ENSEADA DE BOTAFOGO

ENSEADA DE BOTAFOGO
"Andar pelo Rio, seja com chuva ou sol abrasador, é sempre um prazer. Observar os recantos quase que escondidos é uma experiência indescritível, principalmente se tratando de uma grande cidade. Conheço várias do Brasil, mas nenhuma tem tanta beleza e tantos segredos a se revelarem a cada esquina com tanta história pra contar através da poesia das ruas!" (Charles Stone)

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA
São Paulo, até 1910 era uma província tocada a burros. Os barões do café tinham seus casarões e o resto era pouco mais que uma grande vila. Em pouco mais de 100 anos passou a ser a maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo. É pouco tempo. O século XX, para São Paulo, foi o mais veloz e o mais audaz.” (Jane Darckê Avelar)

31.12.18

ADEUS 2018/FELIZ 2019!

5:47 da madrugada

COM ESTAS FOTOS DO AMANHECER EM COPACABANA

5:50

LITERATURA & RIO DE JANEIRO, O BLOG DE QUEM ADORA A CIDADE MARAVILHOSA,

5:54

DESPEDE-SE DE 2018

5:55

DESEJANDO AOS AMIGOS

5:58

UM FELIZ ANO NOVO

6:05

E CONTINUEM NOS VISITANDO

6:09

QUE SEMPRE TEREMOS NOVAS SURPRESAS!


6:17 - De novo a luz venceu as trevas

17.12.18

RELEMBRANÇAS DE NATAL, de ANTÔNIO RIBEIRO DE ALMEIDA



A primeira lembrança que me vem do Natal é de chuva, muita chuva. Mamãe me colocara de pé numa janela de vidro e eu olhava a chuva que caía, caía e parecia que não queria acabar mais. Gostava de ouvir o tamborilar das gotas que batiam contra o vidro da janela e produziam uma sinfonia de sons. Na rua de terra, ela formava enxurradas que corriam e carregavam pedacinhos de pau, formigas, folhas e um capim verde.Em seguida, apareciam rodamoinhos no qual estas coisas desapareciam num pequeno sorvedouro. Mamãe me dizia para olhar em direção à usina de açúcar porque logo meu pai iria chegar para o jantar. Ele viria na sua bicicleta e não temia molhar-se com a chuva que caía. Era um homem forte e decidido. Com a bicicleta, ele ia e voltava para o trabalho pedalando muitos quilômetros. Certamente, olharia lá de baixo para o sobrado onde morávamos e me veria na janela à sua espera. Naquela tarde, mamãe corrigira várias cartas que eu e os meus irmãos escrevêramos para Papai Noel e que iríamos colocar dentro dos nossos sapatos, atrás da porta. Eu me lembro de que gostaria de pedir uma bicicleta. Mamãe dissera, contudo, que a bicicleta era muito pesada e que Papai Noel, velhinho, não tinha mais forças para carregá-la. Na inocência da minha infância, eu não sabia que aquela era uma amorável mentira para que eu não percebesse que meu pai, na sua pobreza, não tinha como comprar uma bicicleta para mim. Ela sugeriu, então, que eu pedisse um livro e um papagaio para empinar. O livro que escolhi foi a Geografia de Dona Benta de Monteiro Lobato, e, com ele, aprendi que o mundo era grande e bem maior do que Rio Branco. Pelo poder da imaginação viajei com Dona Benta, Tia Anastácia, Pedrinho e o Visconde de Sabugosa a bordo do “Terror dos Mares”. Papai Noel permitira que meu pai escrevesse uma dedicatória para mim. E ela lá estava: “Meu filho, neste livro você encontrará respostas às perguntas que vive me fazendo e boa viagem”. Em certo sentido, ele estava sendo profético. Adulto, voei sobre o Oceano Pacífico a bordo de um Boeing e embaixo, no azul do mar, navegava o “Terror dos Mares” da minha infância. Naquela noite de 24 de dezembro fui dormir cedo. Antes comi um pedaço de bolo de farinha de trigo com uma xícara de chá.

No dia de
Natal nós encontramos sobre os nossos sapatos o livro, o papagaio com a máquina e linha, e os meus irmãos os presentes que haviam pedido. Meu papagaio era azul e no seu centro havia uma linda estrela. O dia estava claro e a chuva passara. Saímos à rua do nosso bairro do Capim Cheiroso e fomos ver o que os outros meninos ganharam do velho Noel. As meninas sentaram numa escadinha e falavam das suas bonecas. Algumas as penteavam e mudavam os seus penteados. Cuidaram também de lhes dar um nome e para isto marcaram a tarde para o batizado e me convidaram para ser o padre. Eu logo procurei empinar o meu papagaio para a alegria dos meus amigos da rua. Ele foi subindo devagar e com uma lufada de vento ganhou as alturas e ficou mais alto do que a chaminé da usina de açúcar. Não temi e fui lhe dando linha para que ganhasse as nuvens. De repente, sem que esperasse, a linha arrebentou, e, livre, o papagaio foi ganhando mais altura até sumir dos meus olhos cheios de lágrimas. Fora feito para voar e não queria, pensei, voltar a terra. Triste, fui contar à mamãe que procurou consolar-me ao dizer-me: "Não se importe, meu filho. Ele foi para o céu onde mora o Menino Jesus". Naquela tardinha, ela nos levou ao presépio da Matriz para que visitássemos o Menino Jesus. Ao olhá-lo, eu não compreendi como ele morava no céu se, naquela noite, descera à terra dos homens. Moraria nos dois lugares? Será que ele vira e guardara o meu papagaio? Perguntei à minha mãe. E ela, que tudo sabia, me disse que Jesus viera a terra por pouco tempo. Que Ele voltaria logo para o céu e que meu papagaio estava bem guardadinho à espera do dia que eu também fosse ao encontro de Jesus.


