ENSEADA DE BOTAFOGO

ENSEADA DE BOTAFOGO
"Andar pelo Rio, seja com chuva ou sol abrasador, é sempre um prazer. Observar os recantos quase que escondidos é uma experiência indescritível, principalmente se tratando de uma grande cidade. Conheço várias do Brasil, mas nenhuma tem tanta beleza e tantos segredos a se revelarem a cada esquina com tanta história pra contar através da poesia das ruas!" (Charles Stone)

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA
São Paulo, até 1910 era uma província tocada a burros. Os barões do café tinham seus casarões e o resto era pouco mais que uma grande vila. Em pouco mais de 100 anos passou a ser a maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo. É pouco tempo. O século XX, para São Paulo, foi o mais veloz e o mais audaz.” (Jane Darckê Avelar)

15.11.15

ZONA DA LEOPOLDINA I: RAMOS & OLARIA


Vista incrível do alto de uma escadaria em Ramos com o Morro do Adeus à direita (observe a estação do teleférico) e o Corcovado (centro) e Pão de Açúcar (esquerda) bem no fundo.

A zona (ou região, ou subúrbio) da Leopoldina é, segundo Nei Lopes, em seu Dicionário da Hinterlândia Carioca, a “denominação tradicional dada ao conjunto dos bairros servidos pelo ramal ferroviário antigamente chamado de LEOPOLDINA, e que formam o segmento nordeste do Município do Rio de Janeiro.” Atualmente é servida pelos trens da linha Gramacho da Supervia que saem (pelo menos nos dias úteis) de quinze em quinze minutos da Plataforma 12 da Estação Central do Brasil. O bairro de Ramos celebrizou-se graças ao bloco Cacique de Ramos, cuja sede na verdade fica em Olaria, e ao Piscinão de Ramos, que a rigor fica no complexo da Maré. Um passeio a pé por esses dois bairros revela algumas surpresas, como uma velha sinagoga (entre os anos 30 e 60 do século XX existiu uma comunidade judaica pujante na Leopoldina) que parece funcionar até hoje, e a singela igrejinha de Nossa Senhora da Conceição de Ramos, no Morro da Bela Vista, com belos painéis de azulejos e uma vista espetacular para a Igreja da Penha. Vale a pena ir até lá. E se o Cacique está em Olaria, em Ramos temos a quadra da Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense

Fotos tiradas pelo editor do blog, e textos explicativos dos dois bairros escaneados do livro Rio Bairros: Uma Breve História dos Bairros Cariocas - De A a Z (que você vê na foto do alto da postagem) do pesquisador Robson Letiere, que se deu ao trabalho de desenhar bandeiras para cada um dos bairros que constituem o município do Rio de Janeiro. Quem estiver interessado no livro do Robson (que custa barato e vale a pena ter devido à riqueza de informações) pode contactá-lo pelo e-mail concurso@bandeirascariocas.com.br ou telefone (21) 99730-3180.


Casa de 1915 com bonita fachada adornada na Rua Aureliano Lessa (Ramos).

Casa de 1917 com fachada profusamente adornada na Rua Aureliano Lessa (Ramos).

Painel de azulejos de Nossa Senhora de Fátima na fachada de uma casa na Rua N.S. das Graças (Ramos).

Antigo Cine Ramos, atual Igreja Universal, em prédio com linhas art déco simplificadas, que funcionou de 1934 a 1969.

Antigo Cine Rosário, construído em 1938, em estilo art déco, tombado pelo Município em 1997. Em 1981 passou a se chamar Cine Ramos, depois virou bingo, boate (Trigonometria), mas hoje está abandonado.

Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense, cujo nome homenageia os subúrbios servidos pelos trens da antiga linha da Leopoldina.

Casinha de ladeira com a vista que você pediu a Deus.

Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Ramos no Morro da Bela Vista, Ramos, com painel de António Igrejas de 2001 na torre. "Igreja da padroeira do bairro, é a mais antiga de Ramos. Foi fundada em 23 de setembro de 1923, no terreno doado pelo português Zacarias Queirós, dono da primeira padaria de Ramos. Os comerciantes construíram a simpática capela no alto do Morro da Bela Vista, de onde se descortina a visão de todos os subúrbios da Leopoldina, com a Igreja da Penha ao fundo." (Guia Ramos, Olaria & Penha, da coleção bairros do Rio).

Santa Ceia de António Igrejas de 1998 na Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Ramos.

Igreja da Penha vista do Morro da Bela Vista, em Ramos.

Filosofia de rua: "Será que a Terra é o Inferno de outro Planeta?", de Xédom. Faz sentido!


Painel bucólico de António Igrejas na fachada de um pequeno prédio na Rua João Silva, em Olaria.

Salve o Cacique de Ramos, patrimônio cultural do Rio.

Sinagoga Ahavat Shalom (Amor pela Paz) em Olaria. "A sinagoga Ahavat Shalom, em Olaria, teve seu apogeu com a consolidação e a expansão da comunidade judaica dos subúrbios da Leopoldina, entre os anos 1930 e 1960. Depois, a mudança em massa para outros bairros a deixou vazia, mas o prédio simples, de janelas em basculante, foi mantido pelo médico Soil Zuchen, o último dos imigrantes originais que permanece na região. Hoje, graças aos esforços de um grupo de antigos moradores, o templo está restaurado, tem minian aos sábados e comemorou, com um grande almoço no CIB, seus 60 anos."

Matriz de São Geraldo (1932 - Olaria) cujas linhas geométricas refletem o estilo art déco predominante na época.

Lateral da Matriz de São Geraldo. Aqui o geometrismo art déco fica bem perceptível.

Palácio Maçônico de Olaria com linhas neoclássicas (1930).

Chegada do trem na estação de Olaria.

29.10.15

O RIO ANTIGO QUE EU VI, de Waldir Ribeiro do Val

450 Anos da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, primorosa edição comemorativa da Academia Carioca de Letras, organizada por Paulo Roberto Pereira, lançada em 28/10/2015, de onde extraímos o texto de Waldir Ribeiro do Val 

Antes de completar 15 anos de idade, em 1943, vim morar no Rio de Janeiro. Conseguira matrícula no Colégio Pedro II, para cursar o científico, invenção do então ministro Gustavo Capanema. Minha tia Minerva, com boas relações na Igreja Metodista do Catete, conseguiu com uma de suas amigas uma vaga para mim, no apartamento em que a amiga residia, no centro da cidade. Foi assim que fui morar na Rua São Pedro, atrás da Igreja da Candelária, no segundo pavimento de um velho prédio que tinha no andar de baixo uma espécie de centro espírita, ou de macumba, que à noite me assustava com gritos e choros.

A rua mais próxima era a Miguel Couto, antiga dos Ourives, e sendo tempo de guerra por ela passavam grupos de marinheiros norte-americanos, naturalmente de folga no serviço, com seus uniformes característicos. Mas o que me causava mais curiosidade era uma igreja que dava para a rua Miguel Couto, que soube logo chamar-se, resumidamente, de Igreja de São Pedro. Estilo barroco, arredondada, semelhante a algumas igrejas de Ouro Preto.

Estudante no Pedro II à noite, desejava trabalhar. O Jornal do Brasil daquela época tinha a primeira página tomada por pequenos anúncios, com exceção da coluna da esquerda, que resumia as notícias das outras páginas. Consegui, por anuncio no JB, um lugar de auxiliar numa firma de papelaria, com seu comércio no térreo e escritório no primeiro andar. Eu me adaptara bem ao trabalho, fizera camaradagem com funcionários, mais categorizados, mostrava mesmo a eles alguns sonetos que já escrevia. Era um emprego de que muito gostava.

De repente, uma lei desapropriou todos os prédios do local, visando à abertura de uma nova grande avenida, e todo o comércio foi obrigado a fechar as portas. Perdi assim minha morada e meu emprego. Era o segundo bota-abaixo, o primeiro havia sido para a abertura da Avenida Central (renomeada Avenida Rio Branco, com a morte do grande brasileiro), pelo engenheiro Francisco Pereira Passos.

