JUAREZ BECOZA
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Praça da Apoteose |
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Casario na Rua do Catumbi |
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Idem |
Volta e meia ouço alguém dizer que o Catumbi é um bairro violento e perigoso. Que injustiça, caro leitor. Não que os morros que cercam a área tenham parado de cuspir fogo de quando em vez. Mas, em geral, o centrinho do Catumbi, aquele que começa no cemitério e termina na Apoteose, ainda mantém a aura de tranqüilidade típica dos subúrbios. No caso, um subúrbio a cinco minutos do Centro, onde ainda sobram os sobrados, as casas geminadas, as cadeiras na calçada e os botecos. Muitos botecos.
E não poderia ser mesmo diferente, em se tratando de um bairro que viu Pixinguinha nascer, criou Jorge Ben e abrigou Moreira da Silva, o último dos malandros, que nunca bebeu mas teve a vida marcada pela boemia. No Catumbi, portanto, botequins fazem parte do cenário e da cultura. E o melhor deles é o cinqüentenário Bar do Bacalhau.
No fim de uma rua sem saída, este espartano e familiar boteco português serve um bacalhau honesto e generoso. Por décadas, seu José, o dono, fazia o peixe na brasa. Desde a sua morte, há cinco anos, dona Maria, a viúva, e Lola, a filha, oferecem o bacalhau à portuguesa — assado ou frito — caprichado no pimentão e na azeitona preta (R$ 45, para três). Aos 81 anos, Dona Maria anda pensando em fechar a casa. Só não o fez ainda por insistência dos fregueses, fiéis ao ótimo bacalhau. Eu entre eles.
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Lola |
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Uma cervejinha que ninguém é de ferro |
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Igreja de N.S. das Dores da Salette |
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Acesso ao túnel Santa Bárbara e encosta de Santa Teresa |
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Acesso ao Santa Bárbara e favela do Morro da Coroa |
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Chalé (*) |
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Rua Pedro Mascarenhas (*) |
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Idem |
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Encosta de Santa Teresa vista do cemitério |
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Após a chuva... |
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Vila Idalina (detalhe) |
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Uma cervejinha que ninguém é de ferro II |
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O bacalhau do Bar do Bacalhau |
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Dona Maria e alegres fregueses do Bar (*) |
Endereço do
Bar do Bacalhau: Rua Valença, 25, Catumbi — tel. 2293.9190.
Crônica publicada em 2006 na coluna "Pé-Sujo" de O Globo e reproduzida aqui com autorização do autor. Visite o blog do Juarez.
Fotos do editor do blog, exceto as marcadas com (*), de Raul Antônio Félix de Souza.
25 comentários:
Bacaníssimo post!
Texto e fotos.
Amo quando alguém sai da zona sul e mostra ao mundo o restante do Rio de Janeiro.
Quero fazer um post com o Centro do Rio a noite e aos finais de semana.
Falta-me tempo para as fotos, mas vou fazer.
Sem contar com o Méier e Padre Miguel e Bangu, que amo.
Parabéns!
Ivo, como sempre belo post e otimas fotos. Parabens do amigo Jonas.
Quanto ao bacalhau...se bem feito é mto bom mesmo! Espero um dia poder experimentá-lo no Catumbi.
Q pena q o casario seja tão mal tratado, né?
Seu blog esta mesmo bom!!! (enviado por e-mail do Canadá)
Dolores, este bacalhau lá do Catumbi eu garanto! Comi e adorei!
Esse é nosso bairro!
Ivo,
Muito boa esta reportagem. Está em nosso acervo.
É o típico pé sujo de qualidade.
Saudações Catumbienses (comentário postado no tópico "Catumbi, sobrados e botequins" da comunidade Movimento da Juventude Catumbi do Orkut)
Ivo, este seu blog é uma delícia de se ler e ver. Cada vez que aqui acesso minhas lembranças desta cidade que tanto admiro afloram como uma espécie de abraço acolhedor, com enlevo e ternura.