Texto extraído do livro Contos do Entardecer de Antônio Ribeiro de Almeida.

1.12.18

UM CHUTE, de RUBEM BRAGA

CRÔNICA PUBLICADA ORIGINALMENTE NA REVISTA MANCHETE DE 28 DE NOVEMBRO DE 1953


Circulo um pouco pela cidade [cidade no sentido de Centro da cidade], de manhã, resolvo umas coisas mais ou menos cacetes. E de repente, na Esplanada do Castelo, reparo nesta coisa simples: estou feliz.

Não me acontece nada de especial; minha felicidade é gratuita, deriva destas coisas simples: o céu está azul, o sol está louro, eu estou andando na rua. Meu sapato é confortável, minha roupa está limpa, meu corpo está bem.

Passa uma menina com uma fita nos cabelos; em um terreno livre há um grupo de mecânicos que aproveitam a hora do almoço para um bate-bola. A bola vem para o meu lado; devolvo-a com um chute, e meu chute é certo, e é saudado com um “oba!” por um dos homens de macacão, que pega a bola com a cabeça. Estou definitivamente feliz. Meus problemas de dinheiro, minhas tristezas, minhas aflições, nada tem importância. Posso amar a quem não me liga, fazer o que me desgosta, não fazer o que queria – mas neste momento sou apenas um animal feliz; o dia está lindo e eu estou andando com prazer de andar. Sou um animal feliz. E meu chute foi bonito.

Passa um navio branco, muito grande, bojudo

Passa um navio branco, muito grande, bojudo; vem do sul. Com certeza vai entrar na baía. Vai entrar todo de branco, abrindo asas de branca espuma, desenrolando no ar, como um penacho feliz, um rolo de fumaça branca. O convés está cheio de gente que olha as praias, o casario, as montanhas. Sede felizes! Este é o desejo íntimo que nos dá, dizer a esses forasteiros que pela primeira vez entram em nossa baía, entre as montanhas azuis; dizer alto: aqui é o Rio de Janeiro, é a nossa bela cidade; é para vós que ela hoje brilha ao sol; sede felizes!

E ter inveja dos que chegam pela primeira vez, vindos do mar, ao Rio de Janeiro.

debruçados sobre as fotografias em cores

Porque em nossa infância, no interior, não se dizia: Rio. Foi de repente que surgiu essa moda, as pessoas que vinham e voltavam dizia apenas com intimidade – Rio.

Mas nós, debruçados sobre as fotografias em cores e os presentes que nos levavam, nós dizíamos, com ar de sonho e um tom de respeito: Rio de Janeiro.

23.11.18

IMAGENS DO RIO ANTIGO: EDUARD HILDEBRANDT, ARNO KIKOLER, EDUARDO CAMÕES, AUGUSTO MALTA, MARC FERREZ, GEORGES LEUZINGER, DEBRET, FRANZ GRASSER, GUTA, JUAN GUTIERREZ, THOMAS ENDER, LEANDRO JOAQUIM, TAUNAY, ALFRED MARTINET, RICHARD BATE, FACCHINETTI, ARMEILLA & MARIANNE NORTH

EDUARD HILDEBRANDT

Eduard Hildebrandt (1818-1868) foi um pintor de paisagens alemão (prussiano) que fez inúmeras viagens mundo afora bancado pelo rei da Prússia e produziu uma enormidade de aquarelas e pinturas. Chegou no Rio de Janeiro em fins de março de 1844 e após percorrer e desenhar os recantos mais pitorescos da cidade e arredores, partiu em junho para São Paulo, donde voltou em julho, seguindo viagem em fins de agosto para o Salvador e Recife, prosseguindo depois para a América do Norte. Recebeu de D. Pedro II o título de Cavaleiro da Ordem da Rosa. "Em tão rápida estadia, produziu uma das mais belas e valiosas coleções de vistas do Brasil colonial. Se não têm a fama do Debret e Rugendas, não perdem em nada com relação à qualidade técnica e principalmente poética de suas narrativas", diz o pintor José Rosário em artigo sobre Hildebrandt publicado em seu blog. Mais informações no seu verbete da Wikipedia que criei. A seguir três aquarelas suas de 1844 que obtive no site do Museu Nacional de Berlim (aqui).


