ENSEADA DE BOTAFOGO

ENSEADA DE BOTAFOGO
"Andar pelo Rio, seja com chuva ou sol abrasador, é sempre um prazer. Observar os recantos quase que escondidos é uma experiência indescritível, principalmente se tratando de uma grande cidade. Conheço várias do Brasil, mas nenhuma tem tanta beleza e tantos segredos a se revelarem a cada esquina com tanta história pra contar através da poesia das ruas!" (Charles Stone)

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA
São Paulo, até 1910 era uma província tocada a burros. Os barões do café tinham seus casarões e o resto era pouco mais que uma grande vila. Em pouco mais de 100 anos passou a ser a maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo. É pouco tempo. O século XX, para São Paulo, foi o mais veloz e o mais audaz.” (Jane Darckê Avelar)

30.9.09

LAZARETO DE SÃO CRISTÓVÃO


Texto do livro de Helio Brasil, São Cristóvão (Coleção Cantos do Rio, Editora Relume-Dumará). Fotos do editor do blog, exceto as fotos finais antigas em preto e branco, as duas com iniciais NC, gentilmente cedidas por Nireu Cavalcanti, e a espetacular foto acima, do meu amigo Latvian.

Pintura de Leandro Joaquim, provavelmente de 1785, intitulada Procissão Marítima, exposta no Museu Histórico Nacional. Observe a antiga Praia de São Cristóvão e o Lazareto numa colina à esquerda. Reprodução obtida em Wikimedia Commons.
Lanternim e dois dos quatro coruchéus vistos da Rua São Cristóvão

Hospital Frei Antônio (ex-Hospital dos Lázaros): Fachada posterior

Experimente o leitor conhecer o Hospital Frei Antônio do Desterro.

Eis o que nos diz Moreira de Azevedo:

"Vagando pela cidade diversos indivíduos atacados de elephantiasis dos Gregos (sic), ou mal de são Lázaro, assustou-se o povo do contágio da moléstia.”

Aparentemente, doenças deformantes eram confundidas. Fosse como fosse, os inúmeros doentes davam má aparência ao centro da cidade, já tornada capital do vice-reino. O conde de Bobadela, Gomes Freire de Andrade, tentou dar condições ao antigo abrigo dos jesuítas no atendimento aos enfermos para removê-los do Centro. Para lá foram. Amontoavam-se os infelizes em casebres à frente do abrigo na praia de São Cristóvão. Mais tarde (1763), o conde da Cunha, sucessor de Bobadela, conseguiu implantar o Lazareto, graças à interferência de Frei Antonio do Desterro já sob a administração da Irmandade da Candelária.


Jardim

Pátio interno com azulejos e pisos em pedras portuguesas em estilo art nouveau do início do século XX

Detalhe dos azulejos

Após a vinda da família real, os morféticos foram removidos do prédio para que nele se instalasse o 3° Batalhão dos Caçadores, unidade de guarda da Quinta da Boa Vista. Ficaram os lázaros entre 1817 e 1833, sucessivamente, nas ilhas da Enxada e dos Frades (Bom Jesus), no litoral de São Cristóvão e, depois, trazidos de volta ao Lazareto. No período em que o batalhão permaneceu no edifício foram adicionadas instalações para os militares, resultando certa mistura no aspecto arquitetônico. Mesmo assim, do bloco principal, erguem-se quatro pináculos em torno de um central, mais alto, que empresta especial encanto à sua arquitetura.

Na praça Mário Nazaré, veja os vestígios do cais onde atracavam as embarcações e o rico portão de entrada. No interior aprecie o requinte que as sucessivas reformas criaram, envolvendo a primitiva capela de planta octogonal, dedicada a São Pedro e contemporânea da de São Cristóvão. No salão nobre apreciaremos os retratos a óleo, de corpo inteiro, do conde da Cunha e do próprio frei Antônio. Pelos corredores, testemunhos da azulejaria portuguesa, de refinados desenho e colorido.

Em nossos dias, em que a hanseníase já é curável, a Irmandade da Candelária garante assistência às remanescentes enfermas, idosas irmãs da Ordem, com asseio e carinho. De seu ex-pátio frontal, podemos contemplar o frontispício do prédio e parte do Cais do Porto.


Portas e azulejos de outro pátio interno

São Lázaro

Hospital Frei Antônio: fachada anterior

Fachada anterior: gradis em ferro e arcos neogóticos

Fachada anterior

Inscrição sobre granito, na porta principal, com a data de construção do prédio

Gradil e vista para o gasômetro e cais do porto

Fachada lateral: aqui os elementos colonais estão bem preservados, embora a platibanda seja um acréscimo posterior

Sino

Vista do alto. Ao longe, os guindastes do cais. Outrora o mar chegava bem mais perto!

