ENSEADA DE BOTAFOGO

ENSEADA DE BOTAFOGO
"Andar pelo Rio, seja com chuva ou sol abrasador, é sempre um prazer. Observar os recantos quase que escondidos é uma experiência indescritível, principalmente se tratando de uma grande cidade. Conheço várias do Brasil, mas nenhuma tem tanta beleza e tantos segredos a se revelarem a cada esquina com tanta história pra contar através da poesia das ruas!" (Charles Stone)

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA
São Paulo, até 1910 era uma província tocada a burros. Os barões do café tinham seus casarões e o resto era pouco mais que uma grande vila. Em pouco mais de 100 anos passou a ser a maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo. É pouco tempo. O século XX, para São Paulo, foi o mais veloz e o mais audaz.” (Jane Darckê Avelar)

15.12.13

RECORDAÇÕES DO RIO ANTIGO: O CARCELER, de Luís Edmundo



Parece ter sido o italiano Luiz Bassini o introdutor do comércio de gelo e de sorvetes na cidade do Rio de Janeiro. O que se sabe exatamente é que em 1835 ele já desse negócio se ocupava. Em companhia de N. Denis, montou à Rua Direita o “Café do Círculo do Comércio que até possuía uma sala especial para senhoras. Além de um bom sorvete, nele poderia o carioca saborear refrescos de toda espécie, chá, mate e café gelados.

O gelo recebido por Bassini era o gelo natural que se importava dos Estados Unidos. Vinha em lascas, no fundo de embarcações, envolto, cuidadosamente, em camadas espessas de serradura de madeira. Aqui desembarcado, era ele remetido para os depósitos que pelo tempo se encontravam para as bandas de Santa Luzia, sendo logo posta em covas fundas feitas na terra, mantidas as precauções observadas desde o momento em que era retirado das geleiras de origem. As perdas da matéria, não eram, como talvez se acredite, muito grandes. Perdiam-se do gelo, apenas, 30 ou 40 por cento no fim de quatro ou cinco meses. Os americanos chegavam a enviá-lo, em seus navios, até para o Oriente. O gelo que pela primeira vez chegou à Índia era de procedência americana.

A glória e a fama da loja de gelo e de sorvetes de Bassini, a bem-dizer, só terminaram com a inauguração do célebre “Hotel do Norte, na mesma rua, mais próximo à Igreja do Carmo, ns. 7 e 9. Fundara-o outro italiano, Antônio Franzione que, pouco depois de inaugurada a casa, na fachada da mesma suspendia vistosa tabuleta onde fez pintar este letreiro: Antônio Franzione, sorveteiro de S. S. M. M. I. I.

O estabelecimento era modelar para a época, quiçá luxuoso. O Imperador D. Pedro II, não raro, pelos dias calmosos, em companhia da Imperatriz, em sala especial, nele ia tomar o seu sorvete. As pitangueiras de Copacabana, em campo enorme que ia do Leme ao Ipanema, forneciam o ácido fruto que refrigerava a abrasada garganta carioca. O caju, o cajá, a carambola, a manga, o abacaxi e a laranja, não conseguiam disputar a preferência que davam, todos, à pitanga, de exótico sabor, hoje quase desaparecida do comércio de frutas carioca. Era esse delicioso refrigerante tomado em alongadas taças de cristal, iguais às usadas então para beber os vinhos espumantes. Como, porém, era preparado esse sorvete, há mais de um século? Com a velha sorveteira feita em folha de Flandres, cilíndrica, que era metida em um balde ou em uma tina entre blocos de gelo, rodada de um lado para outro lado, durante certo tempo, à mão. E as caldas? As caldas ainda eram geralmente feitas de acordo com as que encontramos no livro de José Bulhões, impresso em Lisboa no ano de 1788. "A arte nova e curiosa para conserveiros, confeitos, copeiros e mais pessoas que se ocupam em fazer doces e outras receitas que pertencem à mesma arte", livro copiado aos que, no gênero, apareciam em França, na Inglaterra e na Itália. Desse manual impresso por Bulhões extratamos a curiosa e exótica receita para um sorvete que se chamou "papinha" — "calda de papinha para gelar, em sorvete". Ei-la: "Esbrugue-se uma mão cheia de pevides de melão, outra de melancia, e com quatro, ou cinco amêndoas doces, se pisará tudo muito bem, depois de estar pisado, se lhe deita o açúcar, e passado por pano ralo se aumenta o que houver com água, até fazer três quartilhos, que se gelarão com mais brevidade que as outras caldas."




