ENSEADA DE BOTAFOGO

ENSEADA DE BOTAFOGO
"Andar pelo Rio, seja com chuva ou sol abrasador, é sempre um prazer. Observar os recantos quase que escondidos é uma experiência indescritível, principalmente se tratando de uma grande cidade. Conheço várias do Brasil, mas nenhuma tem tanta beleza e tantos segredos a se revelarem a cada esquina com tanta história pra contar através da poesia das ruas!" (Charles Stone)

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA
São Paulo, até 1910 era uma província tocada a burros. Os barões do café tinham seus casarões e o resto era pouco mais que uma grande vila. Em pouco mais de 100 anos passou a ser a maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo. É pouco tempo. O século XX, para São Paulo, foi o mais veloz e o mais audaz.” (Jane Darckê Avelar)

27.10.09

COM HELIO BRASIL EM SÃO CRISTÓVÃO

Ao falar de São Cristóvão, sou tentado por graves pecados: bairrismo (em muitos sentidos), saudosismo e fantasia da memória. Confesso tropeçar na linha limite entre a nostalgia e as lembranças. São Cristóvão está ligado à minha adolescência, época da vida em que geralmente as paisagens triviais são coloridas pela juventude, embelezando um quadro irrecuperável no presente. Peço desculpas se, utilizando as tintas da saudade, volto ao bairro retomando cores do passado.

O leitor me acompanhe em imaginárias caminhadas, avalie onde está a história e, sobretudo, me releve a tentação de falar dos dias em que o bairro ainda não fora injuriado por intervenções desastrosas. Se ao fim deste livro estiver convencido de que
São Cristóvão encerra muito da história do Rio de Janeiro e, sem exageros, do Brasil, estarei satisfeito.


(Helio Brasil,
São Cristóvão, Relume Dumará, pág. 14. Legendas das fotos a seguir — exceto textos entre colchetes — extraídas deste maravilhoso livro.)


A grande intervenção paisagística da Quinta [da Boa Vista] ocorre na segunda metade do século XIX, quando Pedro II incumbe o francês (nunca nos faltaram franceses para embelezar o Rio) Auguste François Marie Glaziou, como Diretor dos Parques e Jardins da Casa Imperial, de dar o toque artístico nos jardins do parque. O traço do francês já se fizera presente no Passeio Público e Campo de Santana. (pág. 115)


Proclamada a República, o palácio [imperial] abrigou a Assembléia Constituinte e, a partir de 1892, torna-se o Museu Nacional. [...] O Acervo do Museu é notável, sobretudo as peças tão caras ao imperador, ligadas à arqueologia. (págs. 114-5)


Descendo a Fonseca Teles encontraremos o Bairro de Santa Genoveva (na verdade, um minibairro), um conjunto residencial com arruamento ajustado à topografia do morro denominado do Breves. (pág. 78)


Não faltou ao núcleo uma capela devotada a Santa Genoveva, protetora de Paris. Convém lembrar que até a Segunda Guerra Mundial ainda éramos muito afrancesados em gostos e em nomenclaturas. (pág. 79)


Por trás do campo de São Cristóvão, na rua General Bruce, ergue-se no morro de São Januário, desde 1921, o Observatório Nacional, transferido do morro do Castelo. A visita ao local, principalmente agora em que lá foi criado o Museu da Astronomia, nos deixa maravilhados com o prédio principal [foto] e...