Agora, era o prefeito Henrique Dodsworth que comandava a destruição, com a promessa de uma avenida bem ampla. Todos os prédios entre as ruas São Pedro e General Argolo [na verdade, General Câmara] (antiga do Sabão), iam sumir para dar lugar à avenida cujo nome ainda não fora decidido.

Vi, com tristeza, a demolição da igreja de São Pedro dos Clérigos, e de duas outras igrejas. Vi serem postas abaixo, sem demora, todas as casas entre as duas ruas. A nova avenida também demoliria prédios importantes e ia apropriar-se de uma faixa do Campo de Santana.

Na demolição de uma das igrejas descobriu-se antigo cemitério, que foi revolvido, e jovens do Pedro II levavam crânios para exibir no colégio. Um espetáculo macabro, que se repetia por vários dias.

A Praça Onze, tradicional reduto de sambistas, carnavalescos e músicos, seria encampada pela grande avenida. No carnaval de 1944 o povo cantava: “Vão acabar com a Praça Onze, Não vai haver mais Escola de Samba, não vai!... Portela, Salgueiro, Estação Primeira, guardai os vossos pandeiros, guardai, Porque a Escola de Samba não sai.”

Naquela ocasião, valeu-me novamente minha tia, ao arranjar-me uma vaga na pensão de outra senhora da mesma igreja, dona Francisca, que os hóspedes chamavam de Dona Chiquinha. Ali conheci quatro estudantes que se tornaram meus amigos por toda a vida. Mas a maldição da nova avenida iria de novo atingir-me. Antes da demolição da igreja de São Pedro, surgiu a ideia de transportá-la para outro local, sobre trilhos, com a parte inferior congelada, como ocorrera na Europa com um prédio. E o local escolhido e desapropriado para receber a igreja situava-se na rua Miguel Couto, 52, exatamente o local da pensão onde eu passara a morar. Eu e os quatro estudantes nos mudamos para a Rua da Alfândega, 321, quase perto da Igreja de São Jorge, na pensão de Dona Belmira. Nesse tempo, nos andares dos prédios antigos da rua da Alfândega moravam famíliaç e as lojas, sempre fechadas, serviam apenas de depósito de mercadorias.

Foi extremamente rápida a demolição e construção da grande Avenida. Até pouco antes da inauguração, não estava definido o nome que teria. Mas vigorava ainda a ditadura Vargas: o nome da avenida não poderia ser outro senão Presidente Vargas.

Sua inauguração ocorreu em 7 de setembro de 1944, num palanque junto à Praça da República, tendo do lado oposto o Ministério da Guerra. O Presidente Getúlio, outras autoridades, e engenheiros responsáveis pela construção, estavam presentes. Foi uma grande festa. Do lado de fora, próximas do palanque, aglomeravam-se pessoas do povo, entre as quais o jovem estudante que hoje registra estas lembranças.

Vi também a grande transformação da Avenida Rio Branco. Prédios foram demolidos para se erguerem outros mais modernos. O belo Pálace Hotel, de que vi caírem pedra a pedra, deu lugar a um moderno edifício com a parede exterior fazendo um ângulo, e chamado pelo espírito galhofeiro dos cariocas de "tem nêgo bebo aí". Tinha venezianas (dizia-se brise-soleils), logo depois retiradas.

Também vi a demolição do Hotel Central [na verdade, Hotel Avenida, o Hotel Central ficava na Praia do Flamengo], junto do qual havia o Bar da Brahma, em que faziam ponto escritores e boêmios, os bondes por ali circulavam, antes de construído o "Tabuleiro da Baiana", no Largo da Carioca. No terreno do Hotel Central [Avenida] elevou-se o arranha-céu Avenida Central.

Tantas coisas mais eu vi. Uma das mais tristes foi a demolição do Teatro Fênix, semelhante em formato ao Teatro Municipal, porém bem menor, onde pouco antes eu assistira à estreia, ou quase estreia, de artistas que alcançariam fama, como Sérgio Cardoso (falecido precocemente) e Fernanda Montenegro (ainda hoje muito atuante) na notável interpretação de "Hamlet". Vi ali também a atriz Bibi Ferreira estrear como diretora teatral, apresentada por seu pai, o grande Procópio Ferreira.