Capela de planta octogonal (NC)

Conde da Cunha (NC)

Vitral art nouveau de Formenti de 1920 com inscrição Aqui Nasce a Esperança sugerida por D.Pedro II em 1881 no livro de visitas

Rico portão de entrada

Vestígios do cais onde atracavam as embarcações

Foto de 1906 da recém-inaugurada Avenida Francisco Bicalho. À esquerda o gasômetro e bem no canto o Lazareto

Hospital dos Lázaros em antigo cartão postal (gentilmente enviado por Paulo Renato Leite de Castro). 

Para ler uma história detalhada do Lazareto clique aqui. Para ver outras postagens neste blog sobre São Cristóvão, clique no marcador abaixo. O e-mail da Irmandade da Candelária, que administra o Lazareto, é sec@candelaria.com.br

21.9.09

ÁRVORES DO RIO

POSTAGEM ESPECIAL COMEMORATIVA DO DIA DA ÁRVORE
Textos extraídos do maravilhoso livro Árvore Cidade, de Mariana Varzea, Roberto Ainbinder e Cesar Duarte.

ALGODOEIRO-DA-PRAIA

"O algodoeiro-da-praia [...] é uma espécie pantropical, que se adapta a qualquer lugar dos trópicos, e vem sendo utilizada na recuperação das margens de lagoas e praias.
FOLHA simples, em forma de coração. FLOR grande, com cinco pétalas, amarela, com mancha triangular de cor vinho na base. Floresce durante todo o ano, principalmente de setembro a maio."

Fotos tiradas na Avenida Atlântica.



ABRICÓ-DE-MACACO

"Trazida das Guianas pelo paisagista Roberto Burle Marx, o abricó-de-macaco é uma espécie amazônica muito ornamental, não só por causa dos frutos, mas também por causa das flores que saem diretamente do tronco e são motivo de festa para insetos, animais e namorados."

Duas primeiras fotos tiradas perto do MAM, terceira no Largo do Machado e quarta em Laranjeiras (Rua Cardoso Junior).





AMENDOEIRA

"A amendoeira é uma das espécies mais presentes na cidade, irmanando bairros desde Santa Cruz a Copacabana. É também uma das principais testemunhas do nosso desenvolvimento urbano, no Passeio Público há um exemplar com mais de 150 anos. [...] É durante o outono e o inverno, quando as folhas caducam e tingem a paisagem carioca com tons amarelos, vermelhos e alaranjados, que a amendoeira marca o seu reinado na cidade. [...] Por nos proporcionarem o belíssimo espetáculo de criar verdadeiros tapetes de folhas no chão, proibiu-se o plantio das amendoeiras na cidade na década de 1990."

Fotos tiradas no bairro do Jardim Botânico, Lagoa, Forte de Copacabana, numa rua de Copacabana e novamente Lagoa (folhas caídas).







CASUARINA

"A casuarina foi trazida da Austrália no final do século XIX para arborizar o litoral brasileiro. Quem é morador do Recreio dos Bandeirantes [...] aprendeu a fantasiar contos de mistério e aventura nas tardes de vento e chuva, que fazem a árvore dançar e uivar até quase chegar ao chão."

Fotos tiradas na Barra da Tijuca e RIOCENTRO.



COQUEIRO-DA-BAHIA

"Sabe-se que há muito tempo o coqueiro freqüenta as praias do Brasil, da África e da Ásia, unindo paisagens tão distintas. [...] O coqueiro só passou a fazer parte do paisagismo urbano do Rio na década de 1960, no Parque do Flamengo, projetado por Burle Marx."

Fotos tiradas na Praia de Copacabana, Praia de Ipanema, Aterro do Flamengo, Urca (observe o Pão de Açúcar atrás) e Praia do Leme.






FIGUEIRA ITALIANA (ou fícus italiano)

"Conhecida no Brasil como falsa-seringueira ou seringueira, por causa do suco de látex que produz, a figueira italiana [ou fícus italiano] já faz parte da paisagem carioca há mais de cem anos. [...] No Parque do Flamengo, próximo à Marina da Glória, há um conjunto monumental que impressiona pela imponência."

Fotos tiradas no Aterro do Flamengo, Largo do Machado (observe o tamanho das folhas deste tipo de fícus) e Rua Bartolomeu Mitre, no Leblon.




