ENSEADA DE BOTAFOGO

ENSEADA DE BOTAFOGO
"Andar pelo Rio, seja com chuva ou sol abrasador, é sempre um prazer. Observar os recantos quase que escondidos é uma experiência indescritível, principalmente se tratando de uma grande cidade. Conheço várias do Brasil, mas nenhuma tem tanta beleza e tantos segredos a se revelarem a cada esquina com tanta história pra contar através da poesia das ruas!" (Charles Stone)

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA
São Paulo, até 1910 era uma província tocada a burros. Os barões do café tinham seus casarões e o resto era pouco mais que uma grande vila. Em pouco mais de 100 anos passou a ser a maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo. É pouco tempo. O século XX, para São Paulo, foi o mais veloz e o mais audaz.” (Jane Darckê Avelar)

25.10.10

IGREJAS HISTÓRICAS DO CENTRO DO RIO (Parte 2.5): IGREJA DO CONVENTO DE SANTO ANTÔNIO & IGREJA DE SÃO FRANCISCO DA PENITÊNCIA

LARGO DA CARIOCA

Largo da Carioca. O chafariz foi construído junto com o Aqueduto da Carioca para solucionar o problema de abastecimento de água. Atrás (da esquerda para a direita) o Convento de Santo Antônio, a Igreja conventual  e a igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência. Jansson, J. 1824.

Esta litografia de Heaton e Rensburg de 1845-46 mostra o conjunto colonial do Largo da Carioca ainda incólume, antes das "mexidas" do século XX

Convento e igreja de Santo Antônio (esquerda) & e Igreja de São Francisco da Penitência (direita) vistos do Largo da Carioca. Quem passa apressado por lá no dia a dia não imagina os tesouros artísticos que essas igrejas guardam. Foto de 2009 quando a igreja de Santo Antônio ainda exibia o frontão neocolonial resultante de uma reforma da década de 1920. Obras de restauração em  2012 devolveram o frontão triangular maneirista original mas com uma falha que esperamos venha a ser retificada: falta a linha da cimalha entre o frontão e o corpo da igreja, visível nas duas gravuras iniciais. 

IGREJA DO CONVENTO DE SANTO ANTÔNIO

A Igreja de Santo Antônio foi construída de 1608 a 1620, sob o risco do Frei Francisco dos Santos. Durante o século XVIII, foram feitas obras sucessivas, com a construção da frente da nave e a inclusão do galilé no corpo da nave. A aparência externa da Igreja reflete a influência jesuítica, com portadas de pedra portuguesa de lioz, tendo três portas no primeiro pavimento, três janelas de peitoril, com vidraças no coro, frontão reto apresentando um óculo no tímpano. O Convento que ladeia a igreja pelo lado esquerdo, é edificação da segunda metade do setecentos, constitui uma sólida massa edificada de três andares, com pequenas e espaçadas janelas. O cunhal que limita a fachada conventual é encimado por forte e alto pináculo. Entre o convento e a igreja aparece a sineira. 

Para o claustro central, o corredor do térreo se abre em arcadas de cantaria, enquanto nos andares superiores, as celas apresentam janelas de dimensões restritas, diferindo no conjunto das demais construções franciscanas no Brasil. 

No interior da Igreja, as pinturas que ornam a capela-mor e os trabalhos de talha nela encontrados, juntamente com os outros dois altares da nave formam um raro conjunto de obras que mantêm a feição do gosto artístico do nosso barroco inicial. Pelo lado direito da nave, em grande arco gradeado, abre-se a Capela da primitiva Ordem Terceira com talha também barroca, porém de fase posterior. A Sacristia representa notável composição arquitetônica, reúne um conjunto destacado de obras do século XVIII, entre elas, o arcaz confeccionado em 1749 por Manoel Alves Setúbal, os azulejos e os painéis emoldurados representando cenas da vida de Santo Antônio. Em sala próxima, sobressai o lavabo monumental trazido de Portugal. Nas Capelas domésticas, entre as quais se sobressai a das relíquias, localizadas no claustro encontram-se imagens de barro cozido, que representam o nascimento e a morte de São Francisco. Destaca-se, ainda, na sala do palratório, o forro emoldurado e pintado com elementos rococó. (Fonte: site do IPHAN)

Igreja do convento de Santo Antônio com frontão neocolonial dos anos 1920. 