O "Hotel do Norte" de Franzione, sorveteria de fama, à Rua Direita, fez-se, pouco depois da sua inauguração, o ponto de encontro mais elegante dos "leões da moda” da cidade. A primeira "terrasse" do café que teve o Rio de Janeiro aí surgiu. Com a passagem da firma para os cuidados comerciais da Viúva Carceler e Filhos essa "terrasse" foi a nota mais distinta e mais comentada da rua carioca. Nela se sentaram figuras como Mauá, Sales Torres Homem, Pereira da Silva, José de Alencar, Maciel Monteiro, Zacarias de Góis, Cotegipe, Sousa Leão, Barões do Catete e de Penedo, Viscondes de Camaragibe. de Jequitinhonha, do Rio Branco; Nabuco de Araújo, Suaçuna, Marquês do Paraná...

Era toda a fina-flor da sociedade nossa, pela época.

Desde os tempos de Antônio Franzione que o estabelecimento se incumbia de organizar banquetes e merendas (lanches) a domicílio, fornecendo iguarias das mais finas, vinhos os mais caros, tudo isso servido em baixelas de luxo — pratos de porcelana esmaltada, pratas, cristais de maior preço maior distinção. Era a copeiragem feita por hábeis criados que vestiam uniformes de seda, à século XVIII.

Numa carta que fomos encontrar nos "Reservados" da Biblioteca de Lisboa, carta de Antônio Dias da Guarda a seu irmão, datada do Rio de Janeiro (25 de março de 1869) arrancamos estas interessantes linhas: "Assim na festa em casa do Silveira babamos de gozo e nos enchemos a valer, que a terra é de fartura e nada deixa desejar a outras terras. O mais interessante, porém, foi ver, na hora da mesa, com comida de fora, em magnífica coberta, entre os servidores dela, dois negros suando debaixo de cabeleiras artificiais, brancas, vestidos à Luís XV, distribuindo guardanapos em dois pratarrazes de porcelana do Japão."

Não será difícil deduzir-se, por estas linhas, que as iguarias, baixelas e até os criados de serviço eram os de Antônio Franzione que só passou o estabelecimento de luxo à viúva Carceler pelo ano de 1861.

“Hotel do Norte e "Confeitaria Carceler, pontos chiques das elegâncias do Rio de Janeiro pelo meado do século XIX, valem, porém, uma evocação em nota especial.

8.12.13

TREM DO SAMBA 2013


Em matéria publicada na Rio Show de O Globo de 6/12, escrevem Carolina Ribeiro e Débora Gares: "O Trem do Samba chegou à maioridade. Amadureceu, deu uma engordadinha — e não ficou nada mal —, virou megaevento. Nem parece que tudo começou como um samba de partido-alto, meio no improviso, animando a volta para casa dos moradores de Oswaldo Cruz (e quem não fica de fora de um bom batuque), no Dia Nacional do Samba (2 de dezembro), há 18 anos. 

Sem sair dos trilhos, e agora com status de festival e seis dias de programação, o evento terá este ano sete palcos com figurões como Paulinho da Viola, Almir Guineto, Arlindo Cruz e Monarco (são mais de 40 atrações); quatro trens com 32 vagões sacolejantes, fora uma composição VIP (é, virou mesmo mainstream); 13 rodas nas ruas; oficinas; projeções de curtas; flash mob; e aplicativo para conferir horários de trens e atrações. 

