ENSEADA DE BOTAFOGO

ENSEADA DE BOTAFOGO
"Andar pelo Rio, seja com chuva ou sol abrasador, é sempre um prazer. Observar os recantos quase que escondidos é uma experiência indescritível, principalmente se tratando de uma grande cidade. Conheço várias do Brasil, mas nenhuma tem tanta beleza e tantos segredos a se revelarem a cada esquina com tanta história pra contar através da poesia das ruas!" (Charles Stone)

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA
São Paulo, até 1910 era uma província tocada a burros. Os barões do café tinham seus casarões e o resto era pouco mais que uma grande vila. Em pouco mais de 100 anos passou a ser a maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo. É pouco tempo. O século XX, para São Paulo, foi o mais veloz e o mais audaz.” (Jane Darckê Avelar)

25.7.08

JOVENS POLACAS


Chegou à terceira edição, agora em formato de bolso e preço módico (R$ 17,90), o romance de minha companheira de letras e de bairro (e colaboradora deste blog) Esther Largman "sobre o drama das prostitutas judias que vieram para o Brasil no início do século XX, enfrentando os códigos sociais e transgredindo os preceitos éticos da religião. Vítimas dos gigolôs franceses e dos traficantes de judias das aldeias pobres do Leste Europeu, essas jovens desembarcavam em terras brasileiras e eram encaminhadas por cafetões judeus para os bordéis do Rio de Janeiro. Não importava de onde viessem - eram as polacas, e o termo adquiriu um atrativo erótico considerável na vida boêmia da cidade."

"A história precisa ser contada. Não há outra coisa a fazer com os espectros a não ser exorcizá-los. Esta é a tarefa a que se propõe Esther Largman em seu Jovens Polacas." (Moacyr Scliar no Prefácio do livro).


Trecho do livro:

Os tempos estavam difíceis em Odessa, desde a época em que emigraram os outros tios e a prima Anita. [...] Certo dia apareceu um capataz novo, um rapaz moreno, muito elegante e bonito, Benjamim Tarnow, que começou a dirigir-lhe a palavra, elogiou sua beleza e, depois de algumas semanas, convidou-a para passear. Aos poucos Sarah apaixonou-se. Tempos depois, ficaram noivos e Benjamim avisou que iriam para a América do Sul, onde tinha parentes com negócio montado, e ricos. [...]

Quando chegou ao Rio de Janeiro, após pararem em Recife, cansada e já um pouco arrependida, ficou num hotel horrível, um pardieiro quente e sujo. Reclamou com Beny [Benjamim].

— O que você pensou, que eu ia morar num palácio? Temos primeiro que trabalhar e muito, não é, minha princesa? — perguntou irritado e irônico.[...]

Vi que, além de mentiroso, Beny era falso, grosseiro, e quando reagi, foi claro e cruel: tinha me trazido para ser uma de suas curves [prostitutas]!


Fotos das polacas por Augusto Malta.

21.7.08

POEMAS CARIOCAS DE JAMIL DAMOUS


PAISAGEM VAZIA

Enquanto o carro corria veloz pelo Aterro,
naquele exato instante
em que a tarde era calma
e nos banhava com sua luz quase irreal,
eu era feliz
e a cidade emoldurava teu gesto.
Neste outro instante
que o tempo vem repetir
em absurdo vídeo-teipe,
está vazia de ti a paisagem.
Em sua indiferença,
o Pão de Açúcar
não alimenta esta fome.
E o Cristo
não redime
esta dor.



CEMITÉRIO DE SÃO JOÃO BATISTA

Tudo é tão duro
na luz desta manhã:
o Pão de Açúcar, o muro,
a natureza vã.

Dura é a beleza
do céu sobre a cidade.
Ó Rua Real Grandeza,
quão grande é a realidade!


