ENSEADA DE BOTAFOGO

ENSEADA DE BOTAFOGO
"Andar pelo Rio, seja com chuva ou sol abrasador, é sempre um prazer. Observar os recantos quase que escondidos é uma experiência indescritível, principalmente se tratando de uma grande cidade. Conheço várias do Brasil, mas nenhuma tem tanta beleza e tantos segredos a se revelarem a cada esquina com tanta história pra contar através da poesia das ruas!" (Charles Stone)

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA
São Paulo, até 1910 era uma província tocada a burros. Os barões do café tinham seus casarões e o resto era pouco mais que uma grande vila. Em pouco mais de 100 anos passou a ser a maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo. É pouco tempo. O século XX, para São Paulo, foi o mais veloz e o mais audaz.” (Jane Darckê Avelar)

16.12.11

FESTIVAL DE PRESÉPIOS




Como se não bastasse a famosa Árvore de Natal, temos agora, pertinho da Lagoa, o belíssimo Festival de Presépios revitalizando o Jardim de Alah, parquinho que separa Ipanema do Leblon, onde eu brincava quando criança, mas que por muitas décadas andou meio esquecido & abandonado. Mais um dentre tantos eventos artísticos & culturais que abrilhantam a nossa Cidade Maravilhosa cheia de encantos mil.

12.12.11

MUSEU DO VAL DE LITERATURA


Museu do Val de Literatura (casa maior atrás; a casinha na frente é o escritório do Waldir) na bucólica Andrade Costa

No sábado, 10/12, tive a oportunidade de ir à inauguração do museu que o poeta, ensaísta (maior autoridade brasileira viva em Raimundo Correia) e editor Waldir Ribeiro do Val criou em seu sítio na bucólica "aldeia" de Andrade Costa no município de Vassouras (estado do Rio de Janeiro): o Museu do Val de Literatura. Um museu extraordinário (em um local onde você menos esperaria encontrar algo assim), contendo uma coleção, fruto de toda uma vida dedicada à literatura (logo, uma vida bem vivida), de primeiras edições, livros e cartas autografadas, artigos e informações fascinantes sobre os gigantes da literatura brasileira. Vale a pena subir a linda serra — via Japeri, Miguel Pereira, Paty do Alferes e Avelar: entre no Google Maps, pesquise “Avenida das Flores, Vassouras” e depois afaste o zoom para ver como chegar lá — a fim de conhecer o museu do nosso amigo Waldir. Só que, aqui entre nós, um acervo desses mereceria vir para o Rio de Janeiro, onde mais pessoas poderiam desfrutá-lo. Se alguém porventura tiver alguma sugestão de onde poderia ser abrigado... O museu fica na Rua das Flores, 35, esquina com Avenida Carlos Val, em Andrade Costa, município de Vassouras. Telefone: (24) 2488.1143. E-mail: waldirdoval@yahoo.com.br


Entrada do museu na Rua das Flores

Faixa de boas vindas

O rico acervo: Graciliano Ramos e Jorge Amado

Augusto Frederico Schmidt, de quem Waldir Ribeiro do Val foi secretário-literário, revendo seus artigos e preparando a edição de seus novo livros

Igrejinha metodista e botequim (convivendo lado a lado) em frente ao museu

6.12.11

QUANTAS PRAIAS EXISTEM NO RIO DE JANEIRO?

A resposta está no livro PRAIAS CARIOCAS de CLÁUDIO NOVAES: 71. Achava que eram menos? Só em Paquetá são 14 e na Ilha do Governador, 17. Veja a lista completa das praias ao final da postagem.


PRAIAS CARIOCAS
Cláudio Novaes
Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos
Rio de Janeiro, 2011
Preço: 25 reais.

Apresentação

Assim como as sociedades humanas modificam a paisagem, o espaço natural também molda a experiência do povo que nele vive. Em poucas cidades a paisagem é tão essencial para a identidade de seus habitantes quanto no Rio de Janeiro. O carioca típico se orgulha de viver em um lugar que a Natureza escolheu como mostruário do seu catálogo de encantos: montanhas, florestas, rios — e praias.

