Tudo bem que a praia faz parte do modo de vida do carioca — Rio sem praia é como Munique sem cerveja. Mas engana-se quem pensa que sem praia o Rio não é nada. Só o Rio Histórico já vale uma visita à cidade (como este blog não se cansa de mostrar). E temos o maior parque nacional do mundo dentro de uma área urbana, o Parque Nacional da Tijuca. O que pouca gente sabe é que a quinta atração mais visitada pelos turistas no Rio, depois da praia (claro!), Corcovado, Pão de Açúcar e Maracanã, é o Jardim Botânico.
O Jardim Botânico é diferente de outros parques e jardins. A vegetação num parque ou jardim é mais ou menos homogênea, a vegetação nativa do local. Mas no Jardim Botânico você pode caminhar horas — ele é imenso — que sempre verá uma paisagem vegetal diferente: da mata Atlântica ao Jardim Japonês, das palmeiras imperiais às vitórias-régias ou bambuzais ou alguma planta nativa das Ilhas Molucas ou de Madagascar ou do Sudeste Asiático ou... São espécies do mundo inteiro.
O Jardim Botânico é diferente de outros parques e jardins. A vegetação num parque ou jardim é mais ou menos homogênea, a vegetação nativa do local. Mas no Jardim Botânico você pode caminhar horas — ele é imenso — que sempre verá uma paisagem vegetal diferente: da mata Atlântica ao Jardim Japonês, das palmeiras imperiais às vitórias-régias ou bambuzais ou alguma planta nativa das Ilhas Molucas ou de Madagascar ou do Sudeste Asiático ou... São espécies do mundo inteiro.
Ir ao Jardim Botânico é desligar-se do burburinho urbano (e das mazelas da metrópole também) e adentrar uma outra dimensão, da beleza natural. Não a natureza bruta, plena de feras, perigos. Mas a natureza domada, como se nós, homens, criados à imagem e semelhança de Deus, tivéssemos "retocado" a obra divina. São dois séculos de paisagismo, tempo suficiente para que o nosso Jardim Botânico se tornasse uma das maravilhas do mundo. É ver para crer!
Para informações de endereço, horário, preço e como chegar lá consulte o Guia do Rio, o seu guia turístico carioca simples, prático & grátis, neste mesmo blog. Basta clicar na guia JARDIM BOTÂNICO lá no alto, no cabeçalho do blog.
Localizado junto a uma das vias de maior movimento da Zona Sul do Rio de Janeiro, no bairro ao qual empresta seu nome, o Jardim Botânico é um oásis de paz em meio à agitação da cidade grande.
Este é o único lugar no Rio onde é possível encontrar cerca de 6.200 espécies vegetais — algumas até em extinção — provenientes de todas as partes do planeta.
Sua origem remonta ao século XIX, à época da chegada da Família Real ao Rio de Janeiro, ocorrida a 7 de março de 1808. Preocupado com o problema acarretado pelas longas viagens e pelos perigos enfrentados durante o trajeto pelos navios que transportavam especiarias das Índias Orientais e de outras partes da Ásia para Portugal, grande mercado consumidor, D. João resolveu iniciar a construção, no Rio de Janeiro, de um parque onde essas espécies pudessem ser aclimatadas. Com esse objetivo, em 13 de junho de 1808, foi criado o Jardim de Aclimatação. Alguns meses depois, o jardim recebia o nome de Horto Real. A partir daí, o local começou a receber grande quantidade de sementes e mudas.
Tão logo D. João foi coroado monarca do Reino Unido de Portugal e Brasil, mandou aumentar a área do Horto Real e mudou seu nome para Real Jardim Botânico.
Com o retorno de D. João VI a Portugal, em 25 de abril de 1821, D. Pedro I, ao assumir o trono, deu prosseguimento às obras iniciadas por seu pai; sua primeira providência foi franquear ao público o Real Jardim Botânico, que, até então, era inteiramente privado.
(Texto extraído do Guia Michelin do Rio de Janeiro.)
O nobre quintal carioca
Quando estava grávida, em 1976, a jornalista Rosa Nepomuceno passava tardes inteiras sob um centenário jequitibá-rosa no Jardim Botânico. Anos mais tarde, ela descobriu que seu recanto favorito teve um fã ilustre: em visita ao Brasil, em 1925, o cientista Albert Einstein ajoelhou-se aos pés da árvore e beijou suas raízes. Ela está entre as 25 plantas emblemáticas do parque destacadas pela autora em O Jardim de D. João. Editado pela Casa da Palavra, o livro pega carona nos festejos dos 200 anos do Jardim Botânico, criado após a chegada da família real portuguesa ao Rio, em 1808. Em 176 páginas fartamente ilustradas com plantas, portais, aléias, lagos e fontes, Rosa recorre a sua memória afetiva e reúne histórias da instituição. A obra ressalta as palmeiras imperiais, cuja primeira muda veio do Caribe e foi plantada, supostamente, pelo próprio dom João. "A Palma Mater foi fulminada por um raio em 1972", ela conta. "Suas sementes deram origem às outras palmeiras do Brasil."