Vi mais tarde a movimentação de terras do morro de Santo Antonio para ajudar a aterrar a praia do Flamengo, então uma nesga de areia bem próxima da amurada de pedra, ainda hoje existente, depois transformada no grande parque atual.

Pouco antes do aterro, pude ver, visitando o poeta Manuel Bandeira (que morava num edifício da Avenida Beira-Mar), as pedras que escoravam a pequena muralha daquela avenida. E vi também um desenho, feito pelo poeta, retratando a paisagem próxima que iria desaparecer para sempre — mas não da memória dos que viveram nessa época.



WALDIR RIBEIRO DO VAL, bacharel em Direito, livre-docente pela Escola de Comuunicação da UFRJ, professor-convidado de Literatura na Faculdade de Letras da UFRJ, jornalista e editor de livros, poeta com vários livros publicados, e membro do PEN Clube do Brasil e da União Brasileira de Escritores. Biógrafo do poeta Raimundo Correia, tem a publicar a biografia do poeta Augusto Frederico Schmidt, e também um livro de memórias e outro de contos. Membro da Academia Carioca de Letras — cadeira 29. A inauguração de seu Museu da Literatura em Andrade Costa, ocasião em que foi tirada a foto acima, foi objeto de postagem neste blog, que você pode ler clicando aqui.

15.10.15

MERCADÃO DE MADUREIRA

Texto de DANIELA PESSOA obtido na VEJA-RIO de 14/6/2013. Fotos do editor do blog.

Entidades

Grãos

Uma espécie de Saara da Zona Norte, o Mercadão de Madureira é considerado o mais completo shopping popular da cidade, além de um dos maiores e mais tradicionais mercados do país. Funciona desde 1914, quando foi inaugurado como uma grande feira de produtos agrícolas. Na década de 50, foi transferido para o endereço onde se encontra até hoje, a movimentada Avenida Ministro Edgard Romero, em frente à linha férrea. Após um grave incêndio que destruiu a estrutura local, em 2000, o mercado ressurgiu com escadas rolantes, ar condicionado, mais conforto e segurança. Em abril deste ano [2013], foi declarado patrimônio cultural da cidade com suas 580 lojas e todo tipo de bugiganga que se pode imaginar espalhadas por 16 galerias em dois andares. Caminhar pelos corredores do Mercadão, mistura de cores e cheiros, é uma verdadeira experiência para os sentidos. Estima-se que cerca de 100.000 pessoas passem diariamente por lá em busca de achados que vão de bijuterias, maquiagem e lançamentos de esmaltes até ervas medicinais e material para fazer pipa.


Manequim branca

Manequim negra

Loja de artigos religiosos

Louça

Entidades

Nossa Senhora

Viva Santo Antônio

Aves de sacrifício

Pimentas

Pimentas

Hortaliças, ervas e flores
Endereço

Av Min. Edgard Romero, 239 Madureira - RJ
Rua Conselheiro Galvão, 96 Madureira - RJ

Telefone
(21) 3355-9044

Horário de Funcionamento
Segunda a Sábado das 07:00h às 19:00h
Domingos e Feriados das 07:00h às 12:00h

Administração
1º Piso
Tel.: (21) 3355-9044 / (21) 3355-9146

12.10.15

O DIA EM QUE O SUBÚRBIO VIROU "MAR"

Prefeito do Rio, Eduardo Paes, inaugura praia artificial no Parque de Madureira - Daniel Marenco / Agência O Globo

