ENSEADA DE BOTAFOGO

ENSEADA DE BOTAFOGO
"Andar pelo Rio, seja com chuva ou sol abrasador, é sempre um prazer. Observar os recantos quase que escondidos é uma experiência indescritível, principalmente se tratando de uma grande cidade. Conheço várias do Brasil, mas nenhuma tem tanta beleza e tantos segredos a se revelarem a cada esquina com tanta história pra contar através da poesia das ruas!" (Charles Stone)

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA
São Paulo, até 1910 era uma província tocada a burros. Os barões do café tinham seus casarões e o resto era pouco mais que uma grande vila. Em pouco mais de 100 anos passou a ser a maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo. É pouco tempo. O século XX, para São Paulo, foi o mais veloz e o mais audaz.” (Jane Darckê Avelar)

26.11.10

RETOMAR OS TERRITÓRIOS


"Há dois anos estamos mostrando que queremos a pacificação. O nosso objetivo principal é retomar os territórios. Durante anos, os morros do Rio eram usados como portos seguros pelos bandidos, que cometiam suas barbáries e corriam, covardemente, para as favelas. É importante prendê-los, recolher drogas e armamento, mas é imprescindível lhes tirar território."

"Cabe a nós provarmos, com nossas ações, que nós temos as melhores intenções de trazer a paz para os moradores do Alemão. Estamos aqui e vamos permanecer. O que nos interessa é tirar essas quase 400 mil pessoas dessa masmorra de fuzil, dessa masmorra de ditadura."

José Mariano Beltrame, Secretário de Segurança do Rio de Janeiro. Foto superior obtida em O Dia e inferior - do cerco do exército aos complexos da Penha e do Alemão - em O  Globo. Informações detalhadas sobre a operação policial na Veja-RJ.


22.11.10

IGREJAS HISTÓRICAS DO CENTRO DO RIO (Parte 2.1): IGREJA DE NOSSA SENHORA DO BONSUCESSO

Rua Santa Luzia, 206

Vista da Santa Casa da Misericórdia e da Igreja de Nossa Senhora de Bonsucesso, Thomas Ender, 1817-18

A igreja situa-se ao sopé da ladeira da Misericórdia, caminho íngreme pelo qual se subia até alcançar o Castelo propriamente dito, local onde se encontrava a igreja e o Colégio dos Jesuitas. Após o desmonte, o trecho da ladeira ainda existente é o único remanescente do Morro do Castelo, um dos mais importantes lugares da história do Rio de Janeiro.

A igreja faz parte do amplo conjunto arquitetônico da Santa Casa da Misericórdia. A devoção à N.S. do Bonsucesso surgiu com a vinda de uma estátua da Virgem, trazida de Portugal. Desde 1639, comemora-se a sua festa no domingo seguinte ao dia 8 de setembro.

A primeira construção, simples capela de barro, data da época da fundação da Santa Casa da Misericordia (1582). A igreja foi reconstruída em 1754. No final do século, a fachada foi enriquecida com portão de pedra de lioz, e a sineira-frontão com volutas e pináculos. Em 1817, foi representada em aquarela de Tomas Ender.

Atribui-se o seu projeto arquitetônico ao Mestre Paulo Ribeiro (1713) e ao brigadeiro Jose Fernandes Pinto Alpoim (1761). O frontispício, apesar da reduzida dimensão, destaca-se no conjunto pela harmonia e elegância das linhas barrocas.

A simplificada interpretação de elementos da igreja de Jesus em Roma, as volutas que compõem o pavimento superior e o inferior, e os dois frontões, um retilíneo e outro curvo, sugerem a filiação da igreja à matriz arquitetônica jesuítica italiana.

A nave é recoberta pela talha em estilo rococó tardio, pintada em branco com frisos dourados — característica das igrejas consagradas à Virgem. No altar-mor, cujo retábulo foi refeito em 1820, está a imagem de N.S. de Bonsucesso, logo abaixo do Cristo crucificado.

Destacam-se três altares dourados e escuros. Remanescentes da igreja dos jesuítas, demolida com o Morro do Castelo, essas importantes peças maneiristas do patrimônio artístico colonial datam de fins do século XVI. No primeiro altar, à esquerda, no retábulo do altar-mor da antiga igreja, a imagem de Santo Inácio é ladeada por São Francisco Xavier e São Francisco Borja. Os outros, colocados frontalmente, têm ambos a imagem da Virgem da Conceição.

O púlpito e o abafa-voz, em estilo barroco, pertenceram ao antigo Colégio dos Jesuítas e a tradição atribui-lhes grande importância histórica por terem sido utilizados por José de Anchieta (1517-1570) e Manoel da Nóbrega (1534-1597).

Uma via sacra, composta de diferentes painéis pintados e montados em estandartes próprios para procissões, encontra-se na capela-mor e na sacristia. Nesta última, destacam-se arcazes em jacarandá, o lavatório em mármore policromado do seculo XVIII, o curioso relógio e o pequeno altar, onde é venerada Santa Isabel, padroeira da Santa Casa. (Fonte: Guia das Igrejas Históricas da Cidade do Rio de Janeiro editado pela Prefeitura)

Igreja de Nossa Senhora de Bonsucesso

Capela-mor

Observe a talha em estilo rococó, branca com frisos dourados

Cúpula octogonal em madeira permitindo a entrada de luz natural pelo lanternim

Uma relíquia dos primeiros tempos do Rio: altar maneirista (maneirismo foi o renascentismo português tardio) do final do séc. XVI, com imagem da Virgem da Conceição, trazido da Igreja de S. Inácio, dos jesuítas, no Morro do Castelo. 

A Igreja e, à sua direita, o antigo Recolhimento das Órfãs da Santa Casa, construção setecentista (1739) que surgiu com o objetivo de amparar órfãs carentes. À esquerda da igreja, a parte antiga da Santa Casa da Misericórdia. 

Das características maneiristas originais só se manteve o frontão triangular inferior. A portada de lioz, a torre sineira entre volutas, o segundo coroamento com frontão curvo e os pináculos são acréscimos barrocos da reforma do final do séc. XVIII. 

Informações das legendas obtidas no Guia das Igrejas Históricas já citado, no Guia da Arquitetura Colonial, Neoclássica e Romântica do Rio de Janeiro, em pesquisas na Internet e em consultas a Alexei Bueno. Para outras postagens sobre igrejas clique no marcador abaixo. Para ver um álbum de fotos de igrejas cariocas clique aqui.

15.11.10

IGREJAS HISTÓRICAS DO CENTRO DO RIO (Parte 2.2): IGREJA DE SANTA LUZIA

Rua Santa Luzia, 490

Igreja de Santa Luzia a beira-mar em 1890 em pintura de Camões

Uma pequena ermida consagrada a Santa Luzia era, em 1592, o único edifício na praia da Piaçava, posteriormente chamada praia de Santa Luzia. Nela, estabeleceram-se, durante quinze anos, os primeiros frades franciscanos.

Em 1752, a irmandade decidiu edificar nova igreja num terreno próximo, na mesma praia, de fachada muito singela, contava com uma torre e uma só porta de entrada. Em 1872, o templo sofreu remodelação, assumindo maiores proporções, segundo o projeto do Mestre Antônio de Pádua e Castro. São desta época as duas altas torres e as duas portas laterais.

A rua Santa Luzia foi aberta por imposição de D. João VI, que pretendia se locomover com sua carruagem diretamente do Convento da Ajuda à igreja para cumprir a promessa e assistir à missa — por este motivo, uma tribuna na capela-mor era destinada à família real.

Retratada por vários artistas e fotógrafos pela sua posição privilegiada, de frente para a praia, sua original beleza está documentada e pode ser apreciada na sala de passagem entre a igreja e a sacristia. O privilégio, no entanto, foi totalmente alterado pelas diversas remodelações que modificaram a cidade na primeira década deste século [século XX].

Com o desmonte do Morro do Castelo e o aterro dele proveniente, a igreja de Santa Luzia perdeu sua praia e secou sua fonte de água límpida, tida como milagrosa para as enfermidades dos olhos.

A igreja e o prédio da Santa Casa da Misericórdia, com sua igreja de N.S. de Bonsucesso, foram as únicas edificações que permaneceram em toda a área.

A fachada apresenta elementos do estilo neoclássico. Os três altares são do Mestre Antônio de Pádua e Castro, o mesmo artista que reconstruiu a fachada. Para o culto a N.S. dos Navegantes, há uma imagem da santa no altar à esquerda.

Atrás do altar, encontra-se a Sala das Promessas, com uma imagem de Santa Luzia em mármore branco, de onde jorra água cristalina, substituindo a fonte original, hoje obtida por um especial sistema de filtragem. Os devotos lavam os olhos e o rosto e bebem a água, ainda crendo nos seus poderes. (Fonte: Guia das Igrejas Históricas da Cidade do Rio de Janeiro editado pela Prefeitura)

A fachada conserva no corpo central a composição original do séc. XVIII.

Portada barroca.

Capela-mor rococó.

Estátua de Santa Luzia na Sala de Promessas

Lateral da igreja durante a Festa de Santa Luzia, em dezembro (época em que florescem os flamboyants).

A igreja em meio aos prédios. Do mar de outrora, nem cheiro!

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8.11.10

IGREJAS HISTÓRICAS DO CENTRO DO RIO (Parte 2.3): IGREJA DE SÃO FRANCISCO DE PAULA

LARGO DE SÃO FRANCISCO DE PAULA

Igreja de São Francisco de Paula em foto antiga de Georges Leutzinger.

Igreja da Ordem Terceira dos Mínimos de São Francisco de Paula

No antigo Largo da Sé, que nunca conseguiu abrigar sua catedral, a Venerável Ordem Terceira dos Mínimos de São Francisco de Paula recebeu, em 1756, um terreno para construir seu templo, concluído somente em 1801

A igreja reflete a tradicional arquitetura portuguesa, com duas torres com bases quadradas, nave retangular com corredores laterais, capela-mor ladeada de sacristia e capela privativa. 

A fachada é movimentada, com frontão curvilíneo de cantaria, sustentado por pilastras de ordem toscana. Nas duas torres cobertas por bulbos revestidos de azulejos coloridos, há quatro sineiras com dois relógios cada. A portada atual, resultado de uma substituição posterior, introduz no frontispício um elemento neoclássico. Essa peça de madeira trabalhada é obra de Mestre Antônio de Pádua e Castro. 

O interior da igreja tem revestimento de talha já próximo do neoclássico. A nave central é ladeada por dez enormes colunas coríntias, cinco de cada lado, decoradas com pesada ornamentação. 

Atribui-se a Mestre Valentim a talha tanto da capela-mor, quanto da capela privativa de N.S. da Vitória, pertencendo estas obras à sua última fase. As pinturas das paredes da capela de N.S. da Vitória são de autoria de Manoel da Cunha, um escravo que conseguiu aperfeiçoar suas técnicas na Europa e comprar a alforria com a paga de seus trabalhos. (Fonte: Guia das Igrejas Históricas da Cidade do Rio de Janeiro editado pela Prefeitura)

Fachada da igreja. Observe o frontão curvilíneo barroco.

Portada neoclássica

Interior da igreja. Observe as colunas coríntias laterais.

Interior (detalhe) com revestimento de talha já próximo do neoclássico.

Capela privativa

Lateral para a Rua Ramalho Ortigão.

Fotos do editor do blog. A Igreja de São Francisco de Paula, no Largo de São Francisco, no Centro da cidade, está aberta para visitação nos dias úteis no horário comercial. Missas são celebradas de segunda a sexta às 12h e 15h30. Para outras postagens sobre igrejas clique em um dos labels abaixo. Para ver um álbum de fotos de igrejas do Rio clique aqui.

1.11.10

IGREJAS HISTÓRICAS DO CENTRO DO RIO (Parte 2.4): IGREJA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO E SÃO BENEDITO DOS HOMENS PRETOS

RUA URUGUAIANA, 77

Igreja do Rosário e São Benedito ainda com o frontão maneirista setecentista, Thomas Ender, 1817-18.

O culto a N. S. do Rosário no Rio de Janeiro data de 1639. Os devotos tinham a imagem da santa na igreja de São Sebastião, no Morro do Castelo, pois a Irmandade de N. S do Rosário e São Benedito só foi aprovada oficialmente em 1669.

Quando a igreja de São Sebastião estava prestes a se transformar em Sé, decidiu-se retirar a imagem de N.S. do Rosário e para ela se construir um templo. Assim, iniciou-se a edificação da igreja em 1700, em terreno doado à Irmandade na rua da Vala (hoje Uruguaiana). [A construção concluiu-se em 1725.]

Em 1737, estando a igreja do Castelo ameaçada de desabar, a foi transferida para a igreja de N. S. do Rosário e de São Benedito, onde ficou até 1808, quando a Sé passou para a igreja do Convento dos Carmelitas [Igreja de N.S. do Carmo da Antiga Sé, na Praça XV], mais próximo à residência da família real [o Paço da Praça XV].

No início do século XIX, por duas vezes a igreja abrigou o Senado da Câmara [câmara dos vereadores]. É interessante destacar que seu interior foi palco de importantes acontecimentos históricos, desde a preparação do Dia do Fico, ao movimento de luta pela abolição da escravatura apoiada pela confraria.

Os negros do Rosário, na segunda metade do século XVIII, realizaram festas, restaurando a Corte do Rei do Congo, um desfile com rei e rainha, em cortejo público, música e dança simbólicos, considerado por muitos como um dos precursores do Carnaval carioca de rua.

A igreja conservou, da original fachada setecentista, a portada, em lioz, encimada por medalhão da padroeira. No século XIX, sofreu uma reforma. O interior é constituído por uma nave e dois corredores, em dois andares no lado esquerdo.

A ausência de riquezas em seu interior é resultado de um violento incêndio, que o destruiu em 1967. (Guia das Igrejas Históricas da Cidade do Rio de Janeiro editado pela Prefeitura)

Fachada da Igreja, remodelada em meados do séc. XIX.

Lateral direita da igreja

Lateral esquerda da igreja

Portada maneirista em lioz encimada por medalhão da padroeira

Interior despojado devido ao incêndio de 1967

O interior antes e depois do incêndio. Foto P&B de Schultz e colorida do arquivo do IPHAN.

Detalhe da fachada. Devido à estreiteza da Rua Uruguaiana, com uma câmera amadora não dá para enquadrar a igreja toda de frente.

Movimento em frente da igreja, que fica do lado do "camelódromo" (Centro de Comércio Popular da Uruguaiana).

Fotos do editor do blog (salvo indicação contrária). Para outras postagens sobre igrejas clique no marcador abaixo. Para ver um álbum de fotos de igrejas do Rio clique aqui.