Lagoa Rodrigo de Freitas com os Dois Irmãos atrás

Baía da Guanabara, Igreja da Glória e Pão de Açúcar vistos de Santa Teresa

Igreja de Santa Rita, com a zona armada pelos escravos junto ao chafariz – dá até para ouvir a algazarra - e do outro lado a bandeira do Divino. Ao fundo a igreja de São Pedro dos Clérigos, criminosamente demolida para a construção da Av. Presidente Vargas.

ARNO KIKOLER

Arno Kikoler, chegou ao Brasil em fevereiro de 1936, fugindo da perseguição nazista. Em Berlim, foi fotógrafo jornalístico do maior jornal judaico da Alemanha, com três edições diárias.  Ao saber que estava sendo "procurado", buscou o primeiro cargueiro disponível para deixar o país, sem se preocupar com o destino. Aportando no Rio de Janeiro, indicaram o jornal A Noite, do outro lado da praça Mauá. Assim começou a carreira de fotógrafo no Brasil. Aos poucos, foi montando seu próprio estúdio, no Centro do Rio, onde se transformou no mais reconhecido e competente fotógrafo comercial daquela época. Adorava o Brasil e o Rio de Janeiro, motivo pelo qual, nas horas vagas e feriados, registrava os pontos mais bonito e icônicos de nossa Cidade.

Nos anos 1960, largou a fotografia, e montou uma conhecida fábrica de brinquedos. Oriundo de uma infância pobre, realizava-se através da constante doação de brinquedos a crianças carentes de entidades assistenciais. (Informações e fotos abaixo gentilmente cedidas por seu filho Leslie Kikoler.)

Praia de Ipanema com os Dois Irmãos e Pedra da Gávea ao fundo

Avenida Atlântica antes de sua duplicação com a Praça do Lido no canto inferior direito

Avenida Beira Mar pré-Aterro e estátua do Marechal Deodoro da Fonseca no canto inferior direito

Montanhas cariocas: Pão de Açúcar, Morro da Urca, Morro da Babilônia (entre o Leme e a Urca), Morro de São João (entre Copacabana e Botafogo), Morro dos Cabritos (entre Copacabana e Lagoa), Morro do Cantagalo, Dois Irmãos, Pedra da Gávea etc.

Praia do Arpoador vista das pedras com Corcovado ao fundo

EDUARDO CAMÕES

Se existe algo que se aproxima da máquina do tempo, é a arte de Eduardo Camões, que reconstitui um Rio de Janeiro que já não existe mais. Na Introdução ao belo livro de Camões Rio Antigo — Old Rio, Ivan Horácio Costa conta como foi que o pintor (que fizera incursões pelas marinhas, pelo hiper-realismo etc.) resolveu dedicar-se ao tema do Rio de outrora: "Em uma livraria de Brasília, tipo ‘sebo’, descobre alguns livros antigos sobre o Rio de Janeiro e, estranhamente, sente saudades, não só do mar e nem só do Rio, mas de toda uma nostálgica época passada que lhe parece inteiramente familiar! Toma, então, a resolução de voltar para o Rio e registrar, através de sua pintura, as imagens que seus bisavós, avós e pais haviam conhecido..."

Conheça melhor esse notável retratista do Rio Antigo visitando o seu site.



Aqueduto da Carioca em 1875

Ipanema, Leblon e Lagoa em 1904

Rua Jardim Botânico em 1880

Lagoa em 1871

Enseada de Botafogo em 1820

AUGUSTO MALTA

Augusto César Malta de Campos (1864-1957) foi fotógrafo oficial da Prefeitura do então Distrito Federal, nomeado por Pereira Passos.

De 1903 a 1936, documentou um período de notáveis transformações urbanísticas e arquitetônicas na cidade, acompanhando as grandes remodelações do Rio de Janeiro de seu tempo, como o desmonte do Morro do Castelo, a abertura da Av. Central, a Exposição Nacional de 1908 e a Exposição Internacional de 1922, em comemoração ao Centenário da Independência do Brasil.

Malta também registrou a execução e a inauguração de obras públicas, monumentos, prédios históricos, carnavais antigos, os corsos e as batalhas de flores, flagrantes do momento, o surgimento das favelas, notícias e acontecimentos da época, em obra de inestimável valor histórico para a preservação da memória da cidade.
(Texto obtido no site do Museu da Imagem e do Som. Uma dica: você achará um bom acervo de fotos de Malta e outros fotógrafos na Biblioteca Nacional Digital e no site do Instituto Moreira Salles.)



Vista Chinesa em 1906

Bairro da Glória. Observe o relógio da Glória, estátua de Pedro Álvares Cabral, chaminé da City (esquerda), Igreja da Glória e o Pão de Açúcar ao fundo.

Morro do Castelo, mais tarde demolido
(no seu lugar estende-se a Esplanada do Castelo, repleta de prédios)

Av. Atlântica na altura do Leme em 1921. Em frente a Pedra do Leme. 

Palácio Monroe

Chafariz das Saracuras, no Convento da Ajuda, no local que depois se tornaria a Cinelândia, demolido em 1911. O chafariz encontra-se na Praça General Osório, Ipanema.

