Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
(Do poema "Se Eu Morresse Amanhã"
de Álvares de Azevedo)
Antes do advento da bendita penicilina, não só os poetas românticos morriam com vinte e poucos anos (Álvares de Azevedo, 20 anos, Casimiro de Abreu, 21, Junqueira Freire, 22, Castro Alves, 24), como muitas crianças não conseguiam chegar à vida adulta, vítimas das mil e uma infecções e gripes que hoje qualquer pediatra cura. Se você percorrer atentamente o Cemitério São João Batista encontrará vários túmulos infantis, como este do Paulinho (18/5/1904—18/9/1912), falecido exatamente cem anos atrás. Pelo capricho com que ergueram seu túmulo dá para imaginar a dor da família. Cem anos depois, exceto este editor do blog, ninguém se lembrou de levar flores. O que confirma o velho adágio de que o tempo é o lenitivo para todos os males. Orai por ele!
2 comentários:
É extranho ver fotos e materias sobre cemitérios. Quando alguém que amomos morre, passamos a ver esse lugar com outros olhos.
Me emocionei com sua postagem do túmulo do menino, cem anos depois. As flores que você levou são fragmentos coloridos do seu coração. Quanto ao São João Batista, diz a lenda que o primeiro a ser ali enterrado foi justamente o poeta citado, Álvares de Azevedo. Havia sido sepultado no Cemitério do Hospício (em frente ao hoje Palácio da Reitoria da UFRJ, que era o Hospício D. Pedro II) mas uma forte ressaca revolveu os túmulos, e o dele só foi encontado pelo cão da família. Os pais do poeta conseguiram enterrá-lo no São João Batista, então ainda não inaugurado.
Abraço do amigo e admirador
Waldir Ribeiro do Val
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