ENSEADA DE BOTAFOGO

ENSEADA DE BOTAFOGO
"Andar pelo Rio, seja com chuva ou sol abrasador, é sempre um prazer. Observar os recantos quase que escondidos é uma experiência indescritível, principalmente se tratando de uma grande cidade. Conheço várias do Brasil, mas nenhuma tem tanta beleza e tantos segredos a se revelarem a cada esquina com tanta história pra contar através da poesia das ruas!" (Charles Stone)

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA
São Paulo, até 1910 era uma província tocada a burros. Os barões do café tinham seus casarões e o resto era pouco mais que uma grande vila. Em pouco mais de 100 anos passou a ser a maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo. É pouco tempo. O século XX, para São Paulo, foi o mais veloz e o mais audaz.” (Jane Darckê Avelar)

23.4.17

SALVE SÃO JORGE!

"Santinho" de São Jorge

Silhueta de São Jorge, por Helio Brasil

Igreja de São Jorge em Quintino

Vitral de São Jorge na Igreja de São Gonçalo Garcia e São Jorge, Praça da República

Grafite de São Jorge na Rua das Laranjeiras

Painel de São Jorge num bar do Riachuelo (2007)

Imagem de São Jorge na Quadra da Beija Flor, em Nilópolis

Pintura de São Jorge em Quintino no dia da festa do Santo Guerreiro (2010)

Altar de São Jorge na Praça Quintino Bocaiúva no dia da festa do santo (2010)

Jorge é da Capadócia, como bem celebra a canção-homenagem de Jorge Ben Jor. Mas, cá para nós, é como se fosse carioca, tamanha a adoração que recebe na nossa cidade. Nenhum outro ato religioso mobiliza tanto os católicos daqui quanto as comemorações de 23 de abril. Nesse dia dedicado ao santo, quase 300 000 pessoas costumam se amontoar nas paróquias da Praça da República e do subúrbio de Quintino para professar sua fé — público equivalente a quatro Maracanãs lotados. Trata-se de uma veneração que extrapola qualquer estrato, unindo gente de classes sociais e níveis de instrução extremos. Entre os seguidores mais destacados de São Jorge figuram atrizes e cantores, a exemplo de Regina Casé e Zeca Pagodinho. No ano passado, o sambista de Deixa a Vida Me Levar promoveu na data uma grande festa em sua casa de Xerém, onde no jardim se destaca uma colossal estátua do seu alvo de devoção na pose clássica de luta contra o dragão. “Ele é o símbolo da bravura, da vitória sobre as provações do mundo”, afirma Pagodinho.

Se São Sebastião foi oficializado o padroeiro do Rio de Janeiro, essa consagração, de fato, caberia melhor ao santo guerreiro. Por uma coincidência pouco comum, o Dia de São Jorge neste ano [2011] calhou de cair justamente no Sábado de Aleluia, uma data que os católicos reservam para a introspecção e a abstinência. Por recomendação da Arquidiocese do Rio, todas as celebrações de louvor deveriam ser transferidas para o dia seguinte. Ou seja: neste sábado, não é de bom-tom montar barracas para vender comidas, velas e camisetas, nem realizar a tradicional alvorada com queima de fogos que costuma marcar a efeméride. “O próprio São Jorge seria o primeiro a concordar com isso, uma vez que deu a vida por sua fé em Cristo”, diz o monsenhor Sérgio Costa Couto, porta-voz da Cúria. Mas vá convencer os devotos. No templo de Quintino, na Zona Norte, foi montada toda a infraestrutura para a comemoração. Estava prevista também a realização de uma procissão no próprio sábado, com um espetáculo pirotécnico no começo da manhã. Só a missa, por determinação expressa da arquidiocese, não seria celebrada.

Tanta fidelidade remete a um passado longínquo e não se encerra em uma só explicação. Decerto, contribui para a imensa popularidade de São Jorge a imagem triunfante de lança em punho derrotando o apavorante adversário. Passa confiança e capacidade de superação, duas das virtudes mais realçadas nos livros de autoajuda. Pároco da igreja de São Jorge, em Quintino, o padre Marcelino Modelski aponta uma preocupação atual que ele acredita levar parte dos fiéis a se apegar ainda mais ao santo: a necessidade de segurança, um problema que atormenta a sociedade carioca há três décadas. (Texto extraído da Veja-Rio de 27/4/2011.)