...as cúpulas onde estão instalados os telescópios, É imperdível a beleza da área verde do terreno, a cavaleiro do bairro. (pág.71)


Caminhando para o Campo de São Cristóvão, visite o prédio neogótico do Educandário Gonçalves de Araújo. Deixe-se encantar pelos jardins cuidados à frente do edifício. Espante-se com o caprichoso tratamento das escadas e não deixe de ver a capela interna. (pág. 104)

[Educandário visto do Observatório]


Para tornar-se cristão foi aconselhado a servir ao próximo. Dedicou-se a ajudar viajantes na passagem de um caudaloso rio, carregando-os nos ombros. Certo dia um menino solicitou seus serviços, e Réprobo, ao desincumbir-se deles, surpreendeu-se. Somente com enorme esforço, arrastando inesperado peso entre águas revoltas, concluiu a travessia, deixando a criança a salvo na outra margem. Foi-lhe então revelado que transportara em seus ombros o próprio filho de Deus e, conseqüentemente, os pecados dos homens por ele redimidos. A partir dali, batizado, ganhou o nome de Cristóvão (Cristophoros - o que carrega Cristo). (págs. 17-18)


[São Roque] é festejado em 16 de agosto, com a retumbância de fogos de artifício que faziam rubros os céus do bairro e trêmulos os nossos muros, forte tradição do bairro. (pág. 78)



Visite a casa da marquesa de Santos, a Domitila de Castro Canto e Melo, que tanto trabalho deu à corte do Primeiro Reinado. Saiba que a construção é um dos exemplares da arquitetura neoclássica no Rio de Janeiro e tem em seus interiores belos trabalhos de artistas importantes. [...] É hoje o Museu do Primeiro Reinado. (págs. 107/109)


Em frente à escola [Nilo Peçanha] está o Museu Militar Conde Linhares, o Museu de Artilharia. O edifício abrigava os cursos de preparação de oficiais da reserva (CPOR). (pág. 76)


Ao lado [do Hospital Quinta D'Or], no mesmo terreno, uma centenária e modesta capela dedicada a São Francisco de Paula. [...] A capela é pequena e o que encanta são sua singeleza e o desenho neogótico. [...] Revi, emocionado, os velhos santos. São José, São Luiz Gonzaga... Não sei se me reconheceram. Notei em um dos anjos tocheiros um leve sorriso de desdém... [págs. 81-2, 85, 87)


[O Pavilhão] serviu para exposições durante algum tempo e, depois, esteve prestes a ser demolido. Foi salvo pela instalação oportuna da feira no seu interior, ganhando especial colorido com as comidas típicas, as músicas e os festejos que tanto falam à alma brasileira então lá preservados. Tudo ali recorda os primeiros momentos em que nordestinos chegavam no Campo em seus transportes arriscados para tentar a sorte na grande cidade que ajudaram a construir. (pág. 105)


O Campo de São Cristóvão, de fundamental importância para o bairro, é considerado seu centro geográfico. No início do século XX o Campo mereceu reforma caprichada do governo Pereira Passos. [...] Na grande praça, restam o coreto e o mictório, equipamentos muito comuns e típicos nas praças brasileiras. (págs. 63/65)


O Zoológico é uma grande conquista do bairro e fator de valorização para o parque e para o Rio de Janeiro. O projeto de suas instalações originais nos idos de quarenta é do arquiteto David Azambuja.


Postagem originalmente publicada em 21/7/06. Fotos do editor do blog. Para acessar uma monografia de Rejane Sobreira Minato sobre a história do bairro de São Cristóvão clique aqui. Para ver outras postagens sobre São Cristóvão clique no marcador abaixo.

20.10.09

O 11 de Setembro do Rio

Palavras do Secretário de Segurança Beltrame: ""O que eu queria mesmo é que entendêssemos a queda do helicóptero no último dia 17 como sendo nosso 11 de setembro. E a partir daí houvesse política de segurança, não de governos, mas de estado. Não de um, mas de todos. Sociedade também."
Saiba mais sobre o desabafo do Secretário acessando o Blog do Noblat.

2.10.09

PARABÉNS, RIO!


