ENSEADA DE BOTAFOGO

ENSEADA DE BOTAFOGO
"Andar pelo Rio, seja com chuva ou sol abrasador, é sempre um prazer. Observar os recantos quase que escondidos é uma experiência indescritível, principalmente se tratando de uma grande cidade. Conheço várias do Brasil, mas nenhuma tem tanta beleza e tantos segredos a se revelarem a cada esquina com tanta história pra contar através da poesia das ruas!" (Charles Stone)

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA
São Paulo, até 1910 era uma província tocada a burros. Os barões do café tinham seus casarões e o resto era pouco mais que uma grande vila. Em pouco mais de 100 anos passou a ser a maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo. É pouco tempo. O século XX, para São Paulo, foi o mais veloz e o mais audaz.” (Jane Darckê Avelar)

9.1.09

LAGOA RODRIGO DE FREITAS, de CARLOS HEITOR CONY

Texto extraído do livro Lagoa: História, Morfologia e Sintaxe, editado pela Relume Dumará. Fotos da Lagoa tiradas pelo editor do blog.


O Rio é mais Rio no verão, quando — como dizem os franceses — é bom suar. Sem jogar no lixo a temporada folgazã do carioca, prefiro a cidade nesse meio-ano.

Embora não seja outono, as amendoeiras na praça Paris ficam douradas, o chão coberto de folhas — anos atrás, trazendo Otto Maria Carpeaux para o trabalho, ele comparou a paisagem a um quadro de Utrillo. Um vienense, o Carpeaux: seu referencial era a cultura europeia. Sou carioca, meu referencial é minha própria raiz, Utrillo uma ova, o meu Rio é como aquele relógio do português que às vezes era de ouro e às vezes não era.




Tropical ou impressionista, a cidade talvez não seja boa para se viver, mas é ótima para se olhar. Quando acordo, olho a Lagoa, que renasce a cada manhã como uma criança. São três planos superpostos: o céu muito lavado, nem se pode dizer que é azul; as montanhas, que deviam ser verdes, ficam indecisas sobre a cor que o sol trará a cada uma delas. E a Lagoa, em si, é uma lâmina fina de laboratório que mistura em suas águas as cores que ainda não se definiram.

Eis que surge, enfim, uma cor nítida, estanque: é um barco de corrida, comprido, branco, uma brancura de creme, de filme de Luchino Visconti. Corta com a decisão de seu branco, esse amontoado de cores que aguardam o sol para serem azul ou verde, pelo menos até que a tarde chegue e misture tudo outra vez.




Os barcos de regata costumam ser da cor dos violinos. Mas este, que vem todas as manhãs, é branco. É ele que recebe a primeira luz do sol que enfim deu a cara, depois de vencer a nua pedra do morro dos Cabritos. E é dele que a luz parece se espalhar: o céu fica azul, verde fica a montanha, o dia nasceu da pele escura da Lagoa cortada pelo barco branco.

É um Rio bom que vejo a cada manhã. Depois leio os jornais. Olho mais uma vez a Lagoa: o barco branco sumiu. Amanhã virá outra vez.


OBRIGADO POR VISITAR O BLOG LITERATURA & RIO DE JANEIRO. VOLTE SEMPRE!

2 comentários:

Anônimo disse...

OI,Ivo!Eu sou o Mateus,primo do Marcinho.
Eu vi o seu blog junto com a Tia Siomara e eu gostei muito!
As fotos da Lagoa estão lindas!
Parabéns!
Mateus e Tia Siomara

Anônimo disse...

Embora bonita por natureza, a lagoa está feia pela sujeira que fazem com ela...