ENSEADA DE BOTAFOGO

ENSEADA DE BOTAFOGO
"Andar pelo Rio, seja com chuva ou sol abrasador, é sempre um prazer. Observar os recantos quase que escondidos é uma experiência indescritível, principalmente se tratando de uma grande cidade. Conheço várias do Brasil, mas nenhuma tem tanta beleza e tantos segredos a se revelarem a cada esquina com tanta história pra contar através da poesia das ruas!" (Charles Stone)

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA
São Paulo, até 1910 era uma província tocada a burros. Os barões do café tinham seus casarões e o resto era pouco mais que uma grande vila. Em pouco mais de 100 anos passou a ser a maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo. É pouco tempo. O século XX, para São Paulo, foi o mais veloz e o mais audaz.” (Jane Darckê Avelar)

21.4.18

HOMENAGEM A TIRADENTES

PATRONO DAS POLÍCIAS MILITARES BRASILEIRAS, COM FOTOS DA SUA ESTÁTUA DIANTE DO PALÁCIO TIRADENTES (ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO RIO DE JANEIRO)



► Trechos do Romance XXXI do Romanceiro da Inconfidência de Cecília Meireles:

Por aqui passava um homem
— e como o povo se ria! —
que não passava de Alferes
de cavalaria!

“Faremos a mesma coisa
que fez a América Inglesa!”
E bradava: “Há de ser nossa
tanta riqueza!”

Por aqui passava um homem
— e como o povo se ria! —
Liberdade ainda que tarde
nos prometia.

E cavalgava o machinho.
E a marcha era tão segura
que uns diziam: “Que coragem!”
E outros: “Que loucura!”

Mas ninguém mais se está rindo
pois talvez ainda aconteça
que ele por aqui não volte,
ou que volte sem cabeça...


► Trecho do ótimo livro Praça Tiradentes de Roberta Oliveira:


Não foi exatamente na Praça Tiradentes e muito menos em Minas Gerais, como muitos pensam, que Tiradentes morreu. Tendo nas mãos um mapa da Biblioteca Nacional [ver abaixo], datado de 1785-1760, o historiador Milton Teixeira mostra o local exato da execução. Marcado pela palavra “forca”, este ficaria a algumas centenas de metros da atual Praça Tiradentes, mais precisamente no que hoje é a esquina da Avenida Passos com Rua Buenos Aires. Através do mapa e de alguns relatos históricos, também é possível reconstituir as últimas passagens da vida de Tiradentes. Milton conta que o alferes teria sido preso em 10 de maio de 1789, numa casa na Rua dos Latoeiros (atual Rua Gonçalves Dias), onde teria se escondido depois de passar um tempo na Igreja Nossa Senhora Mãe dos Homens (na atual rua da Alfândega). Tiradentes foi levado então para a Ilha das Cobras, onde passou a ocupar a cela número 3 do cubículo 5. Lá, foi submetido a vários interrogatórios, sempre negando a sua ligação com a Conjuração Mineira. Forçado pelas circunstâncias — todos os seus colegas o apontaram como líder do movimento — acabou assumindo o envolvimento. [...] Em sua sentença, a rainha Maria I foi taxativa: dos dez envolvidos, nove seriam presos e um seria condenado à morte. “Claro que sobrou para Tiradentes, que, além de ser o mais pobre entre os dez, ainda era dentista, profissão que parece nunca ter sido vista com bons olhos pelos portugueses”, brinca Milton. [...]

Detalhe do mapa de 1760 que mostra o local onde ficava a polé ou forca (seta). A Sé Nova à esquerda da seta não chegou a ser construída e no seu lugar está o atual Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ. Um pouco embaixo à esquerda dele, a Igreja de São Francisco de Paula e mais abaixo a de Nossa Senhora do Rosário, que ainda existem. A Rua do Alecrim (que era um prolongamento da Rua Nova do Hospíco) hoje é a Buenos Aires. O mapa inteiro pode ser visto aqui.


Não foi na Ilha das Cobras que Tiradentes passou sua última noite, e sim na Cadeia, edifício que ficava onde hoje está o Palácio Tiradentes; não por acaso, ali foi posta uma estátua do inconfidente. Vestido com uma camisa de onze varas e, segundo a lenda, depois de ter beijado as mãos e os pés do seu carrasco, Tiradentes deixou a cadeia na manhã de 21 de abril de 1792. Ele teria, então, seguido pela Rua da Cadeia (atual Rua da Assembléia), chegado ao Largo da Carioca, continuado pela Rua do Piolho (atual Rua da Carioca) até o campo da Lampadosa, assistido à missa na igreja que, na época, dava nome ao local e, finalmente, enforcado na esquina da Avenida Passos com Rua Buenos Aires. “Tiradentes nunca teve barba, bigode e cabelão, como costuma ser retratado em quadros e, no momento da execução, estava careca. Mas como a República chegou ao Brasil com um caráter agnóstico, o principal objetivo foi substituir a imagem dos santos pela das figuras pátrias. A de Tiradentes era a que mais se parecia com a de Cristo, porque, enquanto este veio para nos salvar, aquele teria vindo para nos libertar”, diz Milton, lembrando que, depois da execução, o corpo foi esquartejado na Casa do Trem (atual Museu Histórico Nacional) e cada pedaço enviado para lugares onde ele tivesse pregado suas idéias libertárias.


