ENSEADA DE BOTAFOGO

ENSEADA DE BOTAFOGO
"Andar pelo Rio, seja com chuva ou sol abrasador, é sempre um prazer. Observar os recantos quase que escondidos é uma experiência indescritível, principalmente se tratando de uma grande cidade. Conheço várias do Brasil, mas nenhuma tem tanta beleza e tantos segredos a se revelarem a cada esquina com tanta história pra contar através da poesia das ruas!" (Charles Stone)

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA
São Paulo, até 1910 era uma província tocada a burros. Os barões do café tinham seus casarões e o resto era pouco mais que uma grande vila. Em pouco mais de 100 anos passou a ser a maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo. É pouco tempo. O século XX, para São Paulo, foi o mais veloz e o mais audaz.” (Jane Darckê Avelar)

4.4.19

UM CARIOCA EM SÃO PAULO: PRIMEIRAS IMPRESSÕES

Anhangabaú

Depois de uma obra que deveria ter demorado dois meses e acabou se arrastando por sete; depois de duas estadias preliminares breves na casa nova a fim de me acostumar, no Natal e Carnaval; depois de fazer a triagem do que levar agora para Sampa, dentre um mar de livros, discos e outros objetos (a gente vai acumulando coisas no decorrer da vida, embora da vida nada se leve); depois de selecionar uma empresa de mudança que fosse ao mesmo tempo confiável (pelas avaliações na Internet) e não excessivamente cara (escolhemos a Pena Verde, que prestou um excelente serviço e entregou tudo intacto); depois de enfrentar a bagunça da rodoviária, onde o ônibus da Kaiçara que deveria sair às 15 horas não deu as caras e tive que pedir o dinheiro de volta e comprar passagem de outra companhia (1001); depois de encarar um baita engarrafamento na saída do Rio e o medo de chegar em Sampa depois do encerramento do metrô; e após dois dias abrindo os caixotes da mudança e arrumando coisa por coisa; depois de tudo isto, eis que começamos a vida nova no nosso lar doce lar paulistano.

Céu paulistano ao entardecer

O leitor dessas minhas mal traçadas linhas talvez se pergunte como é que um carioca da gema, com seis décadas e meia (e mais uns quebrados) de carioquice, editor do melhor blog sobre a Cidade Maravilhosa, consegue trocar uma urbe famosa pela beleza natural, alegria de viver (e altos níveis de criminalidade) por outra tão diametralmente oposta, onde em certos pontos você vê prédios a 360 graus, na frente das casas em vez de jardins você tem garagens e a praia mais próxima está a 76 quilômetros de distância? Na medida em que acompanhar minhas postagens paulistanas no blog você vai compreender aquilo que parece incompreensível.

"Minhocão" na Estação Sé do metrô

Antes de mais nada, para entender Sampa é preciso conhecer sua história. Planejo comprar e ler os elogiados livros do Roberto Pompeu de Toledo a respeito. Por ora sou socorrido pela amiga Jane Darckê Avelar que me proporcionou esta síntese:

Leve em conta que São Paulo, até 1910 era uma província tocada a burros. Os barões do café tinham seus casarões e o resto era pouco mais que uma grande vila. A Vila de Piratiningá (os índios falavam assim, oxítona). E então começaram as grandes chegadas de imigrantes, de vários lugares, credos e etnias. Italianos, espanhóis, mais portugueses, Árabes, turcos, judeus, japoneses, gregos, e mais alguns. Nos anos 60, começaram a chegar em massa, nordestinos e novos africanos. E nos anos 70, chineses e coreanos. Se esqueci algum grupo, perdão!

Em pouco mais de 100 anos passou a ser a maior da América Latina e uma das maiores do mundo. É pouco tempo. O século XX, para São Paulo, foi o mais veloz e o mais audaz.

Zona Leste

Aos curiosos que querem saber onde estou, saibam que troquei o charmoso bairro carioca de Copacabana, internacionalmente famoso, por um bairro menos badalado, Jardim Artur Alvim, numa zona considerada menos nobre, Zona Leste, de uma das maiores megalópoles da face da Terra.

Um parêntese: conquanto eu vivesse uma vida inteira no Rio, São Paulo não é uma cidade estranha para mim. Minha vovó morava aqui, minha titia morava aqui, desde criança eu vinha para cá, passava férias aqui. Quando trabalhei na extinta Rede Ferroviária passei um mês implantando um sistema aqui. Alguns anos atrás fiz uma viagem turística para cá que está relatada no meu blog Sopa no Mel. Meu romance Passaporte para o Paraíso lancei também aqui. Tenho um irmão morando aqui. Tenho amigos aqui, um deles da pré-adolescência. São Paulo não é uma cidade totalmente estranha para mim.

