DICAS

30.8.18

DIFERENÇA ENTRE NEGRO, CRIOULO, PARDO, MULATO, CABRA, CAFUSO, FORRO E LIVRE, SEGUNDO O HISTORIADOR NIREU CAVALCANTI

Texto explicativo que recebi certa vez por e-mail do historiador Nireu Cavalcanti, maior autoridade viva sobre a história do Rio, e resolvi incluir aqui para compartilhar com o público a terminologia com que se designava a população africana e afro-descendente na época da escravatura, de triste memória. Fotos de grafites que tirei aqui no Rio. 


O pessoal faz uma confusão imensa com essas classificações de negros e mestiços [na época da escravatura].

1- O negro que saiu diretamente da África = preto (negro) de Nação ... Mina, Cabinda, Angola etc.
2- O negro que nasceu de escravo no Brasil = crioulo
3- O filho da primeira mistura de negro com branco = pardo
4- O filho do pardo com branco = mulato
5- O filho do pardo com negro = cabra
6- O filho de preta escrava (ou livre), ou misturada, com o índio = cafuso
7- O escravo que tornou-se livre: a classificação da cor da pele (mistura) seguida de forro
8- O filho de forro = a classificação da cor da pele (mistura) seguida de livre, ou simplesmente a cor da pele.

Algum tradutor da primeira metade do século XIX é que escreveu essa bobagem de cabra ser o animal. Não me lembro se foi no Debret que o tradutor (ou o próprio) referindo-se a um escravo masculino escreveu bode.

Se não me engano o tradutor (ou a própria) do livro da Mary Karasch fez essa mesma confusão.


3 comentários:

  1. Informação muito útil. Sou descendente de uma mulher parda do Rio de Janeiro. Uma pena o registro de batismo trazer poucas informações dela.

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  2. Pardo também tem uma acepção social além da cor. também pode ser o filho de escravos libertos, ou seja, a primeira geração de descendentes de escravos nascida livre no Brasil.

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  3. Os usos dos termos não poderiam ser tão estanques, visto que tais informações de origem detalhada não podiam ser obtidas em observações por outros, o que hoje dizemos hetero identificação. A determinado ponto já não seria fácil dizer quem era o que de forma precisa. Sendo assim essa categorias se reduziram a generalizações mais relacionadas a brancos, naturalmente livres, e não-brancos, esses últimos também em função do status social de livre ou cativo. Sendo negro e preto mais identificados com a condição de cativo e pardo a generalização para livres e libertos independente de variação de fenótipo.

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