ENSEADA DE BOTAFOGO

ENSEADA DE BOTAFOGO
"Andar pelo Rio, seja com chuva ou sol abrasador, é sempre um prazer. Observar os recantos quase que escondidos é uma experiência indescritível, principalmente se tratando de uma grande cidade. Conheço várias do Brasil, mas nenhuma tem tanta beleza e tantos segredos a se revelarem a cada esquina com tanta história pra contar através da poesia das ruas!" (Charles Stone)

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA
São Paulo, até 1910 era uma província tocada a burros. Os barões do café tinham seus casarões e o resto era pouco mais que uma grande vila. Em pouco mais de 100 anos passou a ser a maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo. É pouco tempo. O século XX, para São Paulo, foi o mais veloz e o mais audaz.” (Jane Darckê Avelar)

1.10.19

MUSEU DE ARTE DE SÃO PAULO (MASP)


O MASP é mais antigo do que a gente imagina. Foi fundado em 1947. Quando eu era adolescente, na década de 1960, minha vovó, que morava em São Paulo, já me levava para visitá-lo. Naquele tempo ocupava um andar inteiro do prédio dos Diários Associados, na rua 7 de Abril, centro paulistano. A icônica sede atual na avenida Paulista,  projetada por Lina Bo Bardi, mulher do primeiro diretor do museu, o italiano Pietro Maria Bardi,  tem um dos maiores vãos livres (acredito) do mundo, uma façanha da engenharia, fazendo com que o museu flutue sobre uma enorme praça.

Amélia da Silva Costa, Vista da Baía do Rio de Janeiro, óleo sobre tela, 1896. Obra da coleção Fadel emprestada para a exposição Histórias das Mulheres. O panorama com o morro do Pão de Açúcar se constrói a partir da moldura de uma janela, indicando a passagem do interior da casa para o espaço aberto. A cena é plácida e calma, nada se movimenta, nem mesmo as árvores que definem a paisagem tropical.

Emily Osborn, Nameless and Friendless (Sem Nome e Sem Amigos, detalhe), obra do acervo do Museu Tate londrino emprestada para a exposição Histórias das Mulheres. Osborn se dedicou especialmente à pintura de gênero (ou seja, que retrata cenas da vida diária), abordando em diversas ocasiões o tema das mulheres de seu tempo em situação de miséria ou vulnerabilidade. A tela retrata uma jovem triste que, pelas roupas escuras, parece estar em luto, acompanhada de um menino, talvez seu filho. Ela tenta, timidamente, vender uma pintura para o negociante, que analisa com desdém o material oferecido.

Marie-Guillemine Benoist, Retrato de uma Dama na Paisagem, óleo sobre tela, c. 1805-10

Sempre achei que fosse o maior museu de arte do hemisfério sul do planeta, até conhecer o Museu de Belas Artes de Buenos Aires, que é páreo duro (você pode ler meu diário de viagem à Argentina e Uruguai clicando aqui). O site do museu paulistano diz que é o “mais importante acervo de arte europeia do Hemisfério Sul” reunindo “mais de 10 mil obras”. O site do museu argentino diz que reúne 12.000 obras. O acervo do museu dos “hermanos” formou-se na época áurea do país (fim do século XIX/início do século XX) quando os ricaços adquiriram obras de arte europeias para adornar seus palacetes. O acervo do museu paulistano formou-se mais tardiamente, no pós-Segunda Guerra Mundial, graças à visão do magnata das comunicações Assis Chateaubriand que aproveitou o momento de crise da Europa para comprar as obras a preços convidativos, valendo-se do poder de sua rede de jornais para induzir os industriais da época (ocasionalmente valendo-se de chantagem, segundo as más línguas) a fazerem a doação das obras. A magnífica biografia de Fernando Morais do grande empresário, Chatô, o Rei do Brasil, conta tudo isso.

Judith Leister, Merry Company (Alegre Companhia), óleo sobre tela, cena típica da pintura holandesa do séc. XVII. Obra de uma coleção particular britânica emprestada para o museu. As cores intensas e pinceladas vigorosas de Judith Leister dão ênfase ao prazer sensorial que a pintura proporciona ao observador. 

Segundo pavimento, onde está exposto parte do rico acervo permanente do museu, acrescido de algumas obras modernas na frente (mostradas na foto) emprestadas pelo Museu de Arte Contemporânea de Chicago. No primeiro pavimento está a mostra sobre as pintoras mulheres.

Piero di Cosimo, Virgem com o Menino São João Batista criança e um anjo. 1500-10. Óleo e têmpera sobre madeira. Vale a pena morar numa cidade onde você pode contemplar obras de arte deste calibre sem ter que viajar para Buenos Aires ou Europa (embora viajar para lá também não faça mal nenhum, pelo contrário).

Para quem mora em Sampa (como eu agora passei a morar) é um privilégio poder se deleitar com obras primas da arte medieval, renascentista, barroca, impressionista etc. sem precisar viajar à Europa. Morar em Sampa e não ir ao MASP é como morar no Rio e não ir à praia. Para quem mora em outras cidades brasileiras, só a visita ao MASP já vale a vinda à cidade (embora esta tenha muito mais a oferecer. Mais informações sobre  o MASP no site do museu ou no Google Arts and Culture.

Maestro di San Martino alla Palma (Florença), Virgem com o Menino Jesus, 1310-20, têmpera sobre madeira.

Rembrandt, Retrato de Jovem com Corrente de Ouro (possível autorretrato), c. 1635, óleo sobre madeira.

Ingres, Angélica Acorrentada, 1859, óleo sobre tela. A obra remonta ao poema épico Orlando Furioso, em que a heroína é salva por Ruggiero do monstro marinho ao qual foi oferecida em sacrifício. O monstro é cegado pelo raio de luz que sai do escudo mágico do herói. O cavaleiro pagão que salva Angélica ganha então o seu amor.

Nicolau Facchinetti, Enseada do Botafogo, 1869, óleo sobre tela.

Obras de Renoir.

2 comentários:

Gabriel disse...

Ivo, você chegou a visitar a exposição da Tarsila? Fantástica.

Ivo Korytowski disse...

Não visitei. Perdi.