ENSEADA DE BOTAFOGO

ENSEADA DE BOTAFOGO
"Andar pelo Rio, seja com chuva ou sol abrasador, é sempre um prazer. Observar os recantos quase que escondidos é uma experiência indescritível, principalmente se tratando de uma grande cidade. Conheço várias do Brasil, mas nenhuma tem tanta beleza e tantos segredos a se revelarem a cada esquina com tanta história pra contar através da poesia das ruas!" (Charles Stone)

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA
São Paulo, até 1910 era uma província tocada a burros. Os barões do café tinham seus casarões e o resto era pouco mais que uma grande vila. Em pouco mais de 100 anos passou a ser a maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo. É pouco tempo. O século XX, para São Paulo, foi o mais veloz e o mais audaz.” (Jane Darckê Avelar)

27.11.15

ORIGENS DA TATUAGEM NO BRASIL

QUAIS SÃO AS ORIGENS DA TATUAGEM NO BRASIL, ESPECIFICAMENTE NO RIO DE JANEIRO? OS DOIS TEXTOS ABAIXO, DE LUÍS EDMUNDO E JOÃO DO RIO, AJUDAM A DESVENDAR AS ORIGENS DESSE ANTIGO HÁBITO OUTRORA RESTRITO A ESCRAVOS, MARINHEIROS E MERETRIZES, MAS QUE MODERNAMENTE SE GENERALIZOU.


TRECHO DO CAP. 7 DA OBRA CLÁSSICA DE LUÍS EDMUNDO O RIO DE JANEIRO DO MEU TEMPO:

Bem em meio à Ladeira do Castelo mora Florêncio da Palma, conhecido tatuador da Marinha, discípulo do Madruga, figura mais que conhecida na cidade, mestre na arte de tatuar e que, nas horas de sueto, dedilha o violão, criando canções que o povo, depois, gostosamente, decora e canta.

Florêncio, autor e cantor em voga, mais parece uma personagem arrancada às revistas regionais de João Foca, com a sua grenha a escorrer óleo de oriza, o seu bigode falhado e a sua pera-mosca, à Floriano. É tatuador de marinheiros, com especialidade em marcas onde entrem símbolos da arte de navegar. Pela época, é grande moda a tatuagem entre a nossa Maruja, entre soldados do Exército ou da Força Policial.

Foram os negros da África, aqui trazidos pelos portugueses, que introduziram essas fantasiosas marcas que se fazem na epiderme. Quando não vinham tatuados, esses negros aqui se tatuavam, obedecendo a velhas tradições regionais. Debret ensina-nos, por exemplo, que o monjolo tatuava-se, fazendo incisões verticais nas faces; o mina, fazendo uma continuidade de pontos salientes, provocados por tumefações que as agulhas de ferro produziam no rosto; o moçambique trazia, quase sempre, um sulco, uma espécie de crescente na testa, e assim por diante. Essas formas clássicas, entanto, degeneraram com o tempo, sendo, mais tarde, transformadas em símbolos, contando a vida amorosa dos tatuados, a profissão por eles exercida, etc.

Os nossos índios pintavam-se. Algumas vezes lanhavam o rosto, braços e pernas, mas não se tatuavam.

Pratica-se a tatuagem por incisão, por picadas ou por queimaduras subepidérmicas. Completa-se o trabalho com a ajuda de três agulhas que se embebem em anil, em tinta de escrever, em graxa, pólvora ou fuligem. Antes da aplicação das agulhas, traça-se o desenho que se deseja obter sobre a pele: um coração atravessado por uma seta, uma rosa, um navio, uma estrela, umas iniciais que se confundem ou entrelaçam, um nome, uma frase...