SCOTCH
Para o Paulinho Leite

Num silencioso depósito
de uma destilaria
nas terras altas da Escócia,
com infinita paciência,
este malte envelheceu.
Antes, a laboriosa cevada
foi perfumada pela fumaça da turfa,
foi moída e fermentada,
separou-se o líquido do mosto
e entre uma caldeira e outra
passeou, vaporoso,
pela serpentina sinuosa.
Dos tonéis que um dia foram carvalhos
este líquido roubou
o seu suave castanho.
O mesmo castanho
onde neste exato instante pousam meus olhos
ofuscados pela luz janeira
deste verão do Rio.



ALGUNS AZUIS DO MAR DA BARRA

O primeiro azul
é esse que desfalece
em ondas, êxtase
por sobre a areia

O segundo azul
- azul escuro -
antevê o gozo
em calmaria

O terceiro azul
- misterioso, longe -
é íntimo do céu


O último azul
- azul do céu -
fala outra linguagem
que não nos é dado
entender



SOL DE IPANEMA

Naquele tempo,
entre um chope e um sonho,
diziam os cariocas:
"A gente se vê no Sol".
E o Rio era belo e signi-
ficava no coração do poeta.
No dia seguinte, o sábado
resplendia seus calores,
seus clarões
suas claras significações.
A Pedra da Gávea e o Dois Irmãos
nos compreendiam
mesmo mais distantes
do que os edifícios assépticos
ali em frente.
Éramos jovens
e olhávamos para além do Atlântico,
enquanto a água,
a fria água de um janeiro
para sempre perdido na areia do tempo,
vinha lamber
os nossos pés ardentes.



GEOCENTRISMO

Naquela manhã de janeiro,
na praia de Ipanema,
Galileu teria ido mesmo pra fogueira.
Todo mundo sabia
que era em torno da Terra
ou mais precisamente
que era em torno de ti
que o Sol
girava.


O DIA NASCE RUBRO

O dia nasce rubro
pros rumos de Botafogo.
O Pão de Açúcar é um presente
que meus olhos desembrulham
ainda cobertos de nuvens.

Na encosta do morro
os passarinhos cantam
obstinados
sua presença no mundo.
Logo estarão – estaremos –
vencidos pela manhã ruidosa.


DE CARRO NA LAGOA

por sobre os edifícios banais
e os automóveis engarrafados
o horizonte verde da cidade amada se eleva

e súbito me enleva

nessa levada eu vou
- um samba de pixinguinha
num ritmo rock´n´roll


HELICÓPTERO SOBRE O MORRO DA SAUDADE

beija-flor de aço
       pairas mecânico
ante a flor rubra do dia

quem vieste resgatar?
este homem triste?
sua esperança?
       pairas, enigma

o ruído de teus rotores
encobre
toda e qualquer resposta

súbito derivas
para o morro dos cabritos
e avistas
um outro enigma
       o mar azul e ardente de copacabana

Fotos do editor do blog. Jamil Damous também está no blog Sopa No Mel.

14.7.08

PÃO DE AÇÚCAR

SUGARLOAF/ZUCKERHUT/PAIN DE SUCRE



Bondinho chegando na estação/The cable-car arriving at the station

[For an English text, see my blog Rio de Janeiro Around the Year]
Qual dos portugueses da equipe de Estácio de Sá deu esse nome ao morro mais fotografado do mundo é difícil saber. Uma coisa é certa: quando os fundadores da cidade desembarcaram e viram o imponente maciço, acharam que se parecia com os cones de açúcar que eram produzidos na Ilha da Madeira e colocados no mercado europeu.

O Pão de Açúcar tem aproximadamente 400 metros de altura e está próximo aos morros da Urca e da Babilônia. Em 1909, os engenheiros Augusto Ferreira Ramos e Manoel Antônio Galvão ganharam autorização da Prefeitura para construir e explorar, durante 30 anos, um caminho aéreo que ligasse a praia Vermelha ao morro da Urca.

