do morro do Castelo, elevação histórica que abrigou o forte lusitano, a Igreja de São Sebastião (nosso padroeiro) e o Colégio dos Jesuítas, marcos infelizmente desaparecidos quando em 1920-22 o morro foi arrasado.

Os franceses foram finalmente expulsos e, com relativa tranquilidade, os donos da terra desceram para a várzea iniciando a ocupação gradativa do território. E o Rio expandiu-se, apesar dos descuidos de seus habitantes e alguns predadores, venceu os pântanos que o cercavam, impondo novos traçados aos muitos cursos d’água e ganhando território para a população que pouco a pouco deixava o reino lusitano para trás. Historiadores poderão dizer quando foi que os cariocas – com a graça dos santos e dos deuses vindos da Europa, da África, e aqui mesclados aos caboclos indígenas – passaram a dar o colorido às festas e aos costumes, bem emoldurados por uma natureza luminosa.

Ao longo das sucessivas escaladas históricas para a Independência, passando dos vice-reis à corte Joanina nas mãos de um monarca bonachão e sagaz, D. João, das tiradas autoritárias de um Pedro I ao seu professoral filho que entregou mansamente a coroa aos republicanos, o Rio avançou (de certa forma à frente do Brasil) e o reflexo disto foi o despontar urbano com o prefeito Francisco Pereira Passos ao abrir a Avenida Central no início de 1900.

Planos urbanos como os de Agache, de Dodosworth e, mais recente, o de Doxiadis no rápido momento em que a cidade do Rio de Janeiro tornou-se um estado da federação, transfiguraram a metrópole, que nos dias de hoje, depois de ter voltado à condição de município, tenta reencontrar a sua aura de “Maravilhosa”. Já no século XX, muitos foram os arquitetos e urbanistas que a amavam e se propuseram a engrandecê-la: Afonso Reydi e Roberto Burle Marx, projetando e deixando florir o chamado Parque do Aterro do Flamengo, Luís Paulo Conde e tantos outros, arquitetos e urbanistas, sociólogos e antropólogos, deixam transparecer a preocupação com seus destinos de urbe tropical.

Que a data que se comemora – gravada neste retorno auspicioso do nosso JB – inspire uma retomada decisiva.

Quando os guerreiros lusitanos venceram os invasores, o mar de Uruçumirim (hoje, uma nesga no Flamengo na foz do rio Carioca) tornou-se vermelho com o sangue dos combatentes. Respeitando tal sacrifício, vamos, cariocas de hoje, lutar não mais de forma sanguinolenta, mas com o coração e a cabeça para reconstituir a cidade que decididamente ainda é MARAVILHOSA!


HELIO BRASIL – arquiteto – março de 2018.