ENSEADA DE BOTAFOGO

ENSEADA DE BOTAFOGO
"Andar pelo Rio, seja com chuva ou sol abrasador, é sempre um prazer. Observar os recantos quase que escondidos é uma experiência indescritível, principalmente se tratando de uma grande cidade. Conheço várias do Brasil, mas nenhuma tem tanta beleza e tantos segredos a se revelarem a cada esquina com tanta história pra contar através da poesia das ruas!" (Charles Stone)

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA
São Paulo, até 1910 era uma província tocada a burros. Os barões do café tinham seus casarões e o resto era pouco mais que uma grande vila. Em pouco mais de 100 anos passou a ser a maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo. É pouco tempo. O século XX, para São Paulo, foi o mais veloz e o mais audaz.” (Jane Darckê Avelar)

31.7.12

FEIRA DE SÃO CRISTÓVÃO



no CENTRO LUIZ GONZAGA DE TRADIÇÕES NORDESTINAS
com trechos do cordel FEIRA DE SÃO CRISTÓVÃO do cantador, repentista, cordelista, violeiro e poeta JOSÉ JOÃO DOS SANTOS, O MESTRE AZULÃO



São Cristóvão é nos domingos
O ponto mais brasileiro
Encontro dos nordestinos
Que estão no Rio de Janeiro
Lá passam horas saudosas
Comendo coisas gostosas
E ouvindo um bom violeiro




O nordestino que fez
O grande Rio crescer
Construindo arranha-céus
Se arriscando a morrer
Comandado pelos gringos
Tem direito aos domingos
Ter seu lugar de lazer




O Campo de São Cristóvão
É palco de tradição
Dos primeiros nordestinos
Que deixaram seu torrão
Sua família querida
Vieram tentar a vida
Viajando em caminhão




Depois de dez, doze dias
Numa viagem sofrida
O Campo de São Cristóvão
Era o ponto de descida
Onde cada nordestino
Procurava seu destino
Em busca de nova vida




Iam para as construções
Onde outros trabalhavam
Trazendo carta e notícias
Dos parentes que mandavam
Aos domingos sem faltar
São Cristóvão era o lugar
Onde todos se encontravam




Ali passavam momentos
De saudade e alegria
Comprando coisas do norte
Que um e outro trazia
Fazendo reunião
No ponto da condução
De quem vinha e de quem ia [...]




Para matar as saudades
A feirinha era um consolo
Fava, feijão e farinha
Beiju, tapioca e bolo
Rapadura e requeijão
Alpargata e cinturão
Cachimbo e fumo-de-rolo




Chinelo e chapéu de couro
Maleta feita de sola
Alçapão pra passarinho
Colher de pau e gaiola
Apareceu folheteiro
Depois chegou sanfoneiro
E cantador de viola




Café e sarapatel
Pamonha e milho cozido
Ribaçã, carne-do-sol
Mel de abelha garantido
Feijão verde do sertão
Dando a gente a impressão
Que o norte estava chovido




Um pedaço do nordeste
Se via na Guanabara
Tinha até gente do sul
Conhecida pela cara
Uns vinham pra conhecer
Um comprar outro vender
Na feira dos paus-de-arara [...]




O Prefeito Cesar Maia
É grande admirador
Do caboclo nordestino
Honesto e trabalhador
Disse assim desta maneira
Eu vou dar a esta feira
Seu merecido valor




Vendo aquele Pavilhão
A anos desativado
Disse, não pode ficar
Este prédio abandonado
Vou tirá-lo da ruína
Para a Feira Nordestina
Vou construir um mercado [...]




No espaço grandioso
Fez a obra de primeira
Uma praça organizada
Com barracas em fileira
Cada, com sua extensão
Obedece a posição
De cada rua da feira




As ruas todas têm nomes
De pessoas de valor
Como diversos artistas
Cordelistas, cantadores
Alguns mortos, outros vivos
Uns que foram primitivos
Desta feira os fundadores




Tem a praça dos artistas
Cordelistas, e violeiro
O espaço do forró
Com o melhor sanfoneiro
Que no baião se destaca
Tem água em toda barraca
Com telefone e banheiro




A obra de César Maia
É atraente e granfina
A beleza arquitetônica
Nos encanta, nos fascina
Em qualquer ponto de vista
Vai atrair o turista
Para a Feira Nordestina




Quem já viu o Pavilhão
Em lixeira transformado
E hoje vê-lo tornar-se
No mais moderno mercado
Será do sertão a praia
O nome de Cesar Maia
Eternamente lembrado



Cantador, repentista, cordelista, violeiro e poeta, Mestre Azulão nasceu em Sapé da Paraíba (PB) e veio para o Rio de Janeiro com 17 anos. Herdou o apelido de Azulão de outro cantador, cujas toadas aprendeu aos 7 anos. Mestre Azulão é a memória viva da Feira dos Nordestinos, sendo um dos fundadores. Sua produção de cordel já atinge mais de 300 livros e já cantou na Europa e nos Estados Unidos. Morador de Japeri, Mestre Azulão tem três filhos, um de cada casamento.
 

