IGREJA DE NOSSA SENHORA DA CANDELÁRIA
Praça Pio X
A Irmandade de Nossa Senhora da Candelária foi instituída na antiga Matriz de São Sebastião, localizada no Morro do Castelo. Durante a primeira metade do século XVII, no mesmo local onde hoje se encontra foi erguida a primitiva capela, que no ano de 1768 encontrava-se em ruínas. A atual Igreja apresenta um aspecto similar à Basílica da Estrela, localizada em Lisboa. Teve sua construção iniciada em 1775, estendendo-se até o século XIX. Em 1811, foi celebrada a primeira missa e somente em 1898 foi inaugurada com as novas obras complementares.
O projeto original é atribuído ao Engenheiro Militar Francisco José Roscio. A igreja, que constitui hoje, obra predominante do século XIX, com três naves, transepto [nave transversal], cúpula no cruzeiro e ampla capela-mor. Podem ser assinalados três períodos de obras: barroco - fachada e transepto; neoclássico - cúpula e decoração interior; eclético - corredores laterais.
Durante todo período do século XIX em que sofreu reformas, nelas atuaram vários arquitetos e engenheiros, tendo sido as obras de escultura, inclusive balaustrada, encomendadas em Portugal. Na fachada principal, observamos grandes espaços revestidos de pedra de cantaria, além do emolduramento das portas, janelas, do frontão triangular, pilastras aparentes, a cimalha e, ainda, de detalhes ornamentais acrescidos. O coroamento bulboso das duas torres sineiras é revestido por azulejos. Destacam-se a grande cúpula do cruzeiro, projetada pelo Engenheiro Gustavo Waenhneldt e concluída em 1877, as oito esculturas em mármore branco, esculpidas em Lisboa e localizadas à volta do tambor da cúpula. As portas da Igreja, uma principal e duas laterais, são em estilo Luís XV, em bronze, esculpidas por Teixeira Lopes e representam uma alegoria ao Santíssimo Sacramento. O espaço interno da Igreja é formado por planta em cruz latina. No ano de 1878, foram acrescidas duas naves laterais pelo Arquiteto Antônio de Paula Freitas. O revestimento das paredes e os altares foram realizados em mármore, evidenciando influência da arte italiana. Os púlpitos foram feitos em bronze pelo escultor Rodolfo Pinto do Couto e inaugurados em 1931. A decoração da cúpula foi realizada em fins do século XIX, com pinturas de João Zeferino da Costa e estuques de Alves Meira. (Texto obtido no site do IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - na foto antiga, de Marc Ferrez de 1885, observe que a Candelária era a construção mais alta da cidade.)
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Candelária e chafariz (art déco) da mulher com ânfora |
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A monumental cúpula com esculturas de mármore em volta |
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Cúpula |
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Capela mor |
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Porta de bronze (detalhe) |
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Anjo |
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Piso |
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Painéis no teto de João Zeferino da Costa contando as origens da igreja |
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Capela lateral |
IGREJA DE SÃO JOSÉ
Av. Presidente Antônio Carlos, altura da Rua São José (em frente ao Edifício Garagem)
O templo dedicado a São José teve sua origem em uma pequena ermida construída em 1608 pelo ermitão Egas Muniz. Em 1807, a Irmandade de São José deu início às obras da atual Igreja sob a responsabilidade do Mestre Félix José de Souza, substituído, em 1815, pelo arquiteto do Paço, João da Silva Muniz, sendo inaugurada em 1842. A igreja de estilo barroco tardio possui nave única e corredores laterais onde se localizam um púlpito e três tribunas. Na capela-mor tem abóbada semelhante à da nave, e possui duas tribunas por banda. Seu interior é decorado com talha de estilo rococó de autoria de Simeão de Nazaré, discípulo do Mestre Valentim. Em seu frontispício pesado predominam os elementos horizontais de cantaria, compostos pela cimalha [arremate superior saliente da fachada], pelo embasamento das duas torres sineiras e do acrotério central. Numa delas está instalado o famoso carrilhão, ali existente desde 1883.
De sua imaginária destacou-se a imagem de São José procedente da França e doada à Irmandade pelo Comendador José Pinto de Oliveira, em 1884. Missas são celebradas segundas-feiras às 11h30, de terça a sexta ao meio-dia e no domingo às 10 horas.
