ENSEADA DE BOTAFOGO

ENSEADA DE BOTAFOGO
"Andar pelo Rio, seja com chuva ou sol abrasador, é sempre um prazer. Observar os recantos quase que escondidos é uma experiência indescritível, principalmente se tratando de uma grande cidade. Conheço várias do Brasil, mas nenhuma tem tanta beleza e tantos segredos a se revelarem a cada esquina com tanta história pra contar através da poesia das ruas!" (Charles Stone)

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA
São Paulo, até 1910 era uma província tocada a burros. Os barões do café tinham seus casarões e o resto era pouco mais que uma grande vila. Em pouco mais de 100 anos passou a ser a maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo. É pouco tempo. O século XX, para São Paulo, foi o mais veloz e o mais audaz.” (Jane Darckê Avelar)

24.6.06

GARRINCHA NA COPA DE 62

Texto de Ruy Castro, com fotos do Rio enfeitado para a Copa


Rua Anita Garibaldi (Copacabana)

Só faltava ao Brasil derrotar a Tchecoslováquia para ser bi. Nas oitavas-de-final, os tchecos tinham jogado para empatar com o Brasil e conseguido. Mas, agora, teriam de jogar para vencer.

Garrincha não se preocupava com o adversário, qualquer que fosse. Não era menosprezo, mas um sublime desinteresse por táticas, chaves ou esquemas. O futebol era uma coisa muito simples, de onze contra onze, as camisas pouco lhe importavam. [...]

[No dia do jogo], Garrincha amanhecera resfriado e estava com 39 graus de febre. Jogou a poder de aspirina.

Recebia a bola, dançava na frente dos três tchecos que saíam para marcá-lo e a soltava para Zito ou Didi, que a lançavam para Amarildo ou Vavá livres lá na frente. Quando o inimigo percebeu que Garrincha não estava nos seus melhores dias, já era tarde. [...]

O Brasil era bi. Os jogadores deram a volta olímpica e Mauro levantou a Jules Rimet. Zagalo, Nílton Santos, Gilmar e outros choraram de novo [...] Nas cadeiras especiais, Elza Soares desmaiara ao ouvir o apito final. [...]

O vestiário era uma festa. Os jogadores pelados eram sufocados pelos dirigentes, jornalistas e torcedores que iam misturar-se a eles nos chuveiros. Dezenas de embandeirados brindavam com champanhe, uísque e cerveja aos gritos de "É bicampeão!". [...] Mas a entrada de Elza, com seu vestido de cetim verde-amarelo, provocou um imediato silêncio. E, segundos depois, pôs todo mundo em polvorosa. Era uma mulher num ambiente de homens nus — algo impensável para 1962. [...]

Elza, indiferente à comoção que causara, atirou-se a Garrincha debaixo do chuveiro e carimbou-o de beijos. Seu vestido de cetim, ao molhar-se, colou-se mais ainda ao seu corpo. Ele lhe prometera a Copa e cumprira. A Copa era dela. O resto que fosse para o diabo.

Se Elza não saísse logo para continuar a comemoração com a torcida, Garrincha, sem querer — mas querendo —, teria ficado inconveniente.

Texto extraído do livro Estrela Solitária de Ruy Castro. Fotos do Rio enfeitado para a Copa do editor do blog.


Largo do Machado


Bairro Santa Genoveva (São Cristóvão)


Rua Senador Pompeu (Centro)


Rua dos Inválidos (Centro)


Ladeira do Russel (Glória)

7 comentários:

Anônimo disse...

professor, saudações!

encantada pelo seu blog, sua delicadeza, seu olhar lânguido neste rio apressado. cheguei até aqui pelo ree de letras, página oficial do curso de Letras da estácio de sá - há uma refeência ao seu blog lá.

em particular, adorei as fotos das esculturas de areia e do cristo de costas. gostaria de solicitar sua autorização para publicá-la no meu blog a fim de iluminar um texto recém-posado. deixo o endereço para que possas avaliar se vale à pena ou não a inclusão de tão bela imagem no meio daquele monte de besteiras que destilo por lá.

agradecendo sua atenção e ousando parabenizar-lhe por tão belas Letras, despeço-me.

Claudia.

Anônimo disse...

ps: péssima digitadora!

Anônimo disse...

Oi, Ivo,
As filhas, eu e os demais in-law só temos suas fotos da copa como tela de fundo no computador.
Saudade daí mais que nunca nesse clima de copa.
Bjs
M

i disse...

Viva Garrincha! Quem me dera tê-lo visto jogar!

Anônimo disse...

Oi, Ivo !

Que bom relembrar a mais sutil característica de nossa gente: surpreender, sempre, com o talento! É isso que sentimos, lendo essa página de Ruy Castro, vendo ouvindo sabendo que, até no improviso, o sincretismo nos salva. E, não querendo transigir, transigimos em benefício de uma bendita entropia !
Quiçá essa entropia _ como um amuleto, patuá ou raiz forte _ nos proteja!
Parabéns pela alegria das fotos e beleza do texto ! Mais brasileiro, impossível !

E viva a resistência que nos salva !

Bjcs, Léa

Anônimo disse...

Te conheci e me encantei pela sua paixão pelas letras, pelos adoráveis e inteligentes textos da época da Maytê , mas o de fotógrafo eu não conhecia. Se quer saber: prefiro o primeiro apesar das lindas fotos.
Em tempo, estou terminando de ler “ A cura de Schopenhauer” e percebe-se claramente o diferente universo, a riqueza de vocabulário, em relação ao outro livro do mesmo autor de sua tradução.
Vez por outra, você poderia postar alguns textos seus, velhos ou novos, para apreciação dos antigos e mais recentes leitores.
Fique com Deus e até.

Ivo Korytowski disse...

Oi Claudia, claro que você - ou qualquer outro simpático visitante do blog - podem reproduzir seu material, contanto que citem a fonte!