O projeto parecia tão desafiador que muita gente não acreditou pudessem os engenheiros levar semelhante tarefa a cabo. [...] O trecho inicial, coberto por cabos de aço, numa distância de 575 metros e 224 de altura, foi inaugurado a 25 de outubro de 1912, em meio a uma festa e foguetório, que mobilizou a cidade e particularmente o bairro. A praia Vermelha engalanou-se mas foram poucos — em geral homens — os que tiveram coragem de figurar como primeiros passageiros da viagem aérea até o morro da Urca.

O trecho seguinte — Urca-Pão de Açúcar —, cobrindo uma distância de 800 metros e 395 de altura, aconteceu a 18 de janeiro de 1913. O bondinho comportava 23 passageiros e deslizava em dois cabos-trilhos. Houve outra festa e, desta vez, formou-se fila, pois eram muitos os que desejavam ver a cidade como se estivessem num avião.[...]

Por ano, segundo dados oficiais, aproximadamente 1 milhão de pessoas — em geral turistas — utilizam-se do bondinho, a fim de ver que o Rio de Janeiro é, realmente, uma Cidade Maravilhosa. (Do livro de José Louzeiro, Urca, Coleção Cantos do Rio, Editora Relume-Dumará)



Subindo.../Up we go...


Subindo.../Up...


Vista do Morro da Urca/View from Urca Hill


O Pão de Açúcar/The Sugarloaf


Segunda parte do percurso: do Morro da Urca ao Pão de Açúcar/Second leg of the trip: from Urca Hill to Sugarloaf


Pão de Açúcar e estação do bondinho/Sugarloaf with the cable-car station


Vista do alto do Pão de Açúcar/View from the Sugarloaf


Uma turista & vista de Copacabana/A tourist & view of Copacabana Beach


Vista do Pão de Açúcar: está vendo o Corcovado lá atrás?/View from Sugarloaf: can you see the Corcovado over there?


Vista do Pão de Açúcar/View from Sugarloaf


Quase a mesma vista fotografada por Marc Ferrez em 1885/Almost the same view photographed by Marc Ferrez in 1885

Noite/Night

Fotos do editor do blog

7.7.08

IGREJAS HISTÓRICAS DO CENTRO DO RIO (Parte 1)

IGREJA DE NOSSA SENHORA DA CANDELÁRIA
Praça Pio X


A Irmandade de Nossa Senhora da Candelária foi instituída na antiga Matriz de São Sebastião, localizada no Morro do Castelo. Durante a primeira metade do século XVII, no mesmo local onde hoje se encontra foi erguida a primitiva capela, que no ano de 1768 encontrava-se em ruínas. A atual Igreja apresenta um aspecto similar à Basílica da Estrela, localizada em Lisboa. Teve sua construção iniciada em 1775, estendendo-se até o século XIX. Em 1811, foi celebrada a primeira missa e somente em 1898 foi inaugurada com as novas obras complementares.

O projeto original é atribuído ao Engenheiro Militar Francisco José Roscio. A igreja, que constitui hoje, obra predominante do século XIX, com três naves, transepto [nave transversal], cúpula no cruzeiro e ampla capela-mor. Podem ser assinalados três períodos de obras: barroco - fachada e transepto; neoclássico - cúpula e decoração interior; eclético - corredores laterais.

Durante todo período do século XIX em que sofreu reformas, nelas atuaram vários arquitetos e engenheiros, tendo sido as obras de escultura, inclusive balaustrada, encomendadas em Portugal. Na fachada principal, observamos grandes espaços revestidos de pedra de cantaria, além do emolduramento das portas, janelas, do frontão triangular, pilastras aparentes, a cimalha e, ainda, de detalhes ornamentais acrescidos. O coroamento bulboso das duas torres sineiras é revestido por azulejos. Destacam-se a grande cúpula do cruzeiro, projetada pelo Engenheiro Gustavo Waenhneldt e concluída em 1877, as oito esculturas em mármore branco, esculpidas em Lisboa e localizadas à volta do tambor da cúpula. As portas da Igreja, uma principal e duas laterais, são em estilo Luís XV, em bronze, esculpidas por Teixeira Lopes e representam uma alegoria ao Santíssimo Sacramento. O espaço interno da Igreja é formado por planta em cruz latina. No ano de 1878, foram acrescidas duas naves laterais pelo Arquiteto Antônio de Paula Freitas. O revestimento das paredes e os altares foram realizados em mármore, evidenciando influência da arte italiana. Os púlpitos foram feitos em bronze pelo escultor Rodolfo Pinto do Couto e inaugurados em 1931. A decoração da cúpula foi realizada em fins do século XIX, com pinturas de João Zeferino da Costa e estuques de Alves Meira. (Texto obtido no site do IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - na foto antiga, de Marc Ferrez de 1885, observe que a Candelária era a construção mais alta da cidade.)