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"As fachadas principal e laterais são repartidas regularmente por pilastras e cunhais de cantaria, utilizando o contraste cromático da pedra com o cal branco das paredes." Guia das Igrejas Históricas da Cidade do Rio de Janeiro |
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Visão lateral |
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A igreja vista da escadaria da Assembleia Legislativa |
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Talha em estilo rococó tardio |
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Imensa imagem de São José |
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Teto e lustre |
IGREJA DA IRMANDADE DA SANTA CRUZ DOS MILITARES
Rua Primeiro de Março, 36
A primitiva capela foi construída entre os anos de 1623 e 1628, no local onde anteriormente havia sido erguido o Forte de Santa Cruz, em princípios do século XVIII. A partir de 1780, deu-se início à construção da atual Igreja, segundo projeto do Engenheiro Militar Brigadeiro José Custódio de Sá Faria e no ano de 1811 foi sagrada.
A fachada da Igreja foi realizada ao feitio da famosa igreja dos jesuítas (Igreja de Gesù), construída no século XVI em Roma, Itália. Apresenta, como aquela, frontão triangular e volutas laterais [ornatos em forma de espiral], tendo uma grande janela centrada ladeada por pilastras [pilares semi-embutidos na parede] e grandes nichos com estatuas de santos. No piso térreo, a grande portada, formada de arco entre colunas que sobressaem, é ladeada por nichos e pilastras. É de grande beleza a combinação de granito dos elementos estruturais com os mármores de lioz dos capitéis, embasamentos, molduras e esculturas, aplicados todos sobre o fundo liso da alvenaria caiada. A torre sineira não compõe a fachada principal, mas localiza-se nos fundos da Igreja.
A Igreja apresenta um plano de nave única e capela-mor profunda, ladeada por corredores, que terminam na sacristia e no consistório. O interior é revestido de talha em duas fases. A primeira, mais antiga, refere-se à capela-mor e apresenta elementos de feição rococó, sendo atribuída, em parte, à Mestre Valentim. No entanto, em consequência do incêndio ocorrido em 1923, a talha destruída parcialmente foi substituída por estuque. A segunda fase refere-se à talha realizada em meados do século XIX, por Antônio de Pádua e Castro e está localizada na nave da igreja, incluindo o coro.
Missas são celebradas às segundas, quartas e sextas e sábados às 12h30. A aquarela antiga abaixo é de Richard Bate de 1820.
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Fachada em estilo barroco jesuítico |
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A igreja em aquarela de Richard Bate de 1820 |
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Torre sineira nos fundos, à direita |
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Nicho com estátua do evangelista |
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Na decoração toda branca os estuques se misturam com a talha |
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Altar lateral |
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Claraboia |
IGREJA DE NOSSA SENHORA DA LAPA DOS MERCADORES
Rua do Ouvidor, 35
A partir de 1747, a Igreja começou a ser construída no mesmo local onde havia um oratório dedicado a Nossa Senhora da Lapa, onde os comerciantes, ou "mercadores", reuniam-se para rezar. No ano de 1750, foi sagrada e cinco anos depois concluída. Grandes obras de remodelação foram feitas de 1869 a 1872, quando se refez a fachada do templo, construiu-se a torre sineira e completou-se a obra de talha do interior.
A fachada da Igreja é constituída, na parte inferior, por uma galilé [espaço de transição entre o frontispício e as portas de acesso à nave] formada por três arcos. A parte superior da fachada é o resultado de reformas realizadas a partir de 1869, segundo projeto de Antônio de Pádua e Castro que lhe deu um aspecto clássico. Apresenta-se composta por três grandes janelas, com guarda-corpo de mármore trabalhado, encimadas por nichos com estátuas de São Bernardo e Santo Adriano, procedentes de Lisboa. Entre os dois, há um medalhão de mármore trabalhado representando a coroação da Virgem, encontrado em escavações realizadas no terreno. Frontão triangular, com torre de mármore substituindo a original, destruída por uma bala de canhão [foto inferior] durante a Revolta da Armada em 1893. A fachada conta ainda com um relógio e, na torre, o mais antigo carrilhão por música da cidade.
O plano da nave é oval e da capela-mor retangular, ambas apresentando cúpula com lanternim [pequena torre curva sobre os telhados com função de iluminação]. A decoração interior foi realizada em dois momentos; numa mais antiga, de fins do século XVIII princípios do XIX, que corresponde ao retábulo [estrutura ornamental engastada na parede atrás do altar] da capela-mor e ao arco cruzeiro [arco que separa a nave da capela-mor], com elementos característicos do rococó. Outro momento, que está compreendido por volta de 1870-1872, relaciona-se às obras de estuque realizadas por Antônio Alves Meira ornamentando as cúpulas da nave e capela-mor e aos trabalhos executados por Antônio de Pádua e Castro para os retábulos da nave, púlpitos e coro.