FIGUEIRA MICROCARPA (o famoso fícus)

"Quando Glaziou foi contratado para embelezar as ruas da cidade não poderia imaginar o quanto o seu pensamento urbanístico iria marcar a nossa paisagem. Nem poderia prever que esta figueira monumental, trazida da Ásia, iria se transformar numa praga a ser dominada no início do século XXI." [Veja a bela crônica de Artur da Távola Velhos Fícus como Eu, neste blog.]

Fotos tiradas na Praça N.S. da Paz, Ipanema (duas primeiras) e Campo de Santana (duas últimas), onde encontramos fícus monumentais.





FIGUEIRA RELIGIOSA

Dizem os indianos que foi sob a sombra de um Ficus religiosa que Buda atingiu o Nirvana. [...] Por sua monumentalidade, a figueira religiosa foi escolhida para embelezar os canais da cidade [...] A copa é composta por folhas [...] no formato de um coração.”

Fotos tiradas na Praça N.S. da Paz (na calçada externa ao cercado) e Largo do Machado (observe a forma de coração com ápice pontiagudo da folha).



FLAMBOYANT

"Fazendo jus ao nome francês, que quer dizer 'flamejante', suas flores cor-de-laranja e avermelhadas anunciam a chegada do verão e 'colocam fogo' na paisagem."

Fotos tiradas na Lagoa.







IPÊ

"O ipê é uma das espécies brasileiras mais conhecidas e cultivadas. Dizem que só não deu nome ao Brasil porque Cabral chegou por aqui no verão e o ipê só se torna exuberante no inverno."

Os ipês florescem entre junho e setembro. Existem ipês amarelos, rosas e roxos. As fotos foram tiradas em frente da Igreja Santa Teresinha em Botafogo, Centro, Catumbi, Copacabana (na praça à entrada do Túnel Velho) e Urca (três últimas fotos - observe na última as flores caídas sobre a camionete).






OITI

"O oiti é uma espécie da Mata Atlântica. [...] Embeleza as principais vias do Rio de Janeiro desde o século XIX, quando Glaziou o introduziu no Centro da cidade. [...] Chama a atenção pela copa majestosa, com variada tonalidade esverdeada, resultante da mistura das folhas antigas com as novas. [...] É no enfrentamento do concreto dos viadutos como o Elevado Paulo de Frontin, e de avenidas, como a Av. N. S. de Copacabana, que o oiti mostra a resistência da mata brasileira."

Fotos tiradas na minha rua, Santa Clara, em Copacabana.



PAINEIRA

"Sua origem é a mata virgem sul-americana. [...] É ideal para embelezar parques e jardins e foi muito utilizada por Burle Marx em seus projetos."

A Paineira floresce no outono. As três primeiras fotos abaixo foram tiradas na Cinelândia e a última no Largo da Carioca, todas em maio.





PALMEIRA IMPERIAL

"Chegou ao Brasil nas mãos de um português, vindo da França, para ser dada de presente ao rei D. João VI. [...] Na cidade, as palmeiras documentam uma fase de nossa história e onde quer que estejam significa que vamos encontrar uma parte do nosso patrimônio cultural."

Fotos tiradas no Jardim Botânico (cujas palmeiras são famosas), Jardim Zoológico e jardim do Palácio do Catete ao entardecer.




PATA-DE-VACA

"Pata-de-vaca é uma árvore de pequeno porte e traz um encanto especial para canteiros e ruas onde o casario predomina. [...] Recebeu o nome popular por causa do formato de suas folhas."

Duas primeiras fotos tiradas na Lapa. A última, que mostra a flor de perto, foi tirada no Aterro.




PAU-BRASIL

"O pau-brasil deu nome ao nosso país, por causa da cor avermelhada, lembrando a brasa, de sua madeira. [...] No paisagismo urbano, sempre foi plantado em ocasiões oficiais e datas comemorativas."

Fotos tiradas no jardim do Palácio do Catete e no Parque da Catacumba (Lagoa).



PAU-REI

"Burle Marx, com o olhar visionário que habita a alma de todos os paisagistas, usou o nativo pau-rei como uma barreira natural contra a arquitetura cada vez mais verticalizada da cidade. O porte monumental deu origem ao próprio nome."

Foto tirada na Praça Cuauhtémoque (Flamengo).


Textos (entre aspas) extraídos do livro
Árvore Cidade, de Mariana Varzea, Roberto Ainbinder e o fotógrafo Cesar Duarte. Para obter mais informações sobre estas e outras árvores do Rio, recomendamos adquirir esse maravilhoso livro ilustrado (tente na Estante Virtual). Fotos do editor do blog. Postagem originalmente publicada no Dia da Árvore de 2006 e acrescida de fotos e textos novos em 2007 e 2008.

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