Grafite no elevado que dá acesso ao Túnel Rebouças na Lagoa

Pintura de São Jorge na Rua Saint Romain (Copacabana)

Pintura sobre azulejos de São Jorge em Sepetiba

Imagem de São Jorge na Associação dos Franciscanos Menores Conventuais (Rio Comprido)

Painel de São Jorge nas proximidades da Igreja de São Jorge e Santo Expedito em Inhaúma

Painel de São Jorge no muro da Estação de Quintino

— Quem é você, criaturinha? — perguntou São Jorge parando diante dela.

— Eu sou a Emília, antiga Marquesa de Rabicó, sua criada — respondeu a boneca, muito lampeira e lambeta.

O santo ficou na mesma. E ainda estava na mesma, sem compreender coisa nenhuma, quando viu aparecerem Pedrinho e Narizinho com Tia Nastácia atrás, de mãos postas, rezando atropeladamente quantas orações sabia.

— Como conseguiram chegar ate aqui? — perguntou ele. — Isto me parece a maravilha das maravilhas.

— Foi o pó de pirlimpimpim que nos trouxe — respondeu Pedrinho — e dessa vez São Jorge ficou na mesmíssima.

[...]

São Jorge estava ali desde o reinado do Imperador Diocleciano sem outra companhia a não ser o dragão, de modo que ficava muito alegre quando alguém aparecia por lá. [...]

— E o senhor? — quis saber Emília depois que tudo foi explicado. — Agora que sabe a nossa historia, conte-nos a sua.

São Jorge contou que nascera príncipe da Capadócia e tivera no mundo vida muito agitada. A sua luta contra o poderosíssimo mágico Atanásio ficou histórica. Por fim fez-se cristão e em virtude disso padeceu morte cruel numa das matanças de cristãos ordenadas pelo Imperador Diocleciano. Depois da morte veio morar na Lua.

— E sabe que é hoje o patrono da Inglaterra? — lembrou Narizinho. — Vovó diz que o senhor é o santo mais graúdo de todos, porque dá o nome a muitas ordens de cavalaria e tem aparecido até em moedas de ouro.

São Jorge não sabia nada daquilo, nem sequer que era santo, porque só depois de sua morte é que começou a virar tanta coisa. Também não sabia o que era ser "patrono da Inglaterra", nem o que significava isto de "ordens de cavalaria". Os meninos tiveram de dar-lhe uma liçao de tudo.

— Mas não posso compreender donde vem a minha importância, o meu "graudismo" ... — declarou ele com toda a modéstia, pensativamente.

— Eu sei! — berrou Emília. — E por causa do dragão e dessa tremenda e bonita armadura de guerreiro. Santos de camisolão e porretinho podem ser muito milagrosos, mas não impressionam. Diga-me uma coisa: onde é que descobriu esse dragão?

O santo contou que era um monstro que ele havia matado certa vez em que o encontrou prestes a devorar a filha do rei da Líbia.

Mas se o matou, como é que o dragão está vivinho aqui?

Mistérios deste mundo de mistérios, gentil bonequinha. Eu também fui morto e no entanto todos lá da Terra (segundo vocês dizem) me veem aqui nesta Lua, a cavalo, de lança erguida contra o dragão. Mistérios deste mundo de mistérios.

(Monteiro Lobato, Viagem ao Céu, trecho do Capítulo VII, "Coisas da Lua". Na infância e pré-adolescência, o editor deste blog foi leitor contumaz do genial Lobato. Leia meu artigo "Monteiro Lobato foi Racista?" clicando aqui)

Painel de São Jorge em Marechal Hermes

Painel de São Jorge em Benfica

Painel de São Jorge em Cascadura

Fachada de azulejos com imagem de São Jorge em Cascadura

Painel de São Jorge ao lado da estação do teleférico do Morro da Providência

Imagem de São Jorge ao lado da estação do teleférico do Morro da Providência  


São Jorge por Daniel Jaén na exposição Salve São Jorge 23 (2017)


São Jorge por Patrícia Bowles na exposição Salve São Jorge 23 (2017)

Imagem de São Jorge na Igreja de Santa Luzia, Rio de Janeiro

4 comentários:

Fernando Coelho da Silva disse...

Muito boas as informações desse site!

http://www.historiadorio.com.br

Siomara disse...

Bonita matéria sobre o SANTO GUERREIRO; Salve São Jorge!!!

Marina Milhazes disse...

Olá, Ivo
Gostaria de ter mais informações sobre o seu trabalho de traduções. Você pode mandar um email para: divulgacao@apicuri.com.br
Obrigada.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.