A Floresta da Tijuca, no coração do Rio de Janeiro, a maior floresta urbana do mundo, resultou do primeiro grande projeto de reflorestamento da história universal, iniciado em 1862. Em um dos capítulos do Volume III de O Velho Oeste Carioca, livro sobre a ocupação da Zona Oeste do Rio de Janeiro, André Luís Mansur conta a história desse projeto. Transcrevemos a seguir trechos do capítulo.
Dono da Fazenda Independência, em Guaratiba, o major Manuel Gomes Archer foi um pioneiro na luta contra o desmatamento, um tema comum neste início de século XXI, mas que há 150 anos não estava entre as pautas de nenhum programa de governo. Cortar árvores, sem a menor preocupação com reflorestamento, era uma prática normal no Brasil, aliás inaugurada desde a chegada dos primeiros portugueses ao nosso litoral, e também de corsários franceses nas primeiras décadas do século XVI, que negociavam com os indígenas as toras de pau-brasil, num método tão destrutivo que a espécie que daria nome à colônia foi praticamente extinta do litoral.
A Floresta da Tijuca, um dos maiores patrimônios ambientais do Brasil, também passou por um processo de devastação, devido à expansão da lavoura cafeeira, que atingiu o seu auge na segunda metade do século XIX. Foi graças ao empenho pessoal do imperador D. Pedro II, enfrentando interesses de donos de sítios na floresta, que o major Archer recebeu carta branca para realizar o primeiro trabalho de reflorestamento de grande porte de que se tem notícia no Brasil. [...]
Manuel Gomes Archer nasceu em 21 de outubro de 1821. Era major da Guarda Nacional, uma força paramilitar criada no Império para suprir a falta de um exército profissional. Em sua fazenda de Guaratiba, Archer mantinha muitas mudas de espécies nativas, que acabariam sendo usadas no replantio da Floresta da Tijuca.
A portaria imperial, nomeando Archer administrador da Floresta da Tijuca, foi assinada em 18 de dezembro de 1860, mas as primeiras mudas só foram plantadas em 4 de janeiro de 1862. Ele se instalou no Sítio do Midosi. "O major Archer proibiu terminantemente a derrubada das poucas árvores que ainda restavam, e proibiu o comércio lucrativo de carvão vegetal que era realizado em todas as partes das montanhas. Ele trouxe sementes de sua propriedade rural em Guaratiba para plantá-las na região, fez viveiros de plantas selecionadas e transplantou as mudas. (Parque Nacional da Tijuca, de Luis Alexandre Franco Gonçales).
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Monumento a Constantino, Eleutherio, Leopoldo, Manoel, Matheus e Maria, escravos do Major Archer no reflorestamento da Floresta da Tijuca, e a Sabino, Macário, Clemente, Antonio e Francisco, escravos de Thomas Nogueiro da Gama no reflorestamento das Paineiras. A cidade agradece. |
Já em 1862, foram plantadas 13.817 árvores, trabalho feito não apenas por seis escravos, como se imaginava, mas também por uma equipe que incluía um feitor, operários, guardas, serventes e empregados incumbidos de abrir e conservar caminhos. Os seis escravos que trabalharam no reflorestamento só foram admitidos a partir de 1964: Constantino, Eleutério, Leopoldo, Manoel, Matheus e Maria. Até o fim do trabalho, em 1874, foram plantadas 61.852 mudas de árvores de diversas espécies, como pau-brasil, nogueira, palmeira, goiabeira, eucalipto etc. O trabalho teve continuidade pelo Barão d´Escragnolle, que ficou no cargo até 1888, quando morreu.
O prestígio de Archer, que após o imenso trabalho feito na Floresta da Tijuca, voltou para sua fazenda, em Guaratiba, manteve-se intacto junto ao imperador, que o convidou para a Exposição Mundial da Filadélfia, em 1876, comemorando o centenário da independência dos Estados Unidos, e em 1877 o nomeou superintendente da Imperial Fazenda de Petrópolis, com o objetivo de reproduzir, nos morros da região, também já bastante degradados, o trabalho feito na Tijuca. Em Petrópolis, o problema do desmatamento era causado principalmente pela extração da madeira, seja para a construção das casas, ou para o comércio de lenha e carvão.
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