Desde o século XIX, quando os banhos de mar passaram a ser considerados terapêuticos, a cidade avança ao longo da orla. Uma tendência que continua a movimentar o crescimento da metrópole, hoje ainda orientado para os bairros praieiros. Não buscamos apenas a beleza do horizonte oceânico. É nas praias que o carioca faz esportes, encontra os amigos, namora e lê. É nas areias que o habitante do Rio de Janeiro se sente mais conectado à essência da cidade. Nesse espaço que integra os diferentes grupos sociais, o Rio convive democraticamente com a sua diversidade.

Neste livro, o Instituto Pereira Passos oferece ao leitor um passeio por 71 praias da orla carioca  as ainda selvagens às bordadas de edifícios, das cheias de ondas às mais plácidas. Aceite o convite e mergulhe na alma do Rio de Janeiro.

Ricardo Henriques - Presidente do Instituto Pereira Passos

ONDE COMPRAR: Livraria Pereira Passos, Rua Gago Coutinho, 52 - Laranjeiras (saltar na estação de metrô Largo do Machado). Aproveite a ida à livraria para ver sua excelente seleção de obras sobre Rio e urbanismo e para pedir seu exemplar gratuito do Guia do Rio editado pela Riotur. O livro também pode ser comprado pela Internet na Livraria da Travessa.

LISTA DAS PRAIAS (informações e fotos de cada uma você obtém no livro citado; a foto abaixo é do editor do blog):



ZONA OESTE

1 Praia de Sepetiba
2 Praia de Dona Luiza ou Recôncavo
3 Praia do Cardo
4 Praia do Aterro ou da Brisa
5 Praia da Ponta Grossa
6 Praia da Venda Grande
7 Praia da Pedra de Guaratiba
8 Praia da Capela 
9 Praia da Marambaia 
10 Praia da Barra de Guaratiba
11 Praia do Canto 
12 Praia dos Búzios

REGIÃO DA BARRA DA TIJUCA
1 Praia do Perigoso Pequena ou Perigosinho
2 Praio do Meio 
3 Praia Funda 
4 Praia do Inferno
5 Praia de Grumari
6 Praia do Abricó
7 Prainha 
8 Praia da Macumba
9 Praia do Pontal
10 Praia do Recreio dos Bandeirantes
11 Praia da Barra da Tijuca 
12 Praia dos Amores 
13 Praia da Joatinga 

ZONA SUL 
1 Praia de São Conrado ou Gávea
2 Praia do Vidigal
3 Praia do Leblon 
4 Praia de Ipanema 
5 Praia do Arpoador 
6 Praia do Diabo 
7 Praia de Copacabana 
8 Praia do Leme 
9 Praia Vermelha 
10 Praia de Fora  (Forte de São João)
11 Praia do Forte ou de Dentro (Forte de São João)
12 Praia da Urca 
13 Praia de Botafogo  
14 Praia do Flamengo 

ZONA NORTE
1 Praia de Ramos 
2 Praia do Galeão
3 Praia de São Bento
4 Praia da Bica  
5 Praia da Ribeira 
6 Praia da Engenhoca
7 Praia do Zumbi
8 Praia das Pitangueiras
9 Praia da Bandeira  
10 Praia do Cocotá 
11 Praia Congonhas do Campo ou Barão
12 Praia da Guanabara
13 Praia dos Bancários
14 Praia da Rosa
15 Praia do Dendê
16 Praia dos Gaegos 
17 Praias de Tubiacanga
18 Praia de Itacolomi 

PAQUETÁ
1 Praia dos Tamoios
2 Praia do Buraco
3 Praia do Catimbau
4 Praia do Lameirão
5 Praia Pintor Castagneto ou dos Coqueiros
6 Praia de São Roque
7 Praia da Moreninha ou Comprida
8 Praia José Bonifácio ou da Guarda
9 Praia do Veloso
10 Praia Manoel Luís
11 Praia Moema e Iracema
12 Praia da Imbuca
13 Praia das Gaivotas
14 Praia Grossa  

17.11.11

COW PARADE RIO 2011




As vaquinhas simpáticas estão de volta no que é "o maior e mais bem sucedido evento de arte pública no mundo". O blog Literatura & Rio de Janeiro, sempre sintonizado com tudo que embeleze e promova a nossa cidade, não poderia deixar de registrar e documentar o evento. Aliás as vaquinhas já estiveram por aqui em 2007, como você pode ver clicando no indicador Cow Parade abaixo. Segundo o site da Cow Parade, "Há algo de mágico sobre a vaca. Ela representa coisas diferentes para pessoas diferentes ao redor do mundo: é sagrada, é histórica, mas o sentimento comum é de carinho. Ela simplesmente faz todos sorrirem." Inclusive quando comem um bom churrasco, eu acrescentaria.

12.11.11

UM DIA ESPECIAL


"Graças a Deus a Rocinha
que estava mal-afamada
Pelas tropas legais
hoje está sendo ocupada
Aquela comunidade
Passa a ter tranquilidade
E vai ser pacificada"

Em Um dia especial publicado em sua coluna ontem em O Globo, escreveu Merval Pereira: "Ontem foi um dia especial para o Estado do Rio, e não apenas porque estava lindo, um daqueles dias de luz, festa do sol, da canção de bossa-nova que nós cariocas gostamos de afirmar que só mesmo uma cidade como o Rio pode proporcionar. Havia razões concretas, palpáveis, para transformar o dia em especial, e não apenas vantagens intangíveis. Muitos cariocas acordaram com uma boa notícia na manchete dos jornais - outros devem ter sabido na televisão de madrugada: Nem, o chefão do tráfico da Rocinha, havia sido preso." (para ler a matéria completa clique aqui

Míriam Leitão, em sua coluna Panorama Econômico, escreveu: "A prisão do chefe do tráfico na Rocinha e a previsão de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na favela ícone do Rio são promissoras para todos os bairros, seja onde ele se encastelava, seja os bairros do entorno, mas é também uma excelente informação para o Brasil inteiro. Tráfico de drogas existe aqui e em qualquer lugar do mundo, mas no Rio o que se viu por muitos anos foi a consolidação da ideia de que em certas áreas o poder público não podia entrar; as pessoas, as empresas concessionárias de serviço público só poderiam circular se tivessem a ordem ou a aquiescência dos donos do pedaço. É intolerável no Estado de Direito que haja pedaços do país em que a circulação de pessoas e dos representantes dos poderes constituídos não possa ocorrer por determinação de autoridades estranhas à democrática." (para ler a matéria completa clique aqui

Desde a sua criação o blog Literatura & Rio de Janeiro se manifesta contra a ditadura do tráfico (clique no marcador violência abaixo para ler nossas matérias a respeito), e é com satisfação que vemos o Estado retomar os territórios dominados. Assim como Oswaldo Cruz livrou o Rio do flagelo da febre amarela, acredito que a história verá o governador Sergio Cabral (auxiliado pelo incorruptível Secretário de Segurança José Mariano Beltrame e pelos bravos policiais da banda limpa) como aquele que, enfim, devolveu a paz à Cidade Maravilhosa, livrando-a do flagelo do tráfico.

Nota: Os versos de abertura são dos cordelistas Gonçalo Pereira da Silva, Manoel Santamaria e Antônio de Araújo. Saiba mais clicando aqui.

30.9.11

SUBÚRBIOS CARIOCAS

Festa da Penha: Lavagem da escadaria

Feijoada da família portelense

Botequim no Riachuelo

Subúrbio é coisa relativa. O que era subúrbio (ou "arrabalde" na terminologia da época) no tempo do Império com a expansão da cidade deixou de ser. Por exemplo, no Cap. XVIII de Lucíola (1862), de José de Alencar, lemos: “Não saía mais durante o dia; à noite pedia-me que a levasse a algum arrabalde distante da cidade, à Lagoa, ou ao Cosme-Velho.”

Durante grande parte do século XX, chamaram-se subúrbios os bairros de população mais humilde que foram crescendo ao longo da linha férrea. Segundo o historiador Oswaldo Porto Rocha, “do mesmo modo que o bonde efetiva a ocupação de bairros na zona sul e norte, o trem possibilita a ocupação de áreas que hoje são chamadas suburbanas, algumas das quais recebem seus nomes em função da própria construção da ferrovia. Cascadura, por exemplo, é um nome originário da resistência do solo na ocasião da abertura dos leitos naquela área.” (A era das demolições

Assim, havia os subúrbios da Central e os da Leopoldina. Observe-se que o trem suburbano existe desde o tempo de Machado de Assis. Tanto é que seu Dom Casmurro começa pela frase: “Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei num trem da Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu.”

