ENSEADA DE BOTAFOGO

ENSEADA DE BOTAFOGO
"Andar pelo Rio, seja com chuva ou sol abrasador, é sempre um prazer. Observar os recantos quase que escondidos é uma experiência indescritível, principalmente se tratando de uma grande cidade. Conheço várias do Brasil, mas nenhuma tem tanta beleza e tantos segredos a se revelarem a cada esquina com tanta história pra contar através da poesia das ruas!" (Charles Stone)

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA
São Paulo, até 1910 era uma província tocada a burros. Os barões do café tinham seus casarões e o resto era pouco mais que uma grande vila. Em pouco mais de 100 anos passou a ser a maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo. É pouco tempo. O século XX, para São Paulo, foi o mais veloz e o mais audaz.” (Jane Darckê Avelar)

8.10.07

IGREJA DE N.S. DA PENHA 2007


Considerada como o mais importante símbolo dos subúrbios cariocas, a Igreja de Nossa Senhora da Penha, situada no alto de um íngreme rochedo, pode ser identificada ao longe por quem chega ao Rio de Janeiro, pela Avenida Brasil.

A construção da primeira ermida, em 1632, está envolvida em lendas. Conta-se que o capitão português Baltazar de Abreu Cardoso, proprietário das terras próximas, ao ser ameaçado por uma cobra, pediu auxílio a Nossa Senhora da Penha de França; salvo do perigo, iniciou as obras em agradecimento. Em 1728 foi organizada a irmandade e ampliada a capela. No século XIX, novas reformas foram feitas até que, no início do século XX, a igreja assumiu sua forma definitiva.


O acesso ao santuário é feito por uma longa escadaria, com mais de 365 degraus (existe a opção de um elevador). Na chegada ao templo, avista-se, primeiramente, o seu lado posterior, onde se localiza a sacristia, com o altar em homenagem a Nossa Senhora do Rosário, que teria sido a primeira virgem a ser venerada no alto deste penhasco. A construção da igreja não segue um estilo definido e apresenta-se, externamente, muito decorada, com trabalhos em estuque branco, galerias com arcadas nas laterais, janelas emolduradas em cantaria em todos os lados e duas torres em forma de pirâmide quadrangular. Internamente é simples, destacando-se apenas o púlpito em madeira trabalhada.


O adro frontal da igreja oferece um belo panorama da Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro.

A igreja de Nossa Senhora da Penha sempre foi muito conhecida por suas festas, realizadas nos fins de semana de outubro e no primeiro de novembro. Iniciadas no século XVIII, permanecem como as maiores do gênero na cidade do Rio de Janeiro e continuam atraindo milhares de fiéis.

Nessas festas predominava, inicialmente, a colônia portuguesa, mas, após a inauguração do ramal ferroviário da Penha, em 1886, a comunidade negra carioca passou a participar intensamente. Nas primeiras décadas do século XX, as Festas da Penha só eram superadas pelo carnaval e tornaram-se eventos onde os primeiros sambistas cariocas, como Donga, Pixinguinha, Sinhô, Heitor dos Prazeres e Caninha, lançaram seus sucessos antes da era do rádio. (Texto extraído do Guia Michelin do Rio de Janeiro, 1a edição, 1990)









Trechos de crônica de Raul Pompéia sobre a Festa da Penha publicada em 4 de novembro de 1888:

No domingo, a gentinha miúda da cidade moveu-se em romaria ao outeiro da Penha, distante algumas léguas daqui para as bandas do norte.

E partem os romeiros, os da estrada de ferro sofrendo ainda a baldeação, em São Francisco Xavier, para a estrada de ferro do Norte.

A Penha é um povoado miserável de alguns casebres que se desmancham em pé, situada em uma várzea arenosa de beira-mar. Um semicírculo de morros volteia sobre o horizonte, por um lado, oferecendo a espaços, através da vegetação, nodosidades redondas de pedras ásperas cor de cimento, como cachoeiras enormes sem água. Em frente, devassa-se a Guanabara azul.


