ENSEADA DE BOTAFOGO

ENSEADA DE BOTAFOGO
"Andar pelo Rio, seja com chuva ou sol abrasador, é sempre um prazer. Observar os recantos quase que escondidos é uma experiência indescritível, principalmente se tratando de uma grande cidade. Conheço várias do Brasil, mas nenhuma tem tanta beleza e tantos segredos a se revelarem a cada esquina com tanta história pra contar através da poesia das ruas!" (Charles Stone)

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA
São Paulo, até 1910 era uma província tocada a burros. Os barões do café tinham seus casarões e o resto era pouco mais que uma grande vila. Em pouco mais de 100 anos passou a ser a maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo. É pouco tempo. O século XX, para São Paulo, foi o mais veloz e o mais audaz.” (Jane Darckê Avelar)

13.9.06

VELHOS BECOS

DO CENTRO DO RIO

Beco dos Barbeiros

O Beco dos Barbeiros nasceu no século da Inconfidência, quando nele se instalaram os oficiais da tesoura de porta e cortina e dos Barbeiros, por isso mesmo, ficou a chamar-se.

Esses barbeiros antigos eram homens de sete instrumentos, na verdadeira acepção da palavra, porque, além da tesoura e da navalha, outros mais ainda manejavam no campo da odontologia e da mais rústica medicina. Com seus grossos boticões arrancavam dentes a frio, num tempo em que a anestesia longe estava de ser descoberta, e substituíam os poucos médicos existentes, na arte de sangrar os doentes (abusava-se então das sangrias como hoje das injeções) ou de aplicar-lhes sanguessugas, expostas nas próprias barbearias em redomas de vidro, vivas e famintas...

Os melhores possuíam lojas no beco e os demais trabalhavam em barracas ou perambulavam pelas ruas ou se concentravam, de preferência, no Largo do Paço [atual Praça Quinze] ou no do Rosário... [pág. 41]





Beco das Cancelas

Em 1808, ao desembarcar D. João VI no beco, não existiam senão três casas. Um dos mais estreitos da cidade, dava passagem de dia aos pedestres entre as ruas que cortava. À noite suas cancelas se fechavam. [...] Foram-se os séculos, as suas cancelas, mas gravado ficou na tradição carioca o nome tão pitoresco nelas inspirado. [pág. 74]




Beco de Bragança

Nesses casarões já demolidos [...] se acomodou o Regimento de Bragança, de um grupo de três chegados em 1767 de Portugal para reforçar as guarnições do Brasil. [...] Até aí os soldados portugueses não viviam aquartelados, quando mandados para as cidades brasileiras. Era costume distribuí-los pelas casas de família, como seus hóspedes obrigatórios, o que nem sempre, como é fácil de imaginar-se, dava resultados satisfatórios... Regurgitante de soldados, a rua dos Quartéis e com ela o beco passou depois a ser conhecida como do Bragança. O beco ainda hoje assim se chama. [pág. 70]



Texto do livro História das Ruas do Rio de Brasil Gerson, quinta edição remodelada e definitiva, organizada por Alexei Bueno. Na livraria Folha Seca, à Rua do Ouvidor, 37 - tel. (0xx21) 2507.7175 - possivelmente você encontrará este clássico da historiografia carioca. O Beco dos Barbeiros fica entre a Rua do Carmo e Primeiro de Março. O Beco das Cancelas liga a Rua do Carmo à Rua da Candelária. O Beco de Bragança fica do outro lado da Av. Presidente Vargas, sendo paralela à Visconde de Inhaúma. Fotos do editor do blog.

11 comentários:

Jôka P. disse...

Ivo,
sou carioca da gema e ainda não conhecia esse lugar.
Vim conhecer virtualmente aqui ,no seu blog, que tem um pradrão muito, mas muito acima da média.
Excelente é o mínimo que se possa dizer.
abç,
Jôka P.

Anônimo disse...

Ivo, que saudades querido! Estive afastada do virtual world e por ordens médicas devo maneirar sempre q puder, mas não resisto rsrs, precisava passar pra conferir teus posts.