O Rio de Janeiro conquistou o direito de sediar os Jogos Olímpicos de 2016 na tarde de sexta-feira. O placar foi folgado. A vitória, arrasadora. O poder econômico de Chicago, a eficiência de Tóquio e a história de Madri ficaram a comer poeira. O anúncio, feito pelo presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Jacques Rogge, foi o reconhecimento de uma candidatura madura e realista – corolário da força de uma economia estável e de uma nação politicamente pacificada. A tocha do ideal olímpico já ilumina o Rio de Janeiro com sua mensagem de superação individual com respeito às regras: "Citius, altius, fortius!" [lema dos Jogos Olímpicos que significa "Mais rápido, mais alto, mais forte!”] (Revista Veja, 7 de outubro de 2009)







ELE MERECE! PS. Começam a circular na Internet as indefectíveis críticas à nossa Olimpíada. Eta pessoal chato de galochas. Devem ser reencarnações do pessoal que era contra a vacina obrigatória no início do século passado. O Pan foi um sucesso, qual o problema de termos uma Olimpíada? Trará turismo, trará progresso, obrigará as autoridades a enfrentarem problemas crônicos (transportes, tráfico...), por que ser a priori do contra? Não é melhor dar uma de jogador de pôquer e "pagar pra ver"?



Fotos tiradas em Copacabana cerca de uma hora antes do anúncio da cidade que sediará as Olimpíadas de 2016. Para ler matéria da Veja-Rio sobre os benefícios das Olimpíadas para o Rio clique aqui.

RIO DE JANEIRO DE ENCANTOS MIL

Texto de Paulo César Martinez y Alonso (Pró-Reitor de Desenvolvimento da UniverCidade)


Praia de Copacabana; ao fundo, Leme e Pão de Açúcar

O Rio de Janeiro precisa de gente que vive, ama e trabalha pelo seu permanente progresso, desenvolvimento e (re)construção. E, para tanto, não somente o carioca como todos aqueles que elegeram o Rio para viver precisam se empenhar para que a Cidade possa continuar Maravilhosa. Para que isso ocorra, todos os cidadãos devem contribuir. E as autoridades constituídas têm o dever constitucional de zelar por sua segurança, além, é claro, de buscar caminhos, visando oferecer, e de forma permanente, educação, cultura, cidadania, saúde e bem-estar social.


Praia de Ipanema, pertinho do Arpoador

Não há no mundo Cidade mais encantadora. Paris, Londres, Roma, Atenas, Jerusalém, Cairo, Tóquio e Nova York guardam seus encantos, suas tradições, suas culturas e suas civilizações. A Cidade Maravilhosa, coração do Brasil, guarda encantos mil. Guarda praias, abriga florestas, encanta com o Pão de Açúcar e é abraçada pelo Cristo Redentor, que, diariamente, do Alto do Corcovado, também abençoa a todos, e sempre de braços abertos.


Corcovado visto do Jardim Botânico

Entre o sol de Ipanema, o mar de Copacabana, as Lagoas Rodrigo de Freitas e de Marapendi e a Mata Atlântica, está geograficamente a Cidade do Rio de Janeiro, que vem servindo de inspiração permanente para músicos, cineastas, poetas, escritores e artistas plásticos. Tom Jobim e Vinícius de Moraes, por exemplo, se serviram dos cenários da Cidade para compor músicas inesquecíveis, além de Chico Buarque e Belchior, dentre outros. João Cabral, na Praia do Flamengo, Manuel Bandeira, na Glória, e Carlos Drummond de Andrade, em Copacabana, foram, lembrando o poeta português Fernando Pessoa, grandes "antenas do Mundo". Fizeram versos e poesias, declarando, dessa maneira, amor e paixão, além de reverência, pela cidade. Pancetti e Sylvio Pinto, com suas marinhas, retrataram o litoral da Cidade, do cais do porto a Grumari.


