A
SAARA carioca, diferente do Saara africano, é a Sociedade de Amigos das
Adjacências da Rua da Alfândega, uma área de comércio popular pitoresca e
colorida que evoca os bazares do Oriente Médio. As lojas expõem as mercadorias
nas calçadas, pregoeiros com microfones diante de algumas lojas anunciam as
ofertas irresistíveis, e na época das festas de fim de ano a SAARA lota de
gente que quer se beneficiar do milagre da multiplicação do dinheiro, e ali
árabes e judeus sempre conviveram harmoniosamente, num exemplo que deveria ser
imitado no Oriente Médio. Nas suas mais de 600 lojas podem-se encontrar roupas,
brinquedos, calçados, artigos esportivos, artigos de festa, etc. Ali funcionam
tradicionais restaurantes árabes. A SAARA se estende
pelas Ruas da Alfândega, Senhor dos Passos e transversais, no trecho entre a
Avenida Passos e o Campo de Santana.
De
acordo com o Plano Agache, toda a área de sobrados neoclássicos da segunda
metade do século XIX e "ecléticos" da virada do século XIX para o XX
que hoje constitui o SAARA (com uma ou outra construção mais moderna destoando) deveria ter sido cortada pela avenida Diagonal
ligando a Lapa à Presidente Vargas, o que exigiria a derrubada de inúmeros
desses sobrados, como ocorreu na abertura da Avenida Presidente Vargas, que não
poupou sequer igrejas históricas. Graças à mobilização dos comerciantes da área
quando Lacerda era governador da Guanabara, que fundaram a associação conhecida como SAARA, os sobrados
foram preservados e estão lá firmes e fortes, em bom estado de conservação.
Na
SAARA existem dois restaurantes árabes tradicionais: Cedro do Líbano
e Sírio e Libanês. O restaurante
Sírio e Libanês (Rua Senhor dos Passos, 217) foi fundado em 1963 pelo imigrante
libanês Jawad Ghazi e está situado no coração da SAARA. Abre de segunda a sexta
das 11h às 18h e no sábado das 11h às 16h. Já o Cedro do Líbano (Rua Senhor dos
Passos, 231), o restaurante árabe mais antigo do Rio, foi fundado pelo libanês
Narciso Mansur em 1948 e vendido seis anos depois para dois imigrantes, um
espanhol e um português, que mantiveram a culinária libanesa. Existem também
três igrejas históricas: a de São Gonçalo Garcia e São Jorge (que no dia do
Santo Guerreiro tem fila na porta), a de Santo Elesbão e Santa Ifigênia
(santos de devoção dos escravos africanos — penúltima foto) e a de Nossa
Senhora do Terço.
Sugestão
de roteiro pelo Centro do Rio: Cinelândia, o conjunto colonial do Largo da
Carioca, a Rua da Carioca, a Praça Tiradentes, o Real Gabinete Português de
Leitura, o comércio pitoresco do Saara terminando o passeio com chave-de-ouro
na mais que centenária Casa Cavé ou na charmosa Confeitaria Colombo.
(Informações obtidas em Ivo Korytowski, Guia da Cidade Maravilhosa. Fotos do editor do blog. Mais
informações sobre a história da SAARA clicando aqui.)
Um comentário:
Muito bom o post, Ivo! Particularmente sou apaixonado por esta área de comércio popular da nossa Cidade Olímpica e Maravilhosa.
Vale lembrar que os chineses chegaram há alguns anos e estão também ocupando seu espaço entre árabes e judeus, trazendo variedade cultural à região.
Abraços!
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