Antes da ermida, há uma comprida ladeira; depois uma escada de 365 degraus talhados na rocha. Pelo extenso caminho, distribui-se o povo. Os que sobem levam imensas velas de promessa, ou formas de cera lembrando enfermidades curadas; os que descem trazem registros em rolo atados ao chapéu, e vêm condecorados de medalhas e pequenas cruzes ou corações de papelão dourado com uma imagem da santa no meio detrás de um vidro. Entre os que sobem, há fanáticos que vão de joelhos; mulheres, amparadas pelas filhas ou pelo marido; um velho gordo, ou inchado que mal poderia subir de pé, amparado por duas moças...

A igreja é simples e asseada. A sua construção data de longe, do passado obscuro da tradição. Foi reconstruída entre 12 de abril de 1870 e 13 de maio de 1872.


Famílias, magotes de amigos, acomodam-se, através do campo, organizam-se em banquete. Confundem-se à vista feições, sexos e idades, no agrupamento desordenado das roupas, sobre a erva, sob o esplendor difuso do sol.

Depois da refeição, vêm as danças e os cantos. Um delírio de samba e fados, modinhas portuguesas, tiranas do norte.
Entretanto transitam de permeio grupos carnavalescos dos mais valentes, romeiros, enroupados à fantasia, zabumbando o zé-pereira, bimbalhando ferrinhos, arranhando guitarras, guinchando sons impossíveis de requinta e gaita. As praças de polícia montada circulam caracolando, erguendo turbilhões de pó. O sol, por entre as cordas de bandeiras e lanternas, vem ferir a terra e eleva-se na poeira fulgente como um nevoeiro de cal. O ar queima. (Leia a crônica completa no site Jangada Brasil)








CALENDÁRIO DA FESTA DE N. S. DA PENHA DE 2011:
1º de outubro:
15h – Lavagem da Escadaria;
17:30h – Procissão Luminosa e Caminhada Jovem (Saindo da Paróquia Bom Jesus da Penha).

2 de outubro:
10h- Missa Solene, com a apresentação do novo manto da imagem de Nossa Senhora da Penha;
14h – Evento Laço Rosa (Concha Acústica).

9 de outubro:
11h- 1ª Peregrinação dos motociclistas ao Santuário (Concha Acústica)
15h – 6ª Romaria da Bíblia;
        - 6º Festival do Folclore Português (Concha Acústica).

12 de outubro:
14h – Evento “Corações Unidos pela Paz” - Comunidade Coração Novo.  (Concha Acústica).

16 de outubro:
15h – 10º Encontro de Corais.
23 de outubro:
15h – Folclore Brasileiro - Colégio Nossa Senhora da Penha. (Concha Acústica)

29 de outubro:
9h - Mutirão de pintura no Santuário
30 de outubro:
9h - 5ª Corrida Rústica;
15h – Encerramento da festa com procissão; Missa Campal, presidida por Dom Orani João Tempesta; coroação da imagem histórica de Nossa Senhora da Penha e show do cantor Jerry Adriani.


Fotos tiradas na Igreja da Penha em 6 de outubro - dia da lavagem da escadaria e início da Festa da Penha de 2007 - pelo editor do blog (exceto a primeira, cujo autor desconheço - quem souber, avise). Você pode reproduzir as fotos e textos, contanto que cite as fontes. Veja também a postagem sobre a Festa da Penha de 2006 neste blog.

31.8.07

GRANDE VILLAÇA


Crônica originalmente publicada em 18 de julho de 2005, pouco depois da morte de Villaça, em 19 de maio. Hoje, 31 de agosto de 2007, Villaça completaria 79 anos de idade. Em homenagem a esse grande memorialista e amigo estamos repetindo a postagem.