Casa França-Brasil; ao fundo, Igreja da Candelária

Que maravilha! A atriz Teresa Rachel costuma dizer que, quando está com as malas prontas para viajar, curte a idéia de passar alguns dias fora, mas, quando demora em uma capital, sente saudades do Rio de Janeiro. Sentimento que certamente é dividido por todos os cariocas. Aliás, sentir saudades do Rio de Janeiro é até motivo de orgulho. A magia da cidade, com seu clima paradisíaco, banhada pelo Atlântico Sul, debaixo da linha do Equador e sob o Trópico de Capricórnio, seduz. E não é à toa que ela recebe, e sempre com hospitalidade, pessoas de todas as partes do mundo.


Igreja de N.S. da Lapa dos Mercadores vista da Rua do Mercado

Lembrando o maestro e compositor Tom Jobim, "Minha alma canta, vejo o Rio de Janeiro. Estou morrendo de saudades. Rio, teu mar, praias sem fim..., você foi feito para mim...". Aqui apareceram a Garota de Ipanema (..."olha que coisa mais linda, mais cheia de graça..."). Salve Helô Pinheiro, imortalizada pelo maestro maior, e o Menino do Rio, do baiano Caetano Velloso. As imagens das praias cariocas, do Morro Dois Irmãos, do Joá, do Jardim Botânico, da Princesinha do Mar, da Ilha Fiscal, da Floresta da Tijuca e dos carnavais (Mangueira e "as rosas não falam", de Cartola e de Dona Zica, Império Serrano, Beija-Flor, Portela e Salgueiro), sem esquecer do Maracanã (50 anos de vida e de glórias) são registradas por todas as emissoras de televisão do mundo.


Detalhe do Rio Antigo

Gláuber Rocha, Albino Pinheiro, Leila Diniz, Mário Peixoto e Sérgio Cabral foram/ são alguns dos personagens mais ilustres da Cidade. O Rio Antigo, de Ferrer, de Debret e de Rugendas...


Favela Pavão-Pavãozinho vista da Rua Raul Pompéia (Copacabana)

Ser carioca, aliás, é um estado de espírito, como costuma dizer a colunista Danuza Leão, sempre tão exuberante nas palavras. Ruas, praças, becos e favelas da Cidade estão imortalizadas, em belas canções. A Rua Nascimento Silva, por exemplo, ficou eternizada na voz da "Divina" Elizeth Cardoso, assim como o bairro de Copacabana, nas interpretações de Farney.


Igreja da Glória

Poder contemplar o projeto paisagístico do Aterro do Flamengo, a Igreja da Glória, no alto da Colina do Outeiro, a Candelária, os prédios centenários e históricos do Centro Cultural do Brasil e a Casa França-Brasil, assim como o Mosteiro de São Bento - uma jóia rara - , é absolutamente fantástico.


Igreja da Glória (detalhe)

Caminhar pela Paineiras é igualmente prazeroso. E a Cidade vista lá de cima mais parece um imenso, e gigantesco, postal. Em cores... Santa Teresa também encanta, com seu charme e beleza.


Cariocas ilustres: João do Rio, Rosinha, Villa Lobos, Noel Rosa, Manuel Bandeira, Madame Satã, Portinari, Di Cavalcanti

O Rio de Janeiro merece que todos seus habitantes trabalhem pela valorização dos seus encantos, pela preservação da sua história, pela divulgação da sua cultura, pela propagação da sua música, pela proteção ao seu rico meio-ambiente e pela obstinação em transformar, e definitivamente, a Cidade Maravilhosa no portão principal de entrada do turismo da América Latina.


Jardim Botânico: Chafariz das Musas

Para tanto, faz-se mister que todos juntos estejam de prontidão e em sua defesa.


Beco dos Barbeiros

Sempre.

O Rio é simplesmente incomparável !



Praia de Ipanema: ao fundo, Morro Dois Irmãos e Pedra da Gávea

Texto originalmente publicado no livro Anos de avanço na educação, no Jornal de Brasília e Jornal do Commercio. Postagem originalmente publicada neste blog em junho de 2007 mas vale a pena ver de novo. Fotos do editor do blog.