ENSEADA DE BOTAFOGO

ENSEADA DE BOTAFOGO
"Andar pelo Rio, seja com chuva ou sol abrasador, é sempre um prazer. Observar os recantos quase que escondidos é uma experiência indescritível, principalmente se tratando de uma grande cidade. Conheço várias do Brasil, mas nenhuma tem tanta beleza e tantos segredos a se revelarem a cada esquina com tanta história pra contar através da poesia das ruas!" (Charles Stone)

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA
São Paulo, até 1910 era uma província tocada a burros. Os barões do café tinham seus casarões e o resto era pouco mais que uma grande vila. Em pouco mais de 100 anos passou a ser a maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo. É pouco tempo. O século XX, para São Paulo, foi o mais veloz e o mais audaz.” (Jane Darckê Avelar)

24.7.10

CELEBRAR A VIDA COM AMIZADE E BELEZA BRASIL



VILMA CUNHA DUARTE, a "cronista de Araxá"


Às vezes, se gasta uma vida para perceber o óbvio ululante. O ser humano deixa a desejar na lucidez com “gostares ou não gostares”. Carência pede palavras de amor, ansiedade confunde as coisas,  indiferença ganha imaginação afetiva,  desejos viram o bom-senso de cabeça pra baixo.

Ainda bem que a maturidade chega, espantando bichos de sete cabeças, feras indômitas para a juventude teimosa. E esclarece: quando pessoas gostam de mesmo umas das outras, agem como tal.

Comecei mais um ano de vida com a querida amiga, no Rio de Janeiro deslumbrante. Diacho de maldade essa bocarra da mídia com a “Cidade Maravilhosa”. Fala, escreve e exporta uma imagem devastadora de umas das mais belas cidades do mundo. Um pecado! Problemas existem, mas não precisam ser tratados como obsessão.

Mírian e eu desfrutamos seis dias maravilhosos, sem ao menos vislumbrar um ato de violência. Cortamos o Rio dia e noite, de metrô, ônibus, a pé e muito pouco de táxi. O Rio está lindo, bem cuidado, ostensivamente protegido. Já perdi a conta das vezes que estive naquele paraíso paisagístico e cultural. Nada a declarar. Por que tanta gente morre de medo de ir lá? “Fogo amigo” na propaganda desastrosa. A velha mania de enxergar e falar muito mais de mal que de bem do Brasil e de brasileiros.

Custamos a chegar para as encomendas do coração. Amigos e parentes disputavam-nos. Delícia de puro gostar do jeito simples, generoso que prioriza, põe no colo, e abraça.

Escolada em viagens Brasil adentro e afora, sei que cada viagem tem um roteiro. Esta foi do gosto da amiga. Seis dias bonitos. Aproveitamos na boa medida. Descansei da minha rotina ocupada.

Um friozinho mentiroso pra nós, e vestido de casaco, cachecol, gorro e xale pelos cariocas.

Que delícia passar a manhã no paradisíaco Arpoador. Aquarela bem Brasil! Céu azul de doer em poesia, sol amarelo dourado, mar esmeraldino lambendo a areia com ondas branquinhas espumando de rir decerto, dos turistas em traje de banho.

História pedindo vez e ré na visita ao imponente Forte de Copacabana. Cultura rezando nas igrejas da Ressurreição, na esfuziante Catedral de São Sebastião, que abriga 18.000 pessoas. Tradição portuguesa pondo a mesa da alegria e comedoria nas festas dos santos de junho, no Mosteiro de Santo Antônio, justo no dia 13. Noutro na Igreja da Glória no Largo do Machado. Suspiros de encantamento com a majestade do Teatro Municipal ressuscitado na beleza da restauração, tudo misturado na brasilidade de Copa do Mundo, na amizade cantando parabéns, na celebração da vida em ação de graças por começar mais um ano inteira, feliz, rodeada e no Rio de Janeiro.

Rio velho e Rio Novo. Cada qual com seu encanto.

Esculturas e arquiteturas. Nos prédios com cara de Europa, na Lapa caso de amores antigos, de gente comum, artistas renomados, com samba, copos, arte, sensualidade. Escadarias de azulejos coloridos e poliglotas, programas e inocência, no ecletismo singular e fenomenal, que só o Rio sabe bancar. Na areia castelos... sereias...


Abrir os braços de frente para o Cristo Redentor e agradecer. A reinação dele no alto do morro do Corcovado e aquela manhã exuberante de sol. Que o mostrou às claras literalmente maravilhoso, para brasileiros e visitantes dos quatro cantos do mundo.

Andar, correr, brincar a orla inteira de Copacabana, conhecer o conjunto do Fifa Fan Fest com telão pra ninguém botar defeito, cumprimentar o Dorival Caymmi no outro extremo e descansar no quiosque com água de coco, chopinho e batata frita, que ninguém é de ferro não senhor.