Como bom tatuador, Florêncio da Palma tem o corpo coberto de sinais, e, como o seu grande mestre Madruga, também mostra, no peito, a imagem do Redentor. Além disso, espalhados pelas costas, braços, ventre, coxas, mãos e pés, sinais de Salomão, âncoras, datas, nomes de mulheres e ainda marcas misteriosas e indecifráveis. São, por sua vez, de um pitoresco exótico ou disparatado todas essas tatuagens. Sabe-se de um marinheiro, por exemplo, cabo em Villegaignon, que possui, pelo dorso, espalhada, em estético realce, toda uma esquadra, feita a bicos de agulha, nada menos que sete navios nacionais: o Riachuelo, o Aquidabã, inclusive todos os vasos de guerra em que ele serviu embarcado, desde que assentou praça na Marinha. Outros há que mandam tatuar o corpo com emblemas pátrios: escudos da Monarquia, armas da República, quando não se marcam com nomes de heróis da pátria. João do Rio diz-nos ter visto, entre tatuagens interessantes, a do braço de um soldado de polícia onde se escrevia esta legenda patriótica: — Viva o Marechal de Ferro!

Os valentes da Saúde, da Gamboa e do Saco do Alferes tatuam-se bem como as meretrizes de ínfima classe, estas mandando marcar, pelos braços, pelas coxas ou pelo peito, o nome dos seus amados. Convém revelar, ainda, que os negros, outrora introdutores da tatuagem entre nós, já bem pouco se tatuam pela época.


TRECHO DO CAPÍTULO "OS TATUADORES" DA OBRA CLÁSSICA A ALMA ENCANTADORA DAS RUAS DE JOÃO DO RIO: 

Há três casos de tatuagem no Rio, completamente diversos na sua significação moral: os negros, os turcos com o fundo religioso e o bando das meretrizes, dos rufiões e dos humildes, que se marcam por crime ou por ociosidade. Os negros guardam a forma fetiche; além dos golpes sarados com o pó preservativo do mau olhado, usam figuras complicadas. Alguns, como o Romão da Rua do Hospício, têm tatuagens feitas há cerca de vinte anos, que se conservam nítidas, apesar da sua cor – com que se confunde a tinta empregada.

Quase todos os negros têm um crucificado. O feiticeiro Ononenê, morador à Rua do Alcântara, tem do lado esquerdo do peito as armas de Xangô, e Felismina de Oxum a figura complicada da santa d’água doce. Esses negros explicam ingenuamente a razão das tatuagens. Na coroa imperial hesitam, coçam a carapinha e murmuram, num arranco de toda a raça, num arranco mil vezes secular de servilismo inconsciente:

– Eh! Eh! Pedro II não era o dono?

E não se fotografam com um pavor surdo, como se fosse crime usar essas marcas simbólicas.

Os turcos são muçulmanos, maronitas, cismáticos, judeus, e nestas religiões diversas não há gente mais cheia de abusões, de receios, de medos. Nas casas da Rua da Alfândega, Núncio e Senhor dos Passos, existem, sob o soalho, feitiçarias estranhas, e a tatuagem forra a pele dos homens como amuletos. Os maronitas pintam iniciais, corações; os cismáticos têm verdadeiros eikones primitivos nos peitos e nos braços; os outros trazem para o corpo pedaços de paramentos sagrados. É por exemplo muito comum turco com as mãos franjadas de azul, cinco franjas nas costas da mão, correspondendo aos cinco dedos. Essas cinco franjas são a simbolização das franjas da taleth, vestimenta dos Khasan, nas quais está entrançado a fio de ouro o grande nome de Ihaveh.

A outra camada é a mais numerosa, é toda a classe baixa do Rio – os vendedores ambulantes, os operários, os soldados, os criminosos, os rufiões, as meretrizes. Para marcar tanta gente a tatuagem tornou-se uma indústria com chefes, subchefes e praticantes.

Quase sempre as primeiras lições vieram das horas de inatividade na cadeia, na penitenciária e nos quartéis; mas eu contei só na Rua Barão de S. Félix, perto do Arsenal de Marinha, e nas ruelas da Saúde, cerca de trinta marcadores. Há pequenos de dez, doze anos, que saem de manhã para o trabalho, encontram os carregadores, os doceiros sentados nos portais.