Seu blog é uma cristalina e doce poesia ao Rio.
Bjo,
Liz
Oieeeeeeeeeeeeee
Você sabe que eu amo esse seu blog e sou sua fã de carteirinha....
Já perdi o medo de Catumbi....rsrsrs....mas mordi o cotovelo de inveja de você e seus amigos naquela mesa repleta de bolinhos e cervejas.....vixe!!!!
Olá Ivo, seu blog é muito bacana, já visitei um tempo atrás. Gostei muito das fotos do Catumbi, costumo passar por ali. (postado no tópico "Rio Comprido" da comunidade "Rio Antigo" do Orkut)
Descobri o seu blog hoje, achei muito legal, parabéns!
Eu sou francesa, moro no Rio (faz dois anos), com o meu marido. Achei muito engraçado o texto falando do medo do Catumbi, porque quando a gente chegou, eu queria morar no Catumbi, mas todos os amigos cariocas falaram que era perigoso, etc... Então nós fomos morar em Laranjeiras. Mas depois de dois anos, a minha vontade de morar no Catumbi não morreu, e fortaleceu mais ainda quandi eu li esse texto.
(enviado por e-mail)
Ótimo!!! É sempre bom levantar a moral desse bairro maravilhoso!
Maravilha....de madrugada, fazendo uma pesquisa rápida para um roteiro no centro com alunos...achei esse blog...que bela surpresa. Ótimo trabalho.
Ivo adorei o seu blog!Moro no Catumbi há anos , e é muito bom saber que o nosso bairro é bem visto por alguém.Muito legal levantar o astral do catumbiense.
ola ivo eu amo o catumbi....moro ai a 41 anos mas infelismente o bairro esta muito abandonado e sujoo viadudo esta de fazer medo e o tunel tambem.....
Meu querido pai nasceu e foi criado no Catumbi, minha querida e ja falecida mae, nasceu e foi criada no Rio Comprido. O Tumulo perpetuo da minha familia e no Cemiterio do Catumbi.Meu pai se mudou para Ipanema conosco, depois que meu irmao mais novo nasceu. Tive a oportunidade de visitar o Catumbi varias vezes, porque meu pai nunca deixou de visitar os velhos amigos. E um bairro encantador, com sobrados lindos e gente sorridente! Definitivamente o mais carioca dos bairros! Um bairro que parou no tempo, no melhor sentido da palavra!
Regina Celia - Nasci e me criei no Catumbi,vivi os melhores momentos desse bairro:o nascimento do Bloco BAFO DA ONÇA(meu pai Neca participou),os ensaios e desfiles dos RANCHOS(Unidos do Cunha e outros) e das GRANDES SOCIEDADES com as vedetes maravilhosas da época,a Escola de Samba SÃO CARLOS,que é hoje a explêndida ESTÁCIO DE SÁ,era um bairro mergulhado na cultura,cheia de compositores,que hoje são famosos,os CARNAVAL era um tempo especial,os clubes como o ASTÓRIA e o MINERVA(hoje Helênico)ferviam em animação e gente fantasiada em seus bailes infantis e noturnos,enfim era MARAVILHOSO viver lá,embora quando chovia o CATUMBI virava um mar,mas isso acabou no Governo Carlos Lacerda.Sinto tristeza de hoje ver e ouvir tantas coisas ruins sobre o CATUMBI,como é um bairro de passagem está abandonado,esquecido por todas as autoridades.Sinto muito por isso,tenho saudades do tempo que vivi e com certeza não volta mais.
Meu querido Pai de nome Ramiro Costa, fotografo,viveu em CATUMBI mais de 30 anos. Tambem aí vivi tendo vindo para Portugal em 1967. gostaria de saber se o numero 96 da rua de catumbi ainda existe. As saudades nunca passaram o coraçao doi e as lagrimas soltam quando olho para estas fotos lindas e para a escrita sobre o nosso querido Catumbi. Parabens. Maria Gabriela.
Olá!
