ENSEADA DE BOTAFOGO

ENSEADA DE BOTAFOGO
"Andar pelo Rio, seja com chuva ou sol abrasador, é sempre um prazer. Observar os recantos quase que escondidos é uma experiência indescritível, principalmente se tratando de uma grande cidade. Conheço várias do Brasil, mas nenhuma tem tanta beleza e tantos segredos a se revelarem a cada esquina com tanta história pra contar através da poesia das ruas!" (Charles Stone)

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA
São Paulo, até 1910 era uma província tocada a burros. Os barões do café tinham seus casarões e o resto era pouco mais que uma grande vila. Em pouco mais de 100 anos passou a ser a maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo. É pouco tempo. O século XX, para São Paulo, foi o mais veloz e o mais audaz.” (Jane Darckê Avelar)

13.8.18

IGREJA DE SÃO LOURENÇO DOS ÍNDIOS (1585)

Texto de Alexei Bueno da pág. 42 do livro PATRIMÔNIO CONSTRUÍDO: As 110 mais belas edificações do Brasil, da Capivara Editora


ORAÇÃO DE SÃO LOURENÇO: Ó Deus, que comunicastes o ardor da Vossa caridade ao diácono S. Lourenço e fizestes fiel no ministério e glorioso no martírio, fazei com que o vosso povo siga os seus ensinamentos e o imite no amor a Cristo e aos irmãos.

A igreja no dia da festa de São Lourenço

Em 22 de novembro de 1573, o chefe temiminó Arariboia – por batismo Martim Afonso de Souza – tomava posse da sesmaria, do outro lado da baía, que lhe fora doada cinco anos antes, por sua ajuda na expulsão dos franceses do Rio de Janeiro. Data daí o assentamento indígena de São Lourenço, origem da futura cidade de Niterói. Em 10 de agosto de 1585 foi inaugurada a ermida inicial, com a representação do auto de São Lourenço. O que se sabe de posterior são duas reconstruções, em 1627 e 1769, embora a igreja apresente todas as características de obra antiga. Com nave única, frontão triangular com óculo, portada de verga reta e três janelas também de verga reta, ladeada por uma pequena sineira com dois arcos plenos, reproduz muito de perto, em escala mais singela, o partido da Igreja de Santo Inácio do colégio do Rio de Janeiro (que você pode ver aqui), projetada pelo irmão Francisco Dias e desaparecida no vergonhoso arrasamento do Morro do Castelo nos anos 1920, assim como recorda o partido da grandiosa São Roque de Lisboa (aqui).



Com duas sacristias laterais, coro e capela-mor, é um exemplar típico do primeiro estilo jesuítico no Brasil. A praça em frente, totalmente descaracterizada, era a praça do aldeamento. Com a expulsão dos jesuítas, passou para a Mitra de Niterói, até ser desapropriada como monumento histórico da cidade, em 1915, pelo então prefeito de Niterói, Manuel Otávio de Souza Carneiro, fato absolutamente pioneiro e admirável para a época, mas que só se concretizou juridicamente em 1934.

capela-mor

coro

púlpito lateral

Passo XIII da Paixão

telhado sem forro

pia batismal

confessionário

Em seu interior, destaca-se o magnífico retábulo do altar-mor, muito próximo dos três retábulos da já mencionada Igreja de Santo Inácio do Rio de Janeiro, hoje conservados na Igreja de Nossa Senhora de Bonsucesso. É obra do final do século XVI ou início do XVII, das mais belas e importantes do Brasil nesse período, tendo passado recentemente por acurada restauração, assim como toda a igreja. Outro elemento de grande importância são os pisos de tijoleira muito antigos da capela-mor e da sacristia, com desenhos geométricos de evidente origem indígena, sem dúvida trabalho dos habitantes da extinta aldeia jesuítica.

magnífico retábulo maneirista (renascentista tardio) do altar-mor

Imagem de São Lourenço com a grelha, de origem portuguesa

São Lourenço

pintura de anjo à esquerda do altar-mor

trabalho de talha à esquerda do altar-mor, em estilo maneirista, que é o renascentista tardio, portanto anterior ao "rebuscamento" do barroco

anjos entalhados

pisos de tijoleira muito antigos da capela-mor, com desenhos em ziguezague (cobrinhas) feitos com os dedos dos índios aldeados e pegada de cachorro que pisou num deles quando secava ao sol, segundo informação de Alexei Bueno





3 comentários:

joaodoapex disse...

Muito bom artigo, aliás como todos. Esta é talvez como arte a capela que apresenta o retabulo mais bonito do Rio de Janeiro como um todo. Nos do Instituto Histórico Geográfico Itaboraíense já a visitamos diversas vezes, duas com visita guiada, e temos até um lindo vídeo em nosso site !

Unknown disse...


Caro Ivo,
Que belo trabalho, texto e imagens. A igrejinha é uma lindeza, singela e harmoniosa.
Parabéns pelo seu blog. Eu já estive na Igreja de São Lourenço dos Índios e ela está entre os bens tombados, com um verbete, na publicação "Imagens da Arte Brasileira" de M. Lúcia Santos Freire, com projeto gráfico de minha autoria. É mesmo preciosa.

Sou amiga do Nireu, do Mário Aizen e do Helio Brasil. Já estive com você em torno de uma roda de chope, em companhia desses amigos comuns.
Um abraço, Cecília Jucá de Hollanda

Anônimo disse...

Então tenho orgulho de ser morador do bairro,e falo que existe muito mais coisas e ser mostrado no bairro. no morro Boa Vista tem muitas coisas do tempo dos indígenas, poderia também se tornar ponto turístico pos la do alto do BOA vista tem visão privilegiada de toda Niteroi e também antigo túnel que servil de rota de atalho para os índios e muito mais...