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Três grandes janelas, com guarda-corpo de mármore trabalhado, encimadas por nichos com estátuas de São Bernardo e Santo Adriano, procedentes de Lisboa. |
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Entre os dois nichos há um medalhão de mármore trabalhado representando a coroação da Virgem. |
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Frontão triangular |
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"Bala perdida" da Revolta da Armada |
IGREJA DE NOSSA SENHORA DO CARMO DA ANTIGA SÉ (esquerda; na foto antiga ainda sem a torre alta erguida em 1905 e ligada por um passadiço sobre a Rua do Cano, atual Sete de Setembro, com o Convento do Carmo)
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IGREJA DA ORDEM TERCEIRA DE NOSSA SENHORA DO MONTE DO CARMO (direita)
Praça XV
IGREJA DE NOSSA SENHORA DO CARMO DA ANTIGA SÉ
No local onde se achavam as ruínas da Ermida de Nossa Senhora do Ó, próximo ao mar, os frades carmelitas iniciaram, em 1619, a construção de um convento e, em 1761, a construção de uma igreja que, mais tarde, foi transformada em Capela Real. Em 1808, com a chegada da família real portuguesa, foi elevada a Catedral Metropolitana, até a década de 1970, quando foi inaugurada a nova Catedral, na Avenida Chile.
Com três portas de entrada, a Igreja, de capela-mor e nave única, é coberta por abóbada de berço [cilíndrica] e apresenta capelas laterais profundas. Toda obra de talha rococó é atribuída ao Mestre Inácio Ferreira Pinto, destacando-se a parte que reveste o arco cruzeiro, culminando com um dossel e com um emblema do Carmo. Durante o reinado de Dom Pedro I, recebeu nova fachada, construída de acordo com o risco do arquiteto Pedro Alexandre Cavroé. O exterior foi alterado outras vezes [a última no início do século XX, quando recebeu a torre alta que vemos na foto acima]. Na sua planta, segundo Araújo Viana, predominou a forma da cruz latina, que, no Rio de Janeiro, só existem nela e na Candelária.
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Interior com exuberante talha rococó |
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Nave coberta por abóbada de berço, cilíndrica |
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Capelas laterais profundas |
IGREJA DA ORDEM TERCEIRA DE NOSSA SENHORA DO MONTE DO CARMO
A Ordem Terceira do Carmo, fundada em 1648, depois de se instalar provisoriamente numa ermida, deu início, em 1755, à construção de sua igreja, ao lado da que era conventual, com frente para a Rua Direita atual Primeiro de Março. Edificada por Mestre Manuel Alves Setúbal, foi sagrada em 1770. Os campanários das torres só ficaram prontos em 1850, feitos segundo risco do professor da Academia de Belas Artes, Manoel Joaquim de Melo Côrte Real. Templo de uma só nave e capela-mor profunda, é ladeado à direita por uma galeria que termina na sacristia e que se abre em arcada para um beco de passagem; pela esquerda, por um corredor que termina na capela do noviciado, executada por Mestre Valentim, em estilo rococó. A fachada de primorosa cantaria é encimada por frontão barroco, forte e ondulado, e pelas já referidas sineiras, de construção tardia, e que possuem arremates bulbosos revestidos de azulejos. A portada de lioz da frontaria [segunda foto abaixo] , vinda de Lisboa, foi benta em 1761 e apresenta notável medalhão com imagem da Virgem. Internamente, a talha foi executada por Luís da Fonseca Rosa e Mestre Valentim, seu discípulo. O altar-mor, do século XVIII, tem frontal e contrafrontal de prata. Os altares laterais estão iluminados por lampários de prata, desenhados por Mestre Valentim. Uma missa comunitária é celebrada às segundas-feiras ao meio-dia.
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Igreja da Ordem Terceira de N.S. do Monte do Carmo: "A fachada principal, toda revestida de granito, é típica da arquitetura portuguesa, o que atestam suas duas torres." Guia das Igrejas Históricas do Rio de Janeiro |
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Portada de lioz com medalhão da Virgem |
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Capela-mor profunda e cúpula |
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São Miguel Arcanjo, na sacristia |
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Talha barroca |
Fotos do editor do blog, exceto as antigas. Textos obtidos no site do IPHAN (exceto as observações entre colchetes).
NOTA: VOCÊ VIU AQUI SEIS IMPORTANTES IGREJAS HISTÓRICAS DO CENTRO CARIOCA. PARA VER TAMBÉM A PARTE 2 COM OUTRAS IGREJAS HISTÓRICAS CLIQUE AQUI OU NO LABEL "igrejas históricas do Centro do Rio" ABAIXO.