Ademais, aqui moro numa casa sossegada com um quintal onde, como no final famoso da novela Cândido de Voltaire, vou cultivando o meu jardim (literalmente). Até coloquei uma “cadeira de praia” no quintal para pegar sol e vou aprender a preparar churrasquinhos naquelas churrasqueiras de “pobre” que você vê pelas ruas cariocas (aliás, domingo, vi uma delas numa rua aqui do bairro).

Grafite

Na primeira semana paulistana fiz o reconhecimento da área no entorno da minha casinha. No Rio eu tinha o  costume (por recomendação médica) de realizar uma caminhada diária de uma hora, normalmente em Copacabana. Aqui, com apoio logístico do Google Maps, descobri uma “mancha verde” perto de minha casa num altinho de morro com um condomínio de prédios muito bem ajardinado, uma pracinha em aclive com escadaria e vista para a paisagem paulistana... e como paulistano só anda de carro, pouca gente na rua, trechos até ermos!

Um desafio da adaptação é descobrir onde comprar as coisas. Em Copacabana eu tinha todo o comércio do mundo relativamente perto de meu apê. Aqui, um bairro mais popular, já não conto com essa fartura de lojas, mas explorando, procurando, consultando minha esposa que é daqui, vou descobrindo onde fazer as compras. Tem a feira semanal nas quintas que já é uma mão na roda, e onde vendem um pastel e caldo de cana com limão que já faz valer a pena ir lá. Tem um Carrefour enorme em Guilhermina-Esperança. Tem o Negreiros a um quilômetro daqui. Tem o Assaí, atacadista, com preços ultracamaradas, a uns dois quilômetros daqui. E no alto do meu morrinho de estimação tem um Mini Extra pequeno mas jeitoso.

São Paulo histórico

Outro problema de adaptação é a reciclagem. Em Copacabana tínhamos a coleta seletiva do lixo reciclável. Aqui na Zona Leste não temos, mas não consigo conceber a ideia de que minhas latinhas e garrafas de cerveja e papelões e plásticos vão parar num reles lixão em meio à sujeirada orgânica. Descobri também naquele meu querido morrinho um ecoponto (Ecoponto São Nicolau, consta do Google Maps) que recolhe recicláveis. Regularmente no meu passeio diário levo lá minhas latinhas, garrafas etc.

Grade

Agora vou contar uma historinha. No Supermercado Negreiros, onde fui comprar uns hortifrutis, chego no caixa com o carrinho de compras repleto de berinjela, abobrinha, abóbora, aipim etc., e uma gentil freguesa avisa que é preciso pesar primeiro. Vou lá eu pesar a mercadoria. É preciso ensacar item por item, cada coisinha individual, informa o funcionário. Um desperdício de sacos plásticos que, se não forem devidamente reciclados, vão emporcalhar a natureza. Na hora de pesar o aipim, o funcionário, em dúvida, pergunta:
– É cará?
– Não, aipim.
Ele me olha com uma cara espantada. Repito:
– Aipim.
Ele examina melhor a tuberosa e enfim diagnostica:
– Mandioca!
Observo que no Rio a gente chama aquilo de aipim (no nordeste é macaxeira). Ao que ele me pergunta:
– O senhor é do Rio? Lá é muito violento!
Esta é a fama que temos. E ele me conta que, certa vez, ainda rapaz, foi em excursão para um encontro evangélico no Maracanã. Mas em vez de ir ao evento, “fugiu” para conhecer a cidade. Foi até a Praia do Flamengo. Perguntei:
– E Copacabana, não foi?
– O dinheiro não deu.
Sugeri que, “agora que você tem o dinheiro”, voltasse ao Rio.
– Agora é que não tenho dinheiro mesmo.

"uma pracinha em aclive com escadaria e vista para a paisagem paulistana"

Embora a imagem que se tem daqui via noticiários seja de um perpétuo engarrafamento (assim como a imagem que se tem do Rio é de assaltos seriais), observei que, o fato é que, fora do pico (rush), o transporte público funciona otimamente. Ao contrário do Rio, onde os ônibus param numa infinidade de pontos e sinais de trânsito ou mesmo fora do ponto e no BRT você viaja como sardinhas em lata (parece que os empresários fazem de propósito para maximizar o lucro minimizando o conforto), aqui em Sampa ônibus articulados, amplos, com ar-condicionado, percorrem distâncias enormes em corredores especiais com incrível eficiência. E afora a hora do rush eles não lotam, você viaja sentado. Enquanto no Rio as linhas de ônibus se sobrepõem às de metrô (você pode ir de Copa à Tijuca ou à Barra de metrô ou de ônibus), em Sampa existe uma racionalidade: as linhas de ônibus complementam as do metrô, atendendo as áreas não cobertas pela malha metroviária ou ferroviária.