Claustro limpo, chão de sepulturas, chão-cemitério, chão de pedras. Paredes caiadas. Jardinzinho. O sino da portaria, voz do mundo. Claustro. O monge passeia pelo claustro. Eu sei que não vou ficar enterrado aqui, sei que nenhum desses túmulos é meu túmulo, sei que sou de outro país. Sei que vou partir.
Antonio Carlos Villaça, O nariz do morto


Conheci o Villaça em 1992 quando ganhei um prêmio literário da UBE — Villaça fez parte da banca de jurados. Dias depois da premiação, telefonei para ele (eu já havia lido O nariz do morto), meio que inseguro: será que um escritor da fama do Villaça vai dar bola a um ilustre desconhecido como eu? Às primeiras palavras minhas, Villaça já se mostrou receptivo: "Ora viva! Ora viva!" Saudação que era a marca do Villaça. Combinamos almoço em restaurante do Catete.

Villaça era corpulento, devia ter uns 160 quilos, entrar no carro e sair, operação delicada. Eu, aspirante a escritor, diante de "monumento" da literatura, precisava impressionar, ostentar minha "cultura". Falei falei de um fôlego só. Na hora do cafezinho, Villaça educadamente deu a entender: aquele bombardeio deixara-o meio atordoado. Grande Villaça!

Em agosto Villaça comemorava o aniversário, sempre em algum restaurante. Villaça, apetite pantagruélico — desfia rosário de restaurantes e pratos suculentos em capítulo do Degustação: "Filé de peixe com molho de camarão, pirão de batata, filé mignon com fritas. Vinho português. Pêssego em calda com queijo. Ou torta. Licor." Vinha um monte de gente ao aniversário do Villaça, ala inteira do restaurante tinha que ser reservada, cada qual pagava sua conta.

Lembra-me o aniversário de 1995, numa Parmê que existiu alguns anos na Rua das Laranjeiras. Nos jornais, manchetes garrafais e fotos (horripilantes) do massacre de Vigário Geral. Anotei na agenda (eu que não tenho nem um por cento da memória fotográfica do Villaça) os nomes de meus companheiros de mesa: Sinésio Pires Cavalcanti, autor de Lembranças de um fuzileiro naval. Leandro Tocantins, autor de Formação histórica do Acre e de dois livros de memórias. Nilsson Pena (assim anotei na agenda, não sei se escrevi certo), cenógrafo, amigo de Bidu Saião, freqüentador dos saraus de Laurinda Santos Lobo. Incrível a capacidade de fazer amigos do Villaça. Quantos terão ido ao seu sepultamento? Eu próprio não fui — vim a saber de sua morte com dias de atraso.

Na época em que convivi com Villaça, residia ele na sede do Pen Clube (do qual era vice-presidente), à Praia do Flamengo. Passava os dias na biblioteca, cercado de livros, o paraíso de Borges (e de todo amante da literatura). "Aqui estou no mirante do Flamengo. Nunca antes morei assim tão perto do mar. Agora, estou no meu mirante solitário, diante do mar. E vejo a entrada da barra, o Pão de Açúcar". Visitei-o várias vezes no mirante.

Certa vez, eu e um amigo desatamos a questionar, como é que Deus permite tanto mal no mundo, tantas doenças, crimes, Holocausto? (Afinal, Villaça passara período da vida no convento, em busca de Deus). Ao cabo de nossa diatribe, Villaça simplesmente retruca: "Vocês estão querendo fazer o inventário do mundo!" E propôs que descêssemos a paragens mais amenas.

Mas o grande Villaça não estava alheio ao problema da teodicéia. No Degustação, escreve: "A presença do sofrimento no mundo sempre me pareceu uma provocação, um desafio. O sofrimento não é um problema: é um mistério." E mais adiante prossegue: "Eu me pergunto: como afirmar que Deus é bom, quando entramos num hospital? Como falar do amor de Deus a uma mulher cujo filho é idiota, simplesmente porque a mãe contraiu rubéola durante a gravidez? Como falar de Deus a este rapaz que a poliomielite transformou num paralítico? Como falar do amor diante de um campo de concentração? Diante de um hospício? Diante da morte?"