Na semana do cinquentenário do parque do Aterro do Flamengo  sonho visionário de Lotta que convenceu o governador Carlos Lacerda a concretizá-lo, sendo inaugurado no ano do Quarto Centenário da cidade  o Prefeito Eduardo Paes inaugura uma extensão do Parque de Madureira, obra que ele próprio havia inaugurado em 2012 por ocasião da Conferência Rio+20 da ONU. Excelente matéria sobre o Aterro pode ser lida em O Globo clicando aqui. A matéria sobre a inauguração da "Praia de Rocha Miranda" pode ser lida aqui. Transcrevo palavras do prefeito durante o evento: "Isso aqui é uma alegria. É um lugar muito especial. Entregar esse equipamento e dar essa qualidade ao povo da Zona Norte, do subúrbio é muito bom. A cidade está mais unida. A gente está aqui para dizer que essa história de cidade partida não tem mais. Acho que o desafio do Rio é permitir que a galera de Ipanema invada essa praia aqui e que o pessoal da Zona Norte invada a Praia de Ipanema, do bem. Isso aqui é um legado do Rio de Janeiro. A gente às vezes fica cheio de medo, cheio de preconceito, cheio de raiva, enquanto essa cidade é feita de muita gente boa, de muita gente trabalhadora, que merece muito carinho e atenção da gente." Concordo. 

5.10.15

CANÇÕES DE AMOR AO RIO (clique no título da música para ouvir no YouTube)

Berço do samba e das lindas canções...
(estátua de Braguinha em Copacabana)


CIDADE MARAVILHOSA (clique nos títulos das músicas para ouvi-las no YouTube)
André Filho

Cidade maravilhosa, cheia de encantos mil
Cidade maravilhosa, coração do meu Brasil

Berço do samba e das lindas canções,
que vivem n’alma da gente.
És o altar dos nossos corações
que cantam alegremente.

Cidade maravilhosa, cheia de encantos mil
Cidade maravilhosa, coração do meu Brasil

Jardim florido de amor e saudade,
Terra que a todos seduz
Que Deus te cubra de felicidade,
Ninho de sonho e de luz

Cidade maravilhosa, cheia de encantos mil
Cidade maravilhosa, coração do meu Brasil

Deste céu, deste mar...


VALSA DE UMA CIDADE
Antônio Maria & Ismael Neto

Vento do mar e o meu rosto no sol a queimar, queimar
Calçada cheia de gente a passar e a me ver passar
Rio de Janeiro, gosto de você
Gosto de quem gosta
Deste céu, deste mar, desta gente feliz
Bem que eu quis escrever um poema de amor
E o amor estava em tudo o que vi
Em tudo quanto eu amei
E no poema que eu fiz
Tinha alguém mais feliz que eu
O meu amor
Que não me quis


Copacabana, princesinha do mar...

COPACABANA
Alberto Ribeiro & João de Barro

Existem praias tão lindas cheias de luz
Nenhuma tem o encanto que tu possuis
Tuas areias, teu céu tão lindo
Tuas sereias sempre sorrindo

Copacabana, princesinha do mar
Pelas manhãs tu és a vida a cantar
E à tardinha ao sol poente
Deixas sempre uma saudade na gente

Copacabana, o mar, eterno cantor
Ao te beijar ficou perdido de amor
E hoje vive a murmurar
Só a ti, Copacabana, eu hei de amar


Na beleza triste / De um samba-canção

CIDADE MULHER
Noel Rosa

Cidade de amor e ventura
Que tem mais doçura
Que uma ilusão

Cidade mais bela que o sorriso,
Maior que o paraíso
Melhor que a tentação

Cidade que ninguém resiste
Na beleza triste
De um samba-canção

Cidade de flores sem abrolhos
Que encantando nossos olhos
Prende o nosso coração

Cidade notável,
Inimitável,
Maior e mais bela que outra qualquer.
Cidade sensível,
Irresistível,
Cidade do amor, cidade mulher.

Cidade de sonho e grandeza
Que guarda riqueza
Na terra e no mar

Cidade do céu sempre azulado,
Teu Sol é namorado
Da noite de luar

Cidade padrão de beleza,
Foi a natureza
Quem te protegeu

Cidade de amores sem pecado,
Foi juntinho ao Corcovado
Que Jesus Cristo nasceu

Quando a minha vida era um brinquedo...

