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É um prazer estar nos Prazeres. |
Escreve Lilian Fontes em seu livrinho Santa Teresa: “Infelizmente não posso entrar nas favelas de Santa Teresa, conhecer suas entranhas, as casas, conversar com os moradores. O trânsito ali se fechou. Os últimos dez anos do carioca têm sido marcados por esta acirrada questão da guerra entre traficantes, do poder que possuem, vedando totalmente os seus territórios. Sinto falta, neste meu passeio, de conhecer mais quem habita essa área do bairro. Mas não vamos insistir.” (Lilian Fontes, Santa Teresa, Relume Dumará, p. 17)
Morei uma década em Santa Teresa, nos anos 90, “a cavaleiro da cidade” nas palavras do saudoso Villaça, percorria o bairro de cima a baixo, de baixo a cima, mas tampouco me aventurei favelas adentro. Às vezes, de madrugada, ouvia tiros no Morro da Coroa próximo. Aquilo era território proibido, área do tráfico. Certa vez a escola do meu filho, o Colégio Suíça (que mais tarde viria a se transferir para a Barra), teve de interromper as aulas por uma semana devido à guerra do tráfico.
“Penso na favela. [...] Antes da guerra do tráfico de drogas, elas faziam parte da comunidade, todos conviviam.” (Lilian Fontes, Santa Teresa, p. 30) Com a pacificação tudo mudou da água para o vinho, e o convívio favela/asfalto se restabeleceu. Por ocasião da primeira FLUPP (Festa Literária Internacional das UPPs) tive enfim ocasião de conhecer o Morro dos Prazeres — aquela comunidade lá no alto, com acesso na altura do condomínio Equitativa (onde fazia ponto final o bondinho da linha Silvestre), condomínio esse que, nos anos da “cidade partida”, chegou a servir de rota de fuga do tráfico. Dignos de nota a vista, uma das mais bonitas vistas da cidade, o casarão art nouveau em perfeito estado de conservação, onde foi filmado Macunaíma e que hoje oferece atividades artísticas, educacionais e esportivas, e a barraca de churrasquinho misto com farofa, arroz e molho campanha!
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Sejam bem vindos |
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Paz |
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Casas (a da esquerda com ar-condicionado) |
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Casarão do Morro dos Prazeres |
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Uma vez Flamengo... |
“Os famosos trilhos do bondinho de Santa Teresa levam o turista direto para a entrada do Morro dos Prazeres. Com a pacificação da comunidade, o charmoso bairro ganhou mais uma opção para aqueles que visitam a cidade. A vista da comunidade é uma das mais incríveis que vimos nesse primeiro ano de Blog da Pacificação. O acesso principal para a favela é feito pela rua mais conhecida de Santa Teresa, a famosa Almirante Alexandrino, na altura do Corpo de Bombeiros. Uma placa indica a entrada do Morro dos Prazeres, subindo uma ladeira pela rua Gomes Lopes. Não é difícil encontrar e muito menos subir. A comunidade é muito hospitaleira e tem bastante coisa para conhecer.
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Na entrada da comunidade foi instalada a base da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Fica bem ao lado de uma grande quadra, utilizada pelos jovens da comunidade para partidas de futebol e outros esportes e para algumas festas dos moradores.
No pé da grande escada que leva para a parte mais alta da comunidade fica o prédio da associação de moradores. [...] Depois é hora de subir as escadas. A vista é incrível, mas para chegar lá é preciso gastar umas calorias. O destino é a praça Doce Mel. Pode perguntar que algum morador indica como chegar. Vale à pena. A praça tem umas das melhores vistas do Pão de Açúcar que eu conheço. Também é possível ver toda a região do Centro, Zona Norte e parte da Zona Sul. Subindo mais um pouquinho chegamos ao Bar do Tino. Se tiver na hora do almoço pode sentar e pedir a comida. Eu indico.” (Camilo Coelho, Blog da Pacificação)
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Prazeres |
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Meandros coloridos |
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O bondinho |
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Subindo |
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O casarão visto do alto |
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Vista deslumbrante |
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Cores da favela |
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O Cristo |
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Preserve a arte, amigo |
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Mural |
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Tenda Policarpo Quaresma da FLUPP na Quadra de Esportes |
“Com a bênção de Lima Barreto, autor homenageado nesta primeira edição da FLUPP, a FLUPP estreia em 2012, no Morro dos Prazeres, em Santa Teresa, Centro do Rio de Janeiro. Durante cinco dias, livros, leituras, escritores do Brasil e do mundo inteiro, oficinas, teatro, exposições, ações culturais diversas ocuparão inventivamente a comunidade.”
Nosso objetivo maior sempre foi colocar o livro – e a leitura, a literatura, o conhecimento – na ordem do dia. Conectar diversas redes a partir dele, torná-lo visível, usual e efetivo também para a chamada classe C. Classe C de Cultura como dizemos o tempo todo. Para nós, é importante irradiar, multiplicar e compartilhar o hábito da leitura, para muito além das disposições do mercado.
Acreditamos no poder de transformação dos livros, da leitura, do conhecimento. Sabemos que esses elementos não transformam o mundo, mas transformam as pessoas. Transformou a nós. Transformou a muitos outros com quem nos encontramos nessa travessia compartilhada. E podemos transformar mais. Há muitos conspirando para esse fim transformador. Nós somos mais uma abelha nesse enxame, mais um peixe nesse cardume.” (Programa da FLUPP)
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Exposição Lima Barreto: "Saindo da Ilha do Governador para ir de bonde até o Leme, viajando todos os dias de Todos os Santos para chegar ao centro, atravessando os subúrbios ou vagando pelas ruas elegantes, Lima Barreto era, como ele mesmo dizia, "um sujeito sociável" que passava das 24 horas do dia, mais de 14 na rua, conversando com pessoas de todas as condições e classes." (Programa da FLUPP) |
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Exposição África Chama de trabalhos dos alunos das oficinas do Casarão dos Prazeres |
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Mais beleza, menos lixo |
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Grafite no acesso à comunidade |