ENSEADA DE BOTAFOGO

ENSEADA DE BOTAFOGO
"Andar pelo Rio, seja com chuva ou sol abrasador, é sempre um prazer. Observar os recantos quase que escondidos é uma experiência indescritível, principalmente se tratando de uma grande cidade. Conheço várias do Brasil, mas nenhuma tem tanta beleza e tantos segredos a se revelarem a cada esquina com tanta história pra contar através da poesia das ruas!" (Charles Stone)

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA
São Paulo, até 1910 era uma província tocada a burros. Os barões do café tinham seus casarões e o resto era pouco mais que uma grande vila. Em pouco mais de 100 anos passou a ser a maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo. É pouco tempo. O século XX, para São Paulo, foi o mais veloz e o mais audaz.” (Jane Darckê Avelar)

10.1.12

SER CARIOCA NÃO É CERTIDÃO DE NASCIMENTO, É UM ESTADO DE ESPÍRITO, de Aspásia Camargo


1. Riomania - Quando desponta o verão, tenho um encontro mágico e intransferível com minha cidade, o Rio de Janeiro. É o momento em que todos redescobrimos sua beleza e sedução. Suas riomanias, modismos e gingados, que se renovam a cada ano, revelando os seus mistérios e surpresas.  São as “bossas do verão”.


2. Somos gregários - Vivo também o prazer de  encontrar amigos em algum café ou bar de esquina, para comentar os últimos espetáculos, os próximos planos ou as mazelas da cidade. Por exemplo, como a cidade anda suja!


3. Pontos de encontro - No ano passado, várias tribos fizeram seu ponto no Arpoador, à noite, e as sorveterias de iogurte conquistaram a cidade! São as novidades que só o verão carioca oferece, aos que aqui vivem e aos que vêm ao seu encontro, atraídos por sua magia e sedução.


4. Rumo ao subúrbio! - A moda agora é frequentar novos recantos da cidade. Verdadeiras caravanas se organizam em busca do melhor botequim de subúrbio, com boa gastronomia a preços acessíveis, depois que alguns botequins tradicionais salgaram na conta. É o caso do Aconchego Carioca, em uma transversal da Rua do Mattoso, na Praça da Bandeira. Há também um porco embebedado no Cachambeer, em Cachambi, e um caldo de frutos do mar no Bar da Portuguesa em Ramos. É o charme da Leopoldina.


5. O verão sobe o morro - Cacá Diegues estava certo quando inventou Cinco X Favela. Agora, com muitas delas pacificadas, os cariocas frequentam mais as comunidades cheias de afetividade e emoção. Os estrangeiros, que vêm de países superindividualistas, ficam encantados com tanta interação. Comer uma boa feijoada no Bar do David, no Chapéu Mangueira é uma descoberta.  Mas houve também espetáculos de final de ano, nas lajes! Como o do Theatro Municipal na Rocinha, e a Orquestra Sinfônica no Alemão. A cultura erudita se mistura com a alma da nação.


6. O novo hit do verão - A onda agora é a redescoberta dos bairros, uma espécie de bairromania  que a Lei Seca facilitou. Afinal, ninguém quer levar multas ou perder a carteira frequentando bares muito longe de casa. Com isso, foram beneficiadas as economias locais. E, vamos combinar: é bem simpático frequentar as esquinas e a vizinhança, valorizando os arredores e os prazeres de nossa infância, como acontece em outros países que promovem sua própria cultura.


7. Aqui é o meu lugar - Como dizia o grande Osvaldo Nunes, “voltei, aqui é meu lugar, minha emoção é grande, a saudade era maior, e voltei pra ficar”. Então, fique! Puxe a cadeira, chame os amigos e, sem exageros, peça uma cerveja bem gelada… afinal, estamos no verão!


8. Fotomania - A reconquista dos bairros vem inspirando uma nova e verdadeira declaração de amor ao Rio de Janeiro.  As máquinas fotográficas e celulares clicam sem parar e são agora os olhos do carioca, que faz questão de apresentar as paisagens de sua preferência nas redes sociais. Esses flagrantes improvisados trazem a certeza de que o Rio de cada um continua lindo e merece virar a janela de todos nós.