Fotos do editor do blog tiradas na Feira de São Cristóvão em 2006, 2008 e 2012, estas últimas após as obras de revitalização que deixaram a feira mais bonita do que nunca (e mais cheia de gente também). Para mais informações visite o site da Feira de São Cristóvão. Clique no marcador "São Cristóvão" abaixo para ver outras postagens sobre esse histórico bairro carioca. E para terminar um pequeno vídeo amador com uma palinha do forró que rola lá na feira.


20.7.12

ENFIM, PRESERVADO! O CONVENTO DE SANTO ANTÔNIO

O conjunto colonial do Largo da Carioca (da esquerda para a direita: Convento de Santo Antônio, igreja do convento e Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência) antes da restauração.

O conjunto colonial após a restauração. Observe que a igreja do convento (meio) recuperará o frontão triangular maneirista original, semelhante ao da igreja do Mosteiro de São Bento.

No final de junho de 2012 tive a oportunidade de participar de visita guiada às obras de restauração do Convento de Santo Antônio e sua igreja no Largo da Carioca, centro da cidade. Estiveram comigo, entre outros, o escritor e arquiteto Hélio Brasil, autor do texto adiante, e a fotógrafa e artista plástica Sandra Santos, autora das belíssimas fotos abaixo. As duas fotos acima, que mostram o conjunto colonial antes e após o restauro são do material de divulgação do projeto.







ENFIM, PRESERVADO!
O Convento de Santo Antônio

O Rio de Janeiro convive, há quase cinco séculos, com mudanças físicas impostas a seu território, intervenções que alteram suas paisagens naturais e construídas. Não são novidades as velhíssimas histórias dos litorais redesenhados, de morros derrubados e espelhos d’água desaparecidos sob camadas de aterro. Desde os eliminados morros das Mangueiras, do Senado e do Castelo até o mais recente sacrificado, o morro de Santo Antônio, a história se repete. Não fossem as narrativas e pesquisas de nossos Vieira Fazenda, Coaracy, Brasil Gerson e Nireu Cavalcanti, as fotos de Ferrez, Malta e outros perspicazes observadores, a memória do espaço carioca estaria de todo perdida.

Afinal, no meio de tantos bens destruídos e aviltados, somos abençoados com a restauração que está sendo feita no Convento de Santo Antônio, belo exemplar remanescente da arquitetura religiosa, dos mais antigos da nossa Cidade, cuja pedra de fundação data do século XVII (4 de julho de 1608.). O terreno, resultado de uma doação aos franciscanos, ocupa a elevação antes chamada do Carmo e debruçava-se sobre a lagoa de Santo Antônio, nome de antiga ermida ali construída. Aterrado o espelho d’água e construído um chafariz (1723), transformou-se ele em um dos mais famosos logradouros do Rio de Janeiro: o Largo da Carioca. A igreja e o Convento, erguidos na elevação pelos frades da Ordem Franciscana, mantiveram como orago o santo homenageado na ermida – consagrando o topônimo – e, a seu lado, foi também construída a igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, vinculada à Ordem franciscana. O belo conjunto venceu as tormentas e chegou aos nossos dias, desfrutando boa visibilidade a partir do Largo. Sob o teto do convento ocorreram fatos e desfilaram presenças importantes para a história do Brasil. Lá, no século XIX, o nosso primeiro imperador teria redigido a carta do Fico. Em seus corredores segredaram-se os anseios da independência. Por lá também passaram, nos primórdios, figuras ilustres e santificadas do nosso clero, como Mont’Alverne, Vicente do Salvador, Frei Fabiano de Cristo, o notável botânico José Mariano da Conceição Velloso e outros.

