Roberto Marinho não era como esses milionários cujas casas são absolutamente indevassáveis. Quem passava diante do seu portão na Rua Cosme Velho via uma nesga da casa rosa, como mostra a foto abaixo tirada em 2013, mas jamais imaginava que um dia poderia adentrar aquele casarão que, pela extensão do muro, via-se que ocupava vasto terreno. Pois este ano seus filhos tomaram a louvável iniciativa de transformar a casa em centro cultural, permitindo que qualquer um a visite e contemple os quadros que Roberto Marinho colecionou durante sua vida.
Contam seus filhos: “Movido pelo amor à arte e pela crença no talento dos artistas brasileiros, costumava adquirir obras diretamente dos pintores e escultores que considerava promissores, ou, como dizia, porque gostava do trabalho, pela emoção que lhe provocava. Frequentava bienais e salões, galerias e ateliês, mas também adquiria quadros e esculturas para ajudar um artista em dificuldades.”
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A casa vista da rua em 2013 |
A casa de 1938 inspirou-se na casa grande do engenho Megaípe, daí suas linhas levemente coloniais, mas sem a estilização do neocolonial em voga na época.
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Casa grande do engenho Megaípe, por Percy Lau |
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Casa do Roberto Marinho |
Matéria de O Globo por Nani Rubin de 19/4/2018 informa: “A instituição cultural nasce no lugar que por décadas serviu de residência ao jornalista, e tem como objetivo ser um centro de exibição e pesquisa da arte moderna brasileira, foco da coleção adquirida ao longo de sete décadas.
A casa limítrofe à Floresta da Tijuca foi palco de festas memoráveis, que juntavam empresários, artistas e intelectuais. Ali, Dorival Caymmi e Amália Rodrigues cantaram, e Tônia Carrero e Paulo Autran encenaram peça do Teatro Brasileiro de Comédia. Após a morte de seu proprietário, em 2003, e a da viúva, Lily Marinho, em 2011, o local ficou desocupado.
Desde então, os três filhos do jornalista (com Stella Marinho, a primeira mulher) vinham pensando em como transformá-la em uma casa viva, mas que não passasse pelo culto à personalidade do pai, nem que fosse uma casa-museu, como conta Lauro Cavalcanti, diretor do espaço.”
A casa, na Rua Cosme Velho, 1105, pode ser visitada de terça a domingo, das 12 às 18 horas, com entrada até 17h15. O ingresso custa 10 reais (com meia para estudantes e os mais velhos como eu), mas nas quartas-feiras a entrada é gratuita. Para os andarilhos, do Largo do Machado até lá são 3,2 quilômetros. Tranquilo. Mas você pode saltar do metrô no Largo do Machado e pegar o ônibus integrado para o Cosme Velho.
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Modernos 10: Mostra inaugural da Casa Roberto Marinho reunindo dez expoentes do modernismo brasileiro nos anos 1930 e 1940 |
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Tarsila do Amaral, Paisagem II, 1963 |
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Milton Dacosta, Roda, 1942 |
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Djanira |
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Alberto da Veiga Guignard, Sem Título, 1927-31 |
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