Sua memória, prodigiosa. Eu gostava de levá-lo a passear em meu automóvel pela Zona Sul do Rio de Janeiro. Passávamos por um edifício e o Villaça lembrava: aqui morou (digamos) Carlos Lacerda no período de não sei quando. E assim ia ele apontando as ex-moradas terrenas de homens ilustres que agora habitavam a morada celeste. Villaça dispensava as agendas. As anotações. O computador. A Villaça, bastavam-lhe a velha máquina de escrever e a memória.

Sua pobreza, franciscana. Villaça, tipo do homem que dedicou a vida às coisas do espírito. "A grande experiência da literatura é a experiência da liberdade. A literatura para mim é a liberdade. Ser escritor é, antes e acima de tudo, uma posição diante da vida." Não constituiu família, não amealhou bens. Parecia-me que usava sempre o mesmo terno, surrado — ou seriam vários ternos de mesma aparência? À semelhança do Quintana, morou anos num hotel, o Hotel Bela Vista, em Santa Teresa.

Por ironia do destino, quase ao final da vida, em 2003, ganhou um prêmio polpudo, o Prêmio Machado de Assis, da ABL, pelo conjunto da obra. Apesar da bolada, terminou os dias "despejado" (?) do Pen Clube, em Casa de Repouso no Caju, vítima de depressão... Onde foi parar aquela dinheirama toda?

Em fevereiro de 1996, Villaça telefonou, convidou-me para almoçar, e frisou: hoje eu pago a conta. Estava irritado, inseguro. Por dinheiro (contou-me) aceitara ficar mês e meio enfurnado numa universidade no interior do Paraná pra proferir uma série de palestras a professores — "uns crédulos, acreditam em tudo que a gente diz".

O mês e meio na Universidade do Professor, em Faxinal do Céu, Paraná, "pequena cidade universitária planejada em meio às araucárias para servir à formação de professores" (nas palavras de Ivo Barroso na bela crônica-necrológio sobre o Villaça), acabou se estendendo por alguns anos (com idas e vindas), e aquela acabaria se revelando (volto a dar a palavra ao meu xará) "sua grande realização como homem de saber".

Escreveu Affonso Romano de Sant'ana em crônica-depoimento sobre Faxinal do Céu: "Num dos intervalos de conferências fui visitar Antonio Carlos Villaça, essa viva e modesta memória de nossa cultura. Ele sabe tudo, todos os detalhes não só das obras mas dos próprios autores. É a História viva, contada fraternalmente."

Escreveu Villaça em Diário de Faxinal do Céu: "Aqui é tão tranqüilo, tão sereno, tão quieto. Apenas o canto harmonioso dos pássaros. Apenas. E há os grilos, mais insistentes no inverno. E há a grande paz silenciosa da mata."

Repouse em paz, amigo Villaça!


Texto de Ivo Korytowski e fotos de Carlos Roberto Carvalho. Veja também neste blog a postagem O Mosteiro com trechos de O Nariz do Morto, a obra-prima de Villaça.
Em 2003 Antonio Carlos Villaça ganhou pelo conjunto da sua obra a mais alta láurea da nossa literatura, o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras. Veja no vídeo de Carlos Roberto Carvalho no YouTube.

20.8.07

ABAIXO A DITADURA


TRÁFICO IMPÕE LEIS DE EXCEÇÃO PARA 1,5 MILHÃO DE CARIOCAS. DIREITOS BÁSICOS SÃO VIOLADOS TODOS OS DIAS; HÁ 7 MIL DESAPARECIDOS NO RIO.

Com esta manchete, O Globo de 19 de agosto de 2007 anunciou uma série de matérias sobre a ditadura do tráfico. "Vinte e dois anos depois do fim do regime militar, cerca de 1,5 milhão de moradores de favelas do Rio ainda vivem sob terror igual ao de uma ditadura", prossegue o jornal.

Este blog desde seu surgimento defende a tese de que para os moradores de comunidades e periferias, a ditadura não acabou. Por exemplo, em 14/12/05 escrevemos:

"Há tempos o Estado de Direito deixou de prevalecer nas áreas periféricas e marginalizadas das metrópoles brasileiras. Onde estão aquelas vozes corajosas que se manifestaram - e se manifestam até hoje — com tanta coragem contra o arbítrio do regime militar? Por que se calam ante o novo arbítrio?"

