ENSEADA DE BOTAFOGO

ENSEADA DE BOTAFOGO
"Andar pelo Rio, seja com chuva ou sol abrasador, é sempre um prazer. Observar os recantos quase que escondidos é uma experiência indescritível, principalmente se tratando de uma grande cidade. Conheço várias do Brasil, mas nenhuma tem tanta beleza e tantos segredos a se revelarem a cada esquina com tanta história pra contar através da poesia das ruas!" (Charles Stone)

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA
São Paulo, até 1910 era uma província tocada a burros. Os barões do café tinham seus casarões e o resto era pouco mais que uma grande vila. Em pouco mais de 100 anos passou a ser a maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo. É pouco tempo. O século XX, para São Paulo, foi o mais veloz e o mais audaz.” (Jane Darckê Avelar)

26.4.08

ALFABARRA

Texto de Danuza Leão transcrito da revista Piauí 14. Fotos do editor do blog.



O Rio sempre foi polarizado. No século XIX, o máximo era viver em São Cristovão, onde morava a família imperial. Os chiques da época tinham horror à praia, que era considerada lugar de gente pobre, e só entravam no mar por recomendação médica. Pouco a pouco o Rio foi indo, inexoravelmente, rumo ao sul. Primeiro, era bem morar no Flamengo e em Botafogo. Depois, em Copacabana. Depois, em Ipanema, no Leblon e em São Conrado. E agora Barra e Recreio. (Daqui a pouco, será in o carioca morar na praia do Gonzaga, em Santos.) Houve um tempo em que a divisão era entre a Zona Sul e a Norte; hoje a cidade se divide entre as pessoas que moram ou não na Barra.


A Barra e o resto da cidade são dois universos distintos, que raramente se misturam. Quem mora lá freqüenta academias de ginástica, salões de beleza, médicos, dentistas, psicanalistas, hospitais, butiques, cinemas, veterinários, escolhidos não pelo critério de serem os melhores, mas por outro, muito mais importante: estão localizados na Barra. Lá não há ruas nem calçadas, todo mundo anda de carro. Os prédios são enormes e sem características marcantes, como o Alfabarra. A alma do bairro está nos shoppings. As mulheres costumam ser louras, de cabelo comprido e liso, e fazem muita ginástica.



Quem mora entre o Leblon e o centro dá um grito se alguém sugerir jantar num restaurante além-túnel. Pode ser o melhor do mundo, eles não querem nem saber. E tente convidar um habitante deste outro planeta a jantar do lado de cá: eles vão dar uma desculpa qualquer, mas de lá não saem. Por isso bons restaurantes do Rio têm aberto filiais na Miami carioca. É imenso o número de pessoas que, tendo se mudado para lá, acabaram transferindo seus escritórios para perto de suas casas. Mal disfarçando a empáfia, eles contam que levam de cinco a sete minutos para ir e voltar do trabalho.


A maior tragédia de uma mãe é quando seu filho comunica que vai se mudar para a Barra. Ela sabe que vai ser pior do que se ele fosse morar em São Paulo ou no exterior. Se fosse para a Europa, ele sentiria saudades da terra em que nasceu e viria visitar seu país uma vez por ano; ela também iria encontrá-lo e, apesar da falta que sentiria do seu filho, teria de se conformar em vê-lo tão pouco. No entanto, se ele for morar e trabalhar na Barra será muito pior. Adeus almoços de domingo, jantares familiares, telefonemas do carro, pelo celular, enquanto ele estava no congestionamento do trânsito. Se seu filho se mudar para a Barra, prepare-se para vê-lo uma ou duas vezes por ano, quando ele tiver de sair do seu paraíso para uma importante reunião de trabalho em, digamos, Botafogo. Aí, talvez – talvez – ele telefone e diga que, como estará perto de sua casa, vai dar uma passada para te ver. Mas por que essa mãe não vai visitá-lo naquele apartamento tão lindo, com um varandão enorme de frente para o mar?



É simples: assim como os de lá se recusam a vir para cá, os de cá têm horror a ir para lá, mesmo para ver um filho querido. A Barra desagregou as famílias e separou os amigos, pois quem mora lá passa a se dar apenas com quem mora lá. Por isso, previna-se: quando conhecer aquela pessoa maravilhosa, que poderia vir a ser seu amor definitivo, pergunte onde ela mora. E só dê prosseguimento ao romance se morarem do mesmo lado da cidade.


A Barra se tornou também o reino dos jogadores de futebol, que compraram apartamentos imensos e caríssimos, para a infelicidade dos seus vizinhos. Os moradores odeiam quando as famílias desses jogadores – imensas, com montes de crianças – vão visitá-los e usufruir dos luxos que os condomínios oferecem, como a piscina e demais apetrechos de lazer. Houve até um caso famoso em que, não sabendo que se tratava dos pais de um desses jogadores, alguns moradores chamaram o porteiro para impedi-los de subir pelo elevador social.


Clique no marcador abaixo para ver todas as postagens deste blog sobre a Barra da Tijuca. Para ler a crônica de Fernanda Torres "Eu amo a Barra" publicada na Veja Rio de 20/8/08 clique aqui.