No metrô (Linha Vermelha que vai para meu bairro)

Contribui para a mobilidade (e isso a mídia não mostra, pois só foca os engarrafamentos do rush) o fato de Sampa ter crescido realmente a partir do século XX e com isso terem sido planejados e rasgados amplos corredores de avenidas interligando praticamente a cidade inteira.

Também você consegue carregar seu cartão de transporte facilmente, existe fartura de maquininhas nas estações de metrô, não é como no Rio que as máquinas são parcas e sempre com grandes filas.

A topografia aqui é ondulada, você sobe, desce, sobe desce, por isso o projeto de ciclovias do Haddad gorou. E nas subidas, as calçadas não acompanham o aclive da rua. São escalonadas (em escadinha), por causa das saídas das garagens. Não acostumado com essa irregularidade, no primeiro dia dei uma topada num desses degraus e quase me espatifei. O Rio, por outro lado, é plano, mas pontilhado de montanhas.

O aprazível bairro Chácara Santo Antônio, verdadeiro jardim botânico

Existem bairros nobres que são verdadeiros jardins botânicos, tamanha a profusão de árvores, arbustos, flores, trepadeiras, não só aquelas plantadas pela Prefeitura, mas também pelos proprietários nas calçadas em frente aos seus casarões. Apaixonamo-nos pela Chácara São João, onde fomos resolver um problema na NET. Com bairros aprazíveis assim quem é que precisa de praia? (Mas o paulistano parece que precisa, porque nos feriadões enfrenta engarrafamentos colossais para chegar ao litoral.)

Algumas ruas paulistanas têm nomes poéticos como Rua Borboletas Psicodélicas (não é delírio, pode procurar no Google Maps), Rua Caçada Real, Rua Sonho Gaúcho (por onde passo para fazer compras no Assaí), Rua Verbo Divino, Rua Esperantina etc. Pelo que li, certa vez a Prefeitura, ante o desafio de nomear um sem-número de ruas, formou uma comissão para criar um banco de nomes, missão essa cumprida com real criatividade. Achei até uma rua com o nome do matemático francês que morreu jovem num duelo, cuja história meu falecido amigo matematófilo Márcio Steinbruch adorava contar: Evariste Galois.

Neocolonial em Sampa: Escola Pueri Domus

O atendimento nas lojas aqui dá de dez a zero no carioca: numa lanchonete, numa loja, você é atendido com cortesia. No Rio depara com frequência com atendentes de cara amarrada ou em pleno papo, e você tem que esperar que terminem a importante conversa para ser atendido. Não sei se é treinamento, se é cultura, mas aqui a gente se sente um pouco mais perto do Primeiro Mundo. Basta dizer que ninguém entra no ônibus pela porta de saída sem pagar, nem tem assalto a mão armada em ônibus.

No pico o metrô superlota, mas em certas estações do Centro (Sé, República) chegam regularmente metrôs vazios, evitando aquela empurração generalizada da linha 2 do metrô carioca.

Uma diferença a favor de Sampa é que aqui, embora alguns dias possam ser quente, à noite a temperatura cai. No verão carioca são trinta graus dentro de casa dia e noite.

Um ponto a favor dos cariocas é que aqui os logradouros públicos são mais emporcalhados: não sei se o carioca é mais limpo ou a Comlurb é mais eficiente do que sua congênere paulistana. Na Zona Leste vejo muito cocô de cachorro nas calçadas. No Rio, pelo menos em Copacabana, os donos recolhem os dejetos de seus cãezinhos.

Assim vão transcorrendo minhas plácidas primeiras semanas paulistanas, cidade com bairros étnicos, boa gastronomia, profusas atrações culturais, a melhor orquestra sinfônica do país e o segundo melhor museu de arte do hemisfério sul do planeta (o primeiro está em Buenos Aires).


Painel de azulejos do Vale do Anhangabaú em 1892 do Atelier Artístico Moral que encontrei num bar na Rua Juazeiro do Norte, perto de minha casa

Shopping, programa quintessencialmente paulistano

4 comentários:

FGustavSchmid disse...

Amigo, levei tempo, mas não me esqueci de que precisava ler este interessante relato. Porque de fato adoro São Paulo, mas sempre hesitei em me mudar praí devido a vínculos familiares com o Rio. Tenho convicção de que existe vida além da praia, até porque muito amiúde passo semanas sem o ver. É muito bonito, mas é o mar, nada mais do que isso, é em última instância o fim da terra, como diziam os bretões.

Já São Paulo, Sampa para os íntimos, tem uma coisa que a distingue claramente do Rio: a proximidade entre os milhões de pessoas que contrasta com a superficialidade efêmera do carioca. "Vamo marcá!" é frequentemente a frase que mais ouço de pessoas que não vejo faz anos. Na fila, se planejam revoluções, que no entanto são desbaratadas quando se chega ao guichê. Passa-se o tempo num envolvimento superficial; e depois, cada um pro seu lado.

