ENSEADA DE BOTAFOGO

ENSEADA DE BOTAFOGO
"Andar pelo Rio, seja com chuva ou sol abrasador, é sempre um prazer. Observar os recantos quase que escondidos é uma experiência indescritível, principalmente se tratando de uma grande cidade. Conheço várias do Brasil, mas nenhuma tem tanta beleza e tantos segredos a se revelarem a cada esquina com tanta história pra contar através da poesia das ruas!" (Charles Stone)

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA
São Paulo, até 1910 era uma província tocada a burros. Os barões do café tinham seus casarões e o resto era pouco mais que uma grande vila. Em pouco mais de 100 anos passou a ser a maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo. É pouco tempo. O século XX, para São Paulo, foi o mais veloz e o mais audaz.” (Jane Darckê Avelar)

26.2.15

EXPOSIÇÃO "RIO: PRIMEIRAS POSES" - PANORAMA DO RIO DE JANEIRO


O IMS-RJ apresenta Rio: primeiras poses - Visões da cidade a partir da chegada da fotografia (1840-1930), como parte da programação especial dedicada aos 450 anos da cidade do Rio de Janeiro.
A exposição percorre nove décadas de produção fotográfica no Rio de Janeiro, com fotografias que documentam a cidade no Império, em especial durante o Segundo Reinado de d. Pedro II, e as primeiras quatro décadas da República.
A exposição encerrou-se em fevereiro de 2016, mas você pode ver alguns de seus materiais no blog Rio Primeiras Poses clicando aqui.

23.2.15

RUAS DO RIO SEGUNDO COELHO NETO

Dentre os romances brasileiros que conheço, o que mais se aproxima da escrita de Eça de Queiroz na variedade de personagens (jovens), profusão de diálogos, riqueza descritiva é A conquista de Coelho Neto. Trata-se de um "roman-à-clef, sem precisar de chave, pois os nomes dos personagens são parecidíssimos com os nomes reais dos que os inspiraram. É a história da vida boêmia de sua geração aqui no Rio." (Alexei Bueno) Os modernistas fizeram com Coelho Neto o que os esquerdistas viriam a fazer com Wilson Simonal: detonaram-no.  Injustamente. Segue-se uma descrição das ruas do Rio retirada de A conquista.



As ruas do Rio de Janeiro, como as de Paris, segundo Balzac, têm qualidades e vícios humanos: há ruas estroinas e há ruas pacatas, ruas ativas e ruas negligentes, ruas devassas e ruas honestas, umas cujos nomes andam constantemente em notas policiais, outras que são citadas nas descrições elegantes.

A rua do Senhor dos Passos é imoral e imunda, a sua linguagem é torpe, o seu vestuário indecoroso, as suas maneiras insólitas, o seu cheiro nauseabundo, é uma rua que se enfeita com alecrim e arruda e embebeda-se com cachaça, tem hábitos vis de xadrez e de tasca. Por mais que se arreie vê-se-lhe sempre a imundície e a pústula; por mais que se esfregue sente-se-lhe sempre o fortum.

A rua Sete de Setembro é uma delambida rameira que estropia a língua do país e escandaliza a moral; o seu colo tem placas, os seus lábios mostram a devastação fagedênica, o seu hálito envenena. Tais ruas são como essas flores noctilucas que só desabotoam à noite e expandem o seu aroma; durante o dia caladas, entorpecidas modorram em flácido e derreado abandono, bocejando.

A rua da Conceição é desconfiada, como que tem sempre o olhar à espreita, a navalha à mão, o pé ligeiro pronto para saltar e fugir. Não fala — murmura, cochicha, em gíria arrevezada. E maltrapilha e zambra, arrasta andrajos e oscila.

A praia de Santo Cristo [que desapareceu com a abertura do moderno cais do porto no início do séc. XX] tem o aspecto sadio de uma varina, criada livremente, à fresca e salitrada aragem marinha, diante da vaga, sempre a coser os panos das velas, abrindo-as ao vento ou compondo as malhas das redes que um repelão mais forte do peixe, no mar fundo, rompera em noite farta. A sua linguagem é rude como o fragor da onda na rocha, o seu olhar é límpido e seguro como o do mareante; tresanda à maresia. A sua força é a do vagalhão. Calma, tem o encanto da água serena em noites de luar, mas quando se insurge alvoroçada, quando se põe de pé, brandindo facas agudas e croques, remos e velhas bancadas de canoas roídas pela onda, esquecidas junto às dunas, apodrecendo ao tempo, tem a fúria irreprimível do mar tempestuoso.

A rua Haddock Lobo, com o seu ar repousado e feliz de velha senhora abastada, que dormita à sombra de árvores, entre crianças gazis e flores recendentes, digerindo, em sossego beato, sem cuidados, sem achaques, é calma e transmite ao espírito suavíssima idéia de descanso espiritual e de corpo, no imperturbável silêncio das suas aléias no frescor das suas finas águas correntes.

A rua do Ouvidor [a mais importante e badalada do Rio antes da abertura da Avenida Central] é trêfega. Durante o dia toda ela é vida e atividade, faceirice e garbo; é hilare e gárrula; aqui, picante; além ponderosa; sussurra um galanteio e logo emite uma opinião sisuda, discute os figurinos e comenta os atos políticos, analisa o soneto do dia e disseca o último volume filosófico. Sabe tudo — é repórter, é lanceuse, é corretora, é crítica, é revolucionária. Espalha a notícia, impõe o gosto, eleva o câmbio, consagra o poeta, depõe os governos, decide as questões à palavra ou a murro, à tapona ou a tiro e, à noite, fatigada e sonolenta, quando as outras mais se agitam, adormece. Ouve-se apenas o rumor constante dos prelos nas oficinas dos jornais. É a rua que digere a sua formidável alimentação diária para, no dia seguinte, pela manhã, espalhar pelo país inteiro a substância que compõe a nutrição do grande corpo, cada parte para o seu destino. Para o cérebro: as idéias que são os incidentes políticos e literários e as descobertas científicas, essas ficam com a casta dos intelectuais; o sentimento para o coração, que é a mulher; essa tem o romance e a esmola, o lance dramático e a obra de misericórdia; o movimento dos portos e das gares para o ventre e para os braços do povo que devora e do comércio que abastece e o resíduo que rola, parte para os cemitérios, parte para os presídios mortos e condenados. Outros que analisem a carta completa da cidade, eu fico nesta exposição.


(Do romance A Conquista de Coelho Neto de 1899. O conselho de que "outros analisassem a carta da cidade" foi seguido à risca por Paulo Barreto, mais conhecido como João do Rio, nas crônicas reunidas em A alma encantadora das ruas.)

18.2.15

CARNAVAL 2015

Agito na Lapa (Rio Marchinhas)

No ano em que comemora seus 450 anos de fundação, o Rio bate o recorde de turistas vindos para o Carnaval: um milhão. E não é mais só o desfile de escolas de samba — em si um evento monumental que mostra do que nosso país, nosso povo é capaz (se abolirmos a interferência política, a corrupção e a ineficiência). Os turistas vêm também se esbaldar no imenso parque de diversões em se transforma a cidade com seus mil e um blocos e cordões e bailes... e aproveitam para, entre uma folia e outra, visitar nossas atrações turísticas, que não são poucas. Eu como sempre fui ao Rio Marchinhas na Lapa, peguei uma casquinha no Lavradio Jazz Fest, pulei (este ano sob forte toró) num dos tradicionais blocos de embalo da Rio Branco (que este ano desfilaram na Graça Aranha devido às obras do VLT) e filmei os concursos de grupos de fantasias e grupos de clóvis na Cinelândia, nas tardes de, respectivamente, segunda e terça, que são meus maiores sucessos no YouTube. PS. O Carnaval também é uma oportunidade de passear pelas ruas do Centro à noite (algo que num domingo de uma semana normal você dificilmente faria). PS2. Uma nota trágica: um alemão morreu esfaqueado em tentativa de assalto no centro da cidade na terça-feira de Carnaval e eu mesmo sofri o "assédio" de um punguista. É preciso guardar o dinheiro (e eventual celular — deste estou livre) bem malocados. Nada é perfeito.

Lavradio Jazz Fest (o público)

Sorria, você está sendo fotografado ou Alegria, alegria...

Turmas de fantasias

Família foliã

Clóvis mirim

Dupla de clóvis

Noites cariocas

6.2.15

GALERIA URBANA CERRO-CORÁ


Na edição digital de O Globo (de que sou assinante) de 20 de janeiro leio esta matéria:

"Localizada no entorno do Corcovado, a comunidade do Cerro-Corá, no Cosme Velho, ganha, nesta terça-feira, um pequeno museu a céu aberto, com o qual também espera virar um cartão-postal da cidade. Na semana passada, 25 artistas e coletivos cariocas criaram uma galeria urbana — uma exposição que utiliza fachadas de casas, muros de encostas e paredes da quadra da favela como molduras e telas de pinturas. Com tintas, pincéis, latas de spray e azulejos, o grupo espalhou desenhos nos imóveis da Rua João de Lery, numa ação desenvolvida pelo movimento Rio Eu Amo Eu Cuido.

Segundo Ana Lycia Gayoso, coordenadora do movimento, o objetivo é melhorar a autoestima dos moradores, além de causar impacto no cenário da comunidade. O Rio Eu Amo Eu Cuido pretende ainda fazer contato com guias turísticos para incluir o Cerro-Corá nos roteiros que levam ao trem do Corcovado.

— A ideia é plantar uma sementinha para encorajar os moradores na transformação da própria comunidade. Queremos que as pinturas causem impacto no comportamento e na cultura de todos. Várias pessoas já relataram que passaram a ter orgulho de entrar pela porta da frente da casa — contou Ana Lycia."

Desde 2005 acompanho a evolução dos grafites no Rio de Janeiro, como você pode constatar clicando no label Grafites cariocas abaixo. Além disso sou partidário de ações "do bem", construtivas, como estas do Rio Eu Amo Eu Cuido  (em contraste com as ações "do mal", destrutivas, que nos assolaram no período conturbado pré-Copa). Portanto fui lá conferir. O resultado (belíssimo) você vê nas fotos. Para ler a matéria completa do Globo clique aqui.

Domine seu Medo de Leandro Raios

Miguel Figueiredo (1924-92). "Pai de cinco filhos, amante do samba, tocava banjo e bandolim. Boêmio por natureza, fazia parte do grupo Pingo D'Água e não dispensava uma cervejinha gelada."

Ana Laura (Dona Laura) (1928-?) "Ganhou a vida vendendo quentinhas para os operários que trabalhavam na construção do Túnel Rebouças. Considerada a 'mãezona' da Comunidade do Cerro-Corá, as portas da sua casa estavam sempre abertas para abrigo e lanche a qualquer hora do dia ou da noite."

A Canção e a Janela de Camobone Wesley


Viveiro de Tarm

Sem Título de Marcelo Ment

Mateus 6:21 de Afa. "Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso Coração."

Fila da Barbearia de Cazé Sawaya, Criz Silva e Pakato.

Motocicleta. Fotos do editor do blog.