Avenida Vieira Souto em 1911

Igrejinha de Copacabana na pedra onde depois se ergueu o Forte de Copacabana

Igrejinha de São Cristóvão então a beira-mar (hoje nem se vê o mar de lá)

Vista aérea em 1906, vendo-se Botafogo, Urca e a entrada da baía

Avenida Delfim Moreira (Praia do Leblon) em 1906

Rua Real Grandeza com o Cemitério São João Batista à direita (1910)

Túnel Velho, ligando Copacabana a Botafogo, em 1930

No alto do Corcovado em 1906

Trecho da rua dos Ourives (atual Miguel Couto) entre a rua da Alfândega e do Hospício (atual Buenos Aires)

Avenida Rio Branco

Quiosque na rua Frei Caneca (1906)

MARC FERREZ

Marc Ferrez nasceu no Rio de Janeiro em 1843, apenas quatro anos após a fotografia ser inventada oficialmente por Louis Daguerre, na França. No início da década de 1860 começou a fotografar. Em 1867, abriu seu próprio estabelecimento, no Rio. Em 1870, se tornou fotógrafo da Marinha Imperial.

A produção de Ferrez se torna histórica e mais intensa a partir de 1875, quando passa a trabalhar na Comissão Geológica do Império, o que o leva a viajar pelo Brasil. Ferrez constitui a partir daí o acervo mais rico de imagens do Brasil, sem paralelo com outros fotógrafos.
(Eder Chiodetto, Folha de São Paulo de 13/11/2006.)


Baie de Botafogo. Enseada de Botafogo. (1890)

Vue topografique de Botafogo. Vista topográfica de Botafogo. (1890)

Aqueduto da Carioca transformado em viaduto para bondes, foto de 1896

Botafogo na década de 1870 (observe o Corcovado ao fundo, sem o Cristo!)

Escola Militar da Praia Vermelha e Pão de Açúcar
(sem o bondinho!) em torno de 1885

Real Gabinete Português de Leitura (existente até hoje) em 1895 com o bonde puxado a burro em frente

Rua São Clemente em foto de cerca de 1885 com o Corcovado ao fundo. Hoje está cheia de prédios!

Igreja da Ordem Terceira de N. S. do Carmo na atual Praça XV (foto de cerca de 1880); atrás a Igreja de N. S. do Carmo da Antiga Sé ainda sem a torre alta acrescida em 1905 e mais ao fundo o Convento do Carmo.

FAMÍLIA FERREZ

Ícone da fotografia nacional, Marc Ferrez (1843-1923) deixou um legado de belíssimos retratos do Brasil. Sua obra foi continuada pelos filhos Luciano (1884-1955) e Júlio (1881-1946) e pelo neto Gilberto (1908-2000), numa produção que resultou em 8 000 negativos doados pela família ao Arquivo Nacional. Parte desse patrimônio foi exposto no Centro Cultural Banco do Brasil no início de 2008 na exposição Família Ferrez: Novas Revelações e reunido num livro com este nome. As fotos a seguir foram dessa exposição.


Luciano Ferrez: Ressaca na Praia da Glória (praia esta que, com o Aterro do Flamengo, deixou de existir)

Luciano Ferrez: Praia de Ipanema em 1945

Luciano Ferrez: Lapa vista do Morro de Santo Antônio

Luciano Ferrez: Cinelândia (observe o Palácio Monroe ao fundo)

Júlio Ferrez: Pedra do Arpoador em 1918

Júlio Ferrez: Desmonte do Morro do Castelo. Observe a Igreja de Santa Luzia, que existe até hoje, mas longe, bem longe do mar!

GEORGES LEUZINGER

Durante a década de 1860, este suíço radicado na capital do Império desde 1832 realizou um trabalho sistemático de documentação fotográfica do Rio de Janeiro. Incluindo cenas urbanas, vistas de Niterói, da Serra dos Órgãos e de Teresópolis, suas paisagens e panoramas surgiam apenas duas décadas depois da invenção da daguerreotipia — fazendo do artista não apenas um dos pioneiros dessa atividade no Brasil, ao lado de Augusto Stahl, Revert Henry Klumb e, mais tarde, Marc Ferrez, mas um de seus grandes inovadores no século XIX. (Texto extraído do folheto da exposição "Georges Leuzinger: Um pioneiro do século XIX".)



Chafariz do Mestre Valentim e (ao fundo, da esquerda para a direita) Convento do Carmo, Igreja de N. S. do Carmo e Igreja de N.S. do Carmo da Antiga Sé, ainda existentes na atual Praça 15 de Novembro

Lagoa Rodrigo de Freitas e (ao fundo, da esquerda para a direita) Morro Dois Irmãos, Pedra da Gávea e outras montanhas, em torno de 1866

Dedo de Deus, Teresópolis

Igreja de Santa Luzia, Rio de Janeiro, em torno de 1865 (atualmente situada na Avenida Presidente Antônio Carlos, a igreja ficou distante do mar)

Praia de Botafogo (1865)

Vista Chinesa

Pedra da Itapuca na Praia de Icaraí, Niterói. Observe o Pão de Açúcar (esquerda) e Corcovado (direita) atrás.

