ENSEADA DE BOTAFOGO

ENSEADA DE BOTAFOGO
"Andar pelo Rio, seja com chuva ou sol abrasador, é sempre um prazer. Observar os recantos quase que escondidos é uma experiência indescritível, principalmente se tratando de uma grande cidade. Conheço várias do Brasil, mas nenhuma tem tanta beleza e tantos segredos a se revelarem a cada esquina com tanta história pra contar através da poesia das ruas!" (Charles Stone)

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA
São Paulo, até 1910 era uma província tocada a burros. Os barões do café tinham seus casarões e o resto era pouco mais que uma grande vila. Em pouco mais de 100 anos passou a ser a maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo. É pouco tempo. O século XX, para São Paulo, foi o mais veloz e o mais audaz.” (Jane Darckê Avelar)

9.8.05

CENA ESTRELADA POR RUBEM FONSECA (de Geneton Moraes Neto)



RIO DE JANEIRO, 2005


Os detetives dos livros de Rubem Fonseca são espertíssimos. Notam tudo. Quem navegou deliciado pelas páginas de um livro como Bufo & Spalanzanni certamente se surpreendeu com a argúcia dos investigadores criados pela imaginação de Fonseca. Mas lamento informar que o próprio Rubem Fonseca não é tão atento: não notou que eu segui seus passos sorrateiramente pelas ruas do Leblon. Fonseca nem desconfiou. O criador não é tão arguto quanto suas criaturas.
Faz pouco tempo: Rubem Fonseca estava na fila do Supermercado Zona Sul, na rua General Artigas. Sozinho. Anônimo. Silencioso. Usava um boné, não para se proteger do sol - porque já eram sete da noite -, mas certamente para se resguardar da investida de algum leitor inconveniente ou, pior, algum repórter intruso, como eu. O horror, o horror, o horror.
Pensei com meus botões: vou fazer uma foto de Rubem Fonseca, a Greta Garbo das letras, o homem que devota um consistente horror a repórteres e fotógrafos. O problema é que minha máquina - amadora - estava em casa. Resolvi acompanhar, à distância, a caminhada de Fonseca pelas ruas, na saída do supermercado. Quem sabe? Se ele passasse em frente ao meu apartamento, eu teria trinta segundos para correr, pegar a máquina lá dentro e voltar para a rua, a tempo de eternizar o flagrante num disquete.
Rubem Fonseca saiu do supermercado, entrou à direita na General Artigas, dobrou à esquerda na Ataulfo de Paiva e seguiu, anonimamente feliz sob a lua do Leblon. Guardei uma distância prudente: fiquei sempre a uns dez passos do homem, para não perdê-lo de vista. Não perdi.
Rubem parou diante de uma banca. Bela imagem: o homem célebre e solitário contemplava as manchetes dos jornais pendurados na banca como se fossem roupas num varal. Mas lamento informar que perdi a foto perfeita. Não deu tempo ir buscar a máquina.
O homem sumiu de vista, entrou à direita na rua General Urquiza, caminhou em direção ao mar do Leblon. O repórter ficou a ver navios.
É tudo o que Rubem, o fugidio, sempre quis.

CENA 1 de "TRÊS CENAS ESTRELADAS POR RUBEM FONSECA". As cenas 2 & 3 você pode ler no excelente site do jornalista Geneton Moraes Neto em http://www.geneton.com.br/archives/000118.html.


FOTOS DO LEBLON: Ivo & Mi

3 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns! Conheci o blog através do Verdes Trigo, do Henrique. Rubens Fonseca é formidável nas tramas policiais. Comecei um trabalho sobre o livro citado no meu mestrado (trancado atualmente). Fico apreciando a Lapa agora...

Anônimo disse...

Oi! Ivo,

Legal os textos aqui encontrados. E as fotos, então, nem se fala...
Parabéns pelo Blog.

Sônia

Anônimo disse...

Grande Ivo!

Preciso dizer mais alguma coisa? Acho que não!

Querem lirteratura de qualidade?

Não precisam ir à LIvraria, não, venham para cá!