Meu nome é José Guilherme, nasci e vivi no Catumbi até os 21 anos de idade, frequentei o Astória, o que havia restado do Vai - quem - quer, O Caçadores, o Bafo de Onça.
Fui batizado, crismado e fiz a primeira comunhão na Igreja da Salete, onde meus pais se casaram e minha filha foi batizada.
Hoje, com 53 anos, sinto saudades dos velhos tempos do velho bairro.
Nunca mudei meu título de eleitor e, sempre que posso, indo para casa, devio para circular um pouco por lá.
Gostaria que as autoridades municipais cuidassem um pouco melhor daquele trecho da cidade por onde tanta gente boa passou.
No mais, parabens pela iniciativa de mostrar o lado bom do Catumbi.
Sou José Guilherme,como já havia dito, morei na rua do Chichorro 33 fds aptº 106, sou irmão do Paulo Henrique (phdj.mus.com), estou no ORKUT, na comunidade OS NOTÁVEIS DO TRIBUNAL DO JÚRI.
Forte abraço a todos.
JG
Maria Gabriela, consultei o Mauro Matos, autor do livro Catumbi, Um Bairro do Tempo do Império, e ele me mandou este trecho de um livro que está sendo escrito por um amigo dele que responde à sua indagação:
"RUA DE CATUMBI - Feito esse passeio, retorno ao largo de Catumbi, que, segundo Brasil Gerson, chamou-se, primitivamente, Catumby Grande. Caminhando pela rua Catumbi, para a esquerda, a partir da porta do cemitério, encontramos, ainda hoje, a bem antiga loja de flores, a Flor do Catumbi, a Leiteria Azul, onde veio a funcionar a Montearte Decorações (116), a Mobiliária Catumbi (114), a Casa Salette (112), onde durante alguns anos funcionou o Supermercado Disco e, atualmente o Prezunic, do mesmo ramo comercial. nº 108, a Garcia & C. Daher, depois a Farmácia Salette. Na esquina com a rua do Chichorro, o famoso Bar Cuiabá, que, quando surgiu, por causa de seus frequentadores e por ser palco de constantes brigas foi logo denominado “Faroeste” pelo povo de Catumbi. Nos fundos de uma dessas lojas chegou a funcionar um centro espírita onde, uma noite em que nos reunimos para tratar de assuntos ligados aos nossos times de futebol, a porta da frente foi fechada e por mais que insistíssemos, não sei porque não nos deixaram sair antes de acabar a sessão. A porta não podia ser aberta. Coisas de crendices... Continuando pela rua Catumbi, sentido Frei Caneca, após a rua do Chichorro, a Casa Paulista (106), o Café Pátria, depois denominado Café Bar Salette (102). Nº 100, a Casa Vermelha; No 98, a loja do fotógrafo Ítalo Bréscia, que tanto registro fotográfico fez no bairro, atendia a sua grande clientela com o seu Foto N. S. da Salette. Ítalo não só registrou fotograficamente o bairro como foi um dos líderes do movimento contra o seu arrasamento. Diga-se de passagem, que, pelo menos cinco autênticos italianos lideraram esse movimento: Bréscia, Cataldo, Bruno, Palmieri e De Giuseppe. Pena que quando escrevo somente o De Giuseppe se encontra entre nós. O Ítalo, por si só dá um livro. Sua obra é incomensurável, pois registrou, pelo menos, duas décadas de tudo, ou quase tudo, que ocorreu no bairro: casamentos, batismos, desfiles, enchentes, carnaval, visitas de autoridades, demolições, reconstruções, etc.. Que os órgãos públicos responsáveis pela Memória desta cidade acordem para esse fato e preservem esse riquíssimo material iconográfico não só do Catumbi como de todos os outros desta cidade (uma parte desse material, cerca de mil negativos, que estava se deteriorando, foi por mim saneado, escaneado e gravado em CD´s, que destinei ao Arquivo da Cidade do Rio de Janeiro para que não se perdessem também; o mesmo fiz com os números do jornal “O