Praia da Saudade, onde hoje fica o Iate Clube, e Hospício D.Pedro II, onde esteve internado Policarpo Quaresma e que hoje abriga instalações da UFRJ (1867)

Praça da Constituição, atual Praça Tiradentes, com a estátua de Dom Pedro I que está lá até hoje (1865)

Botafogo (1876)

Largo dos Leões (incluí esta foto em homenagem ao meu amigo Márcio Steinbruch e à poetisa Thereza Noronha, que moram lá. Só que hoje o largo está bem mais "modernizado"!)

JEAN-BAPTISTE DEBRET

Um dos primeiros artistas (se não o primeiro) a retratar o Rio de Janeiro (e o Brasil) foi o pintor, desenhista e gravurista francês Jean-Baptiste Debret, que integrou a Missão Artística Francesa que desembarcou por estas plagas em 1816. Debret permaneceu por aqui até 1831 e de volta a Paris publicou sua Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, da qual fazem parte as gravuras abaixo. Um bom acervo da obra de Debret pode ser achado na Biblioteca Nacional Digital.


Entrada da Baía da Guanabara

Largo do Paço, atual Praça XV, com o chafariz do Mestre Valentim e o cais (recentemente desencavado por arqueólogos urbanos  você pode ir lá ver) na frente 

Vista da Igreja da Glória. Observe os Arcos à esquerda e o Morro do Castelo no centro-direita.

Vista do Mosteiro de São Bento

FRANZ GRASSER

Grasser nasceu em 1911 em Bad Wörishofen, Alemanha. Aprendeu a profissão de fotógrafo com seu tio Othmar Rutz, que dirigia uma loja de fotografia e souvenires em St. Moritz, Suíça. De 1936 a 1939, Grasser trabalhou em navios de várias empresas de navegação, viajando por  diversos países, principalmente na América do Sul. São desta época as fotos cariocas abaixo. Com o início da Segunda Guerra Mundial, os navios de passageiros alemães deixaram de circular e Grasser perdeu seu emprego. Em 1942 foi convocado para o exército e em 1944 morreu como prisioneiro de guerra em Novorossiysk, nas margens do Mar Negro. Fotos obtidas no site Deutsche Fotothek.

Pão de Açúcar visto da Praia de Botafogo

Avenida Rio Branco e o Centro vistos do Edifício A Noite. Observe a Candelária no centro-esquerda em meio aos prédios, antes da abertura da Av. Presidente Vargas.

Praia de Copacabana

Entrada da barra com Pão de Açúcar e Corcovado

Palácio Monroe

Vista do Corcovado com o hipódromo em construção, que Grasser achou que fosse um aeroporto, como vemos na legenda da foto no site Deutsche Fotothek

CARLOS GUSTAVO NUNES PEREIRA, o GUTA

Nascido em 1952 na Cidade do Rio de Janeiro, Carlos Gustavo Nunes Pereira, mais conhecido como Guta, foi artista gráfico e designer de grande valor. Dotado de uma apurada visão artística, Guta foi um dos precursores da arte fotorrealística publicitária no Brasil, desenvolvendo trabalhos para as maiores empresas mundiais. Guta produziu obras de grande reconhecimento ao longo de sua vida quando deu iní­cio ao projeto que veio a se tornar uma de suas grandes paixões, o trabalho da evolução urbana, arquitetônica e cultural da cidade do Rio de Janeiro. Desde 1988 desenvolveu a série de livros e posters intitulada "Um Passeio no Tempo", onde apresenta, por meio de imagens hiperrealistas, a evolução urbaní­stica do Rio de Janeiro desde os seus primeiros anos até os dias de hoje, focalizando pontos de importância histórica de seus cenários mais significativos. Em 1988 lançou as séries "Praça XV 1580 - 1988" e "Arcos da Lapa 1755- 1988". Mais tarde, acompanhando o desenvolvimento da tecnologia digital, Guta lançou as séries "Largo da Carioca, um passeio no tempo, 1608 - 1999", "O Porto do Rio 1608 - 2002", "Copacabana 1893 - 2008", "Quinta da Boa Vista 1808 - 2008", "Cinelândia 1608 - 2008" e "Praça Mauá 1820 - 2008", dando assim continuidade ao elaborado projeto que revela cenas e fatos do cotidiano carioca desde os tempos de seu descobrimento. Guta faleceu em 2012. Fotos abaixo da série de quatro pranchas Copacabana: Um passeio no tempo. Dados obtidos no texto do decreto do vereador Edison da Creatinina que dá o nome do artista a um logradouro público.


Copacabana 1893. "Chamada de Sacopenapan pelos índios tupinambá, a Copacabana original era uma vasta planície arenosa de vegetação típica de restinga." 

Copacabana 1927. "A partir de 1892, a abertura do Túnel Velho e a inauguração da primeira linha de bondes finalmente tornaram possível a ocupação do bairro."

Copacabana 1956. "A ocupação do bairro se acelerou fortemente a partir dos anos 1940."

Copacabana 2007. "No início dos anos 1970, [a Avenida Atlântica] foi alargada e duplicada." Textos extraídos do livreto que acompanha a coleção de quatro pranchas de Copacabana que comprei na Livraria Pereira Passos. Talvez ainda tenham em estoque.