(do CD Cores da Minha Bossa)
Pery Ribeiro

Volto a caminhar na mesma rua
A contemplar a mesma lua
Que brilhou no meu passado
Quando a minha vida era um brinquedo
Quando todo o enredo
Da minha história começou
Volto e sinto o cheiro de saudade
E vejo que a felicidade
Era um Rio glorioso onde eu nasci
Era um Rio tão amável de sorriso e sol
Um Rio tão alegre com seu futebol
Um Rio tão feliz sem violência e dor
Um Rio onde a estrela Dalva
Emocionou cantando
Um Rio onde Herivelto
Compôs a vida amando
A paz tão carioca
Em carnavais de muito amor


Nota: Música gentilmente enviada a este blog por Ana Duarte, esposa do Pery, que escreveu: "Nascida goiana, paulistana por muitos anos, e hoje morando em Miami; cultivo uma enciumada inveja do meu marido, um carioca da gema - o cantor Pery Ribeiro - por ter ele vivido todo o esplendor desse Rio dos anos 50 e 60. Quando escuto suas histórias desta época, bebo cada palavra, curto cada música, me deliciando com uma época de ouro. E sendo bem mais nova que ele, sempre brinco: nasci na época errada!"


Alô, moça da favela...

AQUELE ABRAÇO
Gilberto Gil

O Rio de Janeiro continua lindo
O Rio de Janeiro continua sendo
O Rio de Janeiro, fevereiro e março
Alô, alô, Realengo 
 aquele abraço!
Alô, torcida do Flamengo 
 aquele abraço!
Chacrinha continua balançando a pança
E buzinando a moça e comandando a massa
E continua dando as ordens no terreiro
Alô, alô, seu Chacrinha 
 velho guerreiro
Alô, alô, Terezinha, Rio de Janeiro
Alô, alô, seu Chacrinha 
 velho palhaço
Alô, alô, Terezinha 
 aquele abraço!
Alô, moça da favela 
 aquele abraço!
Todo mundo da Portela 
 aquele abraço!
Todo mês de fevereiro 
 aquele passo!
Alô, Banda de Ipanema 
 aquele abraço!
Meu caminho pelo mundo eu mesmo traço
A Bahia já me deu régua e compasso
Quem sabe de mim sou eu 
 aquele abraço!
Pra você que me esqueceu 
 aquele abraço!
Alô, Rio de Janeiro 
 aquele abraço!
Todo o povo brasileiro 
 aquele abraço!

Nota: Pressões inelutáveis levaram Gilberto Gil, em 1969, a deixar o Brasil e ir viver em Londres, justamente com seu companheiro de tropicalismo Caetano Veloso. Antes disso, porém, Gil compôs e gravou esse buliçoso samba de partido alto, no qual afirma que "meu caminho pelo mundo, eu mesmo traço". Na ocasião, encarou-se essa composição — a derradeira antes da partida — como a despedida de Gil. (Abril Cultural, Nova História da Música Popular Brasileira, Gilberto Gil, 1977)

Braços abertos sobre a Guanabara... *

SAMBA DO AVIÃO
Antonio Carlos Jobim

Minha alma canta
Vejo o Rio de Janeiro
Estou morrendo de saudades
Rio, seu mar
Praia sem fim
Rio, você foi feito pra mim
Cristo Redentor
Braços abertos sobre a Guanabara
Este samba é só porque
Rio, eu gosto de você
A morena vai sambar
Seu corpo todo balançar
Rio de sol, de céu, de mar
Dentro de um minuto estaremos no Galeão
Este samba é só porque
Rio, eu gosto de você
A morena vai sambar
Seu corpo todo balançar
Aperte o cinto, vamos chegar
Água brilhando, olha a pista chegando
E vamos nós
Aterrar...



Cidade de São Sebastião

CIDADE DE SÃO SEBASTIÃO
Nássara e Wilson Baptista

Rio, cidade de São Sebastião

Rio, do cavaquinho, flauta e violão
teu céu é um enorme pandeiro
crivado de estrelas de brilho sem par
pandeiro que faz a cadência
de um povo que canta e sabe sambar.