– Quer marcar? perguntam; e tiram logo do bolso um vidro de tinta e três agulhas.

Muitos portugueses, cujos braços musculosos guardam coroas da sua terra e o seu nome por extenso, deixaram-se marcar porque não tinham que fazer.

– Que quer V.S.? O pequeno estava a arreliar. Marca, moço, marca! E tanto pediu que pôs pra aí os risquinhos.

Os pequenos, os outros marcadores ambulantes, têm um chefe, o Madruga, que só no mês de abril deste ano fez trezentas e dezenove marcações. Madruga é o exemplo da versatilidade e da significação miriônima da tatuagem. Tem estado na cadeia várias vezes por questões e barulhos, vive nas Ruas da Conceição e S. Jorge, tem amantes, compõe modinhas satíricas e é poeta. É dele este primor, que julga verso:

Venha quanto antes d. Elisa
Enquanto o Chico Passos não atiça
Fogo na cidade...

Homem tão interessante guarda no corpo a síntese dos emblemas das marcações – um Cristo no peito, uma cobra na perna, o signo de Salomão, as cinco chagas, a sereia, e no braço esquerdo o campo das próprias conquistas. Esse braço é o prolongamento ideográfico do seu monte de Vênus onde a quiromancia vê as batalhas do amor. Quando a mulher lhe desagrada e acaba com a chelpa, Madruga emprega leite de mulher e sal de azedas, fura de novo a pele, fica com o braço inchado, mas arranca de lá a cor do nome.

Enquanto andou a fornecer-me o seu profundo saber, Madruga teve três dessas senhoras – a Jandira, a Josefa e a Maria. A primeira a figurar debaixo de um coração foi a Jandira. Um belo dia a Jandira desaparecia, dando lugar à Josefa, que triunfava em cima, entre as chamas. Um mês depois a letra J sumira-se e um M dominava no meio do coração.

Os marcadores têm uma tabela especial, o preço fixo do trabalho. As cinco chagas custam 1$000, uma rosa 2$000, o signo de Salomão,o mais comum e o menos compreendido porque nem um só dos que interroguei o soube explicar, 3$000, as armas da Monarquia e da República 6$ a 8$, e há Cristos para todos os preços.

Os tatuadores têm várias maneiras de tatuar: por picadas, incisão, por queimadura subepidérmica. As conhecidas entre nós são incisivas nos negros que trouxeram a tradição da África e, principalmente, as por picadas que se fazem com três agulhas amarradas e embebidas em graxa, tinta, anil ou fuligem, pólvora, acompanhando o desenho prévio. O marcador trabalha como as senhoras bordam.

Lombroso diz que a religião, a imitação, o ócio, a vontade, o espírito de corpo ou de seita, as paixões nobres, as paixões eróticas e o atavismo são as causas mantenedoras dessa usança. Há uma outra – a sugestão do ambiente. Hoje toda a classe baixa da cidade é tatuada – tatuam-se marinheiros, e em alguns corpos há o romance imageográfico de inversões dramáticas; tatuam-se soldados, vagabundos, criminosos, barregãs, mas também portugueses chegados da aldeia com a pele sem mancha, que influência do meio obriga a incrustar no braço coroas do seu país.

20.11.15

MORRO DA BABILÔNIA

CRÔNICA DE JOAQUIM FERREIRA DOS SANTOS PUBLICADA EM O GLOBO DE 23/3/2015 QUANDO O MORRO DA BABILÔNIA, RETRATADO NA NOVELA BABILÔNIA, ERA O "MORRO DO MOMENTO". FOTOS DO EDITOR DO BLOG TIRADAS NO INÍCIO DE NOVEMBRO DO MESMO ANO QUANDO O MORRO ABRIGOU A FLUPP, A FESTA LITERÁRIA DAS PERIFERIAS

Babilônia Black

É Camila Pitanga na garupa da moto, um espetáculo que não vai ao ar nem depois nem antes do “Jornal Nacional”. Ela tem cruzado por aqui sem tirar qualquer onda, porque de ondulada já lhe basta a cabeleira que vai ao vento.


Vista para o mar

Camila pega a Ladeira Ary Barroso, passa pela casa do próprio, reformada recentemente com uma arquitetura contemporânea, no meio da mata. Adiante tem o Bar Point da Amizade, onde está tocando “Te ensinei certim”, da Ludmilla. Na esquina, na quadra da Fapec, Camila poderia pegar à direita. Ir para o Morro do Chapéu Mangueira, onde brilha a casa de sua madrasta, a senadora Benedita. Hoje não. Camila dobra à esquerda. Vai gravar uma cena no Morro da Babilônia.


Mirante do Morro da Babilônia

Esse é o morro do momento, o real, aquele que na ficção deu nome à novela. Em 1959 serviu de cenário para “Orfeu negro”, Oscar de filme estrangeiro para o diretor francês Marcel Camus. Depois foi documentário de Eduardo Coutinho. É um morro da Zona Sul. Tia Ciata não esteve aqui. O ídolo é Junior Negão, do beach soccer, ex-morador. Um morro que não dá samba, mas seu nome sugestivo inspira outras artes.

Mirante do Morro da Babilônia

Ele fica escondido no Leme, atrás da muralha de edifícios da Avenida Atlântica, atrás ainda dos paredões de outros tantos das ruas Gustavo Sampaio e General Ribeiro da Costa. Não adianta procurar no Google Maps. Diz que é na Urca.

Copacabana vista de uma laje no morro

Camila, sempre na garupa da moto que a Globo alugou no serviço de mototáxi da comunidade (R$ 2,50), entra na Rua Um e dá de cara, digo, dá com o rosto de divinos contornos no painel de azulejos assinado por X-Dog e Plebe. São dois artistas argentinos. Em metade do mural eles se inspiraram nos dourados do austríaco Gustav Klimt. Na outra metade, nos cacos de Selarón da escadaria da Rua Joaquim Silva. Os argentinos perceberam: na babel da Babilônia, a Escola de Viena e a Lapa têm peso igual.

Cores do Morro da Babilônia

À esquerda de quem continua subindo na garupa com Camila, logo depois da obra do 11º hostel do morro, surge uma igreja batista, uma das 12 da comunidade. Na fachada, a inscrição dramática, com direito a uma cruz em vermelho: “Deus quero muito mais de ti”.


Vista para o mar II

Novela dramática é o que não falta, e para isso a atriz está aqui. Ela segue pela Rua Um até a Rampa, uma praça depois do posto da UPP. Desce da moto. Na batata da perna, sobe 48 degraus até a laje do Sandro, onde grava a cena que foi ao ar no primeiro capítulo e mostra aos pés de Camila o alumbramento carioca da curva da praia de Copacabana. No movimento da câmera para a esquerda, vê-se o cenário estupefaciente do cocuruto do Pão de Açúcar até os morros de Niterói.

Arquitetura popular, sem cálculo, sem arquiteto, sem engenheiro (e um prédio ao fundo)

O morro podia estar bem melhor. Ainda é preciso à moradora do prédio verde na Rua Um colocar na porta de casa o cartaz “Seu Porco e Sua Porca, aqui não é lixeira. Estou de olho”. Já foi pior. Isso aqui inspirou poema triste. Carlos Drummond, copacabanense da Rua Rainha Elizabeth, escreveu “à noite, do morro descem vozes que criam o terror”— e para não restar dúvida sobre que morro era, de onde vinha o som do medo, o velho bardo pôs no alto dos 15 versos o título “Morro da Babilônia”.