JUAN GUTIERREZ

O espanhol Juan Gutierrez fixou-se no Rio de Janeiro por volta de 1880 e tornou-se fotógrafo da Casa Imperial no último ano do Império. Documentou a "Revolta da Armada" (1893/94), retratando as fortificações, os soldados e o armamento utilizado. Suas lentes captaram, ainda, vistas de vários bairros da antiga cidade do Rio de Janeiro, reproduzindo seus panoramas, arquitetura e cotidiano. Morreu na Guerra de Canudos em 1897. As fotos abaixo, de 1894, foram obtidas na Biblioteca Nacional Digital. Uma boa matéria sobre Gutierrez pode ser vista no site Brasiliana Fotográfica.

Praia de Botafogo e Corcovado. Observe que a Igreja da Imaculada Conceição de 1881, que na época se destacava das demais construções, hoje está "escondida" por um viaduto. 

Praia de Copacabana em 1894. Sem prédios!

Pavilhão do Corcovado (onde hoje se ergue o Cristo) e Pedra da Gávea atrás.

Inauguração da estátua do General Osório na Praça Dom Pedro II, atual Praça XV. Observe que a Igreja do Carmo, então catedral, ainda não tinha a torre alta acrescentada no início do séc. XX.

Palácio Itamaraty. Está lá até hoje.

Vista do Morro do Pasmado (onde depois se formou uma favela, erradicada nos anos 60, dando lugar a um mirante pouco conhecido mas que vale a pena visitar). No primeiro plano a então Praia da Saudade, onde hoje fica o Iate Clube. Atrás, a Escola Militar, Morro da Urca e Pão de Açúcar. O bairro da Urca, resultante de um aterro, ainda inexistia.

Vista do Corcovado

THOMAS ENDER

Pintor, aquarelista, gravador e desenhista, o austríaco Thomas Ender estudou na Academia de Belas Artes de Viena, dedicando-se à pintura de paisagens a aquarela. Em 1817, veio ao Brasil na Expedição Científica de História Natural que acompanhou a comitiva austríaca, por ocasião do casamento da arquiduquesa Leopoldina com D. Pedro I. Em sua curta estada de dez meses, pintou panoramas do litoral e cenas urbanas; retratou igrejas, edifícios públicos e praças. Apesar de executar pouco mais de 700 obras sobre o Brasil, não produziu nem publicou um álbum com esse material. No entanto, algumas de suas criações aparecem em livros de cientistas naturalistas da época. Esse conjunto de obras está conservado na Academia de Belas Artes em Viena. Informações obtidas na Enciclopédia Itaú Cultural.


Aqueduto visto da encosta da Rua de Matacavalos, atual Rua do Riachuelo. Aquarela e lápis sobre papel de 1817/18. Kupferstichkabinett der Akademie der bildenden Künste, Viena

Thomas Ender, Vista do Rio de Janeiro, óleo sobre tela, 1837, Gemäldegalerie der Akademie der bildenden Künste, Viena 

Thomas Ender, Vista da Praia de Botafogo, óleo sobre madeira, coleção Hecilda e Sergio Fadel

Thomas Ender, Antiga Ponte sobre o Canal do Mangue, óleo sobre madeira, coleção Hecilda e Sergio Fadel

Forte de Santa Cruz visto do mar

Entrada de Mata Porcos (atual Rua Estácio de Sá, no Estácio; o nome Mata Porcos devia-se a um matadouro de porcos que teria ali existido)

Rua de Matacavalos (onde cresceu Bentinho, o "Dom Casmurro"), atual do Riachuelo, no Centro

Vista (pasmem!) do Corcovado com o Pão de Açúcar à direita e a baía no fundo

Catumbi

Valongo, uma das praias (além de enseadas e até ilhotas) que, com a construção do moderno cais do porto no início do século XX,  foram aterradas e sumiram do mapa.

Vista de frente da residência de campo do Bispo do Rio de Janeiro, aquarela sobre lápis, 1817-18. A Casa do Bispo sobrevive até hoje no Rio Comprido como você pode ver clicando aqui.

LEANDRO JOAQUIM

Leandro Joaquim foi um pintor, cenógrafo e arquiteto mulato do Rio colonial (1738-1798). Suas obras mais célebres são um conjunto de oito painéis elípticos com cenas do Rio de Janeiro encomendados pelo vice-rei D. Luís de Vasconcelos e Sousa para decorar um dos pavilhões do Passeio Público. Os seis painéis sobreviventes, mostrados abaixo, agora fazem parte do acervo do Museu Histórico Nacional e costumam estar em exibição. (Informações obtidas na Enciclopédia Itaú Cultural, site do Museu Histórico Nacional e livro A muito leal e heroica cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Imagens e suas legendas obtidas no site do Museu Histórico Nacional.)


Boqueirão e Arcos da Lapa. Vista da Lagoa do Boqueirão (onde hoje fica o Passeio Público), vendo-se ao fundo os Arcos da Lapa, à esquerda, a igreja da Lapa e, acima dela, o convento e igreja de Santa Teresa, além de construções e de figuras que revelam os costumes da época. 

