DICAS

29.4.19

SÃO PAULO (POEMA) de RIBEIRO COUTO

Publicado originalmente na edição especial da revista O Cruzeiro, de 2 de abril de 1938, dedicada a São Paulo



A neblina das manhãs de inverno
– ó São Paulo enorme, ó São Paulo de hoje, ó
São Paulo ameaçador! –
A neblina das manhãs de inverno
amortece um pouco o orgulho triunfante das
tuas chaminés.
A neblina esconde o contorno das grandes fábricas
ao longe,
perdidas na planície, entre o chato casario
proletário.
E tudo cor de barro novo, como se fosse manchado
de sangue!

Nas ruas do centro agita-se a pressa do comércio.

Nos bairros burgueses, no entanto, há o silêncio.
As alamedas adormecem sob o silêncio.
Os jardins adormecem sob o silêncio.

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