ENSEADA DE BOTAFOGO

ENSEADA DE BOTAFOGO
"Andar pelo Rio, seja com chuva ou sol abrasador, é sempre um prazer. Observar os recantos quase que escondidos é uma experiência indescritível, principalmente se tratando de uma grande cidade. Conheço várias do Brasil, mas nenhuma tem tanta beleza e tantos segredos a se revelarem a cada esquina com tanta história pra contar através da poesia das ruas!" (Charles Stone)

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA
São Paulo, até 1910 era uma província tocada a burros. Os barões do café tinham seus casarões e o resto era pouco mais que uma grande vila. Em pouco mais de 100 anos passou a ser a maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo. É pouco tempo. O século XX, para São Paulo, foi o mais veloz e o mais audaz.” (Jane Darckê Avelar)

24.12.20

FOTOS COLORIDAS DO RIO DE JANEIRO NO INÍCIO DO SÉCULO XX PELO PROCESSO PIONEIRO AUTOCHROME

Antes da popularização da fotografia colorida em papel, com o lançamento do filme Kodachrome em 1935 e do Agfacolor em 1936, já existia um processo pioneiro de fotos coloridas em placas de vidro, chamado Autochrome, patenteado em 1903 pelos Irmãos Lumière, os mesmos que descobriram o cinema.

A maior coleção mundial de fotografias Autochrome é a dos Archives de la Planète, organizada por Albert Kahn, animado pelo ideal da paz universal. Ele acreditava que o conhecimento das culturas estrangeiras encorajaria o respeito e as relações pacíficas entre os povos. Percebeu também que, em pouco tempo, sua época testemunharia uma mutação acelerada das sociedades e a desaparição de certos modos de vida. Assim, criou os Arquivos do Planeta e enviou dezenas de fotógrafos mundo afora para registrares as diferentes realidades culturais. Graças a esse projeto dispomos de fotografias coloridas pioneiras do Rio de Janeiro (e algumas de Recife) tiradas no remoto ano de 1909. As fotos do projeto foram digitalizadas e podem ser acessadas clicando aqui.

A autocromia, e seus imitadores, arrebataram um mundo ávido por cores. A chapa de vidro [...] podia ser usada em qualquer câmera comum. [...] Cada autocromo era uma imagem positiva única sem negativo (visível apenas contra uma luz de fundo ou como uma imagem projetada). Os fotógrafos de arte logo desistiram do processo, em razão das dificuldades inerentes à reprodução e à exibição. (Juliet Hacking (org.), Tudo sobre fotografia, Editora Sextante, pp. 276-7).

Dentre os fotógrafos em atividade no Rio de Janeiro, o único que empregou o processo Autochrome (autocromo), pelo que pude constatar (mas posso estar errado) foi Marc Ferrez. Você pode ler um artigo interessante sobre sua experiência com fotografias coloridas na Brasiliana Fotográfica clicando aqui. Transcrevo a seguir um trecho do texto do site:

“O fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923) iniciou suas experiências com fotografia colorida, em 1912, utilizando as placas autocromos Lumière, primeiro processo industrializado para esse fim, lançado comercialmente pela fábrica francesa, em 1907. Dedicou-se à fotografia estereoscópica em cores e as primeiras imagens coloridas realizadas nesse período são diferentes das fotografias panorâmicas e de grandes obras públicas, produzidas por ele no século XIX e na primeira década do século XX. São imagens do interior de sua casa e de sua intimidade familiar [...]. Nesse momento, Ferrez também refez, em cores, algumas das fotografias de paisagens, edificações e monumentos que se tornaram clássicas em preto e branco, como a Pedra de Itapuca, vistas do Jardim Botânico, o Theatro Municipal do Rio de Janeiro , o Palácio Monroe e a Pedra da Gávea, dentre outras.”

A seguir uma coletânea de fotografias coloridas do Rio de Janeiro obtidas pelo processo Autochrome.

1- FOTOS DOS ARQUIVOS DO PLANETA (1909)

Bairro de Santa Teresa, vendo-se o Castelo Valentim (centro-esquerda), prédio em forma de castelo que existe até hoje, e o Hotel Vista Alegre (direita) no terreno onde hoje está a clínica Saint Roman

Corcovado visto dos jardins da Avenida Beira-Mar, entre os bairros do Flamengo e Botafogo.

Vista do Bairro da Glória e Igreja da Glória a partir de Santa Teresa. À direita o Morro de Santo Amaro e ao centro a Rua de Santo Amaro.

Vista do Morro de Nova Cintra, que fica entre o Catete, Laranjeiras e Santa Teresa. 

Corcovado e Lagoa Rodrigo de Freitas vistos do Sumaré.

Santa Teresa: em primeiro plano à esquerda, Casa de Benjamin Constant; atrás, antigo casarão da União dos Economiários (UNEI) vendida em 2008 

2- FOTOS DE MARC FERREZ

Morro Dois Irmãos a partir da Praia do Leblon (cerca de 1912).

Portão principal do Jardim Botânico (cerca de 1912).

Palácio Monroe (cerca de 1912).

Pão de Açúcar visto do Morro da Urca (cerca de 1912).

São Conrado e sua igrejinha (cerca de 1920).




2 comentários:

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

Um espetáculo de imagens! Certamente, o Rio antigo teve muitas belezas de invejar a muitas gerações do presente que não puderam conhecer uma cidade com ares bucólicos e com atividades rurais em seus arredores.

Ricardo W disse...

Sensacional o passeio proporcionado pelo blog e pelos links levando a imagens