Cidade onde o sol é mais quente
e a alma da gente é mais quente também
tu tens a sublime beleza
que as outras cidades não têm
se eu fosse poeta cantava
os encantos teus
não há cidade mais bela
suave aquarela
pintada por Deus.


Céu azul

RIO
Ary Barroso


Rio,
Barulho de rodas rangendo
Barulho de gente correndo
Que vai pro trabalho e é feliz
Rio
Batida de bumbo e pandeiro
Batuque do bom no terreiro
Cabrochas gingando seus quadris
Rio
Que conta anedotas no bar
Que vai pros estádios gritar
E canta samba de improviso
Rio
Copacabana feiticeira
Joia das terras brasileiras
Pedaço do paraíso
Bate tamborim
Oi, baticum lelê
Rio de Janeiro
Rio, Rio
Céu azul
Verdes montanhas
E o mar de águas claras
Praias inundadas de sol
Pra Iaiá, Iaiá
Pra Ioiô, Ioiô
Pra Sinhá, Sinhá
E pra Sinhô
Terra de amor
De luz
De vida
E de resplendor
Rio de Janeiro





RIO DO MEU AMOR
Billy Blanco


Rio
Estácio, no passado, fez este presente
E deu abençoado três vezes à gente
Pois Deus é africano, índio e português
E com o babalaô, o padre, o pajé
A macumba, a crendice, a missa e a fé

Rio
bonito até mesmo com chuva
Cresceu, foi surgindo e todo lindo se fez
Rio, de Pedro que, primeiro, foi compositor
Foi grande seresteiro, imenso imperador
Amigo do Chalaça que a História passa mas não diz
Era o dono das francesas lá da Ouvidor
De marquesas balançou o coração
Na tristeza de partir, partiu feliz
Por saber que inaugurou, meu Rio, meu Rio
Como a Capital do Amor deste país

Rio
De Vasco e Botafogo, América e Bangu
Maracanã vibrando em dia de Fla-Flu
Do bonde que é saudade ornamentando praça
Do tostão que era bom como a Lapa já foi
Da boneca dourada que passa, que engana
Enfeitando calçada de Copacabana, Ipanema
Leblon e Arpoador

Rio
Do grande carnaval, do 1º de abril
Da Vila que desceu, do dólar que caiu
De São Judas Tadeu, São Jorge, Cosme e Damião
Rio de São Sebastião que é de Janeiro
Redentor que Paulo VI iluminou
Rio de Deus que é brasileiro e do lugar
Rio do bicho que não deu mas ia dar
Festival de anedota, luz e cor
Foi aqui que eu descobri que a vida é
E encontrei o meu amor

Nota: Esta canção, composta no ano do Quarto Centenário da cidade, concorreu no I Festival da Música Popular Brasileira da TV Excelsior, interpretada por Wilson Simonal, ficando em quinto lugar. 

Clique nos títulos das músicas para ouvi-las no YouTube. Fotos do editor do blog, exceto aquela marcada com *, de Cantunes. Clique aqui para conhecer mais fotos de Cantunes. Postagem originalmente publicada em 2006 e agora acrescida de novas canções.

28.9.15

A SOMBRA DO CRISTO


Esta foto incrível do Cristo projetando a sua sombra nas nuvens foi tirada por minha amiga, a fotógrafa Sandra Santos, da janela de sua casa em Botafogo. Aliás esta não é a primeira vez que a Sandra contribui com nosso blog. Para ver sua outra contribuição clique no label com seu nome abaixo.