É como uma noite de amor dos sete minutos de Harold Robbins... Não, Irvin Wallace! Who cares? Já em Sampa, nossa, só tenho lembranças positivas nesse quesito do relacionamento interpessoal com complete strangers. E nada na maldade, por incrível que pareça. A boa educação, os modos, como vc mencionou, parecem ser o cimento que une uma rede social bem-sucedida. No comércio, o atendimento é preponderantemente gentil, ao contrário do Rio, onde nos McDonald's da vida parece que estão fazendo um favor em nos atender.

São Pualo é uma supermetrópole com clima provincial, é isso que percebo aí. É claro que alguns ambientes de alta concentração demográfica como a Rodoviária do Tietê e algumas estações de metrô no horário do Rush não sejam o melhor local para esperarmos um tratamento 'individualizado', digamos; mas aos domingos de manhã nas padarias da Bela Vista e nos passeios que dava à tarde pela Liberdade e o Centro antigo, era sempre um prazer interagir com as pessoas, em sua maioria.

Isso o Rio não tem. Simpatia aqui é, grosso modo, um veiculo para obter algum benefício financeiro. Pessoas sempre são afáveis em troca de alguma vantagem. E essa falsidade cria uma imagem negativa da cidade que transcende o indivíduo e define uma cultura. Uma amiga de infância que mora na Alemanha me convidou, em sua estada aqui, para assistir a um jogo do Flamengo, nosso time, no Maracanã. Era a primeira vez que eu ia a um camarote em quase 51 anos de vida. Nunca fui tão bem tratado na vida. Depois ela me disse o preço do ingresso, que havia recebido como cortesia de outro amigo: 420 reais.

Gentileza tem preço? Desde pequeno, via aquele homem vestido de profeta segurando um estandarte nas cercanias da Rodoviária em que se lia Gentileza gera Gentileza. A história do cara estava ligada à perda da família em um incêndio num circo sessenta anos atrás. Ele sobreviveu e resolveu abandonar tudo para levar essa mensagem aos motoristas e transeuntes espremidos nos péssimos ônibus que circulam na cidade. Parece que seu exemplo ainda não foi assimilado.

Mas há alguma esperança de que tudo isso mude? Numa diáspora aparentemente irreversível, gente talentosa como vc foge do que o Rio oferece migrando para cidades mais civilizadas como São Paulo ou mesmo preferindo deixar o Brasil e se aventurar sem muitas perspectivas em países da Europa meridional ou na América do Norte. No nosso caso, como disse, vínculos familiares 'nos impedem', como se isso resumisse toda a verdade dos fatos. Não é amor que sentimos pelo Rio; não há um ódio que nos possa impelir a sair daqui de uma hora para outra. Existe uma inércia preocupante que nos liga a isto, não sei explicar.

Enfim, mas vc teve a força para superar os mitos da beleza natural e fazer esse movimento no sentido da civilização. E eu o parabenizo por isso! Amigo, que vc seja feliz nesta supercidade vibrante e que sua criatividade continue as nos brindar com um pensamento inédito e instigante. Abraços!

Jane Darckê disse...

FGustavSchmid, adorei tudo que vc disse. A adaptação de cariocas para paulistanos ou vice-versa, é sempre fascinante, justamente pelo contraste, criado talvez pela colonização diferente entre uma metrópole e outra.
Sim, nós paulistanos precisamos de mar... e sim, aqui no Rio não é só violência. Aliás, permita-me dizer que morrem mais pessoas no trânsito de São Paulo que com balas perdidas no Rio. O problema maior aí é a falta de moradia, tratada como negociata pelos MTSTs. Aqui é a milícia. Ambos são movimentos que usam de expedientes fora da lei, e usam e abusam da boa fé alheia.
Obrigada por seu comentário maravilhoso!

FGustavSchmid disse...

Oi, Jane, perdão pela demora em responder. É verdade sim, os números desanimam, e a pobreza real ainda mais, em ambas as cidades. O problema do Rio, no entanto, é que a coisa tá meio sem controle, e a população se deixa enebriar por uma esperança infundada de que tudo vá melhorar. Espero que estejam certos, e eu redondamente enganado.

Bernardo disse...

Ótimos os comentários de vocês. Ainda não morei em SP, mas uma colega de trabalho que morou me disse uma coisa que contrasta com o que o fgustav disse: segundo ela, não existe essa proximidade entre os paulistanos e, pior, existiria um certo ressentimento das pessoas mais pobres, que ela disse experimentar no metrô, por exemplo.
Não consegui entender totalmente o que ela quis dizer, mas fiquei curioso e queria saber se isso faz qualquer sentido ou se foi apenas uma impressão errada dela, que morou aí no final dos 90