A boa fama, porém, não subiu à cabeça do jovem bamba, tanto que o samba de raiz ainda é a grande estrela da festa, e as histórias da região embalam, pela primeira vez, um passeio guiado, sábado , às 10h30m, em Oswaldo Cruz."

O editor deste blog esteve no "esquenta" na Central do Brasil, depois teve a sorte de pegar o vagão do Trem do Samba embalado pela Velha Guarda da Portela, e curtiu adoidado os espetáculos no Palco Aniceto lá em Oswaldo Cruz: Jongo da Serrinha, Grupo Casuarina e Timoneiros da Viola. E voltou com uma turma pra lá de animada no trem da meia-noite para a Central. É o que mostra o vídeo acima.

1.12.13

PARATY


Igreja Matriz (de noite)


Yemanjá

A região de Paraty recebeu os primeiros portugueses no final do século XVI. Quando aqui chegaram, construíram suas casas no local que hoje é conhecido como Morro do Forte. Na época, esses imigrantes conviviam com índios locais, os "Guaianás", que já habitavam a região e para a qual deram o nome de Paraty, que em tupi significa "água de mar".

Por volta de 1630, Dona Maria Jácome de Melo doou algumas terras localizadas na região entre os rios Perequê-Açu e Patitiba, onde foi iniciada a construção do novo povoado e onde ergueram uma capela para Nossa Senhora dos Remédios. Em 28 de fevereiro de 1667, o povoado, que até então pertencera à Vila de Angra dos Reis, passou a ser reconhecido como independente graças sistema solar revolta popular.

No final do século XVII, uma trilha indígena — por onde transitavam pessoas, gêneros e tradições portuguesas — passou a ser utilizada para o escoamento da produção de ouro e pedras preciosas das Minas Gerais, atividade que originou o que hoje conhecemos como "Caminho do Ouro" ou "Estrada Real".

Foi no século XVIII que a tradicional Igreja da Matriz foi erguida, assim como as igrejas de Santa Rita e de Nossa Senhora do Rosário. Essas construções tiveram grande peso na definição do traçado urbano da cidade, em forma de leque, à moda portuguesa. Também nessa época, a produção de aguardente intensificou-se, e foi aí que começou uma cultura que atá hoje acompanha a região. No século XIX, a produção de cachaça atingiu cerca de dois milhões de litros, e pela estrada da serra descia o café do Vale do Paraíba. Ainda nesse época, as ruas terminaram de ganhar seu calçamento em pedras, foi construído um novo hospital e uma nova capela (Capela das Dores) e as obras da Igreja da Matriz foram concluídas.

Durante quase cem anos, Paraty amargou uma época decadente por estar isolada das rotas de comercio do país. Ironicamente, esse foi o fator-chave da preservação de seus edifícios, ruas, cultura e tradições, que hoje, aliados a sua exuberante natureza — que conta com inúmeras praias, ilhas, trilhas e cachoeiras — são seus principais atrativos turísticos.

Paraty foi inscrita nos livros de Tombo do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em 1958, e reconhecida como Monumento Nacional em 1966. Hoje, Paraty é candidata ao título de Patrimônio Mundial pela UNESCO.

(Mapa e história obtidos no folheto turístico distribuído pela Prefeitura de Paraty. Mais informações pelo telefone (24) 3371-1222 ou em http://www.paraty.com.br.)










Igreja de Santa Rita

Igreja Matriz


Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito

idem



Pousada do Sandi

Chafariz de 1851

Piscina natural em Trindade

Vista da trilha entre a Praia do Meio e a do Cachadaço, em Trindade. Fotos do editor do blog.