Candelária e chafariz (art déco) da mulher com ânfora

A monumental cúpula com esculturas de mármore em volta

Cúpula

Capela mor

Porta de bronze (detalhe)

Anjo

Piso

Painéis no teto de João Zeferino da Costa contando as origens da igreja

Capela lateral



IGREJA DE SÃO JOSÉ
Av. Presidente Antônio Carlos, altura da Rua São José (em frente ao Edifício Garagem)



O templo dedicado a São José teve sua origem em uma pequena ermida construída em 1608 pelo ermitão Egas Muniz. Em 1807, a Irmandade de São José deu início às obras da atual Igreja sob a responsabilidade do Mestre Félix José de Souza, substituído, em 1815, pelo arquiteto do Paço, João da Silva Muniz, sendo inaugurada em 1842. A igreja de estilo barroco tardio possui nave única e corredores laterais onde se localizam um púlpito e três tribunas. Na capela-mor tem abóbada semelhante à da nave, e possui duas tribunas por banda. Seu interior é decorado com talha de estilo rococó de autoria de Simeão de Nazaré, discípulo do Mestre Valentim. Em seu frontispício pesado predominam os elementos horizontais de cantaria, compostos pela cimalha [arremate superior saliente da fachada], pelo embasamento das duas torres sineiras e do acrotério central. Numa delas está instalado o famoso carrilhão, ali existente desde 1883.

De sua imaginária destacou-se a imagem de São José procedente da França e doada à Irmandade pelo Comendador José Pinto de Oliveira, em 1884. Missas são celebradas segundas-feiras às 11h30, de terça a sexta ao meio-dia e no domingo às 10 horas.
´
"As fachadas principal e laterais são repartidas regularmente por pilastras e cunhais de cantaria, utilizando o contraste cromático da pedra com o cal branco das paredes." Guia das Igrejas Históricas da Cidade do Rio de Janeiro

Visão lateral

A igreja vista da escadaria da Assembleia Legislativa

Talha em estilo rococó tardio

Imensa imagem de São José

Teto e lustre

IGREJA DA IRMANDADE DA SANTA CRUZ DOS MILITARES
Rua Primeiro de Março, 36



A primitiva capela foi construída entre os anos de 1623 e 1628, no local onde anteriormente havia sido erguido o Forte de Santa Cruz, em princípios do século XVIII. A partir de 1780, deu-se início à construção da atual Igreja, segundo projeto do Engenheiro Militar Brigadeiro José Custódio de Sá Faria e no ano de 1811 foi sagrada.

A fachada da Igreja foi realizada ao feitio da famosa igreja dos jesuítas (Igreja de Gesù), construída no século XVI em Roma, Itália. Apresenta, como aquela, frontão triangular e volutas laterais [ornatos em forma de espiral], tendo uma grande janela centrada ladeada por pilastras [pilares semi-embutidos na parede] e grandes nichos com estatuas de santos. No piso térreo, a grande portada, formada de arco entre colunas que sobressaem, é ladeada por nichos e pilastras. É de grande beleza a combinação de granito dos elementos estruturais com os mármores de lioz dos capitéis, embasamentos, molduras e esculturas, aplicados todos sobre o fundo liso da alvenaria caiada. A torre sineira não compõe a fachada principal, mas localiza-se nos fundos da Igreja.