► Texto extraído do livro TIRADENTES CARIOCA de André Luís Mansur e Ronaldo Morais:
Tiradentes é um dos personagens mais polêmicos da História do Brasil, graças, principalmente, à sua transformação em mártir da então recém-criada república brasileira, em 1889. Os novos líderes do país precisavam de um símbolo dos novos tempos, algo ou alguém que marcasse a ruptura com o passado monárquico, ainda descendente da dinastia portuguesa dos Bragança. Tiradentes surge como este símbolo, ideal não apenas por ter lutado pela liberdade, nos moldes da República dos Estados Unidos da América do Norte, mas também por ter sido condenado à morte por D. Maria I, bisavó de Dom Pedro II, o imperador que os republicanos haviam acabado de destronar.

O resto, todo mundo conhece, ou já ouviu falar. Embora não exista nenhuma descrição de seu rosto, deram-lhe cabelos e barbas longas, o que seria impossível por Tiradentes ser militar, mas aí já estava explícita a vontade de compará-lo a Jesus Cristo (embora também não haja nenhuma descrição de seu rosto), com direito a martírio, execução pública e até a um Judas. “O processo foi facilitado por não ter a história registrado nenhum retrato seu. Restaram apenas algumas indicações nos autos. A idealização de seu rosto passou a ser feita não só pelos artistas positivistas, mas também pelos caricaturistas das revistas ilustradas da época” ” (Revista de História da Biblioteca Nacional, artigo “Mito Universal”, de José Murilo de Carvalho)




► Texto publicado na REVISTA ILLUSTRADA de abril de 1892, ano do centenário da morte do inconfidente:

O centenário de Tiradentes, o mártir da Inconfidência Mineira, representa para o moderno Brasil republicano a maior data da sua história.

Vindo das camadas inferiores, o mero alferes de milícia bem cedo ainda concebeu o plano grandioso de libertar a nossa cara pátria de um governo medíocre e indecoroso. E, impelido pela beleza desta conquista, que lhe atestava verdadeira intuição da política americana, deixou-se levar ao patíbulo, porque tinha certeza que a sua inquisição era mais do que um passo para a vitória do seu Ideal. E de fato. Como as plantas necessitam de orvalho para o seu desenvolvimento, a Ideia necessita de sangue para o seu triunfo. É o alimento, é a seiva que produz e produziu as árvores frondosas, à sombra das quais as caravanas descansam.

O Brasil, hoje República, celebra o centenário do desaparecimento do seu primeiro mártir. Tocante lição de história pátria e oxalá que tão nobre, tão extraordinário exemplo de altruísmo, posso inspirar melhor aqueles que nos governam, para a felicidade deste país, que ele tanto amou.

Cumpre, pois, aos nossos homens, respeitar pela lei, pela história e pela pátria, a figura simbólica, misto de amor e de liberdade, de quem para nós é mais do que um princípio – é uma força propulsora.


Antônio Parreiras, A Prisão de Tiradentes, 1914, óleo sobre tela, acervo do Museu Julio de Castilhos

► A construção do mito de Tiradentes (trecho do estudo A Prisão de Tiradentes de Ana Celina Figueira da Silva, David Kura Minuzzo e Eliane Muratore, cuja íntegra você pode acessar aqui)

As várias representações de Tiradentes ao longo da história do Brasil não são de um homem comum de sua época, mas de um personagem idealizado. É essa idealização que encontramos, de certa forma, na pintura A Prisão de Tiradentes; e para que possamos melhor avaliar a leitura do inconfidente proposta por Parreiras na obra, é necessário antes analisar como se formou o mito do herói nacional durante o período republicano.

Tiradentes é um dos mais bem-sucedidos mitos heroicos que o Brasil criou. José Murilo de Carvalho [em A formação das Almas: o imaginário da República no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990] nos mostra que o sucesso da construção desse mito está na associação feita de Tiradentes à figura de Jesus Cristo e o martírio deste.