24.11.13

ADEUS, PERIMETRAL



Foi-se abaixo trecho da Perimetral, implodido o monstrengo que desfigurava a Zona Portuária. Aqueles que, até o último momento, foram contra a derrubada do monstro — e, a julgar pelas cartas de leitores e artigos de comentaristas no jornal, foram a maioria — contemplem estas fotos tiradas em 2011 e ponham a mão na consciência! "Sob chuva fina, o trecho central do Elevado da Perimetral foi ao chão, às 7h deste domingo, com o uso de 1.200 quilos de explosivos", lemos no Globo Rio. "O sol vai surgir e nunca mais sai da Rodrigues Alves", afirmou o Prefeito. Oxalá. E disse também: "As melhorias estão chegando ao Centro do Rio. Vamos enfrentar dificuldade, um período mais difícil. Pedimos aos cariocas que usem transporte público. O carro não é muito querido neste projeto. A gente prioriza as pessoas, o caminhar pelas calçadas." Falou e disse! Leia mais sobre esse assunto clicando aqui.


15.11.13

CHÁCARA DO CÉU


Exibir mapa ampliado

Chácara do Céu vista do Parque Dois Irmãos
Domingo desses, visitando o Parque Dois Irmãos (ver postagem anterior), por curiosidade enveredei por uma trilha (foto abaixo) para ver onde ia dar — suspeitei que daria na Comunidade Chácara do Céu. Depois de passar por um campo de futebol fui dar num velho muro com uma passagem para umas “construções” atrás (uma casa? conjunto de casas?). Uma senhora (a Dona Vera) que conversava com uma idosa simpaticamente me abordou, cumprimentou e orgulhosa apresentou à Chácara do Céu. Pequena e simpática comunidade (favelinha) onde as pessoas,  ao passaram umas pelas outras, se cumprimentam, como se costuma fazer pelos caminhos do interior (na cidade grande esse hábito se perdeu, também pudera, é tanta gente). A Dona Vera, que mora na comunidade desde criança, contou a história de um grileiro que se apossou das terras do atual parque e pretendia erguer um enorme hotel por lá — foi para impedir a construção desse hotel que a Prefeitura no início dos anos 90 transformou a área em parque municipal. Um turista pós-adolescente hospedado num hostel do Vidigal perambulando por lá e uma família inteira que viera ao encontro de um pessoal para um piquenique são testemunhos dos novos tempos de livre circulação pós-UPPs (antes até o parque era perigoso). Gente boa da comunidade, acolhedora, conversadora, tem até terrenos e casas pra vender, vinte, trinta mil, alguém se habilita?

 Trilha que liga o Parque Dois Irmãos à Chácara do Céu
Num texto em PDF disponível na Internet (para ler clique aqui) mas sem indicação de autor, encontro dados interessantes sobre a história das favelas na Zona Sul, incluindo a Chácara do Céu:

"A presença de favelas na Zona Sul da cidade remonta ao início do século XX, coincidindo com o período da ocupação dos bairros da Zona Sul. Concomitantemente com o desenvolvimento urbano da área e a implantação dos equipamentos urbanos necessários a ocupação pelas classes abastadas, a população pobre se dirigiu para lá a fim de ocupar áreas não aproveitadas pelo capital imobiliário. [...] É o caso também da favela Chácara do Céu, que teve sua formação a partir de 1920, com a instalação de trabalhadores nos terrenos pertencente à companhia Miranda Jordão, que pretendia instalar no Morro Dois irmãos uma linha férrea. Os trabalhadores da companhia fixaram residência e deram inicio às obras, mas a linha férrea nunca foi implantada, com o caminho aberto pelos trabalhadores vindo a se tornar a atual continuação da Avenida Niemeyer. A favela Chácara do Céu, conforme relato de uma moradora presente na favela desde sua formação, 'cresceu junto com o bairro do Leblon, e eles (o bairro), não se incomodavam com a gente, porque todo mundo trabalhava por aqui, não havia tanta bandidagem'."

Vista da trilha
No Acervo Digital de O Globo procurei antigas notícias sobre essa comunidade. Matéria de primeira página de 30 de janeiro de 1933, denunciando uma ameaça de despejo que pairava sobre os moradores (por parte da Empresa Industrial da Gávea numa época em que existiam várias fábricas na Zona Sul), informava que “entre os moradores, conforme assignalámos [mantivemos a grafia original], ha alguns que nasceram lá. Outros residem no referido morro agora disputado com energia, ha 12, 15 e mais annos e nunca ninguem os incommodou. É uma montanha íngreme, de subida penosa para o que foram aproveitadas as suas escarpas. Ha logares por onde se transita sobre a rocha viva. Só os realmente necessitados podem escolher morada em logar nas condições do morro do Ipanema [Morro Dois Irmãos]. Foi ali que os párias se acoitaram e vão vivendo humildemente com a esposa e os filhos, aguardando melhores dias. Com a crise, as moradas cresceram e só na corôa da pittoresca montanha contam-se cerca de 300 barracões, todos elles cheios de mulheres e creanças. Despejados que sejam esses moradores necessitados, para onde irão elles, nas condições em que se encontram em maioria, sem emprego, sem dinheiro, sem recursos, emfim?”

Casa com vista para o mar
Nos anos 50, antes do advento dos motéis, casais que subiam de carro a Rua Aperana em busca de um “lugar afastado” para seus “colóquios amorosos ilícitos”, como se dizia na época, eram prato feito para ladrões escondidos nas copas das árvores, onde tinham “um estratégico posto de observação”. “Momentos depois de estacionarem os autos os casais são surpreendidos pelos assaltantes que pulam das árvores, não possibilitando nenhuma reação”, informa O Globo de 27 de agosto de 1957. A edição matutina de 4 de janeiro daquele mesmo ano já noticiara à página 3: “A ‘Chácara do Céu’, também conhecida por ‘Zigue-Zague’, é um local além da Rua Aperama, atrás do Hotel Leblon, e para atingi-lo é necessário dar muitas voltas. É lugar procurado para colóquios [encontros amorosos], por ser aparentemente tranqüilo. Ali muitos casais já foram assaltados ou postos a correr por meliantes. Não faz muito tempo, uma môça perseguida por um ladrão, que já pusera em fuga o seu namorado, embrenhou-se no mato, e, não conhecendo a região, caiu de alta pedreira, na Avenida Niemeyer, tendo morte horrível. Muitas vezes a ‘Chácara do Céu’ já ocupou o noticiário dos jornais, sempre de permeio com histórias de roubos, sangue e adultério.”

Panorama da Chácara do Céu
A Chácara do Céu já foi rota de fuga de traficantes do Vidigal mas com a pacificação se tornou uma comunidade bucólica, espremida entre o paredão do Dois Irmãos e o Parque, com belos panoramas para o oceano e moradores simpáticos e acolhedores, como tive a oportunidade de constatar. Um senão: uma moradora exprimiu sua revolta com a política da administração do parque de substituir árvores frutíferas consideradas exóticas, como jaqueiras (com que a comunidade se habituou a conviver), por espécies nativas.
 
Varal

Simpáticos cãezinhos

Rocha acima

A laje dos seus sonhos. As lajes são uma solução inventiva da arquitetura informal/popular favelada, terraços construídos sobre os telhados onde se pode tomar banho de sol ou promover um animado churrasco (às vezes desfrutando bela vista), ao contrário das varandas dos prédios de classe média, geralmente vazias, subutilizadas.

4.11.13

PARQUE DOIS IRMÃOS

PASSEIO DE TIRAR O FÔLEGO, LITERALMENTE
João Sette Camara
Texto publicado originalmente na revista Rio Show de O Globo de 20 de julho de 2007 e reproduzido com permissão do autor. Fotos do parque e de seu acesso do editor do blog.


Recentemente soube que o Parque Natural Municipal do Penhasco Dois Irmãos, mais conhecido como Parque Dois Irmãos, que fica no morro de mesmo nome, havia sido todo reformado e tinha ganhado um reforço na segurança devido a um maior afluxo de turistas nesta época de Pan. Eu, que adoro as áreas verdes, mas nunca tinha visitado o parque, parti para o Leblon.