Esquadra Inglesa. Essa cena registra a visita de uma esquadra inglesa na Baía da Guanabara. Em função do regime de ventos no Atlântico Sul, o caminho mais curto para o Oriente atravessava o litoral do Rio de Janeiro, em cuja baía eram admitidos apenas os navios dos países amigos de Portugal. É possível que a grande esquadra de batalha aqui representada esteja em viagem para o Índico, em 1783. 

Igreja e Praia da Glória. A Igreja de Nossa Senhora da Glória permanece até hoje, embora a praia da Glória, aterrada, já não mais exista. 

Pesca da Baleia. A cena registra a pesca de baleias na Baía da Guanabara. Registre-se a existência de um grande número de animais da espécie em águas dos Rio de Janeiro no final do século XVIII. Em primeiro plano, a Ilha de Villegaignon.

Procissão Marítima. A cidade do Rio de Janeiro desempenhou, desde o momento de sua fundação, em 1565, uma função marítima. Sua situação geográfica privilegiada tornou-se porto por excelência, porta de entrada da Colônia, trancada por poderosas fortificações. Até sua religiosidade expressava-se no mar, em eventos tais como essa romaria de barcos que desfila diante do Hospital dos Lázaros, em São Cristóvão, construção que existe até hoje, como você pode ver aqui.

Revista Militar no Largo do Paço, atual Praça XV. Em primeiro plano, o chafariz de mestre Valentim. À esquerda, o então Palácio dos Vice-Reis, depois Paço Real e Imperial. Ao fundo, Convento do Carmo, sua capela (que com a vinda da Família Real virou catedral) e a Igreja da Ordem Terceira do Carmo. À direita, as casas do Teles com o famoso arco no meio. Todas essas construções estão preservadas até hoje. 


NICOLAS-ANTOINE TAUNAY

Nicolas-Antoine Taunay, nascido em Paris em 10 de fevereiro de 1755, de família nobre e filho de artista emérito, cedo apendeu com os melhores mestres a arte de pintura. Expôs em diversos salões, foi vice-presidente e presidente da Academia de França, em Roma, e da Académie de Beaux Artes e Membro do Instituto de França. Veio ao Rio em 1816, com toda a família, que se compunha de sua mulher e cinco filhos, integrando a missão artística francesa que fundou a Real Academia de Belas Artes. Dessa missão fizeram parte também Debret, Grandjean de Montigny e outros. Viveu ao pé da Cascatinha da Tijuca, hoje Cascatinha Taunay, até 1821, quando desgostoso com a nova direção da Academia e a falta de estímulo por parte do governo, voltou à pátria. Ficaram entre nós quatro de seus filhos cujos descendentes constituem uma grande família brasileira. Continuou trabalhando e expondo nos salões obras que hoje se encontram em museus da Europa e em coleções particulares. Deixou várias telas do Rio e arredores, de valor iconográfico. Faleceu em Paris a 20 de março de 1830. (A Muito Leal e Heroica Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, p. 66)

Vista do Outeiro, Praia e Igreja da Glória (1817 - Acervo dos Museus Castro Maya) 

Vista do jardim do Convento de Santo Antônio (1816 - acervo do Museu de Belas Artes). A rua no centro é a São José. À direita, o Morro do Castelo. No canto superior esquerdo, a torre (antiga) da Igreja do Carmo e o Convento do Carmo. O quadro "mostra um Rio de Janeiro pacífico e bucólico, em que o sol ilumina as ruas e as nuvens dão sombra para a conversa de três frades. Ao lado dos religiosos, bananeiras, como se para provar que se trata de uma paisagem tropical, e não européia. Vacas andam plácidas pelas ruas quase desertas. Só com atenção se enxergam os escravos que encaminham a boiada. As ruas da cidade podiam ser de uma vila italiana, de tão serenas. Ao longe, vê-se o movimento dos navios atracados na baía, a marca de um país aberto. Um Brasil exótico, mas civilizável." (Thomas Traumann em matéria na Época sobre o livro O Sol do Brasil) A boiada está a caminho do matadouro da Praia de Santa Luzia, atual Rua de Santa Luzia. No centro do casario vemos o Recolhimento do Parto. No fim da Rua São José, as obras da nova igreja, iniciadas em 1807, ainda sem as torres. (A Muito Leal e Heroica Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, p. 66)

Entrada da baía e da cidade do Rio a partir do terraço do convento de Santo Antônio (1816 - acervo do Museu de Belas Artes)

JOSEPH ALFRED MARTINET

Joseph Alfred Martinet foi um gravurista (litógrafo) francês nascido em 1821. Gilberto Ferrez registra sua chegada ao Brasil a 18 de janeiro de 1841, vindo do Havre pelo navio Le Béranger. No Rio de Janeiro, trabalhou na casa litográfica de Heaton & Rensburg, rua da Ajuda 68, e na editora dos irmãos Eduardo e Henrique Laemmert. Ferrez o considerou o "melhor litógrafo que por aqui trabalhou". Morreu em 1875.


Vista do Corcovado. Litografia colorida de 1841-47 do acervo dos Museus Castro Maya.

