ENSEADA DE BOTAFOGO

ENSEADA DE BOTAFOGO
"Andar pelo Rio, seja com chuva ou sol abrasador, é sempre um prazer. Observar os recantos quase que escondidos é uma experiência indescritível, principalmente se tratando de uma grande cidade. Conheço várias do Brasil, mas nenhuma tem tanta beleza e tantos segredos a se revelarem a cada esquina com tanta história pra contar através da poesia das ruas!" (Charles Stone)

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA
São Paulo, até 1910 era uma província tocada a burros. Os barões do café tinham seus casarões e o resto era pouco mais que uma grande vila. Em pouco mais de 100 anos passou a ser a maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo. É pouco tempo. O século XX, para São Paulo, foi o mais veloz e o mais audaz.” (Jane Darckê Avelar)

11.1.16

ESTÁTUA DE NOSSA SENHORA NO LARGO DO MACHADO: DESMASCARANDO UMA LENDA URBANA



No Largo do Machado, no alto de um pedestal, ergue-se uma estátua de Nossa Senhora da Imaculada Conceição que tem uma história interessante e está ligada a uma lenda urbana. A estátua foi inaugurada em 8 de dezembro de 1954 no dia do centenário da promulgação, pelo Papa Pio IX, do dogma da Imaculada Conceição. A estátua, que antes adornava o jardim do Palácio São Joaquim (Nunciatura Apostólica) na Glória, foi doada à Prefeitura pelo Cardeal Dom Jaime Câmara. Em suas Memórias, o cardeal conta que a estátua seria do escultor genovês Canova e teria sido adquirida pelo Cardeal Arcoverde quando construiu o palácio. Uma estátua do eminente Canova numa praça do Rio de Janeiro? Ampliando a fotografia da base da estátua, obtida no excelente site As histórias dos monumentos do Rio de Janeiro da gerente de Monumentos e Chafarizes da Prefeitura, Vera Dias (a estátua está lá no alto e não dá para você, que passa pela praça, fotografar a base), observa-se que a estátua traz esta assinatura: "G NAVONE GENOVA 1907". Ou seja, a estátua não é realmente do Canova, infelizmente, e sim do escultor genovês Giuseppe Navone, “um daqueles numerosos, hábeis e absolutamente esquecidos artífices que criaram pilhas de monumentos funerários no mundialmente célebre Camposanto di Genova”, segundo informa Alexei Bueno, ex-diretor do INEPAC. Ainda segundo Alexei, “Essa história do Canova é mais uma lamentável lenda urbana. De início, a estátua não tem absolutamente nada do seu estilo, nada a ver com aquele seu classicismo muito limpo e elegante. Depois, ainda me dei ao trabalho de examinar, de cabo a rabo, exaustivamente, o volume, que tenho, da Opera completa del Canova [...] e não existe nada que nem se assemelhe”.

Assinatura da estátua (foto obtida no site de Vera Dias)

Memórias de Dom Jaime Câmara organizadas pelo Monsenhor Ivo Calliari (foto cedida por Vera Dias) 

5 comentários:

Anônimo disse...

Ivo, só como curiosidade: lá atrás está a Paróquia de Nossa Senhora da Glória (início da construção e inauguração: 1843-1872), que deu nome de Largo da Glória ao local, antes de se transformar em Largo do Machado.
Pelo nome homônimo, essa Paróquia se confunde com a Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro (antiga Imperial Igreja de Nossa Senhora da Glória), hoje conhecida popularmente como Igreja da Glória (início da construção e inauguração:1714-1739), que se avista sobranceira no alto do Outeiro da Glória.

Helion disse...


Caro Ivo, em 2013 eu já contestara a informação, constante do blog da Vera Dias, quanto à impossível autoria de Antonio Canova. Envio abaixo meu texto e o link.

Um abraço,

Helion


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Cara Vera, como sempre muito interessante e útil o seu blog. Eu já lera sobre a escultura que se encontra no Largo do Machado, mas acredito que não se trate de obra do famoso escultor neoclássico italiano Antonio Canova, sobre o qual o blog apresenta dos vídeos do youtube. Minha dúvida começa pelo fato de que Antonio Canova não era genovês, conforme afirmado, mas sim nascido no Vêneto. Ele faleceu em 1822, décadas antes, portanto, da promulgação do dogma da Imaculada Conceição de Nossa Senhora (1854), que seria a motivadora da obra. Além disso, as obras conhecidas de Canova, certamente o escultor mais importante do Neoclassicismo italiano, estão abrigadas em museus internacionais, sempre em recinto fechado, como o Louvre, o Hermitage e a Galleria Borghese de Roma. Acho difícil crer que uma obra original de Canova estaria exposta à ação do tempo, no Rio de Janeiro. Acredito que, se não se tratar de um homônimo de Antonio Canova, a obra deve ser uma cópia. Haveria um original de Canova no Palácio São Joaquim? Só isso já seria uma notícia espetacular. Mas não creio, sinceramente. Aliás, na foto do blog aparece uma data (da escultura?) de 1907, quase um século após a morte de Antonio Canova. Isso não retira, evidentemente, nada do interesse de sabermos mais sobre esse e outros monumentos da cidade do Rio de Janeiro. Mas seria interessante esclarecer ou retificar uma informação que conts bastante disseminada pela internet, e que me parece, salvo engano, incorreta. Com um abraço e os meus parabéns pelo blog. (Helion)

http://ashistoriasdosmonumentosdorio.blogspot.com.br/2010/12/nossa-senhora-da-imaculada-conceicao.html

Ivo Korytowski disse...

Caros Salomão e Helion, obrigado pelos comentários elucidativos. De fato, a atribuição da estátua a Canova se generalizou na Internet, mas ao menos no verbete Largo do Machado da Wikipedia corrigi o erro.

Mano-well Rodrix disse...

...brinquei muito nesta praça, nos anos da inauguração deste "repuxo" com esta imagem.
Foi quando a praça (o Largo do Machado), foi calçada com pedrinhas portuguesas. Ate entao era de terra.
Ainda permanecia estacionado a volta da praça, o triciclo do famoso personagem carioca "Ratinho". Triciclo feito e doado por uma empresa, que não me lembro o nome, em substituição ao seu anterior e precário triciclo todo feito com tábuas de caxotes de legumes e rodas de bicicletas velhas. O apelido vinha do fato dele realmente se parecer com um ratinho do desenho animado "Cinderela". (Postado no Facebook e inserido aqui pelo editor do blog)

Alessandro disse...

Que sacada!