Após a proclamação da República os republicanos enfrentaram dificuldade em encontrar a figura de um herói que representasse a sua causa e tivesse a “cara da nação”. Os principais participantes do evento de 15 de novembro não correspondiam à imagem que se pretendia criar de herói da República. Deodoro da Fonseca era militar demais e sua aparência lembrava a do outro ilustre velho, o imperador; Benjamin Constant não era líder militar nem civil e Floriano Peixoto era identificado com o jacobinismo republicano, que não correspondia ao tipo de República que estava se construindo. [...]

Pode-se dizer que a violência revolucionária dos inconfidentes permaneceu latente, porém a violência real, a que realmente aconteceu, foi a dos carrascos de Tiradentes. Portanto, Tiradentes foi somente uma vítima. Também Tiradentes prestava-se ao papel de herói, pelo paradoxo de que durante o tempo que passou na cadeia, até seu enforcamento em 21 de abril de 1792, tornara-se místico. A coragem demonstrada em seus últimos momentos de vida provinha do fervor religioso, assumira a postura de mártir, a exemplo de Jesus Cristo. Essa imagem mítica de Tiradentes é inicialmente construída com a obra História da Conjuração Mineira, de Joaquim Norberto de Souza Silva, em 1873. Souza Silva era alinhado à monarquia e para minimizar o papel de Tiradentes no movimento da Inconfidência, relatara as transformações ocorridas em sua personalidade e comportamento durante o período de reclusão. [...]

Os republicanos, a princípio não aceitaram a figura de um Tiradentes místico. Porém, Carvalho nos informa que a partir do livro de Souza Silva, tanto a tradição oral, como as representações plásticas e literárias de Tiradentes e até mesmo as exaltações políticas sobre o inconfidente, passaram a utilizar cada vez mais a simbologia religiosa e a aproximá-lo da figura de Cristo. Como não existia nenhum retrato de Tiradentes, as representações iconográficas, que passaram a ser feitas dele, basearam-se na descrição mística feita por Souza Silva em sua obra. Assim, um Tiradentes semelhante a Jesus Cristo, de barba e cabelos longos é a primeira representação pictórica do inconfidente feita por Décio Villares, em 1890 [que você pode ver aqui]. Trata-se de uma litogravura, onde aparece o busto de Tiradentes com a corda ao pescoço, ornado com “a palma do martírio e os louros da vitória. Barba e cabelos longos, ar sereno, olhar no infinito, era a própria imagem de Cristo”.

Durante o final do século XVIII e início do XIX são produzidas obras de arte dedicadas a Tiradentes, ressaltando a simbologia cristã; essas obras são: Martírio de Tiradentes, de Aurélio Figueiredo, 1893 [aqui]; Tiradentes esquartejado, de Pedro Américo, 1893 [aqui]; A Inconfidência, de Antônio Parreiras, 1901 e a Leitura da sentença dos inconfidentes, de Eduardo de Sá, este sem data [aqui].

Com a idealização de Tiradentes como mártir cristão, ele passou a ser visto não como um herói republicano radical, mas como herói cívico religioso, e foi transformado em herói nacional. [...]


Tiradentes na revista infantil Tico Tico de 30/5/1906

10.4.18

ILHA DE PAQUETÁ



Paquetá já não tem o charme dos anos 1920 quando senhorinhas e rapazes realizavam convescotes na aprazível ilha, com concurso de danças (Revista da Semana, 11 de novembro de 1922), nem é mais cenário de romances como A moreninha. Ninguém mais vem a Paquetá para tratamento de saúde da filha (sol e banhos de mar), como fez Licinio Athanazio Cardoso de 1891-95, e a ilha não recebe mais estadistas caídos em desgraça como o patriarca da independência. Sequer recebe mais elogios de estadistas, como o de Joaquim Nabuco, que em Minha formação escreve que “A ilha de Paquetá é uma joia tropical, sem valor para os naturais do país, mas de uma variedade quase infinita para o pintor, o fotógrafo e naturalista estrangeiro, nem se compõem mais canções como Luar em Paquetá

Ninguém mais convida a menina “pra tomar banho em Paquetá” (ou mesmo “pra piquenique na Barra da Tijuca, ou pra fazer um programa no Joá”), como na canção Vai com jeito imortalizada por Emilinha Borba. Nas revistas de hoje você não lê mais elogios pomposos como a graciosa Paquetá reserva apenas aos que penetram no seu seio de perfumes a contemplação das formosuras que não foram de longe pressentidas (Revista da Semana, 2 de abril de 1921), nem lê mais anúncios dizendo coisas como Aurora, seu procedimento me surpreende e me magoa. Esperei das 3 às 5 por você e só ontem recebi um recado de Lourdes, pelo telefone, dizendo que você não voltou de Paquetá [...] (Revista da Semana, 17 de setembro de 1921).

A classe média da Zona Sul já não passa os domingos lá, como passávamos nós, no meu tempo de criança, nos remotos anos 1960. O público agora é outro, é mais povão, torcida do Mengão, tipo público da Quinta da Boa Vista, que aliás já foi jardim da nobreza brasileira. Após uma campanha contra os maus tratos aos cavalos, as centenárias charretes foram substituídas por umas charretes elétricas que não têm a mesma poesia, mas têm a vantagem de não fazer cocô nas ruas. Tudo mudou.

Apesar dessas mudanças, Paquetá preserva sua essência: as casas ainda conservam muros baixos, jardins fronteiros, janelas sem grades. Carro na ilha só a ambulância (que raramente circula, já que a calma paquetaense favorece a boa saúde). Você entra na Casa de Arte numa tarde de domingo e se surpreende com uma seresta como nos tempos do Maestro Anacleto, que nasceu e sempre viveu na ilha.

Gente ilustre esteve ou morou em Paquetá: é o que nos ensinam as placas que preservam a memória da ilha. Marie Curie, que veio ao Brasil em 1926, teria dito ao jornalista Austregésilo de Athayde, segundo uma dessas placas, que “Paquetá é sem dúvida o mais belo recanto do mundo”. Outra dessas placas revela que Paquetá foi descoberta pelo cosmógrafo francês André Thevet em 18 de dezembro de 1555, ou seja, na época da França Antártica, ocupação que precedeu a fundação oficial da cidade. O Barão de Japurá, em Romances históricos por um brasileiro, que malgrado o título é um livro de poesias, escreveu: “Na Paquetá primorosa / Onde tristes mas sem tacha [=mácula]/ Passam-se os fugazes dias / Do ilustre e imortal Andrada [José Bonifácio]”. Joaquim Nabuco, no capítulo de Minha formação dedicado ao Barão de Tautphoeus, conta que

Nós tínhamos nos últimos tempos da vida de Tautphoeus uma pequena solidão em Paquetá, para as vizinhanças do chamado Castelo, em um remanso daquelas encantadoras paragens. Era uma antiga casa térrea a que um dos proprietários, um inglês, juntara uma varanda em roda e a meio um pequeno sobrado com venezianas verdes e balcão por onde subia uma trepadeira, dando-lhe um aspecto ao mesmo tempo singelo e pitoresco de residência estrangeira. A frente deitava para o mar e a parte baixa da costa do outro lado formava um suave fundo de quadro. A casa estava sobre uma pequena elevação, e o declive para a praia era tomado por um grande tabuleiro de grama, cuidadosamente tratado, como em um parque. [...] A nossa vivenda de Paquetá agradava-lhe por lhe dar com o silêncio e isolamento, que cercava a biblioteca, a escolha, à vontade, do mar, do campo e da montanha: as praias extensas, a floresta acessível, a planície atapetada, se lhe agradava passear; a água serena, o mar fechado à vista, como um lago suíço, se queria tomar o nosso barco e mandar o mudo, nosso saudoso remador, abrir a vela para os pequenos ilhotes de onde se avistam em um extremo os Órgãos de Teresópolis, e no outro a serrania da cidade... Ele vinha sempre aos sábados e ficava o domingo, e às vezes, nas curtas férias que tinha, dias seguidos...

Uma moradora que foi para Paquetá com sete anos e agora está com 77, se empolga e conta que “o imperador e a princesa Isabel frequentavam a ilha [!] e que a Capela de São Roque fica no lugar onde morou o santo [!!]”. Exageros à parte, a Capela é realmente uma das mais velhas do Rio, como você pode conferir na nossa postagem Qual a Igreja mais Antiga do Rio de Janeiro? (para acessar clique aqui).

Dito isto, o vídeo amador acima e as fotos a seguir contam mais que mil palavras!


Na barca

Paquetá

Capela do Cemitério de Paquetá, projeto do artista Pedro Paulo Bruno

Casas antigas & ciclista

Janela & flores

Raízes

Rio visto de Paquetá

Paquetaenses

Árvores

Capela de São Roque em Paquetá. A Capela de São Roque foi construída no finalzinho do séc. XVII (em 1698 segundo o Guia do patrimônio cultural carioca) nas terras da Fazenda de São Roque. O santo padroeiro dos proprietários da fazenda passou a ser também o dos habitantes da ilha. Até então a comunidade da ilha tinha de ir de barco até Magé a fim de participar de cultos religiosos. Tombada por decreto municipal de 1999.

Casa de Artes Paquetá. Vez ou outra rola um chorinho ali, confira no site.

Pescadores

Chalé

Tronco serrado de uma árvore que tombou

As casas ainda conservam muros baixos, jardins fronteiros, janelas sem grades

Na volta, a barca se aproxima do Centro do Rio. Fotos do editor do blog.

HORÁRIO DAS BARCAS para você também ir lá: