Nessa época crescia a oposição militar ao presidente da República Epitácio Pessoa. A eleição, em março de 1922, de seu sucessor Artur Bernardes foi considerada inaceitável por grande parte da oficialidade. Por outro lado, a interferência do governo federal na eleição para a presidência de Pernambuco em maio de 1922, utilizando tropas do Exército para favorecer o candidato apoiado por familiares de Epitácio Pessoa, provocou um telegrama de protesto da parte do marechal Hermes da Fonseca, então presidente do Clube Militar. A prisão disciplinar do marechal e o fechamento do Clube Militar, decretados no início de julho, aumentaram a agitação nos meios oposicionistas, particularmente entre os militares. A imprensa de oposição, tendo à frente o Correio da Manhã, concitava abertamente à rebelião.
Articulado com a conspiração que se desenvolvia no seio da oficialidade, Eduardo Gomes, então com 26 anos incompletos, deixou sua unidade no dia 4 de julho e colocou-se à disposição do comandante do Forte de Copacabana, o capitão Euclides Hermes da Fonseca, filho do marechal. Nesse mesmo dia entretanto, foi decidida a substituição deste último pelo capitão José da Silva Barbosa. Ao chegar ao forte em companhia do general Bonifácio da Costa para efetuar a troca de comando, o capitão Silva Barbosa foi com ele preso, por ordem do capitão Euclides, que contava com o apoio do tenente Siqueira Campos.
No dia seguinte, 5 de julho [nome de uma rua em Copacabana], eclodiu o levante do forte de Copacabana, movimento que iniciou o ciclo de revoltas tenentistas da década de 1920. Simultaneamente, rebelaram-se a Escola Militar do Realengo, parte da Vila Militar — elementos do 1º Regimento de Infantaria e do 1º Batalhão de Engenharia — e parte da guarnição do forte do Vigia, no bairro do Leme. Os rebeldes bombardearam vários objetivos militares, entre eles o quartel-general e o Arsenal de Marinha, forçando a transferência do comando militar e do Ministério da Guerra. Entretanto, após breves combates, as forças do governo dominaram a sublevação, controlando todos os focos da rebelião, com a exceção do forte de Copacabana. Diante desse quadro, que lhe foi exposto pelo ministro da Guerra João Pandiá Calógeras, o capitão Euclides Hermes da Fonseca franqueou a saída aos combatentes que desejassem abandonar o forte, o que foi feito por cerca de 270 dos trezentos homens que compunham a guarnição.
No dia 6 os combates prosseguiram e, quando Euclides deixou o forte para parlamentar com o ministro Calógeras, foi preso por ordem de Epitácio Pessoa. Prevendo essa possibilidade, Euclides havia instruído seu substituto no comando do forte, o tenente Siqueira Campos, no sentido de que bombardeasse a cidade caso ele não voltasse dentro de duas horas. O próprio Euclides, uma vez preso, fez gestões junto a Siqueira Campos no sentido de que a ameaça não fosse cumprida, mas quando Siqueira foi informado de que Epitácio Pessoa exigia a rendição incondicional, rompeu as negociações. Epitácio ordenou então que o forte fosse cercado por terra, mar e ar.
Contrapondo-se à sugestão de Siqueira Campos de que fosse explodido o paiol de pólvora do forte, Eduardo Gomes propôs a saída dos rebeldes para a rua e o combate corpo a corpo com as forças do governo, o que foi aceito. Siqueira Campos dividiu então em 28 pedaços a bandeira nacional, entregando um a cada revoltoso e guardando consigo o destinado a Euclides. Munidos de fuzis e revólveres, os rebeldes marcharam pela praia de Copacabana, recebendo no caminho a adesão de um civil, Otávio Correia, a quem foi entregue armamento e o pedaço da bandeira separado para Euclides. Liderado pelos tenentes Siqueira Campos, Eduardo Gomes, Mário Carpenter e Newton Prado, o grupo enfrentou as tropas do 2º Batalhão do 3º Regimento de Infantaria durante aproximadamente uma hora e 15 minutos. Desse combate resultaram dois oficiais mortos, Mário Carpenter e Newton Prado, além do civil Otávio Correia. Saíram feridos, entre outros, Siqueira Campos e Eduardo Gomes, este com fratura exposta do fêmur esquerdo.
O episódio, louvado em prosa e verso pelos jornais da época, passaria à história com o nome de “Os 18 do Forte”, título do poema de autor desconhecido publicado no Correio da Manhã em setembro de 1923. Na ocasião, o jornal publicou também uma fotografia do grupo marchando em linha, na qual não aparecia Siqueira Campos, que havia avançado, distanciando-se dos demais. Segundo Eduardo Gomes, Siqueira Campos lhe dissera haver identificado dez combatentes naquela foto. Na verdade, o contingente de 27 homens que havia permanecido no forte não participou da marcha em sua totalidade, pois alguns não chegaram a sair para a rua, enquanto outros abandonaram o grupo durante a caminhada. Assim, participaram dos enfrentamentos finais cerca de 11 combatentes, e não 18 como registra a história. Anos mais tarde, porém, durante uma homenagem aos 18 do Forte, Eduardo Gomes afirmaria haverem sido 13 os combatentes.
Dias depois dos combates, Epitácio Pessoa visitou os feridos no hospital, indagando a Eduardo Gomes, cujo pai era seu conhecido, as razões que o haviam levado a participar da revolta. Na ocasião, o tenente respondeu-lhe que não se arrependia de seus atos. Essa mesma postura foi mantida por Eduardo Gomes no seu julgamento, quando, assistido por Nilo Peçanha, sustentou o depoimento do inquérito policial e assumiu plena responsabilidade pela atitude tomada.
Em novembro de 1922 Artur Bernardes tomou posse na presidência da República. No ano seguinte, por efeito de um habeas-corpus, Eduardo Gomes esteve algum tempo em liberdade, empenhando-se então na defesa dos cadetes expulsos da Escola Militar. Após quase dez meses de sumário, em dezembro de 1923 os revoltosos foram pronunciados como incursos no artigo 107 do Código Penal, acusados de tentativa de mudança de forma de governo através da violência (mais tarde essa decisão seria reformulada pelo Supremo Tribunal Federal, sendo os indiciados pronunciados no artigo 111 do Código Penal). No Natal de 1923, dois dias antes que sua prisão fosse decretada, Eduardo Gomes fugiu para Mato Grosso. Com o pseudônimo de Eugênio Guimarães refugiou-se na fazenda Taquaraçu, pertencente à família do marechal Bento Ribeiro, no município de Três Lagoas, e aí passou a trabalhar como mestre-escola.
(Texto extraído da biografia de Eduardo Gomes no site do CDDOC da FGV. Fotos do editor do blog. Para mais informações sobre o Forte, endereço, horário, preço, mapa da área etc. consulte o GUIA DO RIO, seu guia carioca simples, prático e grátis, neste mesmo blog. Basta clicar na guia FORTE DE COPACABANA, lá em cima, no cabeçalho do blog.)
Em novembro de 1922 Artur Bernardes tomou posse na presidência da República. No ano seguinte, por efeito de um habeas-corpus, Eduardo Gomes esteve algum tempo em liberdade, empenhando-se então na defesa dos cadetes expulsos da Escola Militar. Após quase dez meses de sumário, em dezembro de 1923 os revoltosos foram pronunciados como incursos no artigo 107 do Código Penal, acusados de tentativa de mudança de forma de governo através da violência (mais tarde essa decisão seria reformulada pelo Supremo Tribunal Federal, sendo os indiciados pronunciados no artigo 111 do Código Penal). No Natal de 1923, dois dias antes que sua prisão fosse decretada, Eduardo Gomes fugiu para Mato Grosso. Com o pseudônimo de Eugênio Guimarães refugiou-se na fazenda Taquaraçu, pertencente à família do marechal Bento Ribeiro, no município de Três Lagoas, e aí passou a trabalhar como mestre-escola.
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