20.9.15

CASA COR 2015 NA RECÉM-RESTAURADA VILLA AYMORÉ

Villa Juruna e Goyatacaz, a segunda dupla de casas espelhadas que compõem a Villa Aymoré

A Villa Aymoré, construída na segunda década do século XX, no terreno da antiga  chácara da Baronesa de Sorocaba, na estética do ecletismo, com traços art nouveau, sofreu, na virada daquele século para o XXI, um processo de degradação (incluindo a invasão de um dos imóveis e desabamento total de outro) até ser adquirida pela Landmark Properties, único private equity do país que investe em patrimônio histórico, e ser totalmente restaurada — em processo coordenado pela Raf Arquitetura e executado pela Lafem Engenharia sob supervisão do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (numa demonstração de que a melhor saída para o impasse em que se encontra o país passa pelo empreendedorismo e iniciativa privada) — e adaptada para receber escritórios. A Villa compõe-se de dez casas (cinco pares de casas espelhadas), a partir de sua entrada na Ladeira da Glória: Villa Aymoré, que deu nome ao conjunto + Villa Guarany, Villa Tamoyo + Villa Tupy, Villa Juruna + Villa Goyatacaz, Villa Kiriri + Vila Carijó e Villa Moema + Villa Iracema. Tombada pelo Município em 2005, vem abrigando o evento de decoração Casa Cor em setembro de 2015. Para informações sobre locação de escritórios clique aqui ou ligue para (21) 2277-2700. Para aluguel de escritório compartilhado em sistema coworking clique aqui. Abaixo fotografias dos imóveis que compõem a Villa e de ambientes e paisagismo do Casa Cor.



Nex think together, anexo moderno à Villa Aymoré que abrigará escritórios compartilhados (sistema coworking)


Ladrilhos hidráulicos originais. Nos casarões em melhor estado procurou se conservar o máximo de elementos originais.

Quem passava pela Rua do Catete em frente ao CIEP Tancredo Neves assistia, com tristeza, a deterioração da Villa Aymoré, percebendo a ruína da última casa do conjunto (no 10 - Iracema).

A empresa comprou o conjunto deteriorado e restaurou-o na imagem primitiva, inclusive reerguendo a casa no 10 que ruíra. Sem dúvida foi um presente para a cidade do Rio de Janeiro que completa 450 anos de fundação e para a população moradora na região da Carioca e de todos os que apreciam o patrimônio histórico, arquitetônico, urbanístico e artístico da Cidade Maravilhosa.

Não conseguimos identificar o autor do projeto da Villa Aymoré, mas devemos reconhecer que era um hábil projetista da linha estética do ecletismo, com traços Art Nouveau. Profissional que fugiu da prática vigente de conceber-se uma casa e repeti-la várias vezes, tão comum nas vilas de nossa cidade. 

Agrupou duas casas em prédio sobrado de dois pavimentos e variou detalhes de ornamentação das fachadas e nas janelas tornando o conjunto gracioso, permitindo que o observador descubra esses pequenos detalhes que personalizam cada bloco.

É a Villa Aymoré um belo exemplo arquitetônico que se destaca no histórico Outeiro da Glória.

Nireu Oliveira Cavalcanti, Villa Aymoré.

Absinto na Garçonniere de Andre Piva e Vanessa Borges

Escada helicoidal original

Autorretrato

Orientações

Trabalhadores

O projeto da Villa Aymoré é um destes raríssimos momentos da história da civilização brasileira onde o rigor do setor público encontra a excelência do setor privado. Villa Aymoré é a melhor reabilitação e restauração em curso no Rio de Janeiro! É um trabalho primoroso. Magnífico! A Villa Aymoré é uma mensagem clara, nestes dias caóticos, que o compromisso do Brasil é com a Qualidade, Rigor e Excelência! E que não tem atalho para isso. É importante trabalhar muito. Muito! Muito!

Washington Fajardo, Presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade

Sábio conselho: "Se apaixone mais vezes pela mesma pessoa."

Quarto da Amante. de Adriana Ferraz e Cristiana Galvão, homenagem à Baronesa de Sorocaba, irmã da Marquesa de Santos, ambas amantes de Dom Pedro I. A Baronesa tinha seu solar na chácara da encosta do Outeiro da Glória (da Ladeira da Glória à Barão de Guaratiba) em cujo terreno construiu-se depois a Villa Aymoré.

Quadro de Juarez Machado no Escritório Multiuso de Jairo de Sender

Jardim da Frida Kahlo de Paula Bergamin

LAB LZ de Gisele Taranto com chão de caquinhos

Olhando para cima

Janela. Fotos do editor do blog.