Enseada e praia de Botafogo, com seus casarões e chácaras. Esta e as próximas litografias obtidas na Biblioteca Nacional Digital.

Pão de Açúcar, Igreja da Glória e Cais da Glória. Litografia colorida. 


Hospital da Beneficência Portuguesa na Glória.

Hotel dos Estrangeiros, no Largo do Catete, atual Praça José de Alencar, fundado em 1849. 

Passeio Público. Litografia colorida. 

Rio de Janeiro visto da Ilha das Cobras. Litografia colorida. 

RICHARD BATE

Richard Bate (1775 — Londres, 1856) foi um pintor amador e negociante inglês, que chegou na cidade do Rio de Janeiro com sua família em 1807, a bordo do veleiro Integrity, e que estabeleceu um comércio de instrumentos náuticos, ópticos, matemáticos, cirúrgicos, óculos etc situado inicialmente na Rua Direita, e depois na Rua da Quitanda, nº 25. De sua permanência no Brasil, deixou pintadas em aquarelas diversas vistas muito detalhadas da cidade do Rio de Janeiro, que se encontram guardadas na Universidade Cornell, em Ithaca, no estado de Nova Iorque, e que foram publicadas em 1965 pelo historiador Gilberto Ferrez. (Informações transcritas da Wikipedia.)


Panorama do terraço da Igreja da Glória em 1809 mostrando toda a marinha, do Passeio Público até a ponta do Calabouço. Da esquerda para a direita: Passeio Público, Convento da Ajuda, Morro do Castelo (ou de São Sebastião), Praia de Santa Luzia, Ponta do Calabouço.

Largo do Paço, atual Praça XV, em 1808. Fonte: Digital Collections da Cornell University.

NICOLAU FACCHINETTI

Nicolau Facchinetti (Nicola Antonio Facchinetti) foi um pintor e desenhista italiano, nascido em Treviso em 1824 e falecido no Rio de Janeiro em 1900, cidade para a qual se mudou em 1849 e onde exerceu as profissões de cenógrafo e professor de desenho. Pintou vários panoramas da cidade do Rio de Janeiro, contraponto os casarios novos à natureza exuberante do entorno, como lemos na Enciclopédia Itaú Cultural. O primeiro quadro está exposto no Museu da Chácara do Céu, no bairro carioca de Santa Teresa, e os três seguintes pertencem ao acervo do MASP.


Vista do Rio de Janeiro tomada de Santa Teresa, óleo sobre tela, 1892

Enseada do Botafogo, óleo sobre tela, 1869

Recanto da Praia de Icaraí, óleo sobre tela, 1888

Uma vista de Teresópolis (várzea), grafite, nanquim, guache e sépia sobre papel, 1863

ANDRÉ-CHARLES ARMEILLA

Sobre a vida do francês André-Charles Armeilla antes de chegar ao continente americano nada se sabe. Na última década do século XIX, trabalhou como fotógrafo em Montevidéu. Chegou ao Rio por volta de 1903, onde ganhou a vida vendendo suas fotos da cidade e arredores para revistas, livros e cartões postais, a maioria publicada sem crédito ao autor. Em 15 de maio de 1913, Armeilla foi encontrado morto na rua Bento Lisboa, no Catete, por um policial, e sepultado como indigente no cemitério de São Francisco Xavier. Graças ao trabalho de colecionismo e editorial de Pedro Corrêa do Lago e à pesquisa de Agenor Araújo Filho, sua obra agora recebe a merecida divulgação no impecável  livro de capa dura Armeilla - Um Mestre Esquecido da Paisagem Carioca da editora Capivara. Em seus registros do Rio, explora ângulos inusitados e "arrabaldes" ainda pouco explorados, como a foto tirada do Arpoador e a de Botafogo. 

Foto de cerca de 1911 tirada da Pedra do Arpoador, num ângulo raro que, dentre os demais fotógrafos da época , só foi explorado por Alberto de Sampaio. Observe que ainda não existiam construções na orla do Leblon. 

Aqueduto da Carioca (Arcos da Lapa) a partir da Avenida Mem de Sá.

Canal do Mangue, então orlado de palmeiras.

Foto de cerca de 1909 tirada mais ou menos da lateral do Cemitério São João Batista. No centro/direita dá para ver as torres da Igreja de São Batista, na rua Voluntários da Pátria. Hoje essa área está densamente ocupada por construções. No fundo, o Corcovado.

Foto de cerca de 1910 tirada no laguinho das vitórias-régias (Lago Frei Leandro) no Jardim Botânico. Se você for lá hoje, está tudo exatamente igual.

MARIANNE NORTH

Marianne North (1830-90) foi uma bióloga e artista inglesa da era vitoriana, famosa por suas pinturas de paisagens e plantas durante suas numerosas viagens mundo afora. Em 1871-72, passou um ano no Brasil, onde realizou seu trabalho numa cabana no interior de uma floresta. Mas informações sobre ela na Wikipédia.

Jardim Botânico

Lagoa Rodrigo de Freitas

Baía da Guanabara vista da Serra dos Órgãos (Teresópolis)

Serra dos Órgãos vista de Paquetá

Corcovado visto de Botafogo