Da subida, na pacata Rua Aperana, não se tem ideia das surpresas que aguardam o visitante lá em cima. O parque, limpo, bem cuidado e aparentemente seguro, é uma sucessão de ladeiras entrecortadas por mirantes de todos os tamanhos que descortinam paisagens de tirar o fôlego. Do primeiro deles, o mais baixo, vê-se a orla, da Joatinga ao Arpoador. E ainda há um pequeno anfiteatro de pedra, com as Cagarras ao fundo, que poderia ser um dos palcos mais bonitos e exclusivos da cidade, se fosse utilizado.

Memorial às 228 vítimas do acidente em 2009 com o avião da Air France

Subindo ainda mais o morro e arrependido de não ter levado bicicleta — a melhor opção para explorar as trilhas, o que também pode ser feito com o auxílio de guias e mediante agendamento — cheguei a mais um mirante, que tem uma vista ainda mais alucinante, pois dele vê-se também a Lagoa e o Jardim Botânico. Além do visual, o parque ainda tem uma área para piqueniques (que precisam ser agendados), brinquedos para crianças, aparelhos de ginástica e campo de futebol.



Criado pela prefeitura em 1992 e com uma área de 39 hectares, há que se rezar para que, passado o Pan, a atmosfera de segurança e limpeza não se evapore deste parque que é um presente para os cariocas.

[Nota do editor do blog: As preces do autor foram atendidas: visitei o parque em 20/10/13 e ele continua impecavelmente limpo e cem por cento seguro.]



INFORMAÇÕES:
Parque Natural Municipal do Penhasco Dois Irmãos
Rua Aperana s/no - Alto Leblon (você pode subir de carro e estacionar no parque ou subir a pé)
Terça a domingo, das 8h às 17h, no horário de verão até 18h

2.11.13

FINADOS NO CEMITÉRIO SÃO JOÃO BATISTA & DIA SEGUINTE NO CEMITÉRIO DO CATUMBI


Faz alguns anos tenho o hábito de visitar o Cemitério São João Batista no Dia de Finados (relativamente perto de casa, é só atravessar o Túnel Velho — clique em "Cemitério São João Batista" no menu da barra vertical à direita) e agora que enfim consegui localizar o túmulo de meus avôs tenho ainda mais motivos para ir lá. Nesse dia o cemitério fica cheio e você pode percorrer mesmo as partes mais altas e remotas sem medo de deparar com um malfeitor. Muitas celebridades estão enterradas nesse cemitério: Ary Barroso, Clara Nunes, Santos Dumont, Tom Jobim, Nelson Rodrigues, Carmen Miranda... Compro dois ramalhetes de flores sortidas e vou depositando uma aqui, duas ali... Este ano um dos túmulos que recebeu minhas flores foi de Machado de Assis e Carolina, no Mausoléu da Academia, que só abre para o público no Dia de Finados. Para quem aprecia a boa arte funerária o São João Batista é uma visita recomendada.






No dia seguinte, domingo, fui ao passeio Reconhecendo o Interior do Cemitério do Catumbi guiado pela professora Olga Maíra Figueiredo, especialista em cemitérios cariocas. O passeio foi organizado pelos projeto Roteiros Geográficos que recomendo a quem quiser  conhecer melhor a cidade (para mais informações clique em PASSEIOS GUIADOS no GUIA DO RIO no cabeçalho do blog). O Cemitério do Catumbi (nome oficial: Cemitério de São Francisco de Paula) é o segundo cemitério "moderno" (ou seja, ao ar livre, em área delimitada, com identificação das sepulturas — antes os cariocas costumavam ser sepultados nas igrejas ou em seus adros, ou em covas coletivas de pequenos cemitérios improvisados, tipo o dos Pretos Novos) mais antigo da cidade, inaugurado em 1850 (o mais antigo é o Cemitério dos Ingleses, na Gamboa, mas que atendia apenas à colônia inglesa). Os cemitérios históricos são museus a céu aberto de arte funerária, e seguem-se algumas fotos tiradas no Catumbi.