BRAZIL PITTORESCO (BRASIL PITORESCO na ortografia atual) foi uma obra bilíngue (francês/português) sobre a "HISTÓRIA – DESCRIÇÕES – VIAGENS – INSTITUIÇÕES – COLONIZAÇÃO" do Brasil (conforme consta da folha de rosto) dividida em três tomos, de autoria do jornalista e político francês Charles Ribeyrolles (1812-1860), publicada em 1859, acompanhada por um "álbum de vistas" (PANORAMAS – PAISAGENS – COSTUMES, ETC. ETC.) anexo (uma espécie de quarto tomo) lançado em 1861 composto de litografias, executadas em Paris por diferentes gravuristas, baseadas em fotografias de Victor Frond, e não mais em desenhos como era costumeiro antes. Assim, podemos dizer que é o primeiro "álbum de fotografias" publicado no Brasil.
Charles Ribeyrolles (1812-1860) foi um jornalista e político republicano francês exilado da França por Napoleão III. Chegou ao Brasil em julho de 1858 e, cerca de dois anos depois, faleceu em Niterói, como informa o artigo O fotógrafo francês Jean Victor Frond (1821 – 1881) e o “Brasil Pitoresco” no site Brasiliana Fotográfica.
O fotógrafo francês Victor Frond, igualmente republicano e exilado da França em 1852, chegou ao Brasil em outubro de 1856 e em 1857 tornou-se proprietário de um estúdio fotográfico no Rio de Janeiro. Além da cidade do Rio de Janeiro, fotografou, para O Brasil Pitoresco, fazendas do interior com seus trabalhadores da roça, livres e escravos, Campos dos Goitacazes, São Fidélis e Bahia (Salvador). Em 1860, acompanhando a viagem do naturalista e explorador suíço Johan Jacob von Tschudi, produziu registros fotográficos do Espírito Santo, tanto de Vitória como das colônias agrícolas de imigrantes, segundo informa também o artigo supracitado. Em meados da década de 1860 retornou à França onde faleceu em 1861.
Uma curiosidade: na equipe de tradutores do francês para o português estava o então jovem poeta, cronista e crítico teatral Machado de Assis. Mais informações sobre a obra podem ser obtidas aqui e aqui.
A seguir uma seleção de dez imagens do álbum comentadas e acompanhadas de citações (entre aspas) de trechos do segundo tomo da obra.
Hospício D. Pedro II, atual Palácio Universitário da UFRJ (ver aqui). Em frente, onde hoje está o Iate Clube, ficava a Praia da Saudade. O personagem Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, ficou internado um período neste hospício. |
Hospital da Santa Casa da Misericórdia, existente
até hoje, só
que não mais de frente para o mar devido aos aterros. Atrás dele o Morro do Castelo, já demolido. O hospital ainda sem a nova ala com o grande pórtico central (ver aqui) construída posteriormente em frente à antiga fachada. “O hospital da
misericórdia é um esplêndido e vasto edifício, dividido em quarteirões, em
grandes salas, e magnificamente assente na praia que faz frente à entrada da
baía. Tem ricas dependências, sucursais na cidade, ótimos rendimentos [...]. É
um estabelecimento de primeira ordem. Paris e Londres não possuem melhor.” (pág. 55) |
Morro do Castelo. Na ponta esquerda do morro a antiga igreja dos jesuítas e o hospital militar onde antes era o Colégio dos Jesuítas e onde depois se instalou o Observatório Nacional. Para ver minha postagem sobre a demolição desse morro histórico clique em "Morro do Castelo" no menu da barra vertical direita. “Viam-se apenas as fraldas longínquas em que se escondem os montes e as pequenas ilhas; mas o Castelo com seu farol de sinais brilhava como um Sinai, e os olhos seguiam, luz após luz, a bela garganta de mar que ondula até Botafogo.” (pág. 27) |
Vista de São Cristóvão, em ângulo raro a partir da Ilha Pombeba, como observou meu amigo Raul Félix. Na época um bairro de chácaras como Botafogo e Catumbi. Também lá os aterros empurraram o mar para mais longe. Vemos, da esquerda para a direita: Hospital dos Lázaros (que existe até hoje como você pode ver aqui), Morro do Barro Vermelho, Igrejinha de São Cristóvão. Morro do Tuiuti, Morro de São Januário, Morro do Retiro da América (ou Pedregulho). Ao fundo a Pedra do Conde e Pico da Tijuca. O acesso a São Cristóvão dava-se por barcas, como lemos no Ribeyrolles: “Há pequenas barcas que fazem o tráfego de Niterói, Botafogo, Baía de São Cristóvão, etc. Mas conta-se apenas duas ou três estações de ônibus, e quanto a carros e cabriolés da praça, conquanto flanqueiem as ruas e em distâncias convenientes, não são de fácil acesso.” (pág. 45) |
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