Quase matar o Carlos Drummond com tantos abraços naquele banco onde o meu poeta vê o Rio passar, o povo passar, o dia nascer, a noite chegar e decerto, a poesia ficar.

Comer bacalhau do Zé do Pipo, moquecas de camarão peixe e lagosta tudo junto, e outros banquetes de lamber os beiços de satisfação.

Obrigada Rio, obrigada Ivo Korytowski meu amigo escritor,  companheiro, cavalheiro, e cicerone em todas as minhas idas.

Obrigada todo mundo que fez a gente muito feliz por lá. Até... quem não preciso contar. (Fotos fornecidas pela autora da crônica) .

3.7.10

GRAFITES CARIOCAS - GRAFFITI IN RIO



Onipresente nas ruas das grandes cidades, o grafite é uma arte que cresceu à margem da História da Arte oficializada nos museus e centros culturais. O reconhecimento de sua importância para a compreensão da cultura contemporânea, de sua influência para a constituição de uma nova linguagem visual e social, vem aos poucos tomando conta dos debates sobre a diversidade da arte pública urbana.


Grafite de Nazza Stencil no Parque Tom Jobim, Lagoa.

O termo grafite, originário do italiano graffiti (plural da palavra graffito), é atribuído às inscrições, caligrafias ou pinturas impressas sobre um suporte que não foi inicialmente previsto para essa finalidade. Em sua forma política, a pichação atravessou o século XX, registrando nos muros do planeta palavras de ordem contra o poder e a cultura vigentes. Em sua forma artística, surgiu nas ruas de Nova York, na década de 1970 e, ainda, durante as manifestações de maio de 1968, em Paris.


Grafite na Lagoa, perto do Colégio de Aplicação.

O grafite no Rio de Janeiro expressa-se por meio de linguagens e materiais diversos, criando um campo cultural com vocabulário próprio, que precisa ser desvendado.
[...]
Diferente dos monumentos que nasceram com a vocação de celebrar a memória e das obras contemporâneas que afirmam um novo lugar para a arte no espaço urbano, o grafite é uma elegia ao transitório, a rede multicultural que forma a cidade. [...]” (Texto de Mariana Varzea extraído do belo livro Arte Ambiente, mostrando uma perspectiva nova da beleza do Rio de Janeiro, vista a partir de sua coleção de arte pública.)


Grafite de Tito em Copacabana

O grafite convida à reflexão. O que é? Qual o significado? Que motivação teve o artista? Há uma ideologia por trás dessa imagem? Aonde quer chegar o realizador dessa arte com a pintura proposta? Por que não utilizar essa arte como mote para o trabalho em sala de aula?

A arte nas paredes é uma das mais antigas formas de expressão do saber humano. As pinturas rupestres encontradas em cavernas por paleontólogos, arqueólogos e historiadores demonstram que a partilha de idéias, sentimentos e histórias de vida através da produção de painéis pintados em paredes é uma efetiva e milenar forma de expressão.


Músico na Rua Prof. Gabizo, bairro Maracanã.

Nas grandes civilizações da Antiguidade, especialmente no Egito, Grécia e Roma, a utilização de variadas técnicas (mosaico, pintura, escultura) auxiliou a perpetuar as paredes como autênticos ateliês demonstrativos da cultura desses povos. O passar do tempo aperfeiçoou ainda mais essa arte/forma de comunicação. Não é possível desprezar, por exemplo, os belíssimos painéis nas paredes de prédios públicos da capital mexicana, que retratam a história daquele país, produzidos por Diego Rivera.

Nos dias de hoje, com a exponenciação técnica e a criatividade humana explorando cada palmo de terreno possível para a produção artística (desde o espaço virtual até a pintura no próprio corpo humano), ocorre o resgate da arte nas paredes, num autêntico "revival" da pintura rupestre, consolidando-se o grafitismo como linguagem artística urbana. (Trecho de “Grafite, uma arte na sala de aula” de João Luís Almeida Machado.)


Grafite de Noel Rosa num bar do Engenho de Dentro.

Detalhe do painel "BAMBAS DA LAPA" de outubro de 2010, uma criação coletiva dos artistas ACME, AFA, AIRÁ, AKUMA, BR, BRAGGA, CH2, CHICO, ECO, GODRI, JOU, MENT, PIA, SWK, TM1 e TOZ

DESDE A SUA CRIAÇÃO EM 2005, O BLOG LITERATURA & RIO DE JANEIRO ACOMPANHA A EVOLUÇÃO DOS GRAFITES NA NOSSA CIDADE. PARA VER A COLEÇÃO COMPLETA DE FOTOS CLIQUE AQUI. VOCÊ TAMBÉM PODE CLICAR NO INDICADOR "Grafites cariocas" ABAIXO.