O
carnaval carioca é a festa maior e mais democrática da face da terra: tem folia
para todos os gostos e orçamentos, do requintado baile do Copacabana
Palace na noite de sábado cujo ingresso mais barato custa R$ 1750 e os desfiles das escolas de samba dos grupos A e Especial aos blocos que desfilam (ou ficam concentrados, sem desfilar)
por todos os cantos do Rio — você só gasta a condução e as eventuais latinhas
de cerveja vendidas pelos ambulantes.
Gostei
da iniciativa de desfilar no Aterro, parque belíssimo (com o paisagismo inconfundível
do Burle Marx) e espaçoso. Lá estiveram o Bangalafumenga (bloco que teve como
um dos fundadores o poeta Chacal) no domingo, o Sargento Pimenta (que canta Beatles com
batida de maracatu e samba) na segunda e a Orquestra Voadora & Intrépida
Trupe — orquestra só de metais e percussão — na ensolarada tarde de terça (esta
eu assisti).
A
Rio Branco no sábado é invadida pela horda do Bola Preta que abre os trabalhos
carnavalescos cariocas e transforma aquela via normalmente sisuda em uma cloaca
(dizem que são quase dois milhões, mas se você medir no Google Maps o comprimento e
largura da avenida e fizer as contas vai ver que há um pouco de exagero nisto —
ou não?), mas a partir do domingo vale a pena ver as turmas de fantasias e de bate-bolas (ou clóvis) que
se concentram na área da Cinelândia (respectivamente na segunda e terça-feira à tarde), os blocos de embalo (entre eles o velho
Cacique, patrimônio cultural carioca), blocos de enredo, afoxés, blocos afros,
sem falar nos foliões fantasiadas que vemos nas fotos desta postagem, todas
tiradas por lá.
O
Carnaval carioca é democrático — literalmente: a partir deste ano a Prefeitura
proibiu a delimitação e venda pelos blocos de áreas vip, alegando (com toda
razão) que “cordões de isolamento vão contra o princípio livre e democrático
típicos do carnaval carioca” (leia mais aqui).
Na
Lapa pelo terceiro ano consecutivo a Fundição Progresso nos brindou com
espetáculos gratuitos dos artistas, blocos e bandas que iniciaram sua vida
artística naquele bairro: tivemos Casuarina no sábado, Orquestra Popular Céu na Terra e Orquestra
Voadora no domingo, Moyseis Marques, Roberta Sá e Bangalafumenga na segunda e,
encerrando com chave-de-ouro na terça, a Banda Fundição, Sargento Pimenta e Cordão do
Boitatá (com canja do João Donato, vejam o alto nível da coisa). Um programaço
nota mil. A Lapa lota, mas todos na maior paz.
Razão
tem o produtor cultural Perfeito Fortuna ao pregar a utopia da pacificação
universal via exportação do espírito carnavalesco brasileiro. Tudo a ver.
Fotos do editor do blog tiradas no Centro do Rio de Janeiro no domingo e segunda-feira do Carnaval de 2013. Outras fotos você encontra no álbum CARNAVAL DE RUA RIO 2013 do Picasa.
2 comentários:
Estimado Ivo:
Muito boas suas manifestações escritas e pictóricas do Carnaval.
Sou um carioca de araque, pois, salvo, o lado pictórico e folclorico, o Carnaval não me empolga. Nem o de rua...
Mas seu trabalho está ótimo, valorizado pela oportunidade das fotos, fugindo ao convencional dos desfiles, etc. (enviado por e-mail)
Fotos incríveis e comentários muito perspicazes. Parabéns!
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