10.4.08

BENS TOMBADOS (UM DESAFIO)

O blog Literatura & Rio de Janeiro acaba de atingir a marca das 100 mil visitas e, para comemorar, lança um desafio aos amigos. Aqui estão 19 fotos de bens tombados no Rio de Janeiro. Você tem que identificá-los (uma colher de chá: uma das fotos é do Theatro Municipal, outra do Paço Imperial, outra do Grande Templo Israelita, outra da Igreja da Glória, outra da Santa Casa de Misericórdia, outra... o resto é fácil, você vai descobrir!) As cinco pessoas que identificarem mais fotos ganharão prêmios. As respostas devem ser enviadas para ivokory@gmail.com e o prazo de envio é até 10 de maio.

(NOTA em 11/5: Consulte as soluções e relação de premiados no final da postagem - mas antes, veja quantas fotos você consegue acertar!)



Foto 1


Foto 2


Foto 3


Foto 4


Foto 5

O tombamento é um instrumento legal específico de proteção de bens culturais, criado em 1937, que possibilitou ao Estado, desde então, salvaguardar da destruição bens móveis e imóveis considerados de interesse público em função de sua importância cultural ou natural, conforme lemos no site do INEPAC. O tombamento pode ocorrer em três esferas: federal, estadual e municipal. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) é o órgão federal, vinculado ao Ministério da Cultura, responsável pela preservação do acervo patrimonial, tangível e intangível, do país (ver Wikipedia). Entre os bens tombados pelo IPHAN no Rio de Janeiro estão igrejas históricas, fortalezas, chafarizes coloniais, palácios, casas e prédios, antigos aquedutos, a Quinta da Boa Vista, as praias de Paquetá, os morros da cidade, o Parque Lage, o monumento a D. Pedro I. A relação completa de bens tombados pelo IPHAN encontra-se no Arquivo Noronha Santos. Ao Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC) cabe a preservação do patrimônio cultural do estado do Rio de Janeiro. Para acessar uma planilha de todos os bens tombados da cidade do Rio de Janeiro nas três esferas (federal, estadual e municipal) clique aqui. Na planilha você observará alguns tombamentos curiosos, como de árvores, cinemas, pinturas, cortiços, bares, etc.


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Solução do desafio:

01 - Real Gabinete Português de Leitura - Rua Luís de Camões, 30 - tombamento estadual.

02 - Igreja de N. Sª da Lapa dos Mercadores - Rua do Ouvidor, 35 - tombamento federal (IPHAM), incluindo todo o acervo.

03 - Igreja de N. Sª Glória do Outeiro - Pça N.Sª da Glória, 135 - tombamento federal.

04 - Antiga Casa da Marquesa de Santos, atual Museu do 1° Reinado - Av. Pedro II, 293 - federal.

05 - Palácio Tiradentes (Assembléia Legislativa) - Av. Presidente Antônio Carlos, 641 - federal & municipal.

06 - Hospital Geral da Santa Casa da Misericórdia - Rua Santa Luzia, 206 - federal.

07 - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) - Av. Pasteur, 404 - tombamento municipal; único remanescente dos pavilhões da exposição de 1908.

08 - antiga Casa de Osório, atual Academia Brasileira de Filosofia -
Rua Riachuelo, 303 - federal.

09 - Museu da Marinha - Ilha Fiscal - tombamento estadual.

10 - Antigo Instituto João Alves Afonso, atual Creche da Stª Casa da Misericórdia - Rua Ipiranga, 70 - estadual.

11 - Antigo Palácio Episcopal, atual Serviço Geográfico do Exército -
Morro da Conceição - federal.

12 - Igreja do Convento de Santo Antônio - Largo da Carioca - federal.

13 - Casa da Fundação França Brasil, antiga Praça do Comércio e depois Alfândega - Rua Visconde de Itaboraí, 78 - federal.

14 - Paço Imperial - Praça Quinze de Novembro, 48 - federal.

15 - Biblioteca Nacional - Av. Rio Branco, 219 - federal.

16 - Teatro Municipal - Praça Marechal Floriano - Cinelândia - federal e estadual.

17 - Palácio do Catete, que abriga o Museu da Republica - Rua do Catete, 153.

18 - Grande Templo Israelita - Rua Tenente Possolo, 8 - tombamento municipal.

19 - Palácio Itamaraty – antigo Ministério das Relações Exteriores - Av. Mal. Floriano 196 - federal.

Relação dos vencedores:

1 - Celina Leite - 19 acertos - "Obrigada pela oportunidade dessa gostosa brincadeira".
2 - Roger de Sena - 18 acertos - "Se demorei tanto foi por ter me esforçado e pesquisado bastante. Adorei participar..." empatado com Valter & Marta - "Desta vez está muito mais difícil, e foi necessária muita pesquisa para concluir o trabalho. Só depois de passarmos uma tarde de feriado rodando as ruas antigas entre a Candelária e a Praça Quinze é que conseguimos desvendar o mistério da Igreja da Foto 2."
3 - Chico - 10 acertos. O Chico criou o melhor site da Internet sobre o Catumbi em http://www.bairro.catumbi.nom.br/

Fotos do editor do blog.