Muito legal esses becos. Na região em que morava na Inglaterra, mais precisamente em York, temos muitos desses becos, os Shambles. Super charmosos, aconchegantes, da era medieval.

Os nossos tb são (e podem ficar ainda melhor!) bonitinhos. Se bem aproveitados viram 'becos de ouro'.

bjsss e apareça!

Ah, cadê o link do Virtual Entrepreneur (http://brazilbusiness.biz) daqui?

Anônimo disse...

Agradeço a dica sobre os becos do Centro do Rio. Desde 1954 comecei a percorrê-los sozinho (naqueles tempos um guri de onze anos podia perfeitamente fazer isso!). É excelente que você consiga realizar esse trabalho, de valorização do Rio que conheci e que só mesmo existe em pedaços resgatados pelos que amam a cidade. (enviado por e-mail)

Anônimo disse...

Obrigado, amigo, uma verdadeira aula de Brasil Colônia.

Da qual todos precisamos muito porque apesar de O Rio ser "uma cidade tão recheada de história", quase ninguém presta atenção nesse fato. (enviado por e-mail)

Anônimo disse...

Gostei muito dos "velhos becos do Rio". Em 1943, aos 15 anos, vim morar no Rio, para estudar, morei inicialmente na casa de uma viúva, com duas filhas e um filho, na Rua São Pedro, 61, bem atrás da igreja da Candelária, no terceiro andar de um prédio antigo, demolido como todos os outros para a construção da Av. Presidente Vargas. Vindo do interior um meu tio, que residira no Rio por algum tempo, anos antes, ele me chamou para mostrar alguns pontos da cidade. Na Candelária, mostrou-me principalmente as pinturas do teto, sendo que eu, cansado de olhar para cima, disse-lhe que era melhor trazer um espelho para ver as pinturas sem olhar para cima. Na Avenida Rio Branco, fez-me parar para apreciar a porta de madeira esculpida com motivo marinho, no prédio ainda hoje existente na esquina da Teófilo Otoni. Lembro-me que ele me levou ao beco das Cancelas, informando-me que era a rua mais estreita da cidade, com apenas um palmo de largura (naturalmente não considerando as calçadas). O seu blog me conduziu de volta àquele tempo, em que se passava pela Rua do Costa, do conto de Machado de Assis, depois mudada em Alexandre Mackenzie. Um dos fatos marcantes desse meu passado foi o incêndio do Park Royal, na esquina do Largo de São Fancisco com Ramalho Ortigão, a que assisti com colegas do Colégio Pedro II, terminadas as aulas, à noite. (enviado por e-mail; Waldir é o editor da Edições Galo Branco - clique no seu nome para conhecer)

Anônimo disse...

Ivo
Olhando suas fotos, lendo sobre os becos da cidade no seu ótimo blog, lembrei de um que já sumiu do mapa, o Beco das Lavadeiras, perto da rua de Santana.
Legal, a modernidade. Só podia ser menos devastadora.Ou então dar um realce nos velhos becos.
bjks,
Mariza

Anônimo disse...

Olá,Ivo!
Amei seu blog,as fotos saum lindas....Jah esta na minha lista de favoritos,estarei sempre por aki conferindo as novidades...
Bjs!!!

Jonas Prochownik disse...

Ivo. belas fotos e aula magnifica. Abrs. do amigo Jonas.

Anônimo disse...

Cometi um engano: a rua de "um palmo" é o beco dos Barbeiros,
e não o das Cancelas. [...] Você é mesmo um grande fotógrafo! (enviado por e-mail)

Ching San disse...

Caramba uma viagem no tempom em verdade oercorri muito estes becos na infancia, como alguem la em cima ja disse era facil e seguro andar de dia por ali...Hoje nem de dia e mais que dira a noite...

Anônimo disse...

É, infelizmente muito becos do Rio antigo foram-se, quase todos, na verdade. Os que restaram ainda tem alguma história pra contar.Ainda vale a pena ir vê-los para se tentar recuperar memórias de antanho...