Igreja de Santo Antônio com frontão triangular maneirista original restaurado, mas sem a linha da cimalha do frontão

Devoção a Santo Antônio

Altar lateral em talha barroca dourada sobre uma base vermelha

Santo casamenteiro

Imagem de Santo Antônio sobre a amurada do convento. Atribui-se à imagem a inspiração na vitória contra os invasores franceses.

IGREJA DA ORDEM TERCEIRA DE SÃO FRANCISCO DA PENITÊNCIA

Em 1619 foi fundada a Ordem Terceira da Penitência, pelo português Luís de Figueiredo e sua mulher, e em 1620 já se encontrava pronta a Capela da Conceição, localizada perpendicularmente ao lado direito da igreja conventual. A igreja da Ordem Terceira foi iniciada em 1653, construída paralelamente à Igreja conventual, também pelo lado direito, mas por causa de desavenças na Irmandade, somente a partir de 1726 as obras se aceleraram, e no ano de 1773 foi inaugurada. A primitiva Capela ficou incorporada à nova Igreja. 

Igreja sem torres ou sineiras, sua fachada destaca-se de todas as demais do Rio de Janeiro. Tem seu frontispício dividido em quatro pilastras terminadas por pináculos de cantaria e ligados pela cimalha corrida, interrompida por óculo que é o centro do frontão barroco, formado por conjunto de seis janelas e três portas divididas pelas pilastras em três partes iguais [VER FOTO ABAIXO]. A parte central corresponde ao corpo da Igreja e apresenta uma portada trabalhada em lioz vinda de Portugal, onde se observa um medalhão com os respectivos escudos da Ordem Franciscana e de Portugal e na parte superior é arrematado por linhas sinuosas. 

O interior da Igreja, todo revestido de talha, expõe um raro exemplar da arte barroca. Dois grandes artistas, Manuel de Brito e Francisco Xavier de Brito, trabalharam para as realizações das obras. O início dos trabalhos de entalhe ocorreu pelo altar-mor em 1726, obra de Manuel de Brito. Seguem-se cronologicamente os trabalhos realizados por Francisco Xavier de Brito para os púlpitos (1722), arco cruzeiro (1753) e seis altares laterais da nave (1736-1738). O preenchimento dos espaços entre um altar lateral e outro foi iniciado em 1739 por Manoel de Brito. A talha da primitiva Capela da Ordem Terceira, que se abre em arco para a igreja conventual vizinha, é também destacada pela sua composição, datando, provavelmente, do segundo quartel do século XVIII. No retábulo do altar, destacam-se as figuras dos quatro Evangelistas assentadas nas bases das colunas que sustentam o dossel de coroamento. [...]

A pintura do teto da nave da igreja (1737) foi realizada por Caetano da Costa Coelho, que utilizou a técnica da pintura em perspectiva ilusionista. A sacristia apresenta um conjunto de obras rococó composto pelo arcaz e pelas pinturas dos painéis emoldurados, localizados no teto. Com arranjo museológico, os compartimentos à esquerda da igreja apresentam as imagens, os andores, os paramentos e demais objetos relativos à Procissão da Cinzas, uma das mais importantes do Rio antigo. O altar para a capela do Santíssimo Sacramento é obra realizada no século XIX, como também o cemitério, localizado nos fundos, colado aos barrancos do morro, de aspecto neoclássico, composto por duas colunatas que ladeiam uma parte central aberta em forma retangular. (Fonte: site do IPHAN)

Frontispício dividido em 4 pilastras terminadas por pináculos de cantaria e ligados pela cimalha corrida, interrompida por óculo que é o centro do frontão barroco; formado por conjunto de seis janelas e três portas divididas pelas pilastras em três partes iguais. 

Portada barroca

Nave

O interior da igreja, todo revestido de talha, expõe um raro exemplar da arte barroca.

Altar-mor com imagem do Cristo Seráfico (ou seja, como um anjo, com três pares de asas) de Francisco Xavier de Brito no alto.

Pintura do teto em perspectiva da apoteose de São Francisco realizada por Caetano da Costa Coelho.

Fotos do editor do blog. Para outras postagens sobre igrejas históricas clique em um dos labels abaixo. 

2 comentários:

Vera Dias disse...

Oi Ivo. Muito bom, pesquisa e imagens.
Parabens

Rafael Soares disse...

Esta, São Francisco da Penitência, é uma das igrejas que mais gosto da cidade. Um trabalho artístico de tirar o fôlego.