A Igreja apresenta um plano de nave única e capela-mor profunda, ladeada por corredores, que terminam na sacristia e no consistório. O interior é revestido de talha em duas fases. A primeira, mais antiga, refere-se à capela-mor e apresenta elementos de feição rococó, sendo atribuída, em parte, à Mestre Valentim. No entanto, em consequência do incêndio ocorrido em 1923, a talha destruída parcialmente foi substituída por estuque. A segunda fase refere-se à talha realizada em meados do século XIX, por Antônio de Pádua e Castro e está localizada na nave da igreja, incluindo o coro.


Missas são celebradas às segundas, quartas e sextas e sábados às 12h30. A aquarela antiga abaixo é de Richard Bate de 1820.

Fachada em estilo barroco jesuítico 

A igreja em aquarela de Richard Bate de 1820

Torre sineira nos fundos, à direita

Nicho com estátua do evangelista

Na decoração toda branca os estuques se misturam com a talha

Altar lateral

Claraboia

IGREJA DE NOSSA SENHORA DA LAPA DOS MERCADORES
Rua do Ouvidor, 35




A partir de 1747, a Igreja começou a ser construída no mesmo local onde havia um oratório dedicado a Nossa Senhora da Lapa, onde os comerciantes, ou "mercadores", reuniam-se para rezar. No ano de 1750, foi sagrada e cinco anos depois concluída. Grandes obras de remodelação foram feitas de 1869 a 1872, quando se refez a fachada do templo, construiu-se a torre sineira e completou-se a obra de talha do interior.

A fachada da Igreja é constituída, na parte inferior, por uma galilé [espaço de transição entre o frontispício e as portas de acesso à nave] formada por três arcos. A parte superior da fachada é o resultado de reformas realizadas a partir de 1869, segundo projeto de Antônio de Pádua e Castro que lhe deu um aspecto clássico. Apresenta-se composta por três grandes janelas, com guarda-corpo de mármore trabalhado, encimadas por nichos com estátuas de São Bernardo e Santo Adriano, procedentes de Lisboa. Entre os dois, há um medalhão de mármore trabalhado representando a coroação da Virgem, encontrado em escavações realizadas no terreno. Frontão triangular, com torre de mármore substituindo a original, destruída por uma bala de canhão [foto inferior] durante a Revolta da Armada em 1893. A fachada conta ainda com um relógio e, na torre, o mais antigo carrilhão por música da cidade.

O plano da nave é oval e da capela-mor retangular, ambas apresentando cúpula com lanternim [pequena torre curva sobre os telhados com função de iluminação]. A decoração interior foi realizada em dois momentos; numa mais antiga, de fins do século XVIII princípios do XIX, que corresponde ao retábulo [estrutura ornamental engastada na parede atrás do altar] da capela-mor e ao arco cruzeiro [arco que separa a nave da capela-mor], com elementos característicos do rococó. Outro momento, que está compreendido por volta de 1870-1872, relaciona-se às obras de estuque realizadas por Antônio Alves Meira ornamentando as cúpulas da nave e capela-mor e aos trabalhos executados por Antônio de Pádua e Castro para os retábulos da nave, púlpitos e coro.

Três grandes janelas, com guarda-corpo de mármore trabalhado, encimadas por nichos com estátuas de São Bernardo e Santo Adriano, procedentes de Lisboa. 

Entre os dois nichos há um medalhão de mármore trabalhado representando a coroação da Virgem.