Quem melhor captou o espírito suburbano em nossa literatura foi Lima Barreto, de quem reproduzimos trecho do Capitulo 2 da Segunda Parte de Triste Fim de Policarpo Quaresma adiante.

Tecnicamente não existem mais subúrbios, a zona urbana engoliu tudo. O trem suburbano hoje se chama trem urbano (vide site da Supervia), e os antigos subúrbios hoje integram a Zona Norte.


Entrada florida (Riachuelo)

Casinhas de subúrbio (Riachuelo)

Capela de Santo Antônio (Riachuelo)

Coreto do Jardim do Méier

Estação Méier: ônibus versus trem

Trecho do Capitulo 2 da Segunda Parte de Triste Fim de Policarpo Quaresma de Lima Barreto:

Os subúrbios do Rio de Janeiro são a mais curiosa coisa em matéria de edificação de cidade. A topografia do local, caprichosamente montuosa, influiu decerto para tal aspecto, mais influíram,porém, os azares das construções.

Nada mais irregular, mais caprichoso, mais sem plano qualquer, pode ser imaginado. As casas surgiram como se fossem semeadas ao vento e, conforme as casas, as ruas se fizeram. Há algumas delas que começam largas como boulevards e acabam estreitas que nem vielas; dão voltas, circuitos inúteis e parecem fugir ao alinhamento reto com um ódio tenaz e sagrado.

Às vezes se sucedem na mesma direção com uma frequência irritante, outras se afastam, e deixam de permeio um longo intervalo coeso e fechado de casas. Num trecho, há casas amontoadas umas sobre as outras numa angústia de espaço desoladora, logo adiante um vasto campo abre ao nosso olhar uma ampla perspectiva.

Marcham assim ao acaso as edificações e conseguintemente o arruamento. Há casas de todos os gostos e construídas de todas as formas.

Vai-se por uma rua a ver um correr de chalets, de porta e janela, parede de frontal, humildes e acanhados, de repente se nos depara uma casa burguesa, dessas de compoteiras na cimalha rendilhada, a se erguer sobre um porão alto com mezaninos gradeados. Passada essa surpresa, olha-se acolá e dá-se com uma choupana de pau-a-pique, coberta de zinco ou mesmo palha, em torno da qual formiga uma população; adiante, é uma velha casa de roça, com varanda e colunas de estilo pouco classificável, que parece vexada e querer ocultar-se, diante daquela onda de edifícios disparatados e novos.


Grafite (Méier)

Não há nos nossos subúrbios coisa alguma que nos lembre os famosos das grandes cidades europeias, com as suas vilas de ar repousado e satisfeito, as suas estradas e ruas macadamizadas e cuidadas, nem mesmo se encontram aqueles jardins, cuidadinhos, aparadinhos, penteados, porque os nossos, se os há, são em geral pobres, feios e desleixados.

Os cuidados municipais também são variáveis e caprichosos. Às vezes, nas ruas, há passeios em certas partes e outras não; algumas vias de comunicação são calçadas e outras da mesma importância estão ainda em estado de natureza. Encontra-se aqui um pontilhão bem cuidado sobre um rio seco e passos além temos que atravessar um ribeirão sobre uma pinguela de trilhos mal juntos.

Há pelas ruas damas elegantes, com sedas e brocados, evitando a custo que a lama ou o pó lhes empane o brilho do vestido; há operários de tamancos; há peralvilhos à última moda; há mulheres de chita; e assim pela tarde, quando essa gente volta do trabalho ou do passeio, a mescla se faz numa mesma rua, num quarteirão, e quase sempre o mais bem posto não é que entra na melhor casa.

Além disto, os subúrbios têm mais aspectos interessantes, sem falar no namoro epidêmico e no espiritismo endêmico; as casas de cômodos (quem as suporia lá!) constituem um deles bem inédito.Casas que mal dariam para uma pequena família, são divididas, subdivididas, e os minúsculos aposentos assim obtidos, alugados à população miserável da cidade. Aí, nesses caixotins humanos, é que se encontra a fauna menos observada da nossa vida, sobre a qual a miséria paira com um rigor londrino.

Não se podem imaginar profissões mais tristes e mais inopinadas da gente que habita tais caixinhas.Além dos serventes de repartições, contínuos de escritórios, podemos deparar velhas fabricantes de rendas de bilros, compradores de garrafas vazias, castradores de gatos, cães e galos, mandingueiros, catadores de ervas medicinais, enfim, uma variedade de profissões miseráveis que as nossas pequena e grande burguesias não podem adivinhar. Às vezes, num cubículo desses se amontoa uma família, e há ocasiões em que os seus chefes vão a pé para a cidade por falta do níquel do trem.


Festa de São Jorge em Quintino

Casinha de subúrbio (Riachuelo)

Roda de samba (Oswaldo Cruz)

Estação Riachuelo

Casinha de subúrbio (Riachuelo)

Terreno baldio, algo cada vez mais raro na metrópole (Riachuelo)

Ladeira e morros (Cachambi)

Botequim (Oswaldo Cruz)

Estação Oswaldo Cruz

Avenida Dom Hélder Câmara, antiga Avenida Suburbana

Fusca (Jacaré)

Poema suburbano
Luís Peixoto (musicado por Bororó e gravado em 1956 por Orlando Silva — para ouvir clique na caixa MP3 no final)

Subúrbios, subúrbios
das moças prendadas
que fazem bordados
e querem casar,

dos cães vira-lata
que latem à lua,
enquanto as galinhas
se deixam roubar.

Das ruas barrentas,
tão simples e humildes
que até nem o nome
se lê nos jornais,

e sobem ladeiras,
de noite sozinhas,
de cem em cem metros,
um bico de gás.

Subúrbios do tempo
do chá com torradas,
sofá de palhinha,
xadrez e gamão.

Subúrbios teimosos,
dos trens atrasados,
subúrbios pacatos,
do meu coração!

Meu Deus, quem me dera
ir dar um passeio
com as vossas morenas,
cavar um namoro...

ir vê-las, aos pares,
domingo, na praça,
sorrindo pra gente
com um dente de ouro!

Ser noivo no Méier,
ouvindo uma valsa,
o "Sonho de Valsa",
mimoso, sutil...

Ser meio mulato
mulato e foguista
da Estrada de Ferro
Central do Brasil!

18.9.11

MODA DE PARIS


Rompera, enfim, a época da real e crescente celebridade Rua do Ouvidor pela dominação da Moda de Paris, essa rainha despótica que governa e floresce decretando, modificando, reformando e mudando suas leis em cada estação do ano, e sublimando seu governo pelo encanto da novidade, pela graça do capricho, pelas surpresas da inconstância, pelo delírio da extravagância, e até pelo absurdo, quando traz para o rígido verão do nosso Brasil as modas do inverno de Paris.

A Rua do Ouvidor tornou-se quase logo até além da Rua dos Latoeiros [atual Gonçalves Dias] comercial e principalmente francesa, e Sua Majestade a Moda de Paris, déspota de cetro de flores, sedas e fitas, fez mais do que o Marquês de Lavradio, que acabara com os peneiros [ou peneiras, visores de tabuinhas cruzadas nas portas], mais do que o Intendente Geral da Polícia Paulo Fernandes, que mandara destruir as rótulas [grades de ripas fechando as janelas, que o autor compara a "gaiolas onde os pais e maridos zelavam sonegadas à sociedade as filhas e as esposas"], porque, num abrir e fechar de olhos, alindou a rua com graciosas, atraentes e enfeitadas lojas e criou e multiplicou aquele chamariz e laços armados que se chamaram e ainda alguns chamam - as vidraças da Rua do Ouvidor - verdadeiro puff plástico.

A loja francesa de modista, de florista, de cabeleireiro e perfumarias, de charutaria (o cigarro era então banido como ínfimo plebeu) tinha, como ainda hoje se observa, uma única porta livre para a entrada das freguesas e fregueses, e outra porta ou duas portas cerradas de alto a baixo por grosso, mas transparente, anteparo de vidro, e atrás desse anteparo a loja expunha ao público os seus encantadores tesouros.

Tais eram, como continuam ser, as então chamadas vidraças [=vitrines] da Rua do Ouvidor.

Era e é ainda preciso ter muito cuidado com elas.

Explorando o concurso favorável do vidro, a variedade e a combinação das cores, e os efeitos da luz, os artistas sui generis arranjadores dos objetos expostos nas vidraças os dispõem e apresentam com habilidade magistral, de modo a produzir ilusões de ótica perigosas para a bolsa do respeitável, que, prevenido pelo que enlevara os olhos, muitas vezes compra gato por lebre.

Eu tenho para mim que foi na contemplação e no estudo físico e moral das vidraças da Rua do Ouvidor que os nossos estadistas organizadores de gabinetes ministeriais aprenderam a arte de expor programas de ministérios novos.

Em todo caso as vidraças de exposição mais ou menos ricas, fantásticas e deslumbrantes enfeitaram a Rua do Ouvidor, que logo foi tida em conta de a mais bonita da cidade e naturalmente mereceu a predileção e a concorrência mais graciosa e aditadora.

As senhoras fluminenses entusiasmaram-se pela Rua do Ouvidor, e foram intransigentes na exclusiva adoção da tesoura francesa. Nem uma desde 1822 se prestou mais a ir a saraus, a casamentos, a batizados, a festas e reuniões sem levar vestido cortado e feito por modista francesa da Rua do Ouvidor.

Houve revolução econômica: os pais e os maridos viram subir a cinquenta por cento mais a verba das despesas com os vestidos e os enfeites das filhas e das esposas.

A rainha Moda de Paris firmou seu trono na Rua do Ouvidor.

Trecho do Capítulo 10 de Memórias da Rua do Ouvidor de Joaquim Manuel de Macedo, autor de A Moreninha, o primeiro best-seller da literatura brasileira. Saiba mais sobre o autor e a coleção Carlos Mônaco Leu e Recomenda clicando aqui.

22.8.11

TRÊS GERAÇÕES ARQUITETÔNICAS


Três gerações arquitetônicas: chalé típico da virada do século XIX para o XX em primeiro plano, prédio de três andares que poderia ser dos anos 30 ou 40 no meio e prédio do final dos anos 60 atrás. Foto tirada da Rua João Ricardo, São Cristóvão. Sobre o prédio moderno escreve Helio Brasil em seu livro São Cristóvão: "Ao lado da Caixa D'Água, um edifício moderno de muitos andares domina o alto do morro. Do seu topo vê-se desdobrar São Cristóvão. Se não podemos destacar-lhe uma especial beleza, salientamos a tradição. Ali estiveram abrigados cursos superiores do Estado, a SURSAN e, hoje, repartições estaduais." Esta mistura arquitetônica é bem típica do Rio. A foto faz parte do álbum ARQUITETURA CARIOCA no PICASA que você está convidado a visitar.

1.8.11

COMUNIDADES DO MORRO DOS CABRITOS E DA LADEIRA DOS TABAJARAS (COPACABANA)


Exibir mapa ampliado

Depois que me separei no final dos anos 1990, namorei uma garota que toda noite antes de dormir fumava um cigarro de cânabis. Duas vezes me fez subir a Ladeira dos Tabajaras perto de minha casa para se suprir da erva. Numa das subidas, de repente ouviram-se tiros, a polícia subiu em peso ao morro e tivemos de nos refugiar num bar e aguardar durante horas até que o entrevero terminasse. Com a pacificação, fiquei curioso em conhecer mais de perto esses meus vizinhos, e fiz umas incursões pelas Comunidades do Morro dos Cabritos e da Ladeira dos Tabajaras, agora na santa paz de Deus. Eis algumas fotos das comunidades em si e dos panoramas de que desfrutam. Outras fotos que tirei por lá você encontra no Google Earth.

Morro dos Cabritos visto da Ladeira dos Tabajaras

Alto da Ladeira dos Tabajaras

Rua Euclydes da Rocha (ver mapa acima)

Centro Comunitário do Morro dos Cabritos (esquerda)

Bar Bundinha de Fora

Copacabana em meio aos prédios com o mar no fundo

Copacabana

Descida ao asfalto