Por mais tempo que você viva em uma metrópole (vivo no
Rio há 65 anos, desde meu nascimento), por mais que percorra seus meandros,
você sempre descobre algo novo, surpreendente. Foi o que me aconteceu ontem (25/6).
Morei uma década no bairro alto de Santa Teresa, a cavaleiro da cidade. Gostava
de explorar as várias descidas para diferentes partes da cidade: para a Lapa,
Catete, Glória, Laranjeiras, Catumbi, Rio Comprido, Centro. Ontem fui fazer o
passeio guiado do professor Milton Teixeira, de quem sou fã (veja aqui a programação de seus passeios guiados gratuitos), por Santa Teresa. Chegando ao Largo dos Guimarães
(alusão, como explicou o prof. Milton, a Joaquim Fonseca Guimarães, dono da
chácara cujo loteamento iniciou a ocupação do bairro, em meados dos oitocentos,
que veio a se adensar quando se descobriu, mais à frente, que a
febre amarela não chegava àquelas alturas) deu-me na veneta separar-me do grupo
e explorar a Ladeira do Castro, que leva à Rua do Riachuelo, no Centro, e que eu, em meus mais
ou menos dez anos de bairro, nunca havia descido. E o que lá encontro? Uma
galeria de arte a céu aberto! Eis uma amostra fotográfica do que vi e uma
matéria que garimpei no acervo eletrônico de O Globo.
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Painel "Guerra de Egos" de Cazé (parte) nas paredes de uma farmácia no início da Ladeira do Castro |
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Grafites ladeira acima |
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Grafites ladeira acima |
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Grafites ladeira acima |
GRAFITE LADEIRA ACIMA, matéria de EMILIANO URBIM
(emilianourbim@oglobo.com.br) publicada na Revista O Globo de 21/2/2016
Uma ruazinha estreita, íntreme e sinuosa, daquelas que só o
GPS é capaz de salvar do anonimato entre o emaranhado de vias que ligam a Lapa
a Santa Teresa. Assim é a Ladeira do Castro – até que, em 16 de novembro de
2015, uma intervenção urbana começou a cobrir seus muros de grafite e a colocou
no circuito de arte de rua da cidade.
O idealizador do projeto, chamado simplesmente de Ladeira do
Castro, é o artista plástico Fernando Sawaya, conhecido como Cazé. Desde o ano
passado, ele e a produtora cultural Luciana Vasconcellos agilizaram a vinda de
mais de 30 artistas, incluindo coletivos, para realizar murais na ladeira que
começa na Rua do Riachuelo e segue até o Largo dos Guimarães, em pleno fervo de
Santa Teresa.
– É um projeto cujo benefício é o diálogo urbano – diz Cazé.
– Você revitaliza a rua, um espaço público, através da intervenção artística
realizada nos muros das casas, um espaço privado.
Há quatro anos morando no Centro do Rio, Cazé já havia
realizado alguns grafites na região quando descobriu os vários “muros virgens”
que ladeiam os 800 metros da ladeira. Enxergando o potencial do espaço, ele
começou a negociar com moradores e comerciantes a liberação dos espaços.
O primeiro grafite da galeria a céu aberto foi realizado nas
paredes de uma farmácia na esquina da ladeira com a Rua Riachuelo: o painel
“Guerra de egos”, em que Cazé pintou vários autorretratos envolvidos numa
batalha. Desde então, o projeto ganhou apoio da FAC (Fábrica de Arte e Cidadania),
ONG que tua na Lapa, e vários adeptos. Já pintaram por lá nomes como Memi,
Tarm, Criz, Marcelo Eco, Aiog, Efixis, Cast, Snc, Franey Nogueira e
o 8-bitch Project. Com a sessão de pintura do fim de semana passado, a primeira
metade da subida está quase completa, faltando a superior.
3 comentários:
Teu blog é sensacional. Gostei muito da matéria sobre o Morro do Pinto. Possui algum material sobre o bairro de Coelho Neto (antigo Areal), ou indicação de leitura? Tenho um blog sobre o bairro e é muito difícil achar informações acerca daquele local. Abraço.
Ola, Gostei muito do seu blog. Tambem achei os grafites bonitos...Mas, prefiro ver as casas antigas restauradas e conservadas sem esse tipo de arte cobrindo elas. Sao lindas como sao, nao precisam de mais nada. Abracos!
Nasci e cresci na ladeira do Castro por 14 anos, sai de lá por volta de 1985, a ladeira já era muito charmosa com casas históricas e vizinhos que não esquecerei jamais.
O grafite ficou muito bonito e harmonioso
Tenho muita sdd da minha infância nessa rua.
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