Frontão triangular


"Bala perdida" da Revolta da Armada

IGREJA DE NOSSA SENHORA DO CARMO DA ANTIGA SÉ (esquerda; na foto antiga ainda sem a torre alta erguida em 1905 e ligada por um passadiço sobre a Rua do Cano, atual Sete de Setembro, com o Convento do Carmo)
e
IGREJA DA ORDEM TERCEIRA DE NOSSA SENHORA DO MONTE DO CARMO (direita)
Praça XV




IGREJA DE NOSSA SENHORA DO CARMO DA ANTIGA SÉ

No local onde se achavam as ruínas da Ermida de Nossa Senhora do Ó, próximo ao mar, os frades carmelitas iniciaram, em 1619, a construção de um convento e, em 1761, a construção de uma igreja que, mais tarde, foi transformada em Capela Real. Em 1808, com a chegada da família real portuguesa, foi elevada a Catedral Metropolitana, até a década de 1970, quando foi inaugurada a nova Catedral, na Avenida Chile.

Com três portas de entrada, a Igreja, de capela-mor e nave única, é coberta por abóbada de berço [cilíndrica] e apresenta capelas laterais profundas. Toda obra de talha rococó é atribuída ao Mestre Inácio Ferreira Pinto, destacando-se a parte que reveste o arco cruzeiro, culminando com um dossel e com um emblema do Carmo. Durante o reinado de Dom Pedro I, recebeu nova fachada, construída de acordo com o risco do arquiteto Pedro Alexandre Cavroé. O exterior foi alterado outras vezes [a última no início do século XX, quando recebeu a torre alta que vemos na foto acima]. Na sua planta, segundo Araújo Viana, predominou a forma da cruz latina, que, no Rio de Janeiro, só existem nela e na Candelária.


Interior com exuberante talha rococó

Nave coberta por abóbada de berço, cilíndrica

Capelas laterais profundas

IGREJA DA ORDEM TERCEIRA DE NOSSA SENHORA DO MONTE DO CARMO

A Ordem Terceira do Carmo, fundada em 1648, depois de se instalar provisoriamente numa ermida, deu início, em 1755, à construção de sua igreja, ao lado da que era conventual, com frente para a Rua Direita atual Primeiro de Março. Edificada por Mestre Manuel Alves Setúbal, foi sagrada em 1770. Os campanários das torres só ficaram prontos em 1850, feitos segundo risco do professor da Academia de Belas Artes, Manoel Joaquim de Melo Côrte Real. Templo de uma só nave e capela-mor profunda, é ladeado à direita por uma galeria que termina na sacristia e que se abre em arcada para um beco de passagem; pela esquerda, por um corredor que termina na capela do noviciado, executada por Mestre Valentim, em estilo rococó. A fachada de primorosa cantaria é encimada por frontão barroco, forte e ondulado, e pelas já referidas sineiras, de construção tardia, e que possuem arremates bulbosos revestidos de azulejos. A portada de lioz da frontaria [segunda foto abaixo] , vinda de Lisboa, foi benta em 1761 e apresenta notável medalhão com imagem da Virgem. Internamente, a talha foi executada por Luís da Fonseca Rosa e Mestre Valentim, seu discípulo. O altar-mor, do século XVIII, tem frontal e contrafrontal de prata. Os altares laterais estão iluminados por lampários de prata, desenhados por Mestre Valentim. Uma missa comunitária é celebrada às segundas-feiras ao meio-dia.


Igreja da Ordem Terceira de N.S. do Monte do Carmo: "A fachada principal, toda revestida de granito, é típica da arquitetura portuguesa, o que atestam suas duas torres." Guia das Igrejas Históricas do Rio de Janeiro

Portada de lioz com medalhão da Virgem

Capela-mor profunda e cúpula

São Miguel Arcanjo, na sacristia

Talha barroca

Fotos do editor do blog, exceto as antigas. Textos obtidos no site do IPHAN (exceto as observações entre colchetes). 

NOTA:  VOCÊ VIU AQUI SEIS IMPORTANTES IGREJAS HISTÓRICAS DO CENTRO CARIOCA. PARA VER TAMBÉM A PARTE 2 COM OUTRAS IGREJAS HISTÓRICAS CLIQUE AQUI OU NO LABEL "igrejas históricas do Centro do Rio" ABAIXO.