Texto explicativo que recebi certa vez por e-mail do historiador Nireu Cavalcanti, maior autoridade viva sobre a história do Rio, e resolvi incluir aqui para compartilhar com o público a terminologia com que se designava a população africana e afro-descendente na época da escravatura, de triste memória. Fotos de grafites que tirei aqui no Rio.
O pessoal faz uma confusão imensa com essas classificações de negros e mestiços [na época da escravatura].
1- O negro que saiu diretamente da África = preto (negro) de Nação ... Mina, Cabinda, Angola etc.
2- O negro que nasceu de escravo no Brasil = crioulo
3- O filho da primeira mistura de negro com branco = pardo
4- O filho do pardo com branco = mulato
5- O filho do pardo com negro = cabra
6- O filho de preta escrava (ou livre), ou misturada, com o índio = cafuso
7- O escravo que tornou-se livre: a classificação da cor da pele (mistura) seguida de forro
8- O filho de forro = a classificação da cor da pele (mistura) seguida de livre, ou simplesmente a cor da pele.
Algum tradutor da primeira metade do século XIX é que escreveu essa bobagem de cabra ser o animal. Não me lembro se foi no Debret que o tradutor (ou o próprio) referindo-se a um escravo masculino escreveu bode.
Informação muito útil. Sou descendente de uma mulher parda do Rio de Janeiro. Uma pena o registro de batismo trazer poucas informações dela.
ResponderExcluirPardo também tem uma acepção social além da cor. também pode ser o filho de escravos libertos, ou seja, a primeira geração de descendentes de escravos nascida livre no Brasil.
ResponderExcluirOs usos dos termos não poderiam ser tão estanques, visto que tais informações de origem detalhada não podiam ser obtidas em observações por outros, o que hoje dizemos hetero identificação. A determinado ponto já não seria fácil dizer quem era o que de forma precisa. Sendo assim essa categorias se reduziram a generalizações mais relacionadas a brancos, naturalmente livres, e não-brancos, esses últimos também em função do status social de livre ou cativo. Sendo negro e preto mais identificados com a condição de cativo e pardo a generalização para livres e libertos independente de variação de fenótipo.
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