Em editorial intitulado "Ditadura na favela" publicado em O Globo de 21 de agosto, lemos:

"O favelado comum, honesto, trabalhador — a grande maioria — é, na verdade, a vítima mais próxima das quadrilhas que usurparam amplas áreas das cidades do alcance do poder público, convertendo os moradores em reféns. Como bem provam as reportagens, boa parte do 1,5 milhão de residentes nas favelas cariocas — cerca de 20% da população total — está fora do alcance do estado de direito, garantido formalmente a todo brasileiro desde a redemocratização de 1985 e a promulgação da Carta de 1988. A favela nada tem de romântico e idílico. Mora-se quase sempre mal e sob risco de vida. Lá, a ditadura não acabou: pessoas desaparecem, vidas são destruídas de forma cruel, a partir do veredicto de tribunais de exceção, formados por bandidos que se colocam acima do bem e do mal, longe do alcance das leis."

25.7.07

JOGOS PAN-AMERICANOS


Bandeira do Pan (e do Mengo também)

Prometi que a próxima postagem seria da Feira de São Cristóvão. Tinha me esquecido do Pan. Ele vai furar a fila. A abertura dos Jogos Pan-Americanos vi no Jornal Nacional. Podemos (ainda) não ostentar as "virtudes" de um país de Primeiro Mundo, mas conseguimos realizar os maiores espetáculos da Terra: desfiles das Escolas de Samba e agora esta abertura espetacular. Nos fins de semana do Pan, saí às ruas da Zona Sul para curtir o “clima”. Eis algumas fotos (acompanhadas de alguns textos que selecionei sobre o evento).

PS. Mais informações sobre os Jogos Pan-Americanos você encontra no site da Prefeitura, site da revista Época, site Lance!Net ou blog do Comitê Olímpico Brasileiro.



Galera assiste à maratona aquática na Praia de Copacabana

O Rio estava precisando do Pan. Até agora as manchetes dos jornais registraram em 2007 um dos anos mais dolorosos na história da cidade. O menino João Hélio, arrastado por facínoras pelas ruas; as lágrimas da mãe da menina Alana, vítima de bala perdida; os mais de cem mortos e feridos na guerra do Complexo do Alemão; uma empregada doméstica espancada, por ter feito... nada. A cidade merece uma trégua. E é possível encontrar inspiração para isso no esporte. [...]

O Pan do Rio 2007, que acontece entre os dias 13 e 29 deste mês, é uma chance para todos – moradores, governantes e visitantes – mostrarem que é possível haver disputas sem balas, mortos ou feridos. Em meio a facções criminosas, polícias e exércitos, chegou a hora de falar dos 15 mil voluntários dos Jogos, das pessoas que abrigarão turistas em suas casas, das famílias que compraram ingressos para assistir às partidas, do orgulho dos pedreiros que ajudaram a construir um grande estádio. Chegou a hora de falar dos atletas de todas as regiões do país, muitos deles nascidos ou radicados no Rio de Janeiro, o que torna ainda mais especial este Pan. (Trecho da matéria de Rafael Pereira publicada na revista Época de 9 de julho de 2007.)




Maratona aquática

Setenta e cinco mil espectadores viram o Maracanã transformar-se numa galeria da alma brasileira. Elza Soares reviveu Garrincha: paralisou o estádio com a interpretação a capela do Hino Nacional. Era o prelúdio de um show de raízes. Em ritmo de samba, a delegação verde-amarela foi festejada com a alegria do gol. Joaquim Cruz também animou a multidão, ao acender a pira. Dos batuques que anunciavam a ópera amazônica à Aquarela do Brasil, os Jogos Pan-Americanos foram abertos por um espetáculo impecável de danças, luzes e sons. Melhor inspiração, os atletas não haveriam de ter. (Capa do Jornal do Brasil de 14 de julho de 2007.)