9. How to be a carioca? - Ser carioca não é certidão de nascimento, é um estado de espírito. Uma opção de amor pela cidade de seus sonhos. Somos a única cidade do mundo que acolhe oficialmente [como cariocas] não apenas os que aqui nasceram, mas os que escolheram esta cidade para ficar. Além disso, são cidadãos honorários aqueles que voltam sempre e que têm pelo Rio um carinho especial, renovado a cada ano – em geral, no verão.


10. Identidade global - Já somos, sem perceber, uma cidade global. Nossa “carteira de identidade” preenche atributos típicos de uma metrópole internacional: capacidade de atração, espírito acolhedor, diversidade cultural, charme popular, opções de lazer e entretenimento. E mais aquela sensação de pertencimento:  aqui é o meu lugar. É este Rio global que precisa assumir o seu destino.


11. O que falta é gestão pública - Transporte de massa, escolas e hospitais de qualidade, um planejamento metropolitano, esgoto tratado, menos lixo, uma verdadeira economia empreendedora e criativa. E um Rio Banda Larga que, por enquanto, é apenas uma bandinha muito estreita… Mais alguns verões, e chegaremos lá!


Um ótimo verão carioca para todos!
Deputada Aspásia Camargo


Fotos do editor do blog

3 comentários:

Pedro Paulo Bastos disse...

Eu acho um barato essa coisa de o verão carioca conseguir transformar um empreendimento comercial em moda, principalmente na gastronomia. Já tivemos o verão dos temakis, dos iogurtes, já falou-se de kebaberias (que só se restringiu ao Leblon, acho), e, agora, o ceviche! Cobrado não tão barato quanto nos nossos vizinhos Chile e Peru, mas que é bom, ah, se é.
Por outro lado, é um exercício de administração comercial e estratégica. O cara tem que saber o período certo para largar a loja de vez, antes que caia no esquecimento, como as iogurterias.

Helio Brasil disse...

Seu blog continua um show! Belas fotos e ótimo apelo para que os sujismundos parem de jogar papeizinhos e quejandos pelas calçadas...
Vamos lembrar o triste montão de lixo pós ano novo. Disseram que não foram "só" os cariocas os autores da sujeirada. OK. Digamos que 10% apenas (??) foram os "cariocontribuintes". É um diagnóstico desanimador. significa que uns 30 ou 40% são de gringos (habitualmente tão educados em suas terras) e que os 50 ou 60% restantes cabem às delicadas mãozinhas dos turistas tupiniquins. Duvido que fizessem tal sujeirada em NY, London or Paris (it's a ball!), sem até serem observados pelos olhos das guardas pretorianas locais.
Ainda ontem, indo a Botafogo, depois à cidade e voltando pra Tijuca, além de um Metrô aos trancos, NÃO COSEGUI TOMAR UM SÓ ÔNIBUS NO PONTO ASSINALADO!! Todos, TODOS, pararam fora do lugar, no sinal mais a frente ou onde quiseram...
Não sei se chego ao maravilhoso ano da Copa (2014) mas, lá chegando, receio ver uma esculhambação pra gringo nenhum botar defeito!! Não sentirei vergonha, pois sou um cidadão que contribui e tento manter o respeito pelos espaços públicos, mas sentirei muita tristeza. Não quero o Rio da Copa, não quero o Rio das Olimpíadas, quero o Rio (maravilhoso) pra viver o que me resta com um mínimo de cidadania.
Casarões arruinados incomodam, entristecem, mas transportes pífios e ruas intransitáveis são DEMAIS!!! Pelo menos, urbanidade na cidade!!
Mantenha seu maravilhoso Blog para ver se a turma se manca... (comentário enviado por e-mail e inserido aqui pelo editor do blog)

Ivo Korytowski disse...

Helio, você vai chegar até a Copa e Olimpíada sim porque você tem aquilo que o Niemeyer tem: uma boa saúde e uma ótima cabeça! Devagar a gente vai melhorando, nos lugares onde tem RBS os ônibus agora param direitinho nos pontos como no primeiro mundo, é uma questão de tempo. Nosso amigo *** gosta de meter o malho no prefeito, mas ele tem o mérito de ter trazido à baila a questão da "ordem pública" com sua doutrina do "choque de ordem". Devagar se vai ao longe, devagar chegamos lá.
Abração