Catumbi”.). No nº 90, funcionava o Bar Morena, que na década de 1930 era Armazém Morena, ao qual se seguiam o Depósito de Gelo Garota de Catumbi (88A), sem nada a ver com a cadeia de restaurantes Garota disto e Garota daquilo e que fornecia material para gelar as bebidas nos dias mais quentes; no 88, funciona há algumas décadas, a Fábrica de Batatinhas Popular, que continua a produzir o complemento da cervejinha e, no 86, a Farmácia Mello, do Dr. Bandeira de Mello e onde um dia trabalhou o grande cantor e compositor Ataulfo Alves, talvez tamborilando, entre um freguês e outro, aquelas suas belas músicas. No 78, eternamente, a Igreja de N. S. da Salette, que não tombou às picaretas dos “picaretas” e onde fui batizado na manhã do Natal de 1935 e milhares de outras crianças do bairro foram e continuam sendo levadas à mesma pia batismal, tantos se casaram e tantas missas foram celebradas em ação de graças e por morte de moradores. No pátio lateral da igreja funcionou por muito tempo uma quadra de bola ao cesto e, posteriormente, também de futebol de salão onde joguei minha última partida desse esporte, que, como já disse, teria sido criado na quadra do Minerva e que se expandiu mundo a fora e hoje se chama futsal. (...)"
Poxa que bacana, esse olhar do cotidiano e da arquitetura local! Onde moro construiram blocos de apartamentos com nomes de bairros do Rio, e um deles foi batizado Catumbi. Moro em Angra dos Reis, fiquei curioso e quis saber mais sobre esse bairro. Parabéns, simples mas há beleza no olhar...
E isso já nos basta.
adoro quando mostram o meu Rio de Janeiro na sua essência, e, a zona norte e suburbio merecem nosso respeito e admiração.
Amigos, não esqueçam de clicar na foto do meu livro neste blog para ler a história de 240 anos do Catumby, um dos primeiros bairros do Rio de Janeiro
Mauro Matos
mauroacm@gmail.com
Parabéns Ivo!
Faço parte de um coletivo que está imbuído em desenvolver ações culturais no Catumbi que culminrá em um documentário sobre o bairro. O nome do nosso coletivo é UMAMAOLAVAOUTRA e o nome do Projeto é "Eu amo Catumbi". Acredito que você possa nos subsidiar bastante! Desde já agradeço por tudo que absorvi em seu Blogger e aproveito para pedir-lhe a permissão de publicar uma de minhas poesias que, apesar de não citar o Catumbi, enaltece a nossa Cidade:
I N C O M P A R Á V E L :
Rio! Rio! Rio!
Ah! Meu Rio de Janeiro...
Sempre lindo de verdade
A rigor ou à vontade
Controlado ou por um fio
O mais belo brasileiro!
És por todos invejado
Teu relevo, teu costado
Teu povo de bem com a vida
Que não se aborrece à toa
Que até em viagem da boa
A volta é melhor do que a ida
Sorte daquele que pode
Erguer aqui a matriz
Fazer de ti a morada
E, mermo pessoa adotada,
Firmar a sua raiz
Gerando família feliz
Na cidade abençoada!
Zona oeste show de bola!
De favelas sem pressão
Pedra Branca imponente
O maior do continente
A alegria deita e rola
Tu és sem comparação!
Comparar-te à outra cidade
É comparar o Zico ao Moraes
Comparar diamante a jade
Comparar o Flamengo aos demais!
Pode chorar à vontade
É o que resta a todo o resto
Que, apenas, corre atrás.
Iuri Costa Furtado.
Um abraço!
Boa noite, eu sou Silvio jc Cataldo filho de Silvio CATALDO eu hoje ganhei um prêmio quando vi publicado à história de um bairro onde vivi minha infância
O amigo do Mauro korytowski a que se referiu Mauro Mattos, sou eu.
oi Paulo, tudo bem? perdi seu contato. Se puder entre em contato comigo. Conseguiu publicar seu livro?
Mauro Matos
mauroacm@gmail.com
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