Bandeira do Brasil

Essa festa esportiva produziu como efeito colateral um Rio menos violento, mais ameno e civilizado, demonstrando que isso é possível quando existe disposição política, recursos, policiamento e, sobretudo, quando os governos se unem e trabalham na mesma direção. O resultado aparece nas últimas estatísticas e é visível no astral das pessoas que estão redescobrindo as calçadas e as ruas à noite. Pena que não se tenha um Pan o ano todo. [...]

Promover festa aqui é mole, organizar grandes eventos sem confusão é conosco mesmo, faz parte de nossa vocação desde os tamoios. Já provamos isso várias vezes. O desafio para os governantes é como manter as conquistas, é como tornar permanentes esses efêmeros momentos de paz coletiva. (Trecho da crônica de Zuenir Ventura, “O desafio pós-Pan?”, publicada em O Globo de 25 de julho de 2007.)



Na Lagoa as bóias para as competições de remo


O Cristo e as bandeiras


Simpáticos guias cívicos (12 mil jovens entre 14 e 24 anos selecionados em 115 áreas pobres do Rio e capacitados para orientar visitantes sobre a cidade, segundo a Época)


Escultura de areia: Bem-vindos, welcome, bienvenidos

Acalentado pelas pesquisas que o paparicam, o presidente Lula custou a acreditar que estava no epicentro de uma vaia. Não figurava entre suas preocupações tal coisa. [...]

No Maracanã, cuja acústica modula a voz rouca das ruas, Lula estava de corpo presente, mas o espírito soprava longe, sobrevoando o Rio nas asas das pesquisa, quando, para não haver dúvida de que era com ele mesmo, a segunda vaia confirmou o sentido político da primeira e prenunciou a terceira da meia dúzia com que o distinguiu a classe média.[...]

A vaia continua a ser a sombra do homem público para lembrá-lo, por onde passe, de que a democracia o faz politicamente mortal. Do Maracanã ficou a impressão de que, ao ser apresentado à vaia, o presidente não a reconheceu como legítima, não obstante ter sido, em tempos excluídos, uma das formas preferidas do petismo para maltratar homens públicos. Vaia dispensa tradutor: quem a promove não precisa apresentar as razões, e quem a recebe sabe o motivo de estar sendo distinguido. É a legítima defesa da cidadania.[...]

O velho Winston Churchill, que levantou do chão os ingleses em 1940, foi retumbantemente vaiado num comício eleitoral, três meses depois de terminada a Segunda Guerra em 1945, e ainda por cima perdeu a eleição. Como não prezava o papel de vítima, aproveitou a oportunidade e mandou o recado: “Feliz do povo que pode vaiar seus governantes”. (Trecho da crônica de Wilson Figueiredo "O eterno direito de vaiar" publicada no Jornal do Brasil de 23/7/07.)


Escultura de areia: Maracanã


O movimento


Patriotismo


Ciclistas na prova de pentatlo


Patriotismo II


Em frente à arena do vôlei de praia


Cauê, o mascote do Pan

22.7.07

A CARA DO RIO


Antonio Pereira da Silva: Sem Título (serigrafia)

Exposição A Cara do Rio no PAN 2007

Centro Cultural Correios
R. Visconde de Itaboraí, 20 - Centro (pertinho do Centro Cultural Banco do Brasil)
até 26 de agosto de 2007

terça a domingo de 12 às 19hs
entrada franca - não deixe de ir!



Ana Maria Lessa: Público Alvo (fotografia e plotagem digital)


Clare Caufield: Mais Um Dia Em Copacabana (óleo sobre tela)


Denise Araripe: São Sebastião do Rio de Janeiro (técnica mista)


Isis Braga: Regata Azul (fotografia com interferência digital)


J. G. Fajardo: Competição Impossível (óleo e grafite sobre tela)


Mathieu Fontaine: Corco (técnica mista)


Vicente Pereira: Pão-de-Açúcar (aquarela)

Fotos e informações obtidas no site da Villa Olívia