Antes da vinda da corte, a área foi engenho de açúcar e fábrica de pólvora. "A política de Portugal era estimular a criação de hortos nas colônias para aclimatação de plantas asiáticas que rendessem especiarias, frutas, madeira e resina para remédios e perfumes", explica. Para Rosa, a sobrevivência do local como o único horto remanescente do século XIX deve-se à mística em torno da nobreza e dos grandes cientistas que o visitaram. O livro recorda a abertura do Real Horto ao público, a partir de 1819, o que resultou na criação de linhas de bonde, restaurantes e pousadas nos arredores. Lembra, também, o período de decadência, quando foi anexado ao Imperial Instituto Fluminense de Agricultura, em 1861, com as pesquisas abandonadas e várias espécies desaparecidas. "O Jardim Botânico hoje é muito mais complexo, com cerca de 2 000 espécies e mais de 9 000 exemplares", celebra o presidente do parque, Liszt Vieira. "Vou lá quase diariamente. Conheço os funcionários e acompanho as florações", diz Rosa, paulista de Botucatu, que destaca a beleza do Jardim Japonês, um dos trechos do parque. "Apesar da intimidade, jamais me referi a ele como o quintal da minha casa, tamanho meu respeito e cerimônia."
Matéria publicada originalmente na Veja-Rio de 10 de dezembro de 2007.
"O Jardim Botânico da lagoa Rodrigo de Freitas era um dos lugares mais belos do Rio de Janeiro. Começou como um pequeno jardim criado pelo marquês de Sabará junto à fábrica de pólvora da Lagoa, dirigida por ele. Quando um visitante desejava conhecê-lo, acompanhava-o um soldado da fábrica, dando uma volta pelo recanto florido, descrevendo os diversos canteiros que tanto agradavam ao marquês. Havia por lá chá-da-índia, especiarias e sementes, trazidas da Ilha de França em 1809. Mais tarde, a fábrica de pólvora foi transferida para a raiz da serra da Estrela, onde tinha condições de produzir mais de dez mil arrobas por ano. O jardim de plantas exóticas fora ampliado para uma légua de comprimento e anexado ao Museu Real."
Jô Soares, O Xangô de Baker Street
"Quando, tempos passados, anunciou-se o grande piquenique ao Jardim Botânico, certo não foi objeção a lembrança deste descalabro de fadiga. Tínhamos almoçado na montanha [alusão a um passeio ao Corcovado]; tratava-se agora de ir jantar ao jardim. Prontos!
Ao meio-dia, apeava o Ateneu dos bondes especiais à porta do grande parque. Atravessamos cantando um dos hinos do colégio as arcarias elevadas de palmas. Junto ao lago da avenida, debandamos.
No bosque dos bambus, à esquerda, estavam armadas as longas mesas para o banquete das quatro horas. Graças à boa vontade dos pais, prevenidos oportunamente, vergavam as tábuas, sobre cavaletes, ao peso de uma quantidade rabelaisiana de acepipes. À parte, em cestos, no chão, amontoavam-se frutas, caixas e frascos de confeitaria.
Era por um desses dias caprichosos, possíveis todo o ano, mais freqüentes de verão, em que as bátegas de chuva fazem alternativa com as mais sadias expansões de Sol, deliciosos e traidores, em que, parece, a alma feminina se faz clima com as incertezas de pranto e riso. [...]
Às quatro horas a banda de música assinalou com o hino nacional o grande momento da festa campestre."
Ao meio-dia, apeava o Ateneu dos bondes especiais à porta do grande parque. Atravessamos cantando um dos hinos do colégio as arcarias elevadas de palmas. Junto ao lago da avenida, debandamos.
No bosque dos bambus, à esquerda, estavam armadas as longas mesas para o banquete das quatro horas. Graças à boa vontade dos pais, prevenidos oportunamente, vergavam as tábuas, sobre cavaletes, ao peso de uma quantidade rabelaisiana de acepipes. À parte, em cestos, no chão, amontoavam-se frutas, caixas e frascos de confeitaria.
Era por um desses dias caprichosos, possíveis todo o ano, mais freqüentes de verão, em que as bátegas de chuva fazem alternativa com as mais sadias expansões de Sol, deliciosos e traidores, em que, parece, a alma feminina se faz clima com as incertezas de pranto e riso. [...]
Às quatro horas a banda de música assinalou com o hino nacional o grande momento da festa campestre."
Raul Pompéia, O Ateneu, Capítulo 8.
Fotos do editor do blog. Veja também neste blog a postagem JARDIM BOTÂNICO, MARAVILHA DO MUNDO clicando aqui.