Vista para o mar III

O bicho já pegou geral, agora Camila Pitanga é quem sobe do asfalto para se aproximar das vozes do céu carioca. O prefeito Eduardo Paes come feijoada de frutos do mar no Bar do David, um cinco estrelas na requintada categoria carioca de gastronomia de botequim. Breve, quem também subirá pela Ladeira Ary Barroso será Bruno Gagliasso. Seu personagem na novela, Murilo, um gigolô do Leme, acrescentará a personagem de Sophie Charlotte ao seu book de prostitutas. Ele é o mal em pessoa, mas ao Babilônia isso não importa. Dá-se uma chance.

Arte ambiente

Gagliasso subirá a ladeira, mas dobrará à direita, na direção do Chapéu Mangueira. Parará no primeiro portão, o da Fapec. Ali, vai lutar muay thai, não se sabe ainda com que propósitos. Penca, um ídolo da comunidade, será o mestre dos golpes. O esporte lhe deu uma chance quando garoto de fugir das drogas, e ele agora retribui. Trabalha com 400 meninos da comunidade, uma tentativa de educar a molecada para longe das tentações. Semana passada, num intervalo das aulas, sentado num banco do ônibus do sacolão, Penca descascava uma laranja. A cada menina que passava, perguntava com carinho: “E aí, princesa, vai treinar hoje?”.

Painel de azulejos assinado por X-Dog e Plebe

Esse é o Babilônia, agora no horário nobre. Moças suíças criadas com o melhor leite A do mundo saem do hostel e passam arrastando sandálias havaianas entre policiais da UPP. Eles exibem as armas engatilhadas, parecem estressados, todos prontos para revidar um ataque suicida de traficantes sanguinários, algo que desde a ocupação pacificadora, em 2009, jamais aconteceu.

Mural Babilônia, inspirado em Selarón

 A invasão ao Babilônia agora é a das equipes de filmagem. Não tratam mais com bandidos. Combinam tudo com o produtor artístico do morro, Rafael Rodrigues, amigo de Regina Casé, dono de um book com fotos de modelos da comunidade e de cenários para set. Foi assim que a linda atriz começou a subir no lombo da moto.

Corcovado entre as nuvens

Na semana passada, Sandro, o dono da laje, já recebia propostas para transformá-la num mirante. Não parecia disposto a dividir com estranhos o seu posto privilegiado sobre o paraíso — e dali esticava o olho sobre o que ia lá embaixo, controlando do alto do Babilônia o movimento da Malhadão 22, a barraca que tem na areia do Leme. Fica ao lado da barraca da personagem de Camila Pitanga, a Ponto do Macarrão 08. São concorrentes, mas tudo na paz, tudo nessa adorável confusão carioca de nunca saber onde termina a vida real e começa o capítulo da novela.

15.11.15

ZONA DA LEOPOLDINA I: RAMOS & OLARIA


Vista incrível do alto de uma escadaria em Ramos com o Morro do Adeus à direita (observe a estação do teleférico) e o Corcovado (centro) e Pão de Açúcar (esquerda) bem no fundo.

A zona (ou região, ou subúrbio) da Leopoldina é, segundo Nei Lopes, em seu Dicionário da Hinterlândia Carioca, a “denominação tradicional dada ao conjunto dos bairros servidos pelo ramal ferroviário antigamente chamado de LEOPOLDINA, e que formam o segmento nordeste do Município do Rio de Janeiro.” Atualmente é servida pelos trens da linha Gramacho da Supervia que saem (pelo menos nos dias úteis) de quinze em quinze minutos da Plataforma 12 da Estação Central do Brasil. O bairro de Ramos celebrizou-se graças ao bloco Cacique de Ramos, cuja sede na verdade fica em Olaria, e ao Piscinão de Ramos, que a rigor fica no complexo da Maré. Um passeio a pé por esses dois bairros revela algumas surpresas, como uma velha sinagoga (entre os anos 30 e 60 do século XX existiu uma comunidade judaica pujante na Leopoldina) que parece funcionar até hoje, e a singela igrejinha de Nossa Senhora da Conceição de Ramos, no Morro da Bela Vista, com belos painéis de azulejos e uma vista espetacular para a Igreja da Penha. Vale a pena ir até lá. E se o Cacique está em Olaria, em Ramos temos a quadra da Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense

Fotos tiradas pelo editor do blog, e textos explicativos dos dois bairros escaneados do livro Rio Bairros: Uma Breve História dos Bairros Cariocas - De A a Z (que você vê na foto do alto da postagem) do pesquisador Robson Letiere, que se deu ao trabalho de desenhar bandeiras para cada um dos bairros que constituem o município do Rio de Janeiro. Quem estiver interessado no livro do Robson (que custa barato e vale a pena ter devido à riqueza de informações) pode contactá-lo pelo e-mail concurso@bandeirascariocas.com.br ou telefone (21) 99730-3180.


Casa de 1915 com bonita fachada adornada na Rua Aureliano Lessa (Ramos).

Casa de 1917 com fachada profusamente adornada na Rua Aureliano Lessa (Ramos).

Painel de azulejos de Nossa Senhora de Fátima na fachada de uma casa na Rua N.S. das Graças (Ramos).

Antigo Cine Ramos, atual Igreja Universal, em prédio com linhas art déco simplificadas, que funcionou de 1934 a 1969.

Antigo Cine Rosário, construído em 1938, em estilo art déco, tombado pelo Município em 1997. Em 1981 passou a se chamar Cine Ramos, depois virou bingo, boate (Trigonometria), mas hoje está abandonado.

Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense, cujo nome homenageia os subúrbios servidos pelos trens da antiga linha da Leopoldina.

Casinha de ladeira com a vista que você pediu a Deus.

Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Ramos no Morro da Bela Vista, Ramos, com painel de António Igrejas de 2001 na torre. "Igreja da padroeira do bairro, é a mais antiga de Ramos. Foi fundada em 23 de setembro de 1923, no terreno doado pelo português Zacarias Queirós, dono da primeira padaria de Ramos. Os comerciantes construíram a simpática capela no alto do Morro da Bela Vista, de onde se descortina a visão de todos os subúrbios da Leopoldina, com a Igreja da Penha ao fundo." (Guia Ramos, Olaria & Penha, da coleção bairros do Rio).

Santa Ceia de António Igrejas de 1998 na Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Ramos.

Igreja da Penha vista do Morro da Bela Vista, em Ramos.

Filosofia de rua: "Será que a Terra é o Inferno de outro Planeta?", de Xédom. Faz sentido!


Painel bucólico de António Igrejas na fachada de um pequeno prédio na Rua João Silva, em Olaria.

Salve o Cacique de Ramos, patrimônio cultural do Rio.

Sinagoga Ahavat Shalom (Amor pela Paz) em Olaria. "A sinagoga Ahavat Shalom, em Olaria, teve seu apogeu com a consolidação e a expansão da comunidade judaica dos subúrbios da Leopoldina, entre os anos 1930 e 1960. Depois, a mudança em massa para outros bairros a deixou vazia, mas o prédio simples, de janelas em basculante, foi mantido pelo médico Soil Zuchen, o último dos imigrantes originais que permanece na região. Hoje, graças aos esforços de um grupo de antigos moradores, o templo está restaurado, tem minian aos sábados e comemorou, com um grande almoço no CIB, seus 60 anos."

Matriz de São Geraldo (1932 - Olaria) cujas linhas geométricas refletem o estilo art déco predominante na época.

Lateral da Matriz de São Geraldo. Aqui o geometrismo art déco fica bem perceptível.

Palácio Maçônico de Olaria com linhas neoclássicas (1930).

Chegada do trem na estação de Olaria.