Dá-se o nome de zeppelin a um charuto de seda, com
arcabouço de alumínio e alma de hidrogênio... (Ideias no Ar, Berilo Neves, em O Malho, 21/5/1936)
1936 de Petrarca Maranhão (revista O Malho, 19/3/1936)
Panorama: um avião no céu reboa
O ruído estrepitante dos motores...
No porto, embaixo, o apito dos vapores
Numa rima sincrônica ressoa...
À distância, na altura, lento, voa,
Irradiando centelhas multicores
Que se esbatem do sol nos esplendores,
Um Zeppelin que barra a dentro aproa!...
Perto, o silvo violento, — estranho berro —
De um trem na elétrica estação de ferro
Ecoa... Tudo em torno é vida e excesso...
... E a cidade no brouhaha
da rua,
Nos klaxons de
automóveis, tumultua,
No simbolismo mesmo, do "Progresso"!...
Zeppelin saindo do Hangar em painel assinado por Creuza de 1999 |
O Hangar do Zeppelin foi construído entre 1934 e 1936. Suas estruturas vieram da Alemanha e a mão-de-obra foi brasileira, supervisionada por técnicos alemães. Em seu interior podia ser acomodado um Zeppelin. O Hangar mede 274m de comprimento, 58m de altura e 58m de largura. É o único ainda existente, já que os outros dois construídos na Alemanha foram destruídos durante a Segunda Guerra Mundial. Dois Zeppelins faziam a linha da América do Sul, por serem os melhores e os maiores: Graff Zepellin e o Hindenburg. Partiam de Frankfurt, na Alemanha, atracavam em Pernambuco e desciam em Santa Cruz (Rio), onde eram recolhidos dentro do Hangar para a manutenção, o reabastecimento e o embarque de passageiros. Com o incêndio do Hindenburg em 1937, nos Estados Unidos, o projeto dos Zeppelins foi cancelado. O Hangar serviu de base para o 1o Grupo de Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira, que atuou na Segunda Guerra Mundial. A escolha de Santa Cruz para sediar o Hangar se deveu às condições climáticas, direção dos ventos, velocidade e possibilidade de locomoção através de outros meios de transporte, ligando o bairro à Cidade. O hangar recebeu o nome de Aeroporto Bartolomeu de Gusmão, onde hoje está localizada a Base Aérea de Santa Cruz, o maior complexo aerotático da América Latina. (Dados obtidos no totem de informações em frente ao Hangar)
Base Aérea de Santa Cruz |
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Em 1934 o Governo brasileiro assinou um contrato com a empresa alemã Luftschiffbau Zeppelin para o estabelecimento de uma linha regular de dirigíveis entre o Brasil e a Europa, bem como a construção de um aeroporto para dirigíveis no Rio de Janeiro. A escolha do local deveu-se ao regime de ventos e ausência de nevoeiro e bruma. O hangar foi construído com a entrada principal voltada para sudoeste, de modo que o vento o percorresse longitudinalmente, evitando o desgaste da estrutura se o vento batesse de lado. O então chamado Aeroporto Bartholomeu de Gusmão foi inaugurado na manhã do dia 26 de dezembro de 1936 em cerimônia a que compareceram o embaixador alemão, políticos, o ministro da Viação e o presidente Getúlio Vargas. Ao jornal O Globo declarou o Presidente: “A minha impressão é a mais grata, por isso que é no meu governo entregue ao tráfego aéreo o maior aeroporto do mundo.” Ao arrendar o aeroporto pelo prazo de trinta anos para a Luftschiffbau Zeppelin o governo esperava ressarcir as despesas com a construção do aeroporto. Só que, com o incêndio do Hindenburg e o início da Segunda Guerra Mundial, os voos dos zepelins foram descontinuados, ficando apenas na memória de quem os via flutuando pelos céus cariocas, como o poeta Manuel Bandeira, que escreveu uma crônica intitulada "Zeppelin em Santa Teresa". O Hangar foi tombado pelo Município em 1992, e visitas devem ser agendadas com o Sargento Arruda da Comunicação Social, telefone 3078.0389.
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TRECHO DO ARTIGO "A SEMANA ZEPPELIN" NA REVISTA FON FON DE 24 DE MAIO DE 1930:
A SEGUIR, FOTOS DO ZEPPELIN SOBRE O RIO DE JANEIRO EXTRAÍDAS DA REVISTA O MALHO:
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