Em 2014, nas minhas incursões pelas vastidões cariocas, fiz um passeio no tradicional bairro Bangu da Zona Oeste Carioca (ver aqui), cuja história está ligada aos primórdios da industrialização carioca e do futebol brasileiro. Ontem tive a oportunidade de rever o bairro no passeio do Pé de Moleque Roteiros da simpática dupla Lúcio e Luiz, que no final realmente distribuem pés-de-moleque aos participantes. Estava também por lá o pesquisador do Velho Oeste carioca André Luís Mansur, vendendo seus ótimos livros (ver ao final da postagem lista de livrarias e bancas de jornais que vendem seus livros).
TRECHO DE O VELHO OESTE CARIOCA, DE ANDRÉ LUÍS MANSUR, SOBRE BANGU:
A história de Bangu pode ser dividida entre antes e depois da fábrica que ajudou a popularizar o nome do bairro. Chamada oficialmente de Companhia Progresso Industrial do Brasil, a Fábrica de Tecidos Bangu, como ficou conhecida, foi a principal responsável pela urbanização daquela região, até então predominantemente agrária. Além disso, foi em torno da fábrica que começou a se organizar uma intensa vida social e cultural, com o surgimento da Sociedade Musical Progresso, que teve como diretor o maestro Anacleto de Medeiros, do Casino Bangu (assim mesmo, com um “s” só), do Bangu Athletic Club, de grupos carnavalescos como o Flor da Lira e o Flor da União, este formado só de negros, escolas e uma bela igreja, a de São Sebastião e Santa Cecília. Construída em estilo neogótico, ela foi concluída em 1908 e entregue à Arquidiocese, que criou a paróquia de Bangu.
Foi nas terras do antigo engenho de Barcelos Domingues que a Fábrica Bangu, instituída em 6 de fevereiro de 1889 e inaugurada oficialmente em 8 de março de 1893, com a presença do vice-presidente da República, Floriano Peixoto, iria se expandir. Começava ali um rápido e bem planejado processo de urbanização, que deixaria marcas até hoje, como o traçado das ruas em torno da fábrica.
A fábrica foi um empreendimento de comerciantes portugueses ligados ao comércio atacadista de tecidos e a outras fábricas têxteis. Seu capital inicial, na maior parte, era da praça do Rio de Janeiro. A princípio, ela seria construída na chácara do Duque de Caxias, na então bucólica rua Conde de Bonfim, na Tijuca.
Só existiam três fábricas de tecidos na cidade, a Aliança, em Laranjeiras, a Carioca, no Jardim Botânico, e a Confiança, em Vila Isabel. Como o fornecimento de água era irregular, o engenheiro Henrique de Morgan Snell, responsável pela construção, optou por Bangu, já que o Maciço da Pedra Branca e toda a região montanhosa em volta é até hoje um lugar privilegiado em cachoeiras e nascentes.
A decisão foi estratégica, pois a água era indispensável em seis das oito etapas do processo têxtil. A chegada da linha ferroviária a Santa Cruz, em 1878, também foi importante para a escolha. A estação de Bangu foi inaugurada em 1º de maio de 1890 e a companhia tratou logo de construir um novo ramal, de 400 metros, onde duas locomotivas, as “maquinazinhas”, faziam a comunicação entre a estação e a fábrica.
Uma medida semelhante foi tomada no Matadouro de Santa Cruz, onde o pequeno ramal ligando o matadouro à estação de trem ainda existe, embora esteja abandonado e cheio de capim.
A seguir, algumas fotos tiradas no passeio:
Foi nas terras do antigo engenho de Barcelos Domingues que a Fábrica Bangu, instituída em 6 de fevereiro de 1889 e inaugurada oficialmente em 8 de março de 1893, com a presença do vice-presidente da República, Floriano Peixoto, iria se expandir. Começava ali um rápido e bem planejado processo de urbanização, que deixaria marcas até hoje, como o traçado das ruas em torno da fábrica.
A fábrica foi um empreendimento de comerciantes portugueses ligados ao comércio atacadista de tecidos e a outras fábricas têxteis. Seu capital inicial, na maior parte, era da praça do Rio de Janeiro. A princípio, ela seria construída na chácara do Duque de Caxias, na então bucólica rua Conde de Bonfim, na Tijuca.
Só existiam três fábricas de tecidos na cidade, a Aliança, em Laranjeiras, a Carioca, no Jardim Botânico, e a Confiança, em Vila Isabel. Como o fornecimento de água era irregular, o engenheiro Henrique de Morgan Snell, responsável pela construção, optou por Bangu, já que o Maciço da Pedra Branca e toda a região montanhosa em volta é até hoje um lugar privilegiado em cachoeiras e nascentes.
A decisão foi estratégica, pois a água era indispensável em seis das oito etapas do processo têxtil. A chegada da linha ferroviária a Santa Cruz, em 1878, também foi importante para a escolha. A estação de Bangu foi inaugurada em 1º de maio de 1890 e a companhia tratou logo de construir um novo ramal, de 400 metros, onde duas locomotivas, as “maquinazinhas”, faziam a comunicação entre a estação e a fábrica.
Uma medida semelhante foi tomada no Matadouro de Santa Cruz, onde o pequeno ramal ligando o matadouro à estação de trem ainda existe, embora esteja abandonado e cheio de capim.
A seguir, algumas fotos tiradas no passeio:
Busto da lenda do futebol Domingos da Guia no calçadão de Bangu |
Remanescentes da antiga vila operária da fábrica |
Gastronomia banguense |
Bangu Atlético Clube, antigo Casino Bangu, em tijolos aparentes como todo o complexo da fábrica |
Bangu Atlético Clube (interior) |
Pegando o trem de volta para casa |
LIVRARIAS QUE VENDEM OS LIVROS DE ANDRÉ LUÍS MANSUR:
- Livraria Arlequim, no Paço Imperial.
- Livraria Folha Seca, na Rua do Ouvidor, 37.
- Banca de jornais da rua da Quitanda, em frente ao número 50.
- Blooks, na Praia de Botafogo.
- Livraria do Instituto Pereira Passos perto do Largo do Machado.
- Café & Pauta do Botafogo Praia Shoppping e do Boulevard Rio Shopping.
- Livraria Leitura, no Park Shopping, em Campo Grande.
- N & R Restaurante, em Santa Cruz.
- Fernando´s Bar, na Pedra de Guaratiba.
- Lado Oeste Cervejas, em Campo Grande.
- Bar Chopp da Villa, em Campo Grande.
- Livraria Real Engenho, em Realengo.
- Restaurante Don Ganache, em Marechal Hermes.
- Livraria Moviola, em Laranjeiras.
- Sebo de Campo Grande, em Campo Grande.
- Banca Dá Poesia, na pra 7 de Abril, em Paciência.
- PubBeer Paciência.
- Café Consenso, em Pedra de Guaratiba.
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Ivo, mais uma boa postagem. Às vezes é bom ressuscitar e reciclar posts antigos. Estive várias vezes aí na Sede "Vermelha" do BAC. Imagina pra quê? Jogar xadrez. Meu sogro Pedro Cardoso de Lima reorganizou a seção de xadrez do BAC e ali fizemos campeonatos e torneios. Também assisti a várias missas na Igreja. Era um lugar muito bonito, amplo, arejado - apesar de quente. Valeu!
ResponderExcluirEstá ótimo, Ivo. Obrigado pela referência. Grande abraço!
ResponderExcluirBangu, como boa parte da Zona Oeste, tem vida própria. Desde os tempos do Império, já vinha se desenvolvendo com suas primeiras fábricas. E está havendo um renascimento.
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