Nos anos 20 do século passado, frades alemães, na piedosa tentativa de conservar a edificação, impuseram ao conjunto algumas alterações que o desfiguraram. A mais perturbadora: o frontão original, triangular, foi encapsulado sob uma empena de sabor neobarroco com certa pobreza de desenho [ver duas primeiras fotos]. A intervenção infeliz resistiu, por razões financeiras e técnicas, às reformas impostas ao Convento nos anos de 1950, à frente da qual esteve mestre Lúcio Cota e à subsequente, nos anos de 1980, com apoio da fundação Roberto Marinho. No presente, uma Equipe Técnica ― CEPAC tendo à frente a coordenadora Ana Lúcia Pimentel e os arquitetos Olínio Coelho e Felipe Borel, com apoio financeiro do BNDES e outros parceiros — luta para restaurar paredes, pisos, cômodos em sua espacialidade original, reavivando as volutas douradas, os nichos requintados e altares palcos de cenas da vida dos beatos ali adorados. Uma luta notável para nos devolver um monumento íntegro.

O edifício religioso deverá, assim, recuperar imagem bem mais próxima à sua feição original. A empena e seus coruchéus, por assim dizer, libertados do estranho invólucro, voltarão à fachada do templo. Seus muros e seus interiores, restaurados, permitirão aos frequentadores, com fins religiosos, turísticos ou de leigos interessados em cultura, apreciar sua arquitetura bem mais próxima do original. Uma feliz notícia para quem ama a cidade e deseja ver seu patrimônio histórico e artístico preservado.
Amém.                                                          

Helio Brasil – arquiteto - 2012  



















Sandra Santos, autora das fotos desta postagem, é mais um membro de uma família pernambucana da qual procedem importantes personalidades ligadas à cultura, como o desenhista e pintor  Augusto Rodrigues.

Seu contato com a arte começou cedo: aos 9 anos já frequentava a Escolinha de Arte do Recife, de seu tio Augusto, pioneiro da introdução do conceito de arte-educação no Brasil.

Depois de uma longa temporada vivendo em Paris, Londres e Sydney, radicou-se no Rio de Janeiro, onde ganhou notoriedade no exercício da xilogravura, participando de exposições no Brasil e no Exterior, lecionando durante 4 anos no MAM e atuando na área gráfica em capas de CD de variados importantes nomes da nossa música. Durante esse período teve catálogos com críticas muito elogiosas de artistas como Livio Abramo, Renina Katz e Thereza Miranda, entre outros.

Logo sua exuberância criativa a levou para outras linguagens gráficas, como a serigrafia, para dedicar-se posteriormente ao desenho e em seguida enveredar por muitos caminhos.

Com esse conhecimento adquirido, aliado ao crescente interesse pela fotografia,que definitivamente veio a ser mais um meio de expressão, imprimiu novos rumos ao seu trabalho.

9.7.12

MONUMENTO A PEDRO ÁLVARES CABRAL

TEXTO DE VERA DIAS, gerente de Monumentos e Chafarizes da Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos da Prefeitura do Rio de Janeiro



O conhecido monumento a Pedro Alvares Cabral, foi realizado para ser o Marco Comemorativo do Descobrimento do Brasil, nas festas do quarto centenário em 1900.

Obra do escultor Rodolfo Bernadelli, mostra a figura principal, Pedro Alvares Cabral, com uma expressão do arroubo, com  olhar para frente em leve subida. Este empunha na mão direita uma bandeira, sinal da conquista e de reverência, com o braço esquerdo aberto segurando seu chapéu.

Logo abaixo, praticamente nas costas de Cabral está Pedro Vaz Caminha, escrivão da frota, que registrou a descoberta, na carta enviada aos reis de Portugal. A figura olha para as céus, numa expressão de admiração, enquanto segura na mão esquerda o documento do feito.

Um pouco mais abaixo, ao lado, está Frei Henrique de Coimbra, capelão da frota, que celebrou  a primeira missa.  A estátua do Frei se apresenta com os dois braços cruzados na sua frente segurando um crucifico e olhar para os céus. 

O Monumento mede 10 metros de altura. A forma hexagonal do pedestal em granito carioca permite que cada uma das figuras seja observada isoladamente, valorizando os homenageados pela descoberta do Brasil.


Pedro Alvares Cabral, com uma expressão do arroubo, com  olhar para frente em leve subida. Este empunha na mão direita uma bandeira, sinal da conquista e de reverência, com o braço esquerdo aberto segurando seu chapéu.

Frei Henrique de Coimbra com os dois braços cruzados na sua frente segurando um crucifico e olhar para os céus

Pedro Vaz Caminha: A figura olha para as céus, numa expressão de admiração, enquanto segura na mão esquerda o documento do feito.  
Fotos do editor do blog. Vera Dias edita o excelente blog As histórias dos monumentos do Rio de Janeiro (ver BLOGS QUE ACOMPANHO